Sexta-feira , 04 de Novembro DE 2011

O LIVRE ARBÍTRIO

 

Que é o livre-arbítrio?

Abrindo “O Livro dos Espíritos”, vamos encontrar no Capítulo X - Da Lei de Liberdade -, 3ª Parte da obra, oito questões relacionadas com o assunto livre-arbítrio (Questões 843 a 850), nas quais os Espíritos superiores instruem-nos a respeito.

Logo na Questão 843, indaga o Codificador se o homem tem o livre-arbítrio de seus atos. E os Espíritos respondem que se tem a liberdade de pensar, tem igualmente a de obrar, porquanto, sem o livre-arbítrio ele seria máquina.

Em resposta à Questão 845, os Espíritos afirmam que conforme se trate de Espírito mais ou menos adiantado, as predisposições instintivas podem arrastá-lo a atos repreensíveis, porém não existe arrastamento irresistível.

Basta que o Espírito (encarnado ou desencarnado), sendo consciente do mal a que esteja ou se sinta arrastado, utilize a vontade no sentido de a ele resistir.

Verificamos, no contexto geral das Questões acima referidas, que não há desculpa óbvia para o mal que o homem venha a praticar, uma vez que ele, por mais imperfeito que seja, tem a consciência do ato que pratica - se é bom ou se é mau.

O livre-arbítrio é uma faculdade indispensável ao ser humano, não nos resta qualquer dúvida, pois, sem ele, já foi dito, o ser espiritual seria simples máquina ou robô, sem qualquer responsabilidade dos atos que viesse a praticar.

É justamente a faculdade do livre-arbítrio que empresta ao homem certa semelhança com o Pai soberano do Universo. E constitui desiderato pleno desse Pai magnânimo que os Espíritos, seus filhos, cresçam para a glória eterna, iluminando-se na prática da sabedoria e do bem.

A prática do mal pelo Espírito, encarnado ou desencarnado, não tem qualquer justificativa porque ele sabe quando obra indevidamente. Caim, no exemplo bíblico, ao matar Abel, tinha plena consciência do que fazia tanto que o fez às escondidas. O que faltou a Caim foi a compreensão de que nada há oculto aos olhos de Deus!

Pode-se, verdadeiramente, lesar os homens, pode-se até mesmo lesar-se a si próprio, mas nunca lesará alguém a magnânima justiça de Deus.

Esclarece-nos a Revelação da Revelação, ou “Os Quatro Evangelhos”, que o Espírito antes de encarnar toma resoluções quanto ao gênero das provações, quanto à extensão e ao termo delas, até mesmo quanto à duração da existência bem como quanto aos atos que praticará durante a mesma, no entanto, o emprego, o uso ou o abuso que ele faz da vida terrena muitas vezes o impedem de atingir o limite e o bom cumprimento daquela resolução (l.º Volume, pág. 139, 7ª edição FEB).

No caso enfocado, o Espírito teve o livre-arbítrio de programar o que seria a sua encarnação, no entanto, em função do próprio livre-arbítrio, por usá-lo mal ou dele abusar, estragou um bom programa de vida. Há, porém, aqueles que procuram justificar-se com fundamento no esquecimento produzido pelo véu da carne.

Os Espíritos, todavia, em resposta à Questão 392 de “O Livro dos Espíritos”, explicam que “não pode o homem, nem deve, saber tudo. Deus assim o quer em sua sabedoria. Sem o véu que lhe oculta certas coisas, ficaria ofuscado, como quem, sem transição, saísse do escuro para o claro.” E concluem: “Esquecido de seu passado ele é mais senhor de si.”

Vejamos, por exemplo, uma situação em que determinado indivíduo houvesse sido homicida em sua última encarnação e tivesse programado para a atual existência a quitação desse delito. Não obstante a desnecessidade de desencarnar assassinado, ele não teria paz até o dia de seu retorno à vida espírita. Estaria sempre sobressaltado e na expectativa da presença de alguém que lhe viesse subtrair a vida física, se recordasse sua transgressão anterior.

O esquecimento do passado é necessário, misericordioso, e justifica perfeitamente a prova ou provas a que todos estamos naturalmente submetidos, pois essa é uma das funções da vida corporal.

Sentimos a importância do livre-arbítrio quando somos levados a tomar decisões que incomodam a consciência... Isto significa quanto o Pai celestial é bom, nos ama e se preocupa com o nosso progresso. Concede-nos o livre-arbítrio, mas concede-nos igualmente a consciência, espécie de censor natural, que nos alerta quando dele pretendemos abusar.

A propósito queremos fazer um paralelo entre duas informações ou elucidações em torno do livre-arbítrio e as conseqüências de sua errônea utilização. Uma se encontra em “Os Quatro Evangelhos” ou Revelação da Revelação (l.º Vol. pág. 299, 7ª edição FEB), nos seguintes termos:

“Esses Espíritos presunçosos e revoltados, cuja queda os leva às condições mais materiais da Humanidade, são então humanizados, isto é, para serem domados e progredirem sob a opressão da carne, encarnam em mundos primitivos, ainda virgens do aparecimento do homem, mas preparados e prontos para essas encarnações” (grifos da obra).

A outra se encontra em “O Evangelho segundo o Espiritismo” (Capítulo III, Item 16, edição FEB), nos termos seguintes:

“Já se vos há falado de mundos onde a alma recém-nascida é colocada, quando ainda ignorante do bem e do mal, mas com a possibilidade de caminhar para Deus, senhora de si mesma, na posse do livre-arbítrio. Já também se vos revelou de que amplas faculdades é dotada a alma para praticar o bem. Mas, Ah! Há as que sucumbem, e Deus, que não as quer aniquiladas, lhes permite irem para esses mundos onde, de encarnação em encarnação, elas se depuram, regeneram e voltam dignas da glória que lhes fora destinada.”

Em ambas as elucidações, vê-se que o livre-arbítrio é um dom de que o Espírito pode abusar, mas terá sempre de enfrentar as conseqüências desse abuso, sofrendo encarnações destinadas a purificá-lo, transformá-lo, regenerá-lo, o que não deixa de ser pena de efeito verdadeiramente misericordioso.

Os itens 16 e 17 desse capítulo de “O Evangelho segundo o Espiritismo” são constituídos de uma mensagem de Santo Agostinho, que deve ser lida atenciosamente pelo espírita estudioso. Pois a questão livre-arbítrio confunde bastante aqueles que a conhecem apenas superficialmente, literariamente, sem analisar-lhe a profundidade científico-filosófica.

Há, ainda, aqueles que confundem livre-arbítrio com direito, quando são duas coisas diferentes. No livre-arbítrio temos uma ação voluntariosa de escolha entre alternativas diferentes em que o ator é responsável pelas conseqüências do seu ato. Na ciência do direito a responsabilidade do ato praticado decorre da lei humana.

A Doutrina Espírita exerce, portanto, considerável papel em sua função de Consolador prometido pelo Cristo de Deus: o de alertar as almas que atingiram determinado degrau da escala evolutiva, em que a alegação de ignorância já não atenua determinados erros cometidos em função do livre-arbítrio. No que diz respeito aos habitantes de um mundo em vias de mudança para estágio de regeneração, vale acentuar ainda, conforme vimos acima, a função da consciência como faculdade de alertamento no processo optativo das alternativas para a ação.

A Doutrina está no mundo para todos. Ela não pertence aos espiritistas. Enviou-a Jesus à Humanidade. Os espiritistas somos apenas seus instrumentos de exemplificação e divulgação sem qualquer outro “privilégio” além da consciência do livre-arbítrio.

 

Fonte: Reformador nº1984 – Julho/1994


 

 

publicado por SÉRGIO RIBEIRO às 20:21
Sábado , 03 de Setembro DE 2011

DO PECADO ORIGINAL SEGUNDO O JUDAÍSMO

 

Pode ser interessante, para aqueles que o ignoram, conhecer a doutrina dos Judeus com respeito ao pecado original; pedimos emprestada a explicação seguinte ao jornal israelita, Ia Famille de Jacob, que se publica em Avignon, sob a direção do grande rabino Benjamin Massé; número de julho de 1868.

 

"O dogma do pecado original está longe de estar entre os princípios do Judaísmo. A lenda profunda que o Talmud (Nida XXXI, 2) e que representa os anjos fazendo a alma humana, no momento em que ela vai se encarnar num corpo terrestre, prestar juramento de se manter pura durante a sua estada neste planeta, a fim de retornar pura junto do Criador, é uma poética afirmação de nossa inocência primitiva e de nossa independência moral da falta de nossos primeiros pais, Essa afirmação, contida nos livros tradicionais, está conforme o verdadeiro espírito do Judaísmo.

"Para definir o dogma do pecado original, bastar-nos-á dizer que se toma pela letra o relato da Gênese, do qual se desconhece o caráter lendário, e que, partindo desse ponto de vista errado, aceitam-se cegamente todas as conseqüências que dele decorrem, sem se importar com a sua incompatibilidade com a natureza humana e com os atributos necessários e eternos que a razão reporta à natureza divina.

"Escravos da letra, afirmam-se que a primeira mulher foi seduzida pela serpente, que ela comeu de um fruto proibido por Deus, e que ela o fez comer a seu esposo, e que, por esse ato de revolta aberta contra a vontade divina, o primeiro homem e a primeira mulher incorreram na maldição do céu, não só por eles, mas por seus filhos, mas por sua raça, mas pela Humanidade inteira, para a Humanidade cúmplice por qualquer ausência da duração que ela se encontra dos culpados, cúmplice de seu crime, do qual ela é, conseqüentemente, responsável em todos seus membros presentes e futuros.

"Segundo essa doutrina, a queda e a condenação de nossos primeiros pais foram uma queda e uma condenação para a sua posteridade; desde então, para o gênero humano, os males inumeráveis que teriam sido sem fim, sem a mediação de um Redentortão incompreensível quanto o crime e a condenação que o chamam. Do mesmo modo que o pecado original de um único foi cometido por todos, do mesmo modo a expiação de um único será a expiação de todos; a Humanidade, perdida por um único, será salva por um só: a redenção é a conseqüência inevitável do pecado original.

"Compreende-se que não discutimos essas premissas com as suas conseqüências, que não são para nós mais aceitáveis do ponto de vista dogmático do que do ponto de vista moral.

"Nossa razão e nossa consciência jamais se acomodarão com uma doutrina que apaga a personalidade humana e a justiça divina, e que, para explicar as suas pretensões, nos faz viver todos juntos, na alma como no corpo, do primeiro homem, ensinando-nos que, embora numerosos que sejamos na sucessão das idades, fazemos parte de Adão em espírito e matéria, que tomamos parte em seu crime, e que devemos ter a nossa parte nessa condenação.

"O sentimento profundo de nossa liberdade moral se recusa a essa assimilação fatal, que nos tiraria nossa iniciativa, que nos acorrentaria apesar de nós num pecado longínquo, misterioso, do qual não temos consciência, e que nos faria sofrer um castigo ineficaz, uma vez que aos nossos olhos ele não seria merecido.

"A idéia indefectível e universal que temos da justiça do Criador se recusa muito mais energicamente ainda em crer no compromisso, na falta de um só, dos seres livres criados sucessivamente por Deus na seqüência dos séculos.

"Se Adão e Eva pecaram, só a eles pertence a responsabilidade de sua ação má; só a eles sua queda, sua expiação, sua redenção por meio de seus esforços pessoais para reconquistar a sua nobreza. Mas nós, que viemos depois deles, que, como eles, temos sido o objeto de um ato idêntico da parte do poder criador, e que devemos, a esse título, ser de um prêmio igual ao do nosso primeiro pai aos olhos de nosso Criador, nós nascemos com a nossa pureza e a nossa inocência, das quais somos os únicos senhores, os únicos depositários, e cuja perda ou conservação não dependem absolutamente de nossa vontade, quanto das determinações de nosso livre arbítrio.

"Tal é, sobre esse ponto, a doutrina do Judaísmo, que não poderia nada admitir que não esteja nada conforme à nossa consciência esclarecida pela razão."

B. M.

Revista Espírita Setembro de 1868

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publicado por SÉRGIO RIBEIRO às 08:46
Quinta-feira , 11 de Agosto DE 2011

PEQUENA PARCELA DAS CONTRADIÇÕES BIBLICAS

 

NÃO EXISTE UM SER HUMANO EQUILIBRADO QUE POSSA ACREDITAR NISSO:

 

1. A Bíblia nos fala que toda a escritura foi inspirada por Deus (II Timóteo 3:16).

Mas em alguns trechos é negada a inspiração divina (I Coríntios 7:6;5:12) (II Coríntios 11:17).

 

2. Os Gigantes existiam antes da inundação (Gênesis 6:4).

Somente Noé, sua família, e os animais da Arca sobreviveram à inundação (Gênesis 7:23).

Mesmo depois da Inundação os gigantes continuaram existindo (Números 13:33).

 

3. Deus diz para Noé que tudo o que se move e tem vida servirá de alimento para ele, e também toda a vegetação. Só não poderá comer da carne ainda com vida, ou seja, com sangue (Gênesis 9:3-4).

Deus diz que nem todos os animais podem ser consumidos (Deuteronômio 14:7-20).

 

4. Toda a terra tinha uma só língua e as mesmas palavras, até que Deus criou vários idiomas diferentes, fazendo com que ninguém entendesse um ao outro (Gênesis 11:1,6-9).

Anterior a isto, a Bíblia fala de diversas nações, cada um com sua própria língua (Gênesis 10:5).

 

5. Deus admitiu que Ele é a causa da surdez e da cegueira (Êxodo 4:11).

Contudo, Deus não aflige os homens por vontade própria (Lamentações 3:33).

 

6. Deus envia Moisés para o Egito resgatar os filhos de Israel (Êxodo 3:10. 4:19-23).

No caminho, Deus ameaçou Moisés de morte. (Êxodo 4:24-26). Não proveu de explicação.

 

7. Deus mata todos os animais dos egípcios com uma forte pestilência. Nenhum sobreviveu à pestilência (Êxodo 9:3-6).

Deus mata todos os animais dos egípcios com uma chuva de granizo (Êxodo 9:19-21,25). (Mas eles já não haviam morrido com a pestilência?)

 

8. Deus não foi conhecido por Abraão, Isaac e Jacó pelo nome de Javé (Êxodo 6:2-3).

O nome do Senhor já era conhecido (Gênesis 4:26).

 

9. Deus proíbe que seja feito a escultura de qualquer ser (Êxodo 20:4).

Deus ordenou a fabricação de estátuas de ouro (Êxodo 25:18).

 

10. Proibição do assassinato (Êxodo 20:13).

Deus manda Moisés matar todos os homens de Madiã (Números 31:7).

 

11. Proibição do roubo (Êxodo 20:15).

Deus manda roubar os egípcios (Êxodo 3:21-22).

 

12. Proibição da mentira (Êxodo 20:16)

Deus permiti a mentira (I Reis 22:22)

 

13. Você tem que julgar o próximo com justiça (Leviticus 19:15).

Não julgue ninguém para não ser julgado (Mateus 7:1).

 

14. Deus jamais se arrepende (I Samuel 15:29).

Deus se arrepende (Gênese 6:6) (Êxodo 32:14) (I Samuel 15:11,35) (Jonas 3:10).

 

15. Deus não pode mentir (Números 23:19).

Deus deliberadamente enviou um "espírito" mentiroso (I Reis 22:20-30) (II Crônicas 18:19-22).

Deus faz pessoas acreditarem em mentiras (II Tessalonicenses 2:11-12).

O Senhor engana os profetas (Ezequiel 14:9).

 

16. Aarão morreu no monte Hor. Imediatamente depois disso, os israelitas foram para Salmona e Finon (Números 33:38).

Aarão morreu em Mosera. Depois disso, os isralelitas foram para Gadgad e Jetebata (Deuteronômio 10:6-7).

Deus diz a Moisés que Aarão morreu no monte Hor (Deuteronômio 32:50).

 

17. Nós temos que amar Deus (Deuteronômio 6:5) (Mateus 22:37).

Nós temos que temer Deus (Deuteronômio 6:13) (I Pedro 2:17).

 

18. Deus escreveu nas tábuas as dez palavras da aliança (Deuteronômio 10:1-2,4).

Deus ditou e Moisés escreveu (Êxodo 34:27-28).

 

19. Josué queimou a cidade de Hai e reduziu-a a um monte de ruínas para sempre (Josué 8:28).

Hai ainda existe como uma cidade (Neemias 7:32).

 

20. Josué destruiu totalmente os habitantes de Dabir (Josué 10:38-39).

Os habitantes de Dabir ainda existem (Josué 15:15).

 

21. Saul destruiu completamente os amalecitas (I Samuel 15:7-8,20).

David destruiu completamente os amalecitas (I Samuel 27:8-9).

Finalmente os amalecitas são mortos (I Crônicas 4:42-43).

 

22. Isaí teve sete filhos além de seu mais jovem, David (I Samuel 16:10.11).

David foi o sétimo filho (I Crônicas 2:15).

 

23. Saul tentou consultar o Senhor (I Samuel 28:6).

Saul nunca fez tal coisa (I Crônicas 10:13-14).

 

24. Saul cometeu suicídio (I Samuel 31:4-6) (I Crônicas 10:4-5).

Saul foi morto por um amalecita (II Samuel 1:8-10).

Saul foi morto pelos filisteus (II Samuel 21:12).

 

25. Davi tomou 1.700 cavaleiros de Adadezer (II Samuel 8:4).

Davi tomou 7.000 cavaleiros de Adadezer (I Crônicas 18:4).

 

26. Davi matou aos arameus 700 parelhas de cavalos e 40.000 cavaleiros (II Samuel 10:18).

Davi matou aos arameus 7.000 cavalos e 40.000 empregados (I Crônicas 19:18).

 

27. Israel dispõe de 800.000 homens aptos para manejar espadas, enquanto que Judá dispõe de 500.000 homens (II Samuel 24:9).

Israel dispõe de 1.100.000 homens aptos para manejar espadas, enquanto que Judá dispõe de 470.000 homens (I Crônicas 21:5).

 

28. Satã provocou Davi a fazer um censo de Israel (I Crônicas 21:1).

Deus sugeriu Davi a fazer um censo de Israel (II Samuel 24:1).

 

29. Davi pagou 50 siclos de prata por gados e pelo terreno (II Samuel 24:24).

Davi pagou 600 siclos de ouro pelo mesmo terreno (I Crônicas 21:25).

 

30. Rei Josias foi morto em Magedo. Seus servos o levam morto para Jerusalém (II Reis 23:29-30).

Rei Josias foi ferido em Magedo e pediu para seus servos o levarem para Jerusalém, onde veio a falecer (II Reis 23:29-30).

 

31. Foram levados 5 homens dentre os mais íntimos do rei (II Reis 25:19-20).

Foram levados 7 homens dentre os mais íntimos do rei (Jeremias 52:25-26).

 

32. São citados os nomes de 10 pessoas que vieram com Zorobabel (Esdras 2:2)

São citados os nomes de 11 pessoas que vieram com Zorobabel (Neemias 7:7)

 

33. (Esdras 2:3 & Neemias 7:8) Estas passagens pretendem mostrar a quantidade de pessoas que voltaram do cativeiro babilônico. Compare o número para cada família: 14 deles discordam.

 

34. A terra vai durar para sempre (Salmos 104:5) (Eclesiastes 1:4).

A terra perecerá (II Pedro 3:10) (Hebreus 1:10-11).

 

35. Deus fala a respeito de sacrifícios com os filhos de Israel libertos do egito (Levítico 1:1-9).

Deus nega que houvesse dito algo sobre sacrifícios naquela ocasião (Jeremias 7:22).

 

36. O filho não deve ser castigado pelo erro do pai, ou vice-versa (Deuteronômio 24:16) (Ezequiel 18:20) (II Crônicas 25:4).

Deus vinga a crueldade dos pais nos filhos até a quarta geração (Êxodo 20:5) (Deuteronômio 5:9).

Todos os homens são culpados pelo pecado de Adão. A culpa passou de pai para filhos por diversas gerações (Romanos 5:12).

 

37. Jesus foi filho de José, que o foi de Jacob (Mateus 1:16).

Jesus foi filho de José, que o foi de Heli (Lucas 3:23).

 

38. O pai de Salathiel foi Jeconias (Mateus 1:12).

O pai de Salathiel foi Neri (Lucas 3:27)

 

39. Abiud é filho de Zorobabel (Mateus 1:13).

Resa é filho de Zorobabel (Lucas 3:27).

São citados os nomes de todos os filhos de Zorobabel, mas nem Resa e nem Abiud estão entre eles (I Crônicas 3:19-20).

 

40. Jorão era o pai de Ozias que era o pai de Joathão (Mateus 1:8-9).

Jorão era o pai de Occozias, do qual nasceu Joás, que gerou Amazias, que foi pai de Azarias que, finalmente, gerou Joathão (I Crônicas 3:11-12).

 

41. Josias era o pai de Jeconias (Mateus 1:11).

Josias era o avô de Jeconias (I Crônicas 3:15-16).

 

42. Zorobabel era filho de Salathiel (Mateus 1:12) (Lucas 3:27).

Zorobabel era filho de Fadaia. Salathiel era tio dele (I Crônicas 3:17-19).

 

43. Sale era filho de Cainan, neto de Arfaxad e bisneto de Sem (Lucas 3:35-36).

Sale era filho de Arfaxad e neto de Sem (Gênese 11:11-12).

 

44. Ninguém jamais viu a Deus (João 1:18, 6:46) (I João 4:12).

Jacob viu Deus cara a cara (Gênesis 32:30).

Moisés e os anciões de Israel viram Deus (Êxodo 24:9-11).

Deus falou com Moisés cara a cara (Êxodo 33:11) (Deuteronômio 34:10).

Ezequiel viu Deus em uma visão (Ezequiel 1:27-28).

 

45. Jesus curou um leproso depois de visitar a casa de Pedro e Simão (Marcos 1:29,40-42).

Jesus curou o leproso antes de visitar a casa de Pedro e Simão (Mateus 8:2-3,14).

 

46. O Diabo levou Jesus primeiro ao topo do templo e depois para um lugar alto para ver todos os reinos do mundo (Mateus 4:5-8).

O Diabo levou Jesus primeiro para o lugar alto e depois para o topo do templo (Lucas 4:5-9).

 

47. Quem crê no filho de Deus tem vida eterna (João 3:36).

Quem ama a Deus e ao seu próximo tem vida eterna (Lucas 10:25-28).

Quem guarda os 10 mandamentos tem vida eterna (Mateus 19:16-17).

 

48. O sermão conteve 9 beatitudes (Mateus 5:3-11).

O sermão conteve 4 beatitudes (Lucas 6:20-22).

 

49. Jesus adquiriu Mateus como discípulo depois de acalmar a tempestade (Mateus 8:26).

Jesus adquiriu Mateus (Levi) como discípulo antes de ter acalmado a tempestade (Marcos 2:14, 4:39)

Obs: O contexto identifica Levi como outro nome para Mateus. Compare [Mateus 9:9-17] com [Marcos 2:14-22] e com [Lucas 5:27-39].

 

50. O centurião se aproximou de Jesus e pediu ajuda para um criado doente (Mateus 8:5-7).

O centurião não se aproximou de Jesus. Ele enviou amigos e os anciões dos judeus (Lucas 7:2-3,6-7).

 

51. Jairo pediu a Jesus que ajudasse a sua filha, que estava morrendo (Lucas 8:41-42).

Ele pediu para que Jesus salvasse a filha dele que já havia morrido (Mateus 9:18).

 

52. Jesus disse aos seus discípulos que deveriam andar calçados com sandálias (Marcos 6:8).

Jesus lhes disse que não deveriam andar descalços (Mateus 10:10).

 

53. Deus confiou o julgamento a Jesus (João 5:22) (João 5:27,30 8:26) (II Coríntios 5:10) (Atos 10:42).

Jesus, porém, disse que não julga ninguém (João 8:15,12:47).

Os santos hão de julgar o mundo (I Coríntios 6:2).

 

54. A transfiguração de Jesus ocorreu 6 dias após a sua profecia (Mateus 17:1-2).

A transfiguração ocorreu 8 dias após (Lucas 9:28-29).

 

55. A mãe de Tiago e João pediu a Jesus para que eles se assentassem ao seu lado no reino (Mateus 20:20-21).

Tiago e João fizeram o pedido, ao invés de sua mãe (Marcos 10:35-37).

 

56. Ao sair de Jericó, Jesus se encontrou com dois homens cegos (Mateus 20:29-30).

Ao sair de Jericó, Jesus se encontrou com somente um homem cego (Marcos 10:46-47).

 

57. Dois dos discípulos levaram uma jumenta e um jumentinho para Jesus da aldeia de Bethfagé (Mateus 21:2-7).

Eles levaram somente um jumentinho (Marcos 11:2-7).

 

58. Jesus amaldiçoou a árvore de figo depois de ter deixado o templo (Mateus 21:17-19).

Ele amaldiçoou a árvore antes de ter entrado no templo (Marcos 11:14-15,20)

 

59. Um dia após Jesus ter amaldiçoado a figueira, os discípulos notaram que ela havia secado (Marcos 11:14-15,20)

A figueira secou imediatamente após a maldição ser posta (Mateus 21:19).

 

60. Jesus disse que Zacarias era filho de Baraquias (Mateus 23:35).

Zacarias era filho de Joiada (II Crônicas 24:20-22).

 

61. Jesus manda amarmos uns aos outros (João 13:34-35).

Você não pode ser um discípulo de Jesus a menos que já tenha aborrecido seus pais, seus irmãos, seus filhos ou sua esposa (Lucas 14:26).

 

62. Vestiram Jesus com um manto carmesim (Mateus 27:28).

Vestiram Jesus com um manto púrpura (Marcos 25:17) (João 19:2).

 

63. Após Pedro ter negado Jesus, o galo cantou pela segunda vez (Marcos 14:30,57-72).

O galo só cantou uma vez (Lucas 22:34,60-61) (Mateus 26:34,69-74)

 

 

publicado por SÉRGIO RIBEIRO às 22:26
Sexta-feira , 05 de Agosto DE 2011

PLURARIDADE DAS EXISTÊNCIAS

 

Compreendam e não esqueçam nunca que, pela pluraridade das existências e corformemente ao grau de culpabilidade, as provações e as expiações, tendo por fim a purificação e o progresso são apropriadas às faltas cometidas nas encarnações precedentes. Assim, por exemplo, o senhor de ontem, duro e arrogante, que faliu nas suas provas como senhor, fossem quais fossem, dentro da ordem social, sua posição ou seu poder na terra, é o escravo, o servo, ou criado de amanhã. O sábio que ontem, materialista e orgulhoso, abusou de sua inteligência, da sua ciência, para desencaminhar os homens, para perverter as massas populares, é o cego, o idiota ou o louco de amanhã. O orador de ontem, que abusou gravemente da palavra para arrastar os homens ou os povos a erros profundos, é o surdo mudo do dia seguinte. O que ontem dispôs da saúde, da força, ou da beleza física e gravemente abusou de tudo isso, é o sofredor, o doente, o raquítico, o desertado da natureza, o enfermo de amanhã. Se é certo que os corpos procedem dos corpos, não menos certo é que são apropriados às provações e às expiações por que o Espírito haja de passar e que a encarnação se dá no meio e nas condições  adequados ao cumprimento de tais provações e expiações. É o que explica como e porque, na mesma família, dois filhos, dois homens nascidos do mesmo pai e da mesma mãe, se encontram em condições físicas tão adversas, tão opostas. De igual modo a diferença nas provações, a disparidade do avanço realizado nas existências precedentes explicam porque e como, do ponto de vista moral ou intelectual, esses dois irmãos se acham em condições tão adversas, tão opostas.

Compreenda o homem e não se esqueça nunca que o mais próximo e mais querido parente de ontem, que o mais amigo da véspera podem vir a ser e são muitas das vezes o estranho, o desconhecido do dia seguinte, que ele a todo instante poderá encontrar, acolher ou repelir.

Que, pois, os homens, cientes e compenetrados de que a vida humana e as condições sociais são provações e ao mesmo tempo meio e modo de amparo e de concurso recíproco nas vias da reparação e do progresso, pratiquem a lei de amor, partilhando mutuamente o que possam de natureza material ou intelectual, dando aquele que tem ao que não tem, dando de coração o auxílio do coração, dos braços, da bolsa, da inteligência, da palavra e, sobretudo do exemplo. Então, quando tal se verificar, estarão cumpridas em toda verdade, sob os auspícios e a pratica da fraternidade recíproca e solidária, estas palavras de Jesus: “Basta ao discípulo ser como o mestre e ao servo como o senhor”.

Trecho retirado do livro “OS QUATRO EVANGELHOS” de J.B.Roustaing.

Recebido mediunicamente pelos apóstolos Mateus, Marcos e Lucas.

Páginas 192 e 193. 

 

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publicado por SÉRGIO RIBEIRO às 09:22
Quarta-feira , 06 de Julho DE 2011

SALVAÇÃO

O sacrifício de Jesus na Cruz - embora tendo sido olhado e considerado dum ponto de vista diferente do real - constituiu verdadeiramente uma “salvação” para muitos espíritos que, por meio dele, e impressionados com ele, conseguiram destacar-se do Anti-Sistema e passar a viver no ambiente sintônico do Sistema. Milhões foram os espíritos que, no decorrer destes últimos dois mil anos, se “saltaram”. Justifica-se, pois o título de SALVADOR (sôtêr) atribuído a Jesus desde os primórdios, apesar de essa palavra não ter o sentido que a teologia lhe empresta.

De fato, o pensamento teológico é que a imolação de Jesus teve o efeito de apagar ou “redimir os pecados”, por própria força intrínseca, em vista da grandeza de Seu Espírito divino, ou melhor, em vista de ser o próprio Deus que “morreu” (!).

Em decorrência disso, teve que fatalmente ser abandonado e combatido o fato da reencarnação, conhecido e comprovado desde a antiguidade, pois se um espírito foi “redimido” e está “salvo”, não poderia mais voltar à condição antiga de sua capacidade de errar ou “pecar.

Então, uma interpretação unilateral de um fato, obriga esse intérprete a negar outro fato real. A dedução empírica e cerebrina, que constrói uma teoria improvada (e negada pela prática), tenta destruir um acontecimento comprovado pela maioria.

Esqueceram-se, todavia, de importante pormenor: se o sacrifício de Jesus foi de efeito tão forte e irresistível que “redimiu os pecados da humanidade”, como explicar que os homens continuaram – salvo raríssimas exceções - a cometer seus “pecados”, obtendo absolvição e voltando de novo aos pecados?

Ao observar a história da humanidade, verificamos uma mudança fundamental na direção de sua caminhada, mas não descobrimos, absolutamente, uma diminuição dos desvios da rota, nem de erros, nem de crimes, coisa que seria de esperar de tão grande e infinito impacto.

A razão disso é que Jesus de fato SALVOU, como disseram os primeiros discípulos, mas não com a remissão dos pecados (tradução tradicional mas imprópria e até falsa) e sim com o DESATAR DOS ERROS (aphesis tôn hamartíôn, vol. 6), que exprime precisamente o que estamos dizendo: desatou os laços que prendiam os homens aos erros do Anti-Sistema, isto é, à ilusão da personagem.

Nesse sentido, realmente SALVOU (sôzein) a humanidade, pois com sua força vibratória incomensurável, porque crística interrompeu a caminhada do Espírito que descia cada vez mais para a personagem, e fê-la dar uma volta de 180º, mudando o rumo errado em que caminhava, para levá-la a prosseguir seus passos na direção do Espírito, para o Sistema, para a Individualidade.

Observemos e estudemos com atenção, e verificaremos que milhões de pessoas, depois de Jesus, aprenderam a renunciar “ao mundo, às suas pompas e às suas obras” - ou seja, desdenharam as honras, as glórias, a fama e a grandeza da personagem, para buscar dentro de si a felicidade espiritual, o encontro com o Cristo interno, servindo-se, em muitos casos, do magnífico e insuperável símbolo da recepção da hóstia consagrada, com a qual “entrava” no coração o Cristo, ainda vindo “de fora”.

Mas, com o tempo, Ele passou a “morar” dentro do coração permanentemente.

Então, Jesus SALVOU a humanidade, por mostrar-lhe a direção certa de sua caminhada e “desatá-la dos erros” da personagem (da ilusão do mundo transitório ), e não por tê-la “redimido do pecado”, coisa que em absoluto foi atingida até hoje.

Com essa interpretação lógica e acorde com o texto, verificamos que tudo se coloca em seus lugares e passa a ser indispensável o fato da reencarnação.

Pois não basta reconhecer o caminho certo e voltar-se na direção correta: é necessário palmilhar essa estrada, pois em Sua vida o próprio Jesus a percorreu, dando-nos o exemplo vivo. E essa jornada é muito longa, não sendo conseguida em uma só vida, de modo algum: é estrada cheia de percalços, embora a meta seja nítida, clara e inconfundível no fim da viagem.

Naquela ocasião, não havia mais tempo de muitas explicações, porque se aproximava a hora da ação, e o Anti-Sistema cumpriria a tarefa que lhe competia.

E embora nada tivesse com Jesus, que descera voluntariamente ao Anti-Sistema, mas a ele não pertencia mais, no entanto ainda agia com eficiência sobre a humanidade toda, e portanto devia atingir Jesus em Sua humanidade. E isso para que todos nós pudéssemos ver, saber e compreender, que o Espírito ama o Pai e faz como Ele manda, mas a personagem precisa receber os impactos dolorosos que nos impulsionam na subida evolutiva.

A hora, a partir daí, é de AÇÃO: “Levantai-vos, vamo-nos daqui”, enfrentemos as forças adversárias que se erguem, e cumpramos as determinações superiores com inquebrantável coragem, a fim de superarmos e vencermos os impactos do mundo

publicado por SÉRGIO RIBEIRO às 03:45
Terça-feira , 28 de Junho DE 2011

ANJOS E DEMÔNIOS

1. INTRODUÇÃO

O que se entende por anjo? E por demônio? Há diferença entre a posição católica e a espírita? Nosso objetivo é fazer um estudo comparativo, no sentido de melhor entender as relações entre esses dois temas e os seus correlatos: Satanás, Diabo e Lúcifer.  

2. CONCEITO 

Anjo – Ser espiritual que exerce o ofício de mensageiro entre Deus e os homens. A palavra anjo desperta geralmente a idéia da perfeição moral; não obstante, é freqüentemente aplicada a todos os seres, bons e maus, que não pertencem à Humanidade. 

Demônio – 1. Nas crenças da Antiguidade e no politeísmo, gênio inspirador, bom ou mal, que presidia o caráter e o destino de cada individuo; alma, espírito. 2. Nas religiões judaicas e cristãs, anjo mau que, tendo-se rebelado contra Deus, foi precipitado no Inferno e procura a perdição da humanidade; gênio ou representação do mal; espírito maligno, espírito das trevas, Lúcifer, Satanás, Diabo. 3. Cada um dos anjos caídos ou gênios maléficos do Inferno, sujeitos a Lúcifer ou Satanás. (Dicionário Aurélio) 

3. HISTÓRIA DO DEMÔNIO 

A história de uma palavra mostra-nos as suas transformações ao longo do tempo. O termo demônio não fugiu à regra. Nas crenças populares gregas da antiguidade, era usada para designar os espíritos dos falecidos, que dispunham de forças sobrenaturais, intervindo de modo extraordinário na natureza e na vida dos homens, e contra os quais os homens deviam se defender através da magia. Os filósofos gregos o elevou à esfera do divino, por isso o daimon socrático. O termo demônio não é citado no AT, onde só aparece, nos últimos livros. Ele existe no Novo Testamento, onde os Evangelistas confundem os demônios com Satã. Quer dizer, o demônio só surge com a influência grega.

Na época do Novo Testamento, as almas dos mortos, assimiladas às das divindades, foram confundidas com as manes, os lares e os gênios latinos. Estas concepções penetram a Palestina. Com a vinda dos romanos, o Demônio grego transforma-se em Diabo, cujo significado passou a ser "espírito da mentira" ou "caluniador".

O Daimon grego passa a ser o Diabolus romano. Na Baixa Idade Média, o Diabolus romano ganha força. Como o Diabolus romano era um "espírito mau", passou a designar o espírito mau hebraico, Satã. Para explicar a sua presença como tentador do mundo, os padres da Igreja recorreram à lenda da revolta do anjo Azazel, dos Livros de Enoque, que eram apócrifos. (Sampaio, 1976) 

4. A IGREJA CATÓLICA E A SUA DOGMÁTICA 

4.1. HIERARQUIA DOS ANJOS 

A fonte da angelologia medieval é o texto do Pseudo-Dionísio, o Areopagita, Sobre a Hierarquia Celeste (séc. V). A hierarquia celeste é constituída por nove ordens de anjos agrupados em disposições ternárias. A primeira é a dos Serafins, dos Querubins e dos Tronos; a segunda é a das Dominações, das Virtudes e das Potestades; a terceira, a dos Principados, dos Arcanjos e dos Anjos. Essa doutrina foi aceita por S. Tomás e adotada por Dante no Paraíso. (Abbagnano, 1970) 

4.2. LÚCIFER E SATà

Lúcifer - o Príncipe dos Demônios - não é referendado na Bíblia (VT e NT). Apresenta-se como  sinônimo de Diabo, Demônio e Satanás. Este nome surgiu na Baixa Idade Média, baseado numa divindade associada ao planeta Vênus. Os teólogos, para criar o termo, recorreram ao Livro de Enoque, considerado apócrifo, do qual restam vestígios na Bíblia, em Gênesis, 6.

"Lúcifer, produto da teologia cristã, foi associado aos "diabos" Satã, ao conceito de "demônio" dos gregos e ao princípio do dualismo Bem e Mal do Zoroatrismo, entre outras tradições".

 

Satã significa "o adversário", "o acusador". O termo "acusador" existia no Império Persa, cuja função era a de percorrer secretamente o reino e fiscalizar tudo o que estava sendo feito de mal no sentido de apresentar denúncias diante do Imperador, que mandava chamar os funcionários faltosos e os castigava.

Com a evolução da doutrina religiosa judaica, Satã acabou se convertendo, de um acusador dos pecados dos homens, num deus secundário, oposto a Javé. 

Satã não é Lúcifer. Ele não é um anjo que se revoltou contra o Senhor. Ele é apenas um acusador., ou seja, um dos olhos do Senhor, que anda pela Terra e comparece perante o Senhor para acusar. (Sampaio, 1976)

4.3. DEMONOLOGIA

Na Idade Média surge a Demonologia, ciência dos demônios, cujo objetivo era fazer um tratado sobre os demônios.

Lúcifer-Satã-Diabo-Demônio, ao cair, levou muitos consigo. 19 anjos principais e uns 200 liderados que teriam “caído”.

A 1.ª medida da demonologia foi o recenseamento do Inferno, no sentido de estabelecer o número de demônios que ali habitavam. Foram contados 7.045.926 demônios.

Havia também movimentos políticos no inferno. Satã, o diabo grosseiro, da luxúria e da gula, dos defeitos capitais dá um golpe de estado, depondo lúcifer do comando. (Sampaio, 1976)

5. ANJOS E DEMÔNIOS NA ÓTICA ESPÍRITA

5.1. ANJOS

P.128 - Os seres que chamamos anjos, arcanjos, serafins, formam uma categoria especial, de natureza diferente da dos outros Espíritos?

- Não; são Espíritos puros: está no mais alto grau da escala e reúnem em si todas as perfeições.

A palavra anjo desperta geralmente a idéia da perfeição moral; não obstante, é freqüentemente aplicada a todos os seres, bons e maus, que não pertencem à Humanidade. Diz-se: o bom e o mau anjo; o anjo da luz e o anjo das trevas; e nesse caso ele é sinônimo de Espírito ou de gênio. Tomamo-lo aqui na sua boa significação.

P.129 - Os anjos também percorrem todos os graus?

- Percorrem todos. Mas, como já dissemos: uns aceitaram a sua missão sem murmurar e chegaram mais depressa; outros empregaram maior ou menor tempo para chegar à perfeição.

P. 130 – Se a opinião de que há seres criados perfeitos e superiores a todos os outros é errônea, como se explica a sua presença na tradição de quase todos os povos?

- Aprende que o teu mundo não existe de toda a eternidade, e que muito antes de existir há havia Espíritos no grau supremo; homens, por isso, acreditaram que eles sempre haviam sido perfeitos. 

5.2. DEMÔNIOS

P.131 - Há demônios, no sentido que se dá a essa palavra?

- Se houvesse demônios, eles seriam obra de Deus. E Deus seria justo e bom, criando seres infelizes, eternamente voltados ao mal?

A palavra demônio não implica a idéia de Espírito mau, a não ser na sua acepção moderna, porque o termo grego daimon, de que ele deriva, significa gênio, inteligência, e se aplicou aos seres incorpóreos, bons ou maus, sem distinção.
Os homens fizeram, com os demônios, o mesmo que com os anjos. Da mesma forma que acreditaram na existência de seres perfeitos, desde toda a eternidade, tomaram também os Espíritos inferiores por seres perpetuamente maus. A palavra demônio deve, portanto ser entendida como referente aos Espíritos impuros, que freqüentemente não são melhores do que os designados por esse nome, mas com a diferença de ser o seu estado apenas transitório. São esses os Espíritos imperfeitos que murmuram contra as suas provações e por isso as sofrem por mais tempo, mas chegarão por sua vez à perfeição quando se dispuserem a tanto. (Kardec, 1995)

5.3. HÁ LÓGICA NA DOUTRINA DOS ANJOS DECAÍDOS?

Não. Ora, como pode um Espírito que atingiu uma luz espiritual da perfeição retrogradar e ficar numa posição de inferioridade. O progresso é uma lei natural, compulsória e inexorável, que nos impulsiona sempre para frente. Em A Gênese, Allan Kardec reporta-se ao Paraíso Perdido,em que Espíritos de outros mundos vieram reencarnar na Terra. Cita o caso dos exilados de Capela, orbe semelhante ao da Terra, situado na Constelação de Cocheiro, que estava passando por um período de transformação, semelhante ao que estamos verificando no Planeta Terra. Embora tenham reencarnado num mundo inferior, eles não perderam o progresso adquirido, não regrediram moralmente e intelectualmente, apenas tiveram que fazer as suas experiências num mundo mais hostil, justamente para se equilibrarem no campo moral.

6. O PENSAMENTO E AS INFLUÊNCIAS ESPIRITUAIS

6.1. AS IDÉIAS E O PENSAMENTO

O tema anjos e demônios levam-nos a refletir sobre a nossa condição humana, especificamente na relação que temos com o conhecimento da verdade. Em nosso dia-a-dia produzimos idéias. As idéias formam o nosso pensamento. O pensamento dirige-se à verdade das coisas. A percepção da verdade das coisas está subordinada ao nosso grau de evolução espiritual e intelectual. Por isso, diz-se que somente atingiremos a verdade quando pudermos ter um perfeito relacionamento entre o sujeito e o objeto, ou seja, somente quando o objeto refletir-se fielmente na mente do sujeito.  Para que isso se dê, temos que desobstruir a nossa mente dos preconceitos e das diversas idiossincrasias automatizados em nosso subconsciente.  

6.2. AS INFLUÊNCIAS ESPIRITUAIS

Os anjos e os demônios simbolizam as influências que recebemos dos Espíritos que nos acompanham. De acordo com a instrução de diversos Espíritos, somos monitorados por uma avalanche deles. Nesse sentido, há os Espíritos bons que nos incentivam ao bem e os maus que induzem ao mal. Aceitar ou não suas sugestões é um trabalho que depende de nossa vontade e de nossa perseverança. É preciso tomar cuidado, porque há sempre um primeiro momento, um primeiro convite, principalmente no que diz respeito à entrada pela porta larga da perdição. Na Revista Espírita de 1862, Voltaire faz uma mea culpa sobre os desvios que permitiu a si mesmo quando esteve encanado no século XVIII,em França. Conta-nos que tinha recebido toda as inspiração necessária para ser um dos divulgadores de idéia de Deus e do Evangelho de Jesus e perdeu-se por sua vaidade, ou seja, por querer ver o seu nome estampado nos anais de ciência e da filosofia terrena.

6.3. DECISÃO DAS TREVAS

Este é o título do capítulo 38 de Contos desta e de outra vida, pelo Espírito Irmão X. Relata-se o diálogo entre o ORGANIZADOR DE OBSESSÕES e os seus sequazes, cujo objetivo era impedir o avanço do Espiritismo, no que tange aos novos horizontes que este abria na mente humana. Eles agem como Cristo na Antiguidade: não há meio de isolá-los na prece inativa; em vez de se ajoelharem, caminham. É indispensável encontrar um meio de esmagá-los, destruí-los...

O obsessor exaltado, o obsessor violento, o malfeitor recruta, o obsessor confusionista, o malfeitor antigo e o obsessor fabricange de dúvidas dão suas sugestões, mas são rechaçadas pelo Líder. Por último, surge o VAMPIRIZADOR EXPERIENTE, que sugere: “Será fácil treinar alguns milhares de companheiros para a hipnose coletiva em larga escala e faremos que os espíritas se acreditem santos de carne e osso... Creio que, desse modo, enquanto estiverem preocupados em preservar a postura e a máscara dos santos, não disporão de tempo algum para os interesses do espírito”.

ORGANIZADOR DE OBSESSÕES – Excelente excelente! Ponhamos mãos à obra. (Xavier, 1978)

7. CONCLUSÃO

Os anjos e os demônios, como vimos, significam respectivamente os bons e os maus Espíritos. Eles estão sempre ao nosso derredor. Saibamos elevar os nossos pensamentos através da prece e da prática da caridade para que os bons venham ao nosso encontro e os maus sejam rechaçados.

8. BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

ABBAGNANO, N. Dicionário de Filosofia. São Paulo: Mestre Jou, 1970.

FERREIRA, A. B. de H. Novo Dicionário da Língua Portuguesa. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, [s. d. p.]

KARDEC, A. O Livro dos Espíritos. 8. ed. São Paulo: Feesp, 1995.

SAMPAIO, Fernando G. A História do Demônio: da Antiguidade aos nossos Dias. Porto Alegre: Garatuja, 1976.

XAVIER, F. C. Contos Desta e Doutra Vida, pelo Espírito Irmão X. Rio de Janeiro: FEB, 1978.

 

 

publicado por SÉRGIO RIBEIRO às 03:54
Sexta-feira , 10 de Junho DE 2011

VOLTANDO PARA CASA

É chegado o momento de voltar para casa. Os olhos, o corpo e o coração de quem caminha prefere, desta vez, não olhar para trás. Talvez estes sejam alguns dos passos mais duros e inesquecíveis dados no decorrer de uma vida.

A poucos metros dali, ficou o corpo do ser querido, velado sob a amarga vigília das horas choradas, diante das quais as lembranças ininterruptas de todos os momentos vividos em comum se fizeram presentes, bem como os infindáveis porquês dos que se viram no direito de perguntar a Deus a razão d’Ele ter querido levar o ente amado daquela forma, naquele momento.

O ato de entrar de novo em casa, agora um pouco mais vazia, inaugura também o ingresso emocional nos lutos da perda e solidão, que invadem o coração de forma silenciosa, para ocuparem por algum tempo o espaço ausente do outro.

Os armários e as gavetas, repletos das lembranças de quem acabou de partir, insistem em deixar no ar uma atmosfera de que aquilo é um sonho e que, como ocorre todos os dias, também vai passar e tudo voltará ao normal. Alguns fazem a opção de pedir um prazo ao tempo e mergulham no cultivo da saudade, que se manifesta no ato de diariamente arrumar o quarto daquele que já morreu.

Conheço pessoas que agiram de forma diferente, nessa hora. De imediato, arrumaram as roupas, os pertences, os brinquedos que não mais serviriam naquele ambiente e distribuíram para creches, hospitais e asilos. Só que o fizeram com o coração trancafiado pela ausência de perdão aos desígnios divinos, e então iluminaram pela metade o que poderiam ter feito por inteiro. O gesto de amor e desprendimento acabou por não desprendê-las do fardo da tristeza, que mais tarde volta a aparecer, fazendo com que a vida se transforme em um mar de lamentações e de lágrimas.

Mais difícil do que vencer as lembranças dos que foram para o além é a descoberta de que a morte passou perto e, da mesma maneira firme e serena como levou nosso amor, deixou no ar um desafio, a nos instigar constantemente: por que você não aproveita a oportunidade e tenta descobrir o que os sábios querem dizer, quando afirmam que eu sou uma mensageira da vida, e não o retrato do fim?

A respeito desse assunto de tão grande importância, um primo que não via há muito tempo proporcionou-me uma vivência muito interessante, certa vez. Sua mãe morrera havia alguns anos, o que lhe causara uma dor profunda, quase insuperável. Materialista de convicções arraigadas, jamais aceitara ao menos refletir sobre alguns dos pontos de vista e ideias que eu, seu primo, sustentava, uma vez por outra, quando passava com ele algumas horas.

Todas as vezes em que conversávamos, fazia questão de sobrepor-se aos argumentos espíritas, afirmando que os temas “vida após a morte”, “imortalidade da alma” e “reencarnação” provocavam-lhe especial enfado, não preenchendo nenhuma das necessidades intelectuais de sua vida de magistrado.

Depois da desencarnação da mãe, meu parente sofreu outra dor profunda. O irmão com que ele mais se afinava também morreu, deixando-o em preocupante estado de consternação e revolta.

No dia do enterro, ele ficou com a incumbência de acompanhar a preparação do jazigo da família, a fim de colocar ali o corpo inerte do companheiro inesquecível. Assim que o último tijolo que cobria a entrada do túmulo foi retirado, viu reunidos em um saco plástico, os ossos daquela que em vida fora sua mãe; perto do embrulho, observou ainda alguns maços de cabelo da mãezinha adorável, cuja partida tanto lhe fez sofrer.

Diante daquele quadro, ele, acompanhado apenas da esposa, parou por um instante e sentiu uma vibração diferente bater-lhe no íntimo do peito. Levantando-se depois de alguns minutos, olhou para a mulher e afirmou:

— Meu bem, acho que neste momento estou descobrindo que a alma é realmente imortal. Preste bem atenção na cena que vemos nesse túmulo, onde colocaremos dentro em breve o corpo de meu irmão. Os ossos e os restos de cabelo de minha mãe estão me falando, com silenciosa persistência, que a mulher franzina que cuidou de mim com imenso amor durante tão longos anos, sem nunca ter reclamado atenção e carinho; que se dedicou feito missionária ao apostolado da renúncia, sem jamais ter pedido reconhecimento pela fiel execução das árduas tarefas, não pode ter acabado dessa forma. Recuso-me a crer que minha mãezinha resume-se hoje a esse monte de ossos.

Procurando-me depois dessa belíssima vivência, perguntou-me, de imediato: — “Diga-me logo, onde está mamãe? Abra, por favor, para mim, as portas da espiritualidade para que eu mesmo faça a viagem da busca”.

Depois de um longo e afetuoso abraço, disse-lhe que o anseio da procura começava no esforço do estudo incessante das obras de Allan Kardec e ia se concretizando aos poucos, à medida que ele se transformasse no homem de bem que a vida nos pede que sejamos, uma vez que essa efetiva mudança pessoal para melhor remete o novo ser aos ambientes elevados, aonde estão as chances de reencontro com os que nos merecem amor.

Naquele dia, meu primo voltou para casa, após o enterro do corpo do irmão, com os pés e a alma buscando outra direção. Não mais com a pesada sensação de vazio e revolta, mas com a esperança de que por trás da experiência da morte há a expectativa do reencontro, a realidade infinita da vida e a grandeza da misericórdia de Deus, a dizer, para os que aprenderam a ouvir, que morrer é sobretudo uma volta e que ninguém ficará sem estar de novo com aqueles que ama verdadeiramente.

REFORMADOR, AGOSTO/1997

publicado por SÉRGIO RIBEIRO às 22:54
Quarta-feira , 09 de Março DE 2011

ESPÍRITA NÃO CONDENA NINGUÉM

1. Existe, na tradição forense, uma idéia segundo a qual os espíritas são os jurados que melhor atendem aos interesses da defesa, uma vez que, de acordo com a voz corrente, “espírita não condena ninguém”. Durante mais de trinta anos de atuação na tribuna do júri, não conseguimos comprovar o acerto dessa afirmativa. Constatamos, isto sim, uma grande tendência condenatória entre os seguidores das religiões reformadas, e uma acentuada indefinição entre os católicos, que ora pendem para um lado, ora para o outro.

Como constituem a maioria do universo religioso brasileiro, são, por conseguinte, os mais visados e os que mais sofrem as influências de toda sorte a que se acham sujeitos os jurados de um modo geral. Por isso, torna-se difícil uma conclusão mais concreta a respeito de suas tendências. O certo é que as mais absurdas decisões do Tribunal do Júri, tanto absolutórias como condenatórias, partem, geralmente, de conselhos de sentença dos quais não participam seguidores de outros credos religiosos. Atualmente, com crescimento da Igreja Universal, e de outras que guardam semelhança com ela, o fenômeno vem perdendo sua força, sobretudo no que tange à aceitação pela sociedade dos chamados “crentes”, o que nem sempre acontece com relação ao Espiritismo e aos espíritas.

 

2. Nenhum argumento sério autoriza a existência desse procedimento, a não ser o preconceito e o radicalismo religioso. Durante algum tempo, quando ainda não conhecíamos nada de Espiritismo, aceitamos tal entendimento sem maiores indagações e sem a menor preocupação de sondar a sua veracidade. Agimos, neste caso, com a tranqüilidade própria dos ignorantes. Mais tarde, já devidamente esclarecidos a seu respeito, constatamos que tudo não passava de mais um dos enormes equívocos que boa parte das pessoas alimenta quanto a ele, Espiritismo.

Verificamos, por outro lado, que os jurados espíritas condenavam ou absolviam, tanto quanto os demais.

É de se lamentar, no entanto, que essa falsa visão não se acha restrita apenas aos não-espíritas, porquanto é perfilhada por muitos que se dizem adeptos da Doutrina.

Trata-se de um dos muitos problemas que a perspicácia de Allan Kardec detectou, conforme se pode ver no capítulo XXIX, item 334, de O Livro dos Médiuns.

O termo espírita carrega, no entendimento vulgar, uma série de conotações eivada de erros e de preconceitos. Abrange um universo enorme, que vai desde os integrantes do sincretismo religioso, sob as suas variadas denominações, até aos seguidores dos cultos e das seitas em que o exotismo ocupa o lugar de maior destaque, passando, ainda, pelas inúmeras veredas de quantos se definem espiritualistas. Essas formas de religiosidade, embora merecedoras de respeito, não guardam nenhuma afinidade com a Doutrina dos Espíritos, e a confusão, consciente ou inconsciente, que se estabeleceu entre elas e o Espiritismo, enseja raciocínios e ilações inteiramente distantes da verdade, como a de se imputar aos espíritas uma conduta de alienação em face das questões sociais. Essa atitude os acompanharia também, quando convocados a julgar seus irmãos pelo cometimento de um ilícito penal, cujo julgamento se inscreve no rol dos que são da competência do Júri Popular, fixada pelo artigo 5o, XXXVIII, da Constituição Federal.

 

3. O raciocínio peca, contudo, pela total ausência de razão. Ao espírita não é vedado julgar, ainda que desse encargo advenha a inevitável aplicação de uma pena.

Ele, como qualquer outro cidadão, não pode fugir da responsabilidade que o Estado lhe delegou, ao convocá-lo para o serviço do júri. Seria ótimo se a sociedade moderna já não mais convivesse com a criminalidade e que, no lugar das penitenciárias e das cadeias, estivesse edificada uma escola. Todavia, esse grau de desenvolvimento e evolução ainda se acha muito distante de ser alcançado.

A pena, por isso mesmo, no estágio atual da Humanidade, permanece, teoricamente, como o instrumento mais eficaz de que a sociedade dispõe para restabelecer o equilíbrio social abalado pela ação do delinqüente.

A concepção de que o espírita, por uma questão de princípios, não condena ninguém não se harmoniza com o sentimento de responsabilidade que a ele cabe assumir diante de si, de Deus e da sociedade, sob pena de ser considerado, nos termos do magistério de Kardec, mais um “espírita de nome” (a respeito, Revista Espírita, novembro de 1861, p. 495).

 

4. O que Jesus proscreveu foi o julgamento apressado, afoito, impregnado de má-fé, no qual, muitas vezes, a verdadeira intenção do julgador permanece oculta, a exemplo do que ocorreu no episódio envolvendo a mulher adúltera.

No Sermão do Monte (Mateus, 7: 1 e 2), Ele nos adverte quanto a essa maneira de julgar. Ela é típica do chamado juízo temerário, caracterizado pela impiedade ou ditado pelas aparências que, costumeiramente, enganam.Uma interpretação exclusivamente literal e isolada desses dois versículos poderia levar à absurda conclusão de que toda e qualquer forma de julgamento é defesa aos cristãos. Os juízes de direito seriam, pois, vítimas de uma autêntica “injustiça divina”, porquanto nenhuma esperança teriam quanto à sua vida futura, em face de sua própria atividade profissional.

Não obstante, todos sabemos da sua importância dentro da sociedade, em virtude dos constantes e cada vez mais numerosos conflitos que afloram a todo instante em seu seio, e do elevado índice de criminalidade dos dias atuais.

 

5. O sentido da proibição se completa e se integra no contexto evangélico através dos versículos 3, 4 e 5 da mesma narrativa de Mateus: – “E por que reparas tu no argueiro que está no olho do teu irmão, e não vês a trave que está no teu olho?

Ou como dirás a teu irmão:

Deixa-me tirar o argueiro do teu olho, estando uma trave no teu?

Hipócrita, tira primeiro a trave do teu olho, e então, cuidarás em tirar o argueiro do olho do teu irmão”.

De mais a mais, durante o seu messiado, Jesus, em diversas oportunidades, estabeleceu juízos de valor, e, em conseqüência, julgou, contrariando, dessarte, os que sustentam a proibição absoluta do julgamento. Na sua explicação sobre a gravidade e a dimensão das ofensas feitas ao nosso irmão, foi de meridiana clareza ao não excluir do julgamento humano os autores dessas ofensas: “Ouvistes que foi dito aos antigos:

Não matarás; mas qualquer que matar será réu de juízo.

Eu, porém, vos digo que qualquer que, sem motivo, se encolerizar contra seu irmão será réu de juízo, e qualquer que chamar a seu irmão de raca será réu do Sinédrio; e qualquer que lhe chamar de louco será réu do fogo do inferno”. (Mateus. 5:21-23.)

A expressão réu de juízo significa os diversos graus da Justiça humana: a outra, réu do Sinédrio, se refere à Justiça de Deus. A primeira, contudo, não exclui a segunda, em virtude de sua inexorabilidade, traduzida pela regra imperativa do a cada um será dado de acordo com suas obras. Ninguém, mesmo quem já foi compelido a prestar conta de suas ações ao Judiciário terreno, está isento de ser julgado e sancionado pela Justiça Divina. Isso integra o seu mecanismo operacional, que jamais dispensa a “reparação pelo dano causado”, exigindo que, na execução de suas penas, “até o último jota e o último ponto” sejam fielmente cumpridos.

O episódio da interpelação do Cristo acerca da licitude, ou não, do pagamento dos impostos devidos a Roma ratifica inteiramente esse entendimento, uma vez que Ele fez questão de destacar a existência de duas espécies de jurisdição, a humana e a divina, mandando dar a Deus o que era de Deus e ao homem o que lhe pertencia.

 

6. A única conclusão razoável diante da posição evangélica quanto ao julgamento é a de que ela se reveste de caráter relativo, e não absoluto, não obstante as ratificações posteriores de Paulo e Tiago (Romanos, 14:13 e Epístola Universal, 4:12, respectivamente). Tomada ao pé da letra importaria em um verdadeiro caos para toda a Humanidade e nenhuma organização política conseguiria sobreviver à falência que provocaria.

Todo homem de bem, profitente de qualquer religião que seja, não deve, pois, julgar pelas aparências, movido pela simpatia ou antipatia, pelos interesses políticos, pelas rivalidades de qualquer espécie, pelas filiações religiosas, enfim, por todos os fatores que atuam na formação da opinião pública e que, na maioria das vezes, somente se prestam para conduzir ao passionalismo irracional e a injustiças inomináveis.

Qualquer julgamento, sobretudo aqueles da competência da Justiça Criminal, deve procurar sempre o amparo da verdade histórica, embora essa nem sempre se identifique com a verdade processual.

Nos casos duvidosos, mal esclarecidos ou tendenciosos, a consciência jurídica, calcada na noção do justo e do injusto que cada um traz dentro de si, não autoriza uma decisão condenatória. Não se trata, porém, de apanágio exclusivo de alguma confissão religiosa, porquanto nada mais é do que a simples aplicação de um brocardo jurídico de tradição milenar.

É o famoso in dubio pro reo do Direito Romano, ainda de uso corrente na atualidade, cuja existência é anterior ao Cristianismo e que, em face disso, não pode ser invocado para justificar a inverídica proibição de julgar e condenar imputada aos espíritas.

 

Setembro 2006 • Reformador

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publicado por SÉRGIO RIBEIRO às 19:46
Domingo , 09 de Janeiro DE 2011

O HOMEM E O PROGRESSO

 

SE O HOMEM TIVESSE UMA única exis­tência corporal, como crêem os - que re­jeitam o princípio da reencarnação, poder-se-ia imputar ao Criador um gravíssimo defeito, qual seja a falta de equidade, senão mesmo a mais clamorosa injustiça, pela circunstância de suscitar as criaturas umas antes que as outras, privando assim as primeiras dos bene­fícios reservados às que chegam por último. Como deixamos exposto em nosso escri­to anterior, a civilização avança, vagarosa mas ininterruptamente, de modo que, de um século a outro, há sempre, para o homem, me­lhores condições de vida, o que equivale a dizer, mais felicidade.

Destarte, todos quantos hajam vivido nos tempos primitivos, em que tiveram que en­frentar a rudeza do meio e todo gênero de dificuldades, fartas e boas razões teriam para lastimar-se pela má sorte de terem nascido muito cedo...

Assim também, todos quantos houvessem ajudado a promover o progresso do mundo, através dos - séculos, teriam motivo de queixa por não lhes ter sido dado viver mais longa­mente, de modo a colherem os frutos de seus esforços e de seus sacrifícios.

Deus, porém, não poderia consagrar se­melhante iniquidade, e, pela lei das vidas su­cessivas, permite aos que viveram ao longo do passado voltem a viver na Terra em épo­cas vindouras, assegurando-lhes, por esse pro­cesso de rigorosa justiça, o ensejo de des­frutarem o que construíram e, através de no­vos labôres e experiências, participarem da marcha ascensional da Humanidade.

A teoria, da vida única, que estamos ana­lisando, dá margem, ainda, à seguinte obje­ção: É princípio seu que a alma de cada ser humano é criada no momento de sua união com o corpo, isto é, no instante do nascimento. Assim, pois, se o individuo «A» é mais adianta do do que «B», é porque Deus criou para ele uma alma mais adiantada. Por que esse favor? Que merecimento teria ele para ser dotado de uma alma superior, mais burilada?

Essa, entretanto, não é a maior dificul­dade, e sim estoutra:

«Se os homens vivessem um milênio, argumenta  Allan Kardec em O  Livro dos Es­píritos — conceber-se-ia que, nesse periodo milenar, tivessem tempo de progredir. Mas, -diariamente, morrem criaturas em todas as idades; incessantemente se renovam na face do planeta, de tal sorte que todos os dias aparece uma multidão delas e outra desapa­rece. Ao cabo de mil anos, já não há naque­la nação vestígio de seus antigos habitantes. Contudo, de bárbara, que era, ela se tornou policiada. Que foi o que progrediu? Foram os indivíduos outrora bárbaros? Mas esses morreram há muito tempo. Teriam sido os recém-chegados? Mas, se suas almas foram criadas no momento em que eles nasceram, essas almas não existiam na época da bar­bárie e forçoso será então admitir-se que os esforços que se despendem para civilizar um povo têm o poder, não de melhorar almas imperfeitas, porém de fazer que Deus crie al­mas mais perfeitas.  

«Comparemos esta teoria do progresso com a que os Espíritos apresentaram. As al­mas vindas no tempo da civilização tiveram sua infância, como todas as outras, mas já tinham vivido antes e vêm adiantadas por efei­to do progresso realizado anteriormente. Vêm atraídas por um meio  que lhes é simpático e que se acha em relação com o estado cm que atualmente se encontram. Desta forma, os cuidados dispensados à civilização de um povo não têm como consequência fazer que, de futuro, se criem almas mais perfeitas; têm, sim, a de atrair as que já progrediram, quer tenham vivido no seio do povo que se figura, ao tempo da sua barbárie, quer venham de outra parte. Aqui se nos depara igualmente a chave do progresso da Humanidade inteira. Quando todos os povos estiverem no mesmo nível, no tocante ao sentimento do bem, a Terra será ponto de reunião exclusivamente de bons Espíritos, que viverão fraternalmente unidos. Os maus, sentido-se aí repelidos e deslocados, irão procurar, em mundos inferio­res, o meio que lhes convém, até que sejam dignos de volver ao nosso, então transfor­mado.»

Os que vivemos neste século XX da era cristã, sejamos gratos ao Criador por aquilo que permitiu já fôsse realizado em favor do progresso e da tranquilidade das nações; com­preendamos, entretanto, o nosso papel no mundo, saibamos que somos os artífices do nosso porvir e se quisermos viver, amanhã, numa sociedade ainda melhor, auxiliemos a preparar o seu evento, cultivando o amor aos semelhantes, a bondade e a justiça, como ensina o Evangelho de N. S. Jesus Cristo.

 

Revista: Reformador,  número 1,  Janeiro 1972

 

publicado por SÉRGIO RIBEIRO às 00:01
Sábado , 08 de Janeiro DE 2011

AVERSÃO

          “O Livro dos Espíritos” – questões nºs 386 a 391 – fala dos simpatias e antipatias existentes entre os encarnados, tudo com raízes profundas na universal lei de sintonia.

Com relação à aversão, tem ela duas causas principais: o relacionamento desarmônico entre as criaturas ou o desnível evolutivo. Em ambos os casos, estamos sendo advertidos seriamente no sentido de não darmos guarida a esse sentimento em nossos corações. Assim como somos chamados a perdoar igualmente compreender o irmão menos vivido, porque é da Lei que o mais esclarecido oriente os passos do menos esclarecido. Se o erro ou a prática de iniquidades fossem imperdoáveis, Jesus não teria vindo até nós...

A aversão pode ser ativa ou passiva, conforme seja ela alimentada por nós ou contra nós. No primeiro caso, ainda que a tarefa não seja fácil, o esforço por libertarmo-nos desse impulso inferior depende exclusivamente da nossa vontade, guiada para esse intento e recorrendo aos recursos sempre eficazes da vigilância dos pensamentos e da meditação.

Na maioria das vezes, a aversão nasce de pequenas faltas ou de simples desatenções involuntárias. Se tivéssemos a capacidade de “aguardar” o tempo, quantas surpresas não teríamos? Quantas pessoas cometem pequenas desconsiderações para conosco e mais tarde nos dão cabal demonstração de apreço e amizade? Entretanto, os vícios da egolatria – o ciúme, a inveja, o orgulho, a vaidade – impedem o pronto esquecimento da falta, exagerando-lhe a extensão. Com o tempo, a simples mágoa inicial transforma-se em aversão duradoura.

Há certas antipatias cujas causas são aparentemente inamovíveis, tal como nos casos de diferenças de sensibilidade entre duas criaturas. Não obstante, devemos considerar que ninguém é completamente baldo de qualidades positivas  e, se estivermos realmente empenhados em transformar o sentimento de antagonismo, um meio eficaz seria procurar descobrir virtudes em nosso opositor, fazendo nascer me nós impulsos de boa-vontade. Esta é a técnica do bem-viver, a ser sistematicamente aplicada, muito especialmente com relação àquelas pessoas obrigadas a um convívio mais permanente conosco, como o colega de trabalho ou parente próximo.

As leis da vida concedem aos adversários de ontem muitas oportunidades e tempo mais prolongado, visando a reconciliação definitiva. Esse o objetivo a ser alcançado a todo custo, porquanto o ódio e a desavença destroem sempre, enquanto o amor é a base indispensável a qualquer realização nobre e permanente. Só assim compreendemos por que os abnegados obreiros de plano espiritual, verdadeiros instrumentos do Senhor, despendem tanto trabalho, tanta renúncia para alcançar esses objetivos. Quanto atividade concentrada, para restaurar a harmonia da vida, alternada pela nossa ignorância ou invigilância!...

Na segunda hipótese antes mencionada, isto é, a da aversão “contra nós”, o remédio e bem difícil de ser aplicado, porque o resultado não depende somente de nosso esforço, mas de modificarmos o quadro mental de nosso desafeto. Como podemos conseguir isso?

Jesus nos recomenda “amar aos nossos inimigos”. Tal ensinamento tem sido até motivo de chacota por aqueles que jamais procuram extrair o espírito da letra. Com o tempo, porém, o aprendiz do Evangelho vê nele a ciência de bem-viver. Em primeiro lugar, procura escoimar do ensinamento os exageros de interpretação, para aplicá-lo na vida prática, com probabilidade de êxito. É evidente que a recomendação evangélica não impõe convidemos o inimigo para jantar conosco. A afinidade de sentimentos é lei natural que prevalece em todas as situações. Isso não obsta, entretanto, que possamos modificar a maneira de sentir de nosso desafeto, praticando a máxima de Jesus no seu significado simples de “retribuir o mal com o bem” sempre que se apresente a oportunidade.

Da mesma forma, “orar pelos que nos perseguem e caluniam” é um recurso que beneficia, antes de mais nada, a quem dele se vale, pois o maior efeito da oração pelo nosso adversário é o de não deixar se instale, dentro de nós, o sentimento mesquinho da aversão. A prece, nesses casos, nos provê de humildade, possibilitando ver no ofensor um irmão carente de valores espirituais, tanto quanto nós mesmos o somos...

Em suma, não devemos, em hipótese alguma, cultivar aversão contra quem quer que seja. Um sentimento dessa ordem entrava o progresso espiritual, impede muitas realizações positivas, com agravo de nossas responsabilidades perante a vida.

André Luiz, a esse respeito, nos diz:

  “Toda antipatia conservada é perda de tempo, em muitas ocasiões acrescida de lamentáveis compromissos. O espinheiro da aversão exige longos trabalhos de reajuste. Em várias circunstâncias, para curar as chagas de um desafeto, gastamos muitos anos, perdendo o contacto com admiráveis companheiros de nossa jornada espiritual para a Grande Luz.” (“Entre a Terra e o Céu”, pág. 170).

  Guardemos bem essas palavras do estimado amigo da Espiritualidade Maior.

 

Revista Reformador – Fevereiro 1978

 

publicado por SÉRGIO RIBEIRO às 19:32

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