JUDAS ESCLARECE.
Todos os anos no mês de abril a cidade assiste a malhação de Judas e muitas pessoas se comprazem no simbólico suplício, que não encontra aceitação nos meios espíritas.
A mediunidade cristã e dedicação fraterna de Francisco Cândido Xavier, somadas a inteligência e humildade de Humberto de Campos, permitiram-nos a montagem da entrevista a seguir apresentada.
Deixamos que os próprios leitores, analisando as palavras de Judas, tirem suas conclusões, inclusive quanto á afirmativa que muitos fazem de posteriormente ter sido Joana D~arc.
Pergunta: O Senhor é de fato o filho de Iscariotes?
Judas: Sim sou Judas.
Pergunta: É verdade tudo quanto diz o novo testamento a respeito de sua personalidade, na tragédia da condenação de Jesus ?
Judas: Em parte ... os Escribas que redigiram os evangelhos não atenderam ás circunstancias e as tricas políticas que, acima dos meus atos, predominaram na nefanda crucificação.
Pergunta: Que tricas políticas ?
Judas: Pôncio Pilatos e o ( Cáifas) tretarca da Galiléia, além dos seus interesses individuais na questão, tinham ainda a seu cargo salvaguardar os interesses do Estado Romano, empenhado em satisfazer ás aspirações religiosas dos anciões judeus. Sempre a mesma história. O Sinédrio desejava o reino do Céu, pelejando por Jeová a ferro e fogo; Roma queria o reino da Terra. Jesus estava entre forças antagônicas, com a sua pureza imaculada.
Pergunta: E daí ?
Judas: Ora, eu era um dos apaixonados pelas idéias do Mestre; porém o meu excessivo zelo pela doutrina me fez sacrificar o seu fundador.
Pergunta: Como assim ?
Judas: Acima dos corações, eu via a política, única arma com a qual poderia triunfar. Jesus não obteria nenhuma vitória com o desprendimento das riquezas. Com as suas teorias nunca poderia conquistar as rédeas do poder. já que em seu manto de pobre se sentia possuído de um santo horror ás propriedade.
Pergunta: Que fez então ?
Judas: Planejei uma revolta surda, como se planeja hoje na terra a queda de um chefe de Estado. O Mestre passaria a um plano secundário e eu arranjaria colaboradores para uma obra vasta e enérgica.
Pergunta: Porque entregou Jesus ?
Judas: Entregando o Mestre a Caifás, não julguei que as coisas atingissem um fim tão lamentável.
Pergunta: Arrependeu-se ?
Judas: Sim, e presumi que o suicídio fosse a única maneira de me redimir diante dos olhos do Mestre.
Pergunta: Salvou-se pelo arrependimento ?
Judas: Não. Não consegui. O remorso é uma força preliminar para os trabalhos reparadores. Depois da minha morte trágica, submergi-me em séculos de sofrimento expiatório da minha falta. Sofri horrores nas perseguições infligidas em Roma aos adeptos da doutrina de Jesus.
Pergunta: Teve outras reencarnações ?
Judas: Sim. As minhas provas culminaram em uma fogueira inquisitorial, onde, imitando o Mestre, fui traído, vendido e usurpado. Vitima da felonia e da traição deixei a Terra os derradeiros resquícios do meu crime, na Europa, no século XV. Desde esse dia em que me entreguei, por amor do Cristo, a todos os tormentos e infâmias que me aviltavam, com resignação e piedade pelos meus verdugos, fechei o ciclo das minhas dolorosas reencarnações na Terra, sentindo na fronte o osculo do perdão da minha própria consciência.
Pergunta: Muitas lembranças dos fatos ?
Judas: Sim... estou recapitulando os fatos como se passaram.
Pergunta: Qual a sua posição agora ?
Judas: Agora, irmanado com Jesus, que se acha no seu luminoso Reino das Alturas, que ainda não é deste mundo, sinto nas estradas da Terra o sinal dos meus passos divinos.
Pergunta: Que sentiu mais ?
Judas: Senti a clamorosa injustiça dos companheiros que o abandonaram inteiramente e me vem sempre uma recordação carinhosa das poucas mulheres que o ampararam no doloroso transe.
Pergunta: E quanto á figura do traidor ?
Judas: Em todas homenagens prestadas a Jesus, eu sou sempre a figura repugnante do traidor. Olho complacentemente os que me acusam sem refletir se podem atirar a primeira pedra... Sobre o meu nome pesa a maldição milenária. Pessoalmente, porém, estou saciado de justiça, porque já fui absolvido pela minha consciência, no tribunal dos suplícios redentores.
Pergunta: E Jesus ?
Judas: Quanto ao divino Mestre, infinita é sua misericórdia e não é só para comigo, porque se recebi trinta moedas vendendo-o aos seus algozes, há muitos séculos Ele está sendo criminosamente vendido no mundo, a grosso e a retalho, por todos os preços, em todos os padrões do ouro amoedado...
Repórter: É verdade, e os novos negociadores do Cristo não se enforcam depois de vende-lo.
(Matéria Publicada no Órgão “A REVELAÇÃO “, da União Espirita Paraense)
A mediunidade cristã e dedicação fraterna de Francisco Cândido Xavier, somadas a inteligência e humildade de Humberto de Campos, permitiram-nos a montagem da entrevista a seguir apresentada.
Deixamos que os próprios leitores, analisando as palavras de Judas, tirem suas conclusões, inclusive quanto á afirmativa que muitos fazem de posteriormente ter sido Joana D~arc.
Pergunta: O Senhor é de fato o filho de Iscariotes?
Judas: Sim sou Judas.
Pergunta: É verdade tudo quanto diz o novo testamento a respeito de sua personalidade, na tragédia da condenação de Jesus ?
Judas: Em parte ... os Escribas que redigiram os evangelhos não atenderam ás circunstancias e as tricas políticas que, acima dos meus atos, predominaram na nefanda crucificação.
Pergunta: Que tricas políticas ?
Judas: Pôncio Pilatos e o ( Cáifas) tretarca da Galiléia, além dos seus interesses individuais na questão, tinham ainda a seu cargo salvaguardar os interesses do Estado Romano, empenhado em satisfazer ás aspirações religiosas dos anciões judeus. Sempre a mesma história. O Sinédrio desejava o reino do Céu, pelejando por Jeová a ferro e fogo; Roma queria o reino da Terra. Jesus estava entre forças antagônicas, com a sua pureza imaculada.
Pergunta: E daí ?
Judas: Ora, eu era um dos apaixonados pelas idéias do Mestre; porém o meu excessivo zelo pela doutrina me fez sacrificar o seu fundador.
Pergunta: Como assim ?
Judas: Acima dos corações, eu via a política, única arma com a qual poderia triunfar. Jesus não obteria nenhuma vitória com o desprendimento das riquezas. Com as suas teorias nunca poderia conquistar as rédeas do poder. já que em seu manto de pobre se sentia possuído de um santo horror ás propriedade.
Pergunta: Que fez então ?
Judas: Planejei uma revolta surda, como se planeja hoje na terra a queda de um chefe de Estado. O Mestre passaria a um plano secundário e eu arranjaria colaboradores para uma obra vasta e enérgica.
Pergunta: Porque entregou Jesus ?
Judas: Entregando o Mestre a Caifás, não julguei que as coisas atingissem um fim tão lamentável.
Pergunta: Arrependeu-se ?
Judas: Sim, e presumi que o suicídio fosse a única maneira de me redimir diante dos olhos do Mestre.
Pergunta: Salvou-se pelo arrependimento ?
Judas: Não. Não consegui. O remorso é uma força preliminar para os trabalhos reparadores. Depois da minha morte trágica, submergi-me em séculos de sofrimento expiatório da minha falta. Sofri horrores nas perseguições infligidas em Roma aos adeptos da doutrina de Jesus.
Pergunta: Teve outras reencarnações ?
Judas: Sim. As minhas provas culminaram em uma fogueira inquisitorial, onde, imitando o Mestre, fui traído, vendido e usurpado. Vitima da felonia e da traição deixei a Terra os derradeiros resquícios do meu crime, na Europa, no século XV. Desde esse dia em que me entreguei, por amor do Cristo, a todos os tormentos e infâmias que me aviltavam, com resignação e piedade pelos meus verdugos, fechei o ciclo das minhas dolorosas reencarnações na Terra, sentindo na fronte o osculo do perdão da minha própria consciência.
Pergunta: Muitas lembranças dos fatos ?
Judas: Sim... estou recapitulando os fatos como se passaram.
Pergunta: Qual a sua posição agora ?
Judas: Agora, irmanado com Jesus, que se acha no seu luminoso Reino das Alturas, que ainda não é deste mundo, sinto nas estradas da Terra o sinal dos meus passos divinos.
Pergunta: Que sentiu mais ?
Judas: Senti a clamorosa injustiça dos companheiros que o abandonaram inteiramente e me vem sempre uma recordação carinhosa das poucas mulheres que o ampararam no doloroso transe.
Pergunta: E quanto á figura do traidor ?
Judas: Em todas homenagens prestadas a Jesus, eu sou sempre a figura repugnante do traidor. Olho complacentemente os que me acusam sem refletir se podem atirar a primeira pedra... Sobre o meu nome pesa a maldição milenária. Pessoalmente, porém, estou saciado de justiça, porque já fui absolvido pela minha consciência, no tribunal dos suplícios redentores.
Pergunta: E Jesus ?
Judas: Quanto ao divino Mestre, infinita é sua misericórdia e não é só para comigo, porque se recebi trinta moedas vendendo-o aos seus algozes, há muitos séculos Ele está sendo criminosamente vendido no mundo, a grosso e a retalho, por todos os preços, em todos os padrões do ouro amoedado...
Repórter: É verdade, e os novos negociadores do Cristo não se enforcam depois de vende-lo.
(Matéria Publicada no Órgão “A REVELAÇÃO “, da União Espirita Paraense)