Sábado , 31 de Janeiro DE 2009

VARIAÇÕES DE HUMOR

Eu estava muito bem , saudável , animado...De repente , sem motivo palpável ,caí na "fossa" - uma angústia invencível , uma profunda sensação de infelicidade,como se a vida não tivesse mais graça...
Queixas assim são freqüentes nas pessoas que procuram o Centro Espírita. nesse estado toma corpo , não raro , a idéia de que a morte é a solução.
Conversávamos , certa feita , num hospital , com um rapaz que tentara o suicídio ingerindo substância tóxica. socorrido a tempo , amargava sofrida recuperação.
Tentamos definir o motivo de tão grave iniciativa:
Alguma desilusão sentimental?
Absolutamente. Não tenho namorada.
Problemas familiares?
Pelo contrário. dou-me muito bem com meus pais e irmãos.
Perdeu o emprego?
Trabalho há anos na mesma firma. o patrão parece contente comigo.
Então , o que foi?
É que eu estava entediado de viver. Entrei em estado de tristeza e achei que seria melhor morrer.
Já se sentiu assim , anteriormente?
Sim , de vez em quando...
*****
Em psicologia o paciente poderia ser definido como ciclotímico, alguém com temperamento sujeito a variações intensas de humor - alegria e tristeza , euforia e angústia , serenidade e tensão. Tem períodos de grande energia , confiança , exaltação , alternados com aflições. Muita disposição e iniciativas hoje; amanhã temores e inibições.
Os períodos negativos podem prolongar-se , instalando a depressão , a exigir tratamento especializado na área da psiquiatria. Como ela se alterna com estados de euforia , em que o paciente parece totalmente recuperado , sem que nada tenha ocorrido para justificar a mudança de humor , emprega-se a expressão "depressão endógena" , algo que tem sua origem nas tendências constitucionais herdadas , algo que faz parte da personalidade do indivíduo.
Há uma retificação a fazer. A tendência à depressão é uma herança , realmente , não de nossos pais , mas de nós mesmos , porquanto as características fundamentais de nossa personalidade representam , essencialmente , a soma de nossas experiências em vidas pretéritas.
O que fizemos no passado determina o que somos no presente. Poderíamos colocar em dúvida a justiça de Deus se assim não fosse, porquanto é inadmissível , além de não encontrar respaldo científico , a existência de uma herança psicológica embutida nos elementos genéticos.
O que pesa sobre nossos ombros , favorecendo os estados depressivos , é a carga dos desvios cometidos , das tendências inferiores desenvolvidas , dos vícios cultivados , do mal praticado. Há pessoas que , pressionadas por esse peso mergulham tão fundo na angústia que parecem cultivar a volúpia do sofrimento , com o que comprometem a própria estabilidade física , favorecendo a evolução de desajustes intermináveis.
*****
De certa forma somos todos ciclotímicos , temos variações de humor , sem que isso se constitua num estado mórbido: hoje em paz com a vida; amanhã brigados com a humanidade. Nas nuvens por algum tempo; depois na "fossa".
E nem sempre , como ocorre com o paciente ciclotímico , há justificativa para essa alternância. Pelo contrário : freqüentemente nosso humor opõe-se às circunstâncias , como o indivíduo plenamente realizado no terreno afetivo , social e profissional que , não obstante , experimenta períodos de angústia; no outro extremo , o doente preso ao leito , padecendo dores e incômodos , que tem momento de indefinível alegria e bem - estar.
Essa ciclotímia guarda relação com os processos de influência espiritual. Estados depressivos podem originar-se da atuação de Espíritos perturbados e perturbadores , que consciente ou inconscientemente nos assediam. Popularmente emprega-se o termo "encosto" para esse envolvimento.
Por outro lado , os estados de euforia , sem motivo aparente , resultam do contato com benfeitores espirituais que imprimem em nosso psiquismo algo de suas vibrações alentadoras.
-Hoje estou em estado de graça. Acordei bem disposto, feliz , sem nenhum "grilo" na cabeça - diz alguém , sem saber que tal disposição é fruto de ajuda recebida no plano espiritual durante as horas de sono físico , favorecendo-lhe um "alto astral".
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Importante lembrar , também , o ambiente como fator de indução que pode precipitar estados de depressão , ou euforia.
Num velório , onde os familiares do morto deixam-se dominar pelo desespero , em angústia extrema , marcada por gritos e choro convulsivo , muitas pessoas se sentirão deprimidas , porquanto os sentimentos negativos são tão contagiosos como uma gripe. Se não possuímos defesas espirituais tenderemos a assimilá-los com muita facilidade.
Inversamente , comparecendo a uma reunião de cunho religioso , onde se cultua a prece , no empenho de comunhão com a Espiritualidade , ouvindo exortações relacionadas com a virtude e o bem , experimentaremos maravilhosa sensação de paz , como se houvéssemos ingerido milagroso elixir.
Há outro aspecto muito interessante , abordado pelo Espírito François de Genève , no capítulo V , de "O Evangelho Segundo o Espiritismo":
"Sabeis porque , às vezes , uma vaga tristeza se apodera dos vossos corações e vos leva a considerar amarga a vida? É que o vosso Espírito , aspirando à felicidade e à liberdade , se esgota , jungido ao corpo que lhe serve de prisão , em vãos esforços para sair dele. Reconhecendo inúteis esses esforços , cai no desânimo e , como o corpo lhe sofre a influência , toma-vos a lassidão , o abatimento , uma espécie de apatia e vos julgais infelizes.
"Crede-me , resisti com energia a essas impressões , que vos enfraquecem a vontade. São inatas no espírito de todos os homens as aspirações por uma vida melhor ; mas , não a busqueis neste mundo e, agora , quando Deus vos envia os Espíritos que lhe pertencem , para vos instruírem acerca da felicidade que le vos reserva , aguardai pacientemente o anjo da libertação , para vos ajudar a romper os liames que vos mantém cativo o Espírito . Lembrai-vos de que , durante o vosso degredo na Terra , tendes que desempenhar uma missão de que não suspeitais , quer dedicando-vos à vossa família , quer cumprindo as diversas obrigações que Deus vos confiou . Se , no curso desse degredo-provação , exonerando-vos dos vossos encargos , sobre vós desabarem os cuidados , as inquietações e tribulações , sede fortes e corajosos para os suportar. Afrontai-os resolutos . Duram pouco e vos conduzirão à companhia dos amigos por quem chorais e que , jubilosos por ver-vos de novo entre eles , vos estenderão braços , a fim de guiar-vos a uma região inacessível às aflições da Terra."
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Podemos concluir , em resumo , que a ciclotimia de nossa personalidade ocorre em função de pressões ambientes , de influências espirituais , do peso do passado e das saudades do além.
E como superar as variações de humor , mantendo a serenidade e a paz em todas as situações ?
É evidente que não a faremos da noite para o dia , como quem opera um prodígio , mesmo porque isso envolve uma profunda mudança em nossa maneira de pensar e agir , o que pede o concurso do tempo.
Considerando , entretanto , que influências boas ou más passam necessariamente pelos condutos de nosso pensamento , podemos começar com o esforço por disciplinarmos nossa mente , não nos permitindo idéias negativas.
O apóstolo Paulo , orientando a comunidade cristã , em relação aos testemunhos necessários , ressalta bem isso , ao proclamar , na Epístola aos Felipenses (4:8):
"Tudo o que é verdadeiro , tudo o que é respeitável , tudo o que é justo , tudo o que é puro , tudo o que é amável , tudo o que é de boa fama , se alguma virtude há e se algum louvor existe , seja isso o que ocupe o vosso pensamento".
Richard Simonetti
(Página extraída da obra Espírita :"Uma Razão Para Viver"
publicado por SÉRGIO RIBEIRO às 22:06
Sexta-feira , 30 de Janeiro DE 2009

VISÃO CORRETA DO ESPIRITISMO

É inegável que o Espiritismo, essencialmente, como fato natural, como lei da vida, é de todos os tempos, encontra-se ainda que de modo difuso ou velado no alicerce de todas as crenças imortalistas, razão por que deve ser concebido não como uma seita particular e sim como elemento capaz de fortalecer as diversas religiões e abrir caminho para que elas se encontrem com as várias ciências, levando o homem a cumprir de maneira integral seu destino neste mundo, através do desenvolvimento tanto das potencialidades sentimentais quanto intelectivas. Assim sendo, nada impede que um católico, um teosofista, um amante da umbanda ou do esoterismo seja também espírita, em face do caráter universalista, cósmico, do Espiritismo, e quem quiser defender esta posição certamente descobrirá algumas frases de Allan Kardec para se apoiar. Contudo, somente será espírita em parte, e não de modo completo, pois é igualmente indiscutível que a verdadeira Doutrina Espírita está no ensino que os Espíritos deram (“O Livro dos Espíritos”, introdução, item XVII), e tal ensino é suficientemente claro quando estabelece os fundamentos de uma filosofia racional (idem, Prolegômenos) que incompatibiliza a teoria e prática do Espiritismo com tudo aquilo que tem sabor místico e é destituído de conteúdo lógico. Daí porque ninguém pode ser fiel à causa espírita se deixar de agir com bom senso.
Não basta tirarmos carteirinha no Clube da Pureza Doutrinária para servirmos com proficiência ao Espiritismo. Importa termos a sua visão correta e o bom senso indica que, para isso, o primeiro cuidado é não sermos radicais. Na história de todos os movimentos que hão surgido para alargar os horizontes mentais do ser humano sempre foram as concepções extremistas que estragaram tudo... São elas as fontes geradoras da ortodoxia e toda ortodoxia é fechadura dogmática trancando as janelas da livre análise, sem a qual torna-se impossível o progresso. Acontece que tanto há uma ortodoxia excessivamente conservadora, vocacionada para sustentar o tradicionalismo, quanto há uma ortodoxia exageradamente renovadora, que nada respeita, nem mesmo os valores fundamentais e imprescindíveis à identidade de um pensamento filosófico. A primeira produz por imobilismo a fé cega e a segunda vai tão longe que destrói qualquer fé, ainda que nascida do conhecimento bem construído. Ê lamentável, mas ainda não aprendemos uma grande lição da Antiguidade clássica: virtude está no meio...
Com o devido apreço aos que lutam por fixar o Espiritismo unicamente no plano científico ou exclusivamente na esfera religiosa, e ainda com a justa consideração àqueles que de sejam conservá-lo em sua feição primitiva ou modernizá-lo por completo, ousamos afirmar que a providência básica para termos uma ótica senão perfeita, pelo menos razoável, do Espiritismo, consiste em abandonarmos a presunção de sabedoria infusa e estudarmos com inteligente humildade obra de Kardec, onde são limpidamente expostos os princípios inquestionáveis de nossa Doutrina e os pontos sobre o quais ela própria recomenda reflexão, pesquisa e debate para amadurecimento das idéias.
O mal é que, ao invés de examinarmos sem premeditação os livros do mestre lionês, recorremos a eles com o deliberado ânimo de catar argumentos esparsos alimentadores de nossas tendências ideológicas, sem admitir que, como as demais pessoas, estamos sujeitos a limitações perceptivas. Ora, como todos nos situamos em graus de evolução diferenciados, cada um vê o Espiritismo de uma forma distinta, resultando daí as insanáveis divergências opiniáticas Se sabemos administrá-las, cultivando-as com equilíbrio e moderação, ainda dá para convivermos em regime de trabalho solidariedade e tolerância, consoante a divisa, ou lema, da Codificação. Se caímos no radicalismo, terminamos sendo nocivos e não úteis ao ideal comum. É o que parece, salvo melhor juízo...
Nazareno Tourinho
Fonte: Reformador nº2000 – Novembro/1995
publicado por SÉRGIO RIBEIRO às 20:02
Quinta-feira , 29 de Janeiro DE 2009

JUSTIÇA HUMANA E JUSTIÇA DIVINA

Disse Jesus: “Não penseis que vim destruir a Lei ou os Profetas; não vim destruí-los, mas cumpri-los; porque em verdade vos digo que o Céu e a Terra não passarão sem que tudo na Lei seja cumprido perfeitamente até o último jota e o último ponto.” (Mateus, Capítulo V, Vv. 17, 18.)
Assim, não viera Jesus para desfazer as leis, mas sim dar-lhes cumprimento. Referia-se ele nessa passagem às Leis de Deus e explica que sua vinda destinava-se a desenvolver a legislação divina, dar-lhe seu verdadeiro sentido e adequá-la ao grau de adiantamento dos homens.
Contudo, as leis de Moisés foram profundamente modificadas por Jesus, quer na forma como no fundo. Combateu, principal­mente, o abuso das práticas exteriores e as falsas interpretações, reformulando as leis moisaicas radicalmente.
Leis são normas ou conjunto de regras de conduta. Os homens precisam organizar sua legislação para possibilitar a vi­da em sociedade. Nas leis humanas procura-se estabelecer os direitos e os deveres do cidadão, registrando as respectivas punições para seus transgressores.
A Lei de Deus está formulada nos Dez Mandamentos. É a Lei de todos os tempos e de todos os seres, e é uma Lei que não sofre modificações. Jesus, fundamentando sua doutrina nos deveres para com Deus, resumiu essa Lei em um só manda­mento: “Amar a Deus sobre to­das as coisas e ao próximo como a si mesmo.”
As leis humanas estão sujei­tas a modificações no tempo e no espaço, conforme o conceito de Justiça de cada época e de cada lugar, conforme o grau de conhecimento do povo e seu conceito de Moral. Sendo imperfeitos e limitados, não podem fazer leis perfeitas e sumamente justas.
Assim, as leis dos homens são variáveis e, como não pode­ria deixar de ser, a justiça humana está sujeita às falhas e imperfeições próprias da natureza do Homem. As leis terrenas podem, também, sofrer influências externas que fazem pender o prato da balança segundo as conveniências e o peso do poder econômico, do prestígio político e da posição social dos réus.
Tanto é falha a justiça dos homens que pune simplesmente a crueldade manifesta, os atos que afetem o interesse público, quando há destruição da vida ou assalto ao patrimônio coletivo ou particular.
Os erros judiciários são comuns, em que inocentes são condenados injustamente, enquanto os verdadeiros culpados ficam isentos da correspondente punição. Também os braços da justiça humana não são suficientemente longos para alcançar ricos e poderosos.
A Justiça Divina atinge a to­dos os culpados indistintamente, punindo pelo mecanismo de ação e reação até mesmo os crimes que já foram julgados e condenados pela legislação ter­rena.
A Justiça de Deus é infalível, perfeita, imutável, imparcial e nada lhe escapa: nas Leis Divinas sempre cada qual recebe de acordo com suas próprias obras, atos, sentimentos ou atitudes. Pela Lei de Causa e Efeito, toda ação praticada recebe o retorno correspondente no devido tempo.
É por isso que se pode afirmar ser todo e qualquer indivíduo, no exercício de seu livre-arbítrio, o autêntico construtor de seu próprio destino. De nada adianta, portanto, jogar sobre ombros alheios a responsabilidade de tudo o que nos acontece!
Existe uma ação solidária entre as leis naturais: umas são decorrentes das outras. E esse encadeamento, essa interdecor­rência dos princípios que regem a obra da Criação, sob o imperativo do progresso e da evolução contínua, a tudo tange para o supremo objetivo que é a Perfeição.
Do rudimentar para o complexo, do primário para o sumamente elaborado, do limitado para o mais amplo dimensionamento, da ignorância e da simplicidade para a Sabedoria e para a Moralidade, do falho e do imperfeito ao íntegro, tudo evolui no Uni­verso por determinação do Criador.
E entre o ponto de partida e a estação terminal, intermediando as extremidades da escala evolutiva, há uma longa e árdua travessia a ser cumprida por to­dos os seres. No exercício de sua individualidade, sob sua responsabilidade e risco, devendo conquistar o galardão máxi­mo que lhe está destinado, evolve sempre a criatura por seus próprios recursos e méritos. Não há privilégios na Justiça Divina.
Assim, causas e efeitos, ação e reação, conhecimento e responsabilidade, reprodução, conservação e destruição, tudo se encadeia entre si, todos os princípios estão inter-relacionados e decorrem uns dos outros. As sábias, perfeitas e imutáveis leis da Natureza foram criadas por Deus para instrumentalizar o Plano da Criação que tem o progresso como fator onipresente e a Perfeição como meta final, sendo que o livre-arbítrio atua como agente de opção e de auto-responsabilidade.
Deus nunca se engana. O Homem, que traz a Lei de Deus impressa em sua consciência, só é infeliz quando a transgride ou dela se afasta.
As leis divinas da Criação precisam estar entrelaçadas umas às outras para que o supremo desiderato seja cumprido. Assim, tanto o Criador estabeleceu a Lei de Conservação, que é o apego instintivo à vida, por­que todos devem colaborar nos desígnios da Providência, como criou a Lei de Destruição que visa a estabelecer o índice populacional, manter a Lei de Re­produção nos limites do indispensável equilíbrio. E como conseqüência do uso do livre-arbítrio, há a Lei de Causa e Efeito ou Lei de Ação e Reação.
A Natureza, manifestando a vontade divina, coloca lado a ­lado os meios de conservação e os agentes de destruição. E o remédio junto ao mal, o pronto-socorro que impede a destruição antecipada e indiscriminada.
É da lei natural que tudo seja destruído para renascer e se regenerar. No entanto, como os homens não têm condição de bem interpretar os desígnios divinos, rotulam de destruição o que tem por finalidade apenas a renovação e a melhoria.
O acaso não existe, tudo o que acontece é interdecorrente e tem sua razão de ser. Não há efeito sem a causa que lhe deu origem. Todavia, não existe um determinismo absoluto, mas reações em cadeia em resposta às ações desencadeantes.
Pela Lei de Causa e Efeito, colhe-se simplesmente o que é plantado. A semeadura é livre, porém a colheita é imperativa.
Quem semeia ventos, colhe tempestades. Os homens agridem a Natureza com poluição, desmatamentos indiscriminados, queimadas criminosas, explosões atômicas, desastres radiativos, desequilibrando e desafiando as leis naturais.
Contudo, em obediência à Lei de Ação e Reação, recebe em troca portentosas enchentes e secas arrasadoras, catástrofes, abalos sísmicos, tempestades e ciclones, convulsões da Natureza traduzidas por incontroláveis fenômenos que reduzem ou elevam a temperatura do meio ambiente a níveis aniquilantes.
Castigos de Deus? Não, simplesmente a aplicação das leis naturais, pois que para toda ação praticada corresponde a devida reação.
João Duarte de Castro
Fonte: Reformador – agosto, 1989
publicado por SÉRGIO RIBEIRO às 10:55
Quarta-feira , 28 de Janeiro DE 2009

UM QUARTO DE HORA


Quando tiveres um quarto de hora à disposição, reflete nos benefícios que podes espalhar.
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Recorda o diálogo afetivo com que refaças o bom-ânimo de algum familiar, dentro da própria casa; das palavras de paz e amor que o amigo enfermo espera de tua presença; de auxiliar em alguma tarefa que te aguarde o esforço para a limpeza ou o reconforto do próprio lar; da conversação edificante com uma criança desprotegida que te conduzirá para a frente as sugestões de boa vontade; de estender algum adubo à essa ou aquela planta que se te faz útil; e do encontro amistoso, em que a tua opinião generosa consiga favorecer a solução do problema de alguém.
*
Quinze minutos sem compromisso são quinze opções na construção do bem.
*
Nâo nos esqueçamos de que a floresta se levantou de sementes quase invisíveis, de que o rio se forma das fontes pequeninas e de que a luz do Céu, em nós mesmos, começa de pequeninos raios de amor a se nos irradiarem do coração.
Xavier, Francisco Cândido. Da obra: Caridade. Ditado pelo Espírito Meimei. Araras, SP: IDE. 1978.
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publicado por SÉRGIO RIBEIRO às 03:04
Terça-feira , 27 de Janeiro DE 2009

EM DEFESA DE ALLAN KARDEC

Muito freqüentemente, ouvimos adeptos do Espiritismo declararem, não sabemos baseados em que autoridade, que os códigos firmados por Allan Kardec foram “ultrapassados” por obras espíritas modernas, incluindo também León Denis a par do codificador nesse conceito irreverente. Mesmo alguns espíritas de certa circunspecção tem afirmado tal novidade de suas tribunas, incorrendo, portanto, em melindrosa responsabilidade perante a Doutrina. No entanto, bastará pequeno raciocínio para observarmos que nem Allan Kardec nem León Denis foram ultrapassados agora, nem o serão tão cedo, assim como não o foi o Evangelho, que há dois mil anos deu aos homens o mais perfeito código de moral até hoje conhecido, código que, não obstante, ainda não é acatado pelos próprios cristãos, como poucas exceções, visto que a própria Terra, com seus prejuízos de planeta inferior, não comporta, por enquanto, a prática integral de tão elevados princípios. E não poderia Allan Kardec estar ultrapassado porque ainda não apareceram, depois dele, no mundo inteiro, obras melhores que as por ele firmadas, sobre o mesmo assunto.
A humanidade, por sua vez, ainda não foi despertada pelos ensinamentos que os livros deles apresentam, e os próprios espíritas os conhecem tão pouco que o próprio movimento espiritista são eles ainda desconhecidos nas suas mais belas e significativas expressões.
Conhecemos até mesmo médiuns cuja instrução doutrinaria se limita a uma única leitura de “O Evangelho segundo o Espiritismo”. E orientadores de sessões que apenas leram (dizemos leram, e não estudaram) uma só vez “O Livro dos Espíritos”, desconhecendo completamente as demais obras clássicas que, com as primeiras acima citadas, formam a estrutura doutrinária espírita; não assimilaram os dois compêndios lidos e por isso consideram superado o grande Codificador, porque se integraram somente nas obras modernas, as quais, conquanto excelente, apenas irradiam detalhes extraídos da base já revelada. Isso acontece até mesmo com presidentes de Centros e oradores, o que vem a ser de suma gravidade. Se quisermos raciocinar seriamente, sem paixões nem idéias pessoais, contataremos que os nobres Espíritos, incumbidos da instrução aos humanos, assim não pensam. Consideram antes Allan Kardec o mestre terreno ainda credenciado para tudo quanto voluteie em torno do Espiritismo, tanto assim que tudo quanto escrevem, ou ditam, aos seus médiuns, é baseado nos códigos kardecistas, vazados deles e neles inspirados, sendo todas as teses apontadas a desenvolver em suas produções as mesmas estudadas por Kardec, alem daquelas neles inspirados, sendo todas as teses apontadas a desenvolver em suas produções as mesmas estudadas por Kardec, além daquelas também colhidas no Evangelho Cristão. Allan Kardec poderá ter sido ampliado, talvez completando nos seus ensinamentos pela obra ditada do Espaço, visto ele próprio haver afirmado que apenas estabelecia os primeiros passos doutrinários, mas ultrapassados não! Mesmo assim vemos que essa ampliação, esses complementos, são inteiramente assentados em suas obras, porque se não o forem estarão deslocados, serão ilógicos e suspeitos, o próprio raciocínio os repele diante a feitura desconexa que apresentam, como sucede a várias obras que não logram o apoio da maioria dos leitores justamente pela ausência da dita base Kardecista. Precisamos refletir que Allan Kardec somente será superado no dia em que ele mesmo aparecer na Terra, reencarnado, para prosseguir o assunto, ou outro à altura do mandato insigne, e quando já a maioria dos espíritas, pelo menos, tiver adquirido amplo conhecimento da Revelação por ele obtida dos Espíritos Superiores. Os códigos Kardecistas serão sempre surpreendentes novidades para aqueles que os consultarem pela primeira vez, como o nascimento de Jesus Nazareno em Belém de Judá é novidade para aquele que no fato presta tenção pela primeira vez, não obstante o dito fato haver se passado há quase dois mil anos. Se os próprios espíritas desconhecem as verdadeiras bases da Doutrina que professam, como ousaremos declarar superada a obra de Kardec? Essa obra é imortal como imortal é o Evangelho, uma vez que ambos são revelações divinas e porque sempre existirão cérebros e corações necessitados de renovação e esclarecimentos através deles. Por enquanto é, com efeito, a fonte Kardecista a única habilitada em assuntos de Espiritismo capaz de expandir renovações para o futuro, visto ser o alicerce de quanto existe a respeito, até agora. O mais que poderemos aceitar é que, em futuro talvez próximo, a obra de Allan Kardec poderá sofrer uma revisão, uma vez que ele próprio previu esse acontecimento. Para os espíritas, pois Kardec ainda é o grande desconhecido, dado que a minoria é que o conhece planamente. Ele tratou de Ciência, de Filosofia e de Moral e tais matérias, de suma grandeza, não podem ser apenas lidas uma ou duas vezes, mas estudadas continuamente, com método analítico, observação acurada, amor e perseverança, a fim de serem bem compreendidas e praticadas. . . e não mal interpretadas e sofismadas, como vemos acontecer de quando em vez. . .
Yvone A. Pereira
Anuário Espírita - 1965
publicado por SÉRGIO RIBEIRO às 15:20
Segunda-feira , 26 de Janeiro DE 2009

OS LIMITES DA LIBERDADE

"Em que condições poderia o homem gozar de absoluta liberdade?"
"Nas do eremita no deserto. Desde que juntos estejam dois homens, há entre eles direitos recíprocos que lhes cumpre respeitar; não mais, portanto, qualquer deles goza de liberdade absoluta".("O Livro dos Espíritos", questão nº 826.).
Um náufrago vem ter a uma ilha deserta. Constrói tosca habitação e ali se instala. Sua liberdade é plena. Movimenta-se à vontade. Faz e desfaz, conforme lhe parece conveniente, senhor absoluto daquela porção de terra.
Passados alguns meses surge outro náufrago. A situação modifica-se. O primeiro experimenta limitações. A não ser que se disponha a eliminar o recém-chegado, descendo à barbárie, forçoso será reconhecer que seu direito de dispor da ilha esbarrará no direito do companheiro em garantir a própria sobrevivência. Terão, pois, que dividir os recursos existentes - água potável, animais, peixes, vegetais e o próprio espaço físico, se vivem em habitações separadas. Pela mesma razão sua liberdade restringir-se-á, na medida em que outros náufragos apareçam.
Algo semelhante ocorre na vida comunitária, onde nossa liberdade é relativa, porquanto deve ser conciliada com a liberdade dos concidadãos, considerando que o limite de nosso direito é o direito do próximo. A inobservância desse principio fundamental gera, invariavelmente, a desordem e a intranqüilidade. As implicações dessa equivalência de direitos são extensas. Fácil enunciar alguns exemplos:
Não nos é lícito, na vida comunitária, dar livre expansão a impulsos como o de transitar de automóvel pelas ruas, à velocidade de 100 quilômetros horários; a ninguém é lícito, em logradouro público, postar-se nu, nem ali despejar lixo ou satisfazer determinadas necessidades.
A liberdade de movimentação é restrita. Vedado nos é invadir uma propriedade alheia ou recinto de diversão como cinema ou teatro. Mister sejamos convidados ou nos disponhamos a pagar o ingresso.
Impedidos estamos até mesmo de permanecer na inércia, se fisicamente aptos, porquanto não nos pertencem os bens comunitários. Alimentos, abrigo, roupas, indispensáveis ao nosso bem-estar e à própria subsistência, pertecem àqueles que os produzem. Somos chamados a produzir, também, com a força do trabalho, a fim de que, em regime de permuta, utilizando um instrumento intermediário - o dinheiro -, possamos atender às nossas necessidades.
A perfeita compreensão dos deveres comunitários, que restringem a liberdade individual, é virtude rara. Por isso existem mecanismo destinados a orientar a população e conter suas indisciplinas. Há leis que definem direitos e obrigações. Há órgãos policiais para fiscalizar sua observância. Os infratores sujeitam-se às sanções legais que podem implicar até o confinamento em prisões por tempo determinado, compatível com a natureza dos prejuízos causados a alguém ou à comunidade.
Quanto maior a expansão demográfica e a concentração urbana, mais difícil o controle da população. E há infrações que nem sempre podem ser enquadradas como delitos passiveis de punição ou nem sempre podem ser rigorosamente detectadas e corrigidas pelas autoridades.
Assim ocorre com o industrial cuja fábrica despeja poluentes na atmosfera e nos rios; o jovem que transita com o escapamento de sua motocicleta aberto, gerando barulho ensurdecedor; o alcoólatra que se comporta de forma inconveniente na rua; o fumante que, em recinto fechado, expira baforada de nicotina, obrigando os circunstantes a fumarem com ele; o pichador de paredes que polui cultural e moralmente a cidade, com frases de mau gosto e obscenidades; o maledicente que se compraz em denegrir reputações e muitos outros que revelam total desrespeito pelos patrimônios individuais e coletivos da comunidade e pelo inalienável direito comum à tranqüilidade.
Todavia, estes eremitas urbanos, ilhados numa visão egocêntrica de vida, saberão, mais cedo ou mais tarde, que nenhum prejuízo causado ao semelhante fica impune. E se a justiça da Terra é impotente para sentenciar os infratores, a Justiça do Céu, que é infalível, o fará, inelutavelmente, confinando-os em celas de desajuste e infelicidade, na intimidade de suas consciências, até que seja pago o último ceitil de seus débitos, segundo a expressão evangélica.
Aprendemos todos, por experiência própria, que há limites perfeitamente delineados em nossa liberdade de ação, reconhecendo que o mínimo que nos compete, em favor da própria paz, é não perturbar o próximo, tanto quanto estimamos que ele não nos perturbe.
Richard Simonetti
Página extraída da Revista Reformador, Dezembro, 1983.
publicado por SÉRGIO RIBEIRO às 03:13
Domingo , 25 de Janeiro DE 2009

ABORTO

O aborto muito raramente se verifica obedecendo a causas de nossa esfera de ação. Em regra geral, origina-se do recuo inesperado dos pais terrestres, diante das sagradas obrigações assumidas ou aos excessos de leviandade e inconsciência criminosa das mães, menos preparadas na responsabilidade e na compreensão para este ministério divino.
Entretanto, mesmo aí, encontrando vaso maternais menos dignos, tudo fazemos, por nossa vez, para opor-lhes resistência aos projetos de fuga ao dever, quando essa fuga representa mero capricho da irresponsabilidade, sem qualquer base em programas edificantes.
Claro, porém, que a nossa interferência no assunto, em se tratando de luta aberta contra nossos amigos reencarnados, transitoriamente esquecidos da obrigação a cumprir, têm igualmente os seus limites.
Se os interessados, retrocedendo nas decisões espirituais, perseveram sistematicamente contra nós, somos compelidos a deixá-los entregues à própria sorte.
Daí a razão de existirem muitos casais humanos, absolutamente sem a coroa dos filhos, visto que anularam as próprias faculdades geradoras.
Quando n]ao procederam de semelhante modo no presente, sequiosos de satisfação egoística, agiram assim, no passado, determinando sérias anomalias na organização psíquica que lhes é peculiar.
Neste último caso, experimentam dolorosos períodos de solidão e sede afetiva, até que refaçam, dignamente, o patrimônio de veneração que todos nós devemos às leis de Deus

André Luiz
Psicografia : Francisco Cândido Xavier
publicado por SÉRGIO RIBEIRO às 02:52
Sábado , 24 de Janeiro DE 2009

ANTE AS PAIXÕES

A paixão é reminiscência da natureza animal predominante no homem.
Leva-o a tormentos inimagináveis, escravizando-o e dilacerando-lhe os sentimentos mais nobres.
Irrompe, violenta, qual temporal imprevisto, devastando e consumindo tudo quanto se lhe antepõe ao avanço.
Desafiadora, ensandece e fulmina quem lhe padece a injunção, deixando sempre destroços, quer chegue ao ponto de destino ou seja interrompida a golpe de violência equivalente.
Ela é a alma dos desejos incontrolados, vestígio do instinto que a razão deve conduzir.
Nesse estágio de primarismo é o maior inimigo do homem, porque o asselvaja e domina.
Canalizada pela vontade disciplinada para objetivos elevados, transforma-se em força motriz que dá vida ao herói, resistência ao mártir, asas ao anjo, beleza ao artista e glória ao lutador.
*
Domina os teus sentidos mais grosseiros, corrigindo as más inclinações sob o comando da razão fixada em metas elevadas.
Transforma o fogo devorador que te consome em força que produza para o benefício geral.
Uma chispa descuidada ateia incêndio voraz, destruidor, enquanto as labaredas voluptuosas, sob controle, fundem e purificam os metais para fins úteis.
*
Considera a paixão de Alarico, o conquistador impiedoso, e a de Agostinho, o libertador, seu contemporâneo...
Recorda a paixão de Nero, o dominador arbitrário e a de Sêneca, seu mestre-escravo, a quem ele mandou matar.
A paixão de Herodes pelo trono e a de Jesus pela Verdade possuíam a mesma intensidade, somente que a canalização das suas forças era dirigida em sentidos opostos.
Divaldo Pereira Franco - Momentos de Meditação - Pelo Espírito Joanna de Ângelis
publicado por SÉRGIO RIBEIRO às 21:47
Sexta-feira , 23 de Janeiro DE 2009

DÚVIDA E CERTEZA

A dúvida é uma encruzilhada nos caminhos da razão. Quando o pensamento se lança na busca de um objeto e depara com dois caminhos divergentes, pode ficar indeciso. Essa indecisão é a dúvida. Para Sexto Empírico a dúvida é a hesitação entre afirmar e negar, o que vale dizer entre aceitar e rejeitar. Descartes fez da dúvida a condição primeira da busca da verdade, considerando-a como uma suspensão do juíza para verificar-se se ele está certo ou errado. Para John Dewey a dúvida nasce de uma situação problemática estimulando a pesquisa. Dessa maneira, Dewey confirma a posição de Descartes, que iniciou a filosofia moderna coma prática da dúvida metódica. Mas como a dúvida criou muitas dificuldades ao pensamento dogmático, as religiões dogmáticas acabaram por condená-la coma de origem diabólica. A frase de Tertuliano: credo quia absurdum (creio mesmo que absurdo) teve Longo curso no combate às heresias. Como os dogmas eram considerados de origem divina, pontos fundamentais da revelação feita por Deus aos homens, estes não tinham o direito de duvidar, mesmo que os dogmas fossem aparentemente absurdos.
Ainda hoje essa posição é comum em numerosas seitas e religiões, até mesmo entre pessoas cultas. Alega-se que a sabedoria humana é loucura para Deus, como Paulo afirmou, o que vale dizer que a sabedoria divina pode parecer loucura para os homens. No Espiritismo a dúvida é considerada como condição necessária à busca da verdade. Kardec a aconselha coma método de controle das manifestações mediúnicas e de estudo dos princípios doutrinários. Tendo mostrado que os espíritos são criaturas humanas desencarnadas, libertas do corpo material pela morte, e que muitos deles se manifestam para sustentar ainda opiniões erradas que esposaram na Terra, aconselha a análise constante e o exame atencioso das manifestações, que devem ser rejeitadas quando revelarem conceituações absurdas.
A crítica se torna, assim, elemento básico da filosofia e da prática espírita. Mas é evidente que deve ser exercida por pessoas que tenham condições de cultura e bom-senso para criticar. Descartes afirmou que o bom-senso é a coisa mais bem repartida do mundo, mas advertiu que o emprego do bom-senso depende de boa orientação do entendimento. Kardec oferece, em toda a sua obra, instruções e exemplos para o uso do bom julgamento e aconselha a consulta, em casos de dificuldade, a pessoas reconhecidamente capazes de resolver problemas com lucidez. Não havendo no Espiritismo dogmas de fé, tudo pode ser apreciado e discutido em termos de bom-senso ou boa razão. Descartes aconselhava a evitar-se dois elementos perigosos ao raciocínio, que são o preconceito e a precipitação. Kardec acrescenta a necessidade de vigilância no tocante à vaidade humana, que leva pessoas cultas ou incultas a considerar-se capazes de reformulações doutrinárias com base apenas em suas opiniões pessoais.
Estabelecendo o consensus gentium, de Aristóteles, como regra para aceitação de revelações espirituais, não o fez no sentido aristotélico do termo, mas em sentido espiritual, com o nome de consenso universal. A aplicação desse consenso não implica a aceitação da
vox populi ou da opinião das gentes como verdade, mas apenas a coincidência de manifestações mediúnicas sobre o mesmo tema, par médiuns diversos, desconhecidos entre si, em locais diversos e no mesmo tempo. É esse um meio de controle a ser usado sob as condições de verificação racional do tema e de confronto do mesmo com os conhecimentos já adquiridos no meio espírita e na cultura geral. Levantou assim uma barreira à autoridade individual de um médium isolado que, por mais famoso e seguro que tenha sido em suas atividades, nem por isso está livre de se deixar empolgar por idéias errôneas. De um critério de verdade que era evidentemente de natureza opiniática, Kardec extraiu uma norma inegavelmente válida para facilitar o uso do bom-senso pelos espíritas.
A necessidade de certeza na orientação do conhecimento, num mundo em que tudo se passa no piano das relações, exige um critério cientifico de avaliação dos dados obtidos na prática doutrinária. Ao não aceitar a revelação espiritual de maneira gratuita, mas submetendo-a ao controle da razão, Kardec não violentou a intenção dos Espíritos superiores, que desejavam dele precisamente essa atitude. Tanto assim que desde o inicio o estimularam nesse caminho, esclarecendo que a Humanidade terrena atingira a maturidade suficiente para libertar-se do ciclo de revelações pessoais e locais, dadas sempre de maneira mística, através de um mestre, profeta ou Messias, numa deter-minada região e a um determinado povo. A última dessas revelações havia sido a do Cristo, que apesar de pessoal e local já se abria ostensivamente para a universalidade, escandalizando os judeus apegados a um sócio-centrismo milenar. A Terra entrava numa fase nova da sua evolução, as civilizações isoladas deviam fundir-se através de processos mais amplos e eficientes de comunicação, o mundo greco-romano chegava ao fim objetivado pelo seu desenvolvimento, um Longo e doloroso processo de fusão de suas conquistas no campo do pensamento, do direito, da justiça e da espiritualidade deveria iniciar-se no caldeirão da História que foi a Idade Média, segundo a concepção de Dilthey. Essa fusão resultaria na Idade da Razão com o Renascimento, preparando o desenvolvimento da Era da Ciência e da Tecnologia, que levaria o mundo a um progresso cada vez mais acelerado. A influência do Cristianismo impregnaria todas as latitudes do planeta, arrancando da apatia nirvânica as grandes civilizações orientais e obrigando-as a seguir os padrões ocidentais. Era necessário que a passividade mística fosse substituída pela atividade racional, na luta dos homens em busca da compreensão de suas próprias responsabilidades na direção da vida humana.
Cumprida essa programação, a Terra já estava, em pleno século XIX, em condições de receber as luzes renovadoras de uma doutrina de unificação espiritual, capaz de guiá-la aos objetivos mais elevados de sua integração na comunidade cósmica. Muitas inteligências terrenas, aturdidas com as inquietações do nosso tempo, com as crises ameaçadoras de uma fase de transição acelerada, e portanto violenta, perguntam se não estamos errados ao aceitar essa previsão histórica. 0 mesmo aconteceu na fase de desenvolvimento do Cristianismo. Realmente, a Terra não parece ainda preparada para o salto cósmico que já vem tentando. Mas podemos notar, ao longo da História, que a técnica divina parece apoiar-se num principio de tensão-máxima para fazer-nos avançar. A preguiça humana, a tendência à acomodação, o apego à vida coma ela é, só podem ser removidos por meios compulsórios. O chicote do Templo tem de ser vibrado contra os vendilhões que o transformam em mercado, que não pensam em Deus mas apenas no dinheiro. Só pelo impacto da dor o homem se liberta das suas mazelas para encontrar a vida em abundância de que Jesus falou. Os anos, os séculos, os milênios passam rápidos na direção da eternidade sem limites. Não podemos fermentar na Terra indefinidamente, como o faríamos se as leis divinas não nos forçassem a buscar com maior rapidez os objetivos reais de nossa existência.
Kardec viu tudo isso com extrema lucidez, coma podemos constatar na leitura das suas obras. Por isso não converteu o Espiritismo numa nova religião estática, segundo o conceito
de Bergson, mas ligou-o a todos os campos da cultura para que possa agir como uma religião dinâmica, aquela religião em espírito e verdade de que Jesus falou à mulher samaritana. Não há razão alguma para que a religião continue como um departamento estanque e privado, condicionada em sistemas arcaicos, marginalizada no campo cultural em favor de interesses sectárias. A religião é um dos campos vitais da cultura e deve integrar-se nesta em plenitude. Seus princípios não podem manter-se alheios ao progresso geral. Por isso, o Espiritismo fundou a Ciência do Espírito, que agora está sendo confirmada pelas conquistas mais recentes das ciências da matéria. Chegamos tarde à complementação do fiat da criação, mas estamos agora no momento em que o espírito se liga à matéria no campo das concepções humanas.
A ,certeza, em nosso mundo, nunca pode ser absoluta. E também relativa, mas corresponde ao máximo possível de exatidão. Esse máximo é indispensável em todo o campo do conhecimento. Não poderíamos ficar no terreno das hipóteses inverificáveis ao tratar de assuntos tão graves como a origem do homem, sua natureza intima e seu destino no sistema cósmico. Kardec, à maneira de Descartes, pôs em dúvida todo o conhecimento religioso. Os fenômenos espíritas, como ele mesmo observou, estavam na moda. Instigado par amigos que conheciam a sua capacidade científica, relutou a princípio - pois duvidara da veracidade desses fenômenos - mas acabou aceitando o convite para comparecer a uma reunião. Ali constatou a realidade, mas não aceitou a sua interpretação espiritual. Procurou explicar a chamada dança das mesas como possível efeito de forças conhecidas: a eletricidade, a gravidade, o magnetismo, um suposto poder emanado das pessoas reunidas para aquele fim e assim por diante. Mas não ficou nas hipóteses. Pôs-se a pesquisar. Seu encontro com as meninas da família Boudin, uma de 14 e outra de 16 anos, médiuns excelentes permitiu-lhe uma série de experiências decisivas. Foi com elas que recebeu todo o texto de "0 Livro dos Espíritos". Pelas mãos dessas duas mocinhas nasceu o Espiritismo. E renasceu Allan Kardec, o druida das Gálias antigas, para substituir o Prof. Denizard Rivail (seu nome verdadeiro) o discípulo emérito de Pestalozzi e sucessor do mestre no desenvolvimento de sua Pedagogia Filantrópica. Dali por diante, numa seqüência de 15 anos, as pesquisas prosseguiram, dos quais 12 na Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas, par ele fundada e dirigida. Nesse período de 15 anos Kardec elaborou os cinco volumes da Codificação do Espiritismo, três volumes de introdução à doutrina, um manual de introdução à prática mediúnica, numerosos artigos para a imprensa e as doze volumes da Revista Espírita, contendo em média 400 páginas cada volume.
Em todos esses trabalhos ele foi sempre orientado pelos Espíritos superiores, como se pode ver nas suas anotações de Obras Póstumas. E sua conduta de pesquisador foi louvada pelo próprio Richet, o fisiologista do século, que discordava das conclusões de Kardec mas reconhecia, em seu Tratado de metapsíquica, o valor do homem que iniciara as Ciências Psíquicas na França e no Mundo. Partindo da dúvida, Kardec chegara à certeza psicológica da sobrevivência do homem à morte corporal. Richet fizera um caminho paralelo, o da sua especialidade científica, para chegar à certeza fisiológica dos fenômenos espantosos de materialização. Depois dele, outros muitos comprovariam a sua descoberta mas não ficariam em meio do caminho. Avançariam como Crookes, Notzing, Zollner, Ochorowicz, Gelei, Osty, Aksakov até a certeza final de Kardec. Estava aberta nas Ciências a fronteira da imortalidade. Dali por diante, os que pretendem reduzir o homem a ossos e cinzas lutariam sem cessar - até mesmo nas religiões - contra a maior e mais fecunda certeza científica da cultura terrena. Do Espiritismo nasceram todas as ciências do paranormal, até a Pa-rapsicologia contemporânea. Mas os inimigos da certeza ainda continuam, em nossos dias, diante da evidência fulminante das últimas descobertas científicas físicas, biológicas, psicológicas e astronáuticas - a insuflar com suas bochechas em fúria o fantasma superado da dúvida antimetódica. Fingem não perceber que esse fantasma é um balão furado e de mecha queimada.
A superação da dúvida no Espiritismo não se fez através dos métodos subjetivos da meditação religiosa e do êxtase místico, mas do método científico de pesquisa. Foi o que Richet reconheceu e louvou em Kardec, corno se vê logo no início do Tratado de Meta-psíquica. Integrado na tradição da busca metodológica, que vinha do século XVI, com a revolução cientifica de Bacon e Descartes, Allan Kardec encarou o problema espiritual de maneira objetiva e, numa posição tipicamente existencial, criou o método apropriado à pesquisa dos fenômenos espíritas. Ao contrario do que alegam até hoje os seus contraditores, demonstrou de maneira exaustiva que os fenômenos espíritas podem ser repetidos quantas vezes for necessário para a confrontação dos resultados experimentais, como os grandes cientistas da época iriam comprovar logo em seguida e como as pesquisas parapsicológicas atuais novamente comprovaram e demonstraram.
Essa subversão metodológica no campo do conhecimento espiritual, até então submetido aos princípios da fé, despertou violenta reação que ainda hoje não se extinguiu. Kardec partia do homem vivo, do homem no mundo, da criatura de carne e osso para elevar-se a Deus através da indução lógica, desprezando os processos dedutivos da tradição. Atrevia-se a investigar o espírito dos mortos e dos vivos com a mesma naturalidade, sustentando que a alma nada mais era do que o espírito que anima um corpo. E ousava dar uma nova explicação da Gênese que incluía a criação do homem por Deus como um fato natural, dialeticamente explicável. A morte perdia o aspecto misterioso alimentado pelas religiões e os videntes e profetas eram considerados como criaturas em que uma faculdade humana natural, a mediunidade, havia se desenvolvido de maneira mais intensa.
Pacientes e incessantes pesquisas - e não revelações místicas - levaram Kardec à descoberta científica da natureza espiritual do homem. E a prova de que realmente o levaram foi dada posteriormente pelas pesquisas científicas desencadeadas em todo o mundo e hoje confirmadas até mesmo pelo avanço das investigações materiais, por cientistas modernos que alargam as dimensões das Ciências. E assim que a dúvida sobre a continuidade da vida após a morte foi vencida pela certeza no campo das investigações espí-ritas. As religiões que ignorarem esse fato culminante da evolução humana na Terra acabarão asfixiadas, por falta do oxigênio da verdade, em seus círculos estreitos de fanatismo e exclusivismo. Não há somente crise nas religiões. há sinais evidentes de agonia.
J. Hercula Pires
livro: Agonia das Religiões
publicado por SÉRGIO RIBEIRO às 02:15
Quinta-feira , 22 de Janeiro DE 2009

ATENÇÃO


Eu sou o caminho a verdade e a vida, disse O Cristo.
É só no estudo e prática dos evangelhos que podemos encontrar o acesso a esse caminho de verdade e vida. Porém, esses evangelhos quando manuseados por indivíduos desejosos de fazer prevalecer o seu modo de pensar, querendo fazer de Jesus um Deus e impor a salvação unicamente pela fé, foram escamoteando certos versículos e dizeres desfigurando assim a verdade.
Em João cap 1º V-18 tradução de Figueiredo e de Almeida, digo tradução de Figueiredo e de Almeida, porque existem traduções do original grego que não trazem o nome do tradutor, portanto anônimos prestando-se assim facilmente as mutilações.
No 18 encontramos, Deus nunca foi visto por alguém. O Filho Unigênito que está no seio do Pai, Ele nos declarou.
No mesmo versículo da tradução grega, em fez de filho unigênito puseram Deus unigênito para assim fazer prevalecer a idéia que Jesus é Deus. Em João C V versículo 37 encontramos Jesus dizendo falando de Deus, nunca ninguém ouviu a sua voz nem viu a sua forma.
Em João C 8º V-40, encontramos, porém, agora procurais matar-me a mim um homem que vos tenho falado a verdade que Deus tenho ouvido. Na tradução grega escamotearam a palavra homem pronunciada pelo Cristo, cuja autoridade ainda não foi superada. Pelo exposto fica claro a idéia fixa de fazer prevalecer a idéia que Jesus é Deus, isto é uma fraude que não fica bem aos seus autores.
Em Matheus encontramos no cap 19 o seguinte:
Então os discípulos aproximando-se de Jesus em particular, disseram: Porque não pudemos expulsa-lo? No V 20 Jesus disse por causa a vossa pouca fé. porque em verdade vos digo que se tivesses fé como um grão de mostarda direis a este monte.
Passa daqui para acolá e havia de passar e nada vos seria impossível. No V 21, mas esta casta de demônios não se expelem senão pela oração e pelo jejum. Na tradução grega escamotearam o versículo 21 para fazer prevalecer a idéia que a salvação é só pela fé excluindo as obras, como vedes é um desvio de uma parte dos ensinos de Jesus que muito prejudica aos menos avisados que só se limitem as que seus superiores disserem.
No mesmo evangelista, na tradução grega, escamotearam no cap 18 o V 11, onde se lê, porque o filho do homem veio salvar o que se tinha perdido, é ainda a mesma intenção de afastar as obras e fazer prevalecer a fé.
Na tradução grega, escamotearam no cap 23 o versículo 14 onde se lê: Ai de vós, escribas fariseus hipócritas! porque devorais as casas das viúvas sob pretexto de longas orações por isso recebereis maior condenação, este versículo vem demonstrar que as más obras é que são a causa da condenação e não a falta de fé.
Em Marcos cap 17 tradução grega suprimiram o V 16 que é o complemento do V 15 onde se lê; nada há fora do homem, que nele entrando, possa contamina-lo, pelo contrário as coisas que saem dele são as que o contaminam. V 16 quem tem ouvidos de ouvir, ouça. Neste versículo, Jesus chama a nossa atenção para o valor da conduta; pois para o valor da conduta, pois é dela que vem a condenação ou a salvação e não pela falta de fé.
Em Marcos cap 9 V 41 qualquer que escandalizar um destes pequeninos que crêem em mim melhor fora que lhe atassem aos pescoço uma nó de atafona e fosse lançado no mar.
No V 42, se tua mão te escandaliza, corta-a; melhor te é entrar na vida aleijado do que, tendo duas mãos ir para o inferno.
V 44 diz: se teu fé te serve de pedra de tropeço, corta-o; melhor te é entrar na vida aleijado, do que tendo dois pés seres lançado na Geena. No 46 se o teu olho te escandaliza, lança-o fora: melhor te é entrar no reino de Deus sem um olho, do que tenho dois e ser lançado no fogo do inferno.
Na tradução grega suprimiram os versículos 44 e 46 por eles mostrarem a gravidade de uma conduta errada; no V 49 o sal é bom porém se ele ficar insípido com que o haveis de temperar?
Tem sal em vós, e guarde paz entre vós. É sempre a conduta o fator do prêmio ou do castigo em primeiro plano. Jamais omissões nos evangelhos e nas epístolas.
A primeira vista, este arrasado parece um impertinência, mas precisamos ter em mente que a medida que estes evangelhos adulterados se vão espalhando, com eles se espalham proposital me um erro que muito prejudica aos menos avisados.
publicado por SÉRGIO RIBEIRO às 15:29

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