Quinta-feira , 30 de Abril DE 2009

NÃO VIM TRAZER A PAZ, MAS A ESPADA


EM HOMENAGEM AOS 145 ANOS DE LANÇAMENTO DO “EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO” OCORRIDO EM 30 DE ABRIL DE 1864 EM PARIS.

Não julgueis que vim trazer paz a Terra; não vim trazer-lhe paz, mas espada; porque vim separar o homem contra seu pai, e a filha contra sua mãe, e a nora contra sua sogra; e os inimigos do homem serão os seus mesmos domésticos. (Mateus, X: 34-36).
Eu vim trazer fogo à Terra, e que quero eu, senão que ele se acenda? Eu, pois, tenho de ser batizado num batismo, e quão grande não é a minha angústia, até que ele se cumpra? Vós cuidais que eu vim trazer paz à Terra? Não, vos digo eu, mas separação; porque de hoje em diante haverá, numa mesma casa, cinco pessoas divididas, três contra duas e duas contra três. Estarão divididas: o pai contra o filho, e o filho contra seu pai; a mãe contra a filha, e a filha contra a mãe; a sogra contra sua nora, e a nora contra sua sogra. (Lucas, XII: 49-53)
Foi mesmo Jesus, a personificação da doçura e da bondade, ele que não cessava de pregar o amor do próximo, quem disse estas palavras: Eu não vim trazer a paz, mas a espada; vim separar o filho do pai, o marido da mulher, vim lançar fogo na Terra e tenho pressa que ele se acenda? Essas palavras não estão em flagrante contradição com o seu ensino? Não é uma blasfêmia atribuir-se a linguagem de um conquistador sanguinário e devastador? Não, não há blasfêmia nem contradição nessas palavras, porque foi ele mesmo quem as pronunciou, e elas atestam a sua elevada sabedoria. Somente a forma, um tanto equívoca, não exprime exatamente o seu pensamento, o que provocou alguns enganos quanto ao seu verdadeiro sentido. Tomadas ao pé da letra, elas tenderiam a transformar a sua missão, inteiramente pacífica, numa missão de turbulências e discórdias, conseqüência absurda, que o bom senso rejeita, pois Jesus não podia contradizer-se. (Ver cap. XIV, nº 6).
Toda idéia nova encontra forçosamente oposição, e não houve uma única que se implantasse sem lutas. A resistência, nesses casos, está sempre na razão da importância dos resultados previstos, pois quanto maior ela for, maior será o número de interesses ameaçados. Se for uma idéia notoriamente falsa, considerada sem conseqüências, ninguém se perturba com ela, e a deixam passar, confiantes na sua falta de vitalidade. Mas se é verdadeira, se está assentada em bases sólidas, se é possível entrever-lhe o futuro, um secreto pressentimento adverte os seus antagonistas de que se trata de um perigo para eles, para a ordem de coisas por cuja manutenção se interessam. E é por isso que se lançam contra ela e os seus adeptos. A medida da importância e das conseqüências de uma idéia nova nos é dada, portanto, pela emoção que o seu aparecimento provoca, pela violência da oposição que desperta, e pela intensidade e a persistência da cólera dos seus adversários.
Jesus vinha proclamar uma doutrina que minava pelas bases a situação de abusos em que viviam os fariseus, os escribas e os sacerdotes do seu tempo. Por isso o fizeram morrer, julgando matar a idéia com a morte do homem. Mas a idéia sobreviveu, porque era verdadeira; desenvolveu-se, porque estava nos desígnios de Deus; e nascida numa pequena vila da Judéia, foi plantar a sua bandeira na própria capital do mundo pagão, em face dos seus inimigos mais encarniçados, daqueles que tinham o maior interesse em combatê-la, porque ela subvertia as crenças seculares, a que muitos se apegavam, mais por interesse do que por convicção. Era lá que as lutas mais terríveis esperavam os seus apóstolos; as vítimas foram inumeráveis; mas a idéia cresceu e saiu triunfante, porque superava, como verdade, as suas antecessoras.
Observe-se que o Cristianismo apareceu quando Paganismo declinava, debatendo-se contra as luzes da razão. Convencionalmente ainda o praticavam, mas a crença já havia desaparecido, de maneira que apenas o interesse pessoal o sustinha. Ora, o interesse é tenaz, não cede nunca à evidência, e irrita-se tanto mais, quanto mais peremptórios são os raciocínios que se lhe opõem e que melhor demonstram o seu erro. Bem sabe que está errado, mas isso pouco lhe importa, pois a verdadeira fé não lhe interessa; pelo contrário, o que mais o amedronta é a luz que esclarece os cegos. O erro lhe é proveitoso, e por isso a ele se aferra, e o defende.
Sócrates não formulara também uma doutrina, até certo ponto, semelhante à do Cristo? Por que, então, não prevaleceu naquela época, no seio de um dos povos mais inteligentes da Terra? Porque os tempos ainda não haviam chegado. Ele semeou em terreno não preparado: o paganismo não estava suficientemente gasto. Cristo recebeu a sua missão providencial no tempo devido. Nem todos o homens do seu tempo estavam à altura das idéias cristãs, mas havia um clima geral de aptidão para assimilá-las, porque já se fazia sentir o vazio que as crenças vulgares deixavam na alma. Sócrates e Platão abriram o caminho e prepararam os Espíritos. (Ver na Introdução, parágrafo IV: Sócrates e Platão, precursores da idéia cristã e do Espiritismo).
Os adeptos da nova doutrina, infelizmente, não se entenderam sobre a interpretação das palavras do Mestre, na maioria veladas por alegorias e expressões figuradas. Daí surgirem, desde o princípio, as numerosas seitas que pretendiam, todas elas, a posse exclusiva da verdade, e que dezoito séculos não conseguiram pôr de acordo. Esquecendo o mais importante dos preceitos divinos, aquele de que Jesus havia feito a pedra angular do seu edifício e a condição expressa da salvação: a caridade, a fraternidade e o amor do próximo, essas seitas se anatematizaram reciprocamente, arremeteram-se umas contra as outras, as mais fortes esmagando as mais fracas, afogando-as em sangue, ou nas torturas e nas chamas das fogueiras. Os cristãos vencedores do paganismo, passaram de perseguidos a perseguidores. Foi a ferro e fogo que plantaram a cruz do cordeiro sem mácula nos dois mundos. É um fato comprovado que as guerras de religião foram mais cruéis e fizeram maior número de vítimas que as guerras políticas, e que em nenhuma outra se cometeram tantos atos de atrocidade e de barbárie.
Seria a culpa da doutrina do Cristo? Não, por certo, pois ela condena formalmente toda violência. Disse ele em algum momento aos seus discípulos: Ide matar, queimar, massacrar os que não acreditarem como vós? Não, pois que lhes disse o contrário: Todos os homens são irmãos, e Deus é soberanamente misericordioso; amai o vosso próximo; amai os vossos inimigos; fazei bem aos que vos perseguem. E lhes disse ainda: Quem matar com a espada perecerá pela espada. A responsabilidade, portanto, não é da doutrina de Jesus, mas daqueles que a interpretaram falsamente, transformando-a num instrumento a serviço das suas paixões, daqueles que ignoram estas palavras: O meu Reino não é deste mundo.
Jesus, na sua profunda sabedoria, previu o que devia acontecer. Mas essas coisas eram inevitáveis, porque decorriam da própria inferioridade da natureza humana, que não podia ser transformada subitamente. Era necessário que o Cristianismo passasse por essa prova demorada e cruel, de dezoito séculos, para demonstrar toda a sua pujança: porque, apesar de todo o mal cometido em seu nome, ele saiu dela puro, e jamais esteve em causa. A censura sempre caiu sobre os que dele abusaram, pois a cada ato de intolerância sempre se disse: Se o Cristianismo fosse melhor compreendido e melhor praticado, isso não teria acontecido.
Quando Jesus disse: Não penseis que vim trazer a paz, mas a divisão – seu pensamento era o seguinte:
“Não penseis que a minha doutrina se estabeleça pacificamente. Ela trará lutas sangrentas, para as quais o meu nome servirá de pretexto. Porque os homens não me haverão compreendido, ou não terão querido compreender-me. Os irmãos, separados pelas suas crenças, lançarão a espada um contra o outro, e a divisão se fará entre os membros de uma mesma família, que não terão a mesma fé. Vim lançar o fogo na Terra, para consumir os erros e os preconceitos, como se põe fogo num campo para destruir as ervas daninhas, e anseio porque se acenda, para que a depuração se faça mais rapidamente, pois dela sairá triunfante a verdade. A guerra sucederá a paz; ao ódio dos partidos, a fraternidade universal; às trevas do fanatismo, a luz da fé esclarecida” .
“Então, quando o campo estiver preparado, eu vos enviarei o Consolador, o Espírito da Verdade, que virá restabelecer todas as coisas, ou seja, que dando a conhecer o verdadeiro sentido das minhas palavras, que os homens mais esclarecidos poderão enfim compreender, porá termo à luta fratricida que divide os filhos de um mesmo Deus. Cansados, afinal, de um combate sem solução, que só acarreta desolação e leva o distúrbio até mesmo ao seio das famílias, os homens reconhecerão onde se encontram os seus verdadeiros interesses, no tocante a este e ao outro mundo, e verão de que lado se acham os amigos e os inimigos da sua tranqüilidade. Nesse momento, todos virão abrigar-se sob a mesma bandeira: a da caridade, e as coisas serão restabelecidas na Terra, segundo a verdade e os princípios que vos ensinei”.
O Espiritismo vem realizar, no tempo determinado, as promessas do Cristo. Não o pode fazer, entretanto, sem destruir os erros. Como Jesus, ele se defronta com o orgulho, o egoísmo, a ambição, a cupidez, o fanatismo cego, que, cercados nos seus últimos redutos, tenta ainda barrar-lhe o caminho, e levantam contra ele entraves e perseguições. Eis por que ele também é forçado a combater. Mas a época das lutas e perseguições sangrentas já passou, e as que ele tem de suportar são todas de ordem moral, sendo que o fim de todas elas se aproxima. As primeiras duraram séculos; as de agora durarão apenas alguns anos, porque a luz não parte de um só foco, mas irrompe de todos o ponto do globo, e abrirá mais depressa os olhos aos cegos.
Aquelas palavras de Jesus devem ser entendidas, portanto, como referentes à cólera que, segundo previa, a sua doutrina iria suscitar; aos conflitos momentâneos, que surgiram como conseqüência; às lutas que teria de sustentar, antes de se firmar, como aconteceu com os hebreus antes de sua entrada na Terra Prometida; e não como um desígnio premeditado, de sua parte, de semear a desordem e a confusão. O mal devia provir dos homens, e não dele. A sua posição era a do médico que veio curar, mas cujos remédios provocam uma crise salutar, revolvendo os humores malignos do enfermo.
publicado por SÉRGIO RIBEIRO às 15:41
Domingo , 26 de Abril DE 2009

CONTROLE UNIVERSAL DO ENSINO DOS ESPÍRITOS


Esta é a base em que nos apoiamos, para formularmos um princípio da Doutrina.
Não é por concordar ele com as nossas idéias, que o damos como verdadeiro.
Não nos colocamos, absolutamente, como árbitro supremo da verdade, e não dizemos a ninguém: "Crede em tal coisa, porque nós vo-la dizemos." Nossa opinião não é, aos nossos próprios olhos, mais do que uma opinião pessoal, não pode ser justa ou falsa, porque não somos mais infalíveis do que os outros.
E não é também porque um princípio nos foi ensinado que o consideraremos verdadeiro, mas porque ele recebeu a sanção da concordância.
Na nossa posição, recebendo as comunicações de cerca de mil centros espíritas sérios, espalhados pelos mais diversos pontos do Globo, estamos em condições de ver quais os princípios sobre que essa concordância se estabelece.
É essa observação que nos tem guiado até hoje, e é igualmente ela que nos guiará através dos novos campos que o Espiritismo está convocado a explorar.
É assim que, estudando atentamente as comunicações recebidas de diversos lugares, tanto da França como do exterior, reconhecemos, pela natureza toda especial das revelações, que há uma tendência para entrar numa nova via, e que chegou o momento de se dar um passo à frente.
Essas revelações, formuladas às vezes com palavras veladas, passaram quase sempre desapercebidas para muitos daqueles que as obtiveram, e muitos outros acreditaram tê-las recebido sozinhos.
Tomadas isoladamente, elas seriam para nós sem valor; somente a coincidência lhes confere gravidade.
Depois, quando chega o momento de publicá-las, cada um se lembrará de haver recebido instruções no mesmo sentido.
É esse o movimento geral que observamos e estudamos, com a assistência dos nossos guias espirituais, e que nos ajuda a avaliar a oportunidade de fazermos uma coisa ou de nos abstermos.


Do Livro "O Evangelho Segundo O Espiritismo " Allan Kardec
publicado por SÉRGIO RIBEIRO às 01:31
Sábado , 25 de Abril DE 2009

SEMENTES DA CORRUPÇÃO



Dia desses um garoto chegou em casa e perguntou à mãe quanto ela lhe pagaria se ele tirasse nota dez na prova.
A proposta surpreendeu a genitora, acostumada a educar os filhos com lucidez e bom senso.
"Por que eu deveria lhe pagar por isso, meu filho?" Perguntou com tranqüilidade.
"Ora, mãe, o pai do meu amigo vai pagar cem reais se ele tirar um dez na prova de inglês."
"E você acha isso correto, filho?"
"Ah, eu acho que cem reais dá para comprar uma porção de coisas...," respondeu o menino, entusiasmado.
A sábia educadora aproveitou o momento para um diálogo esclarecedor com o filho amado. "Filho, você acha correto o que esse pai está fazendo, pagando para o filho fazer o que é apenas a sua obrigação?"
O garoto respondeu que não sabia se era certo ou não, e a mãe continuou:
"Você já ouviu falar em corrupção?"
"Sim", disse o menino.
"E você acha direito uma pessoa cobrar para fazer a sua obrigação?"
"Não, eu não acho."
"Estudar é sua obrigação, não é filho?"
"Sim, é minha obrigação."
"Pois bem, seu pai e eu fazemos a nossa parte, que é lhe dar oportunidade de aprender para que seja um homem instruído e possa ser útil à sociedade da qual faz parte.
Mas não desejamos que seja apenas instruído.
Queremos, acima de tudo, que seja um homem de bem, um homem moralizado, um homem digno e justo.
É por isso que você nunca irá receber dos seus pais qualquer compensação para fazer a sua parte."
O garoto concordou com a mãe, mas, ainda interessado no assunto questionou:
"Quer dizer que isso é corrupção, mãe?"
"Sim. Pagar alguém para fazer ou deixar de fazer a sua obrigação é corrupção.
Existem funcionários que recebem um salário para fazer o seu trabalho mas costumam pedir um valor a mais, uma ´gratificação´ para ´agilizar´ o processo. Isso significa que estão prejudicando aqueles que não têm dinheiro para pagar esse ´favor´ ou que não compactuam com essa prática."
Talvez para deixar o ensinamento mais claro para o filho, a mãe continua:
"E a corrupção não está relacionada exclusivamente com o dinheiro, filho. Quando um juiz, por exemplo, que julga uma causa e favorece um amigo ou outro interesse qualquer, sem considerar a verdadeira justiça, está se corrompendo e corrompendo o sistema. Qualquer pessoa, enfim, que age em desacordo com sua própria consciência, é corruptora dos bons costumes."
Se o garoto entendeu tudo não se sabe, mas abandonou a idéia de receber um pagamento para tirar boas notas e foi estudar para a prova que iria fazer no dia seguinte.
.................................
Felizmente nem todos os cidadãos da nossa sociedade são corruptos ou corruptores.
Mas se você já sofreu algum tipo de extorsão, sabe o quanto é amargo o sabor desse tipo de violência.
Se você já sofreu qualquer tipo de injustiça por parte de quem deveria representar a sã justiça, sabe o quanto isso gera desgosto e infelicidade.
Pense nisso e faça a sua parte para eliminar essas sementes nocivas de corrupção e desamor.
Aja com honestidade e eduque seus filhos para serem cidadãos dignos e incorruptíveis.
Não se corrompa e não corrompa ninguém, pois é só assim que veremos o sol da plena justiça despontar num futuro próximo.
Autor:Equipe de Redação do Momento Espírita.
publicado por SÉRGIO RIBEIRO às 22:53
Sexta-feira , 24 de Abril DE 2009

VISÃO ESPÍRITA DO HOMEM

NO DIA 24 DE ABRIL DE 1984 DESENCARNAVA NO RIO DE JANEIRO. DEOLINDO AMORIM, JORNALISTA E ESCRITOR DE IDEALIZOU OS CONGRESSOS DOS JORNALISTAS E ESCRITORES ESPÍRITAS, A ABRAJEE E O INSTITUTO DE CULTURA ESPÍRITA DO BRASIL.

Já se sabe que o perispírito não é uma invenção do Espiritismo, como não é um conceito abstrato. É um elemento real, que tem propriedades e toma formas visíveis. Com o Espiritismo, entretanto, em virtude das experiências mediúnicas que já se acumularam até hoje, o estudo desse “corpo intermediário” necessariamente se tornou mais específico, permitindo que se lhe reconheçam propriedades relevantes no mecanismo psico-fisiológico. Além de outros autores, considerados clássicos na literatura espírita, Gabriel Delanne dedicou boa parte de seus trabalhos ao perispírito, e trouxe, por isso mesmo, uma contribuição significativa e ainda válida em toda a plenitude. Estudou ele, por exemplo, as “Provas da existência do perispírito - sua utilidade - seu papel”, no alentado livro O Espiritismo perante a Ciência. E, assim, em toda a obra de Delanne, realmente portentosa, há o que se estudar e pensar a respeito do perispírito. Não se precisaria fazer referência a outros, aliás bastante conhecidos no meio espírita, porque não temos objetivo de erudição nesta breve crônica jornalística. Queremos acentuar, sim, o perispírito ou mediador fluídico tem funções próprias no composto humano, não é uma criação imaginária...
Na antigüidade oriental, como na grega, como entre doutores da Igreja, admitiu-se claramente a existência de uma “substância”, um corpo, um elemento equivalente, afinal de contas, entre as duas realidades fundamentais: a matéria e o Espírito. Os nomes são diversos e, por isso, há uma infinidade de expressões para traduzir a significação do perispírito (terminologia do Espiritismo) no conjunto psicossomático. Existem até uns tantos preciosismos de linguagem, verdadeiras sutilezas verbais para dizer o que seja, no fundo, esse “corpo bioplásmico”, segundo a moderníssima denominação resultante de experiências realizadas na Rússia. Há contextos espiritualistas em que se encontra o perispírito, dividido ou apresentado sob outras rubricas, com as especificações que lhe são atribuídas. Mas o que é fundamental no caso é a existência, necessária, de um elemento que se interpõe no binômio corpo-espírito. A Doutrina Espírita prefere chamá-lo simplesmente de perispírito, com explicações acessíveis a todos os níveis de instrução.
Sob o ponto de vista histórico, entretanto, além do que já se encontra em velhas fontes orientais, como noutros ramos da literatura antiga, convém considerar que na Escolástica primitiva, muito influenciada por Platão e Agostinho, também se admitiu a constituição trinária do ser humano:
1) a alma habita numa casa que lhe é essencialmente estranha; o corpo é o albergue, o hábito, o recipiente, o invólucro da alma; além de semelhante imagem, é também usada a do matrimônio.
2) o corpo e a alma estão unidos por um “spiritus physucys”, que serve de intermediário;
3) corpo e alma estão unidos pela personalidade como em uma espécie de união hipostática.
(Barnarco Bartmann - “Teologia Dogmática” - I vol., Edições Paulinas)

Tão forte lhe parece a união da alma com o corpo, com a intercalação desse - “spiritus physucus”, que funciona como intermediário, que o Autor chega a compará-la a uma espécie de união hipostática, isto é, união do Verbo divino com a natureza humana. A idéia de um “invólucro” ou “intermediário”, uma vez que o Espírito precisa de um revestimento para que possa conviver com o corpo, faz parte dos contextos espíritas, sejam quais forem os nomes que se lhe dêem. É o persipírito, sem tirar nem por.
Como o perispírito, a reencarnação, por sua vez, também já teve adeptos na Igreja, embora contra ela se tenha pronunciado e firmado sentença o Concílio de Constantinopla. Mas o certo é que Orígenes, teólogo e exegeta, defendeu a tese da preexistência, o que, aliás, é fato muito citado. Outros teólogos, como se sabe, adotaram a tese “criacionista”, isto é, a criação da alma com o corpo ou para o corpo. Justamente nesse ponto, um dos maiores doutores de sua época - Santo Agostinho - se defrontou com dificuldades para conciliar a criação da alma com o “pecado original”. Quem o diz é ainda Bartmann, na mesma obra (já referida), e ele próprio, o autor de “Teologia Dogmática”, também encontra obscuridade. Vejamos: Se é incompreensível que a alma derive do ato corpóreo da geração, todavia também o criacionismo apresenta não pequenas dificuldades. Já Santo Agostinho não sabia explicar como a alma, criada por Deus, podia nascer com o pecado original. A dificuldade conserva seu valor também para nós. Outra dificuldade pode surgir da consideração de uma criação contínua até o fim do mundo, de um número incalculável de atos diretos de Deus. mas o ponto-chave do problema, como denuncia o Autor, está justamente nesta decorrência da tese “criacionista”: Pareceria, por fim, necessário admitir uma cooperação imediata de Deus, nas numerosas gerações manchadas pela culpa. Não se pode responder à primeira dificuldade senão recorrendo ao mistério do pecado original. E no mistério esbarra tudo, não há mais saída para o raciocínio...
Contrapondo-se à idéia da criação do Espírito juntamente com o corpo, a Doutrina Espírita propõe outra análise do problema, nestes termos:
“Donde vem a aptidão extranormal que muitas crianças em tenra idade revelam, para esta ou aquela arte, para esta ou aquela ciência, enquanto outras se conservam inferiores ou medíocres durante a vida toda?”
“Donde, em certas crianças, o instinto precoce que revelam para os vícios ou para as virtudes, os sentimentos inatos de dignidade ou de baixeza, contrastando com o meio em que elas nasceram?” (O Livro dos Espíritos - questão 222).
Se, realmente, o Espírito fosse criado por Deus no ato do nascimento, seria o caso de admitir, ainda que por absurdo, criação de indivíduos que nascem com tendências para a perversão ou para a delinqüência. Seria obra de Deus?!...
A tese da preexistência explica as inclinações inatas para o bem ou para o mal, embora a Doutrina Espírita não negue a influência fortíssima da educação, do meio social, da cultura e de outros fatores contingentes. Mas o Espírito, ao voltar à Terra, pela reencarnação, traz certa bagagem de conhecimentos, virtudes ou vícios, responsáveis pelo curso de sua existência, com todos os altos e baixos deste mundo. Deus não iria criar para a vida um Espírito que já estivesse marcado com as paixões inferiores. Todos começam “simples e ignorantes” - ensina a Doutrina - mas o próprio arbítrio, que é indispensável à experiência individual, pode desviar o Espírito da rota mais justa e levá-lo aos despenhadeiros morais. “Simples e ignorantes” é a expressão textual da Doutrina “O Livros dos Espíritos - questões 115-121-133-634. É o ponto de partida. Daí por diante, cada qual adquire sua experiência através das vidas sucessivas. É um princípio que nos faz compreender a responsabilidade individual, ao passo que, se admitíssemos a criação juntamente com o corpo, chegaríamos a esta conclusão a fatal: se a criatura é má, se abusa de suas faculdades ou de seus recursos para dar expansão a tendências viciosas, não é responsável por seu procedimento, uma vez que nasceu assim, foi criada assim por Deus, colocada no corpo, ao nascer, com todas as suas mazelas morais. No entanto, o princípio da responsabilidade individual é válido no tempo e no espaço, segundo o Espiritismo.
Outra, portanto, é a perspectiva da reencarnação, que já teve defensores no seio da Igreja, embora condenada, mais tarde, como heresia. O desenvolvimento do Espírito modifica o perispírito, e este, pela ação plasmadora, tem influência sobre o corpo. Como já vimos, não apenas Platão, luminar da constelação grega da antigüidade, esposou a concepção trinária do homem, mas entre escolásticos também houve partidários dessa concepção. O homem tríplice não desagrega a unidade básica do EU. Com esta visão antropológica, a Doutrina Espírita situa o homem na Terra, em relação ao presente e ao passado, apontando-lhe o caminho do futuro, sem ilusões nem quimeras.

Deolindo Amorim
Obreiros do Bem - Agosto de 1976
publicado por SÉRGIO RIBEIRO às 00:35
Quinta-feira , 23 de Abril DE 2009

PERANTE OS PROBLEMAS PATERNAIS


I

Dentro da tranqüilidade possível, conservemos as nossas paternais emoções na confiança em Jesus que, por Seus Mensageiros, nos estenderá corações queridos que, no momento, se encontram associados no mesmo esforço de reajuste espiritual.
Abençoemos as dificuldades e, igualmente, lembremo-nos das bênçãos que o nosso grupo doméstico vem recebendo do amparo do Senhor.

II

Os filhos são originariamente de Deus e em nossa condição de zeladores deles, façamos quanto se nos faça possível para auxiliá-los, no limite de nossos recursos.
Os deveres bem cumpridos do coração paternal sempre nos farão tranqüilos perante Jesus.

III

Os corações paternos ajustados à “lei do Bem” devem guardar a tranqüilidade que sempre lhes iluminam a vida, a fim de agirem com acerto.
Esforcemo-nos ao máximo para sustentar os filhos queridos no clima da paz com o regresso à calma edificante do lar, entretanto se os filhos não puderem responder positivamente ao carinho dos nossos apelos, respeitemo-los na estrada que escolham trilhar e peçamos a Jesus a todos nos fortaleça.

IV

O dever cumprido corretamente é a ficha moral do homem. Tranquilizemo-nos, assim, na consciência equilibrada pela noção de nossas obrigações escrupulosamente atendidas.

Do livro Apelos Cristãos. Espírito Bezerra de Meneses. Psicografia de Francisco Cândido Xavier.
publicado por SÉRGIO RIBEIRO às 23:53
Terça-feira , 21 de Abril DE 2009

SEJA VOLUNTÁRIO


Caibar Schutel
Seja voluntário na evangelização infantil.
Não aguarde convite para contribuir em favor da Boa Nova no coração das crianças.
Auxilie a plantação do futuro.
Seja voluntário no culto do evangelho.
Não espere a participação de todos os companheiros do lar para iniciá-lo, se preciso, faça-o sozinho.
Seja voluntário no templo espírita.
Não aguarde ser eleito diretor para cooperar. Colabore sem impor condições, em algum setor, hoje mesmo.
Seja voluntário no estudo edificante.
Não espere que os outros lhe chamem a atenção. Estude por conta própria.
Seja voluntário na mediunidade.
Não aguarde o desenvolvimento mediúnico sistematicamente sentado à mesa das sessões. Procure a convivência dos Espíritos superiores, amparando os infelizes.
Seja voluntário na assistência social.
Não espere que lhe venham puxar o paletó, rogando auxílio. Busque os irmãos necessitados e ajude como puder.
Seja voluntário na propaganda libertadora.
Não aguarde riqueza para divulgar os princípios da fé. Dissemine, desde já, livros e publicações doutrinárias.
Seja voluntário na imprensa espírita.
Não espere de braços cruzados a cobrança da assinatura. Envie o seu concurso, ainda que modesto, dentro das suas possibilidades.
Sim meu amigo. Não se sinta realizado.
Cultive espontaneidade nas tarefas do bem.
“A sementeira é grande e os trabalhadores são poucos”.
Vivemos os tempos da renovação fundamental.
Atravessemos, portanto, em serviço o limiar da Era do Espírito!
Ressoam os clarins da convocação geral para as fileiras do Espiritismo.
Há mobilização de todos.
Cada qual pode servir a seu modo.
Aliste-se enquanto você se encontra válido.
Assuma iniciativa própria.
Apresente-se em alguma frente de atividade renovadora e sirva sem descansar.
Quase sempre, espírita sem serviço é alma a caminho de tenebrosos labirintos do Umbral.
Seja voluntário na seara de Jesus, Nosso mestre e Senhor!

O Redenção, Março de 2001.
publicado por SÉRGIO RIBEIRO às 02:38
Segunda-feira , 20 de Abril DE 2009

DEPOIS DA MORTE

Apenas dor no mundo inteiro eu via,
E tanto a vi, amarga e inconsolável,
Que num véu de tristeza impenetrável
Multiplicava as dores que eu sofria.

Se vislumbrava o riso da alegria
Fora dessa amargura inalterável
Esse prazer só era decifrável
Sob a ilusão da eterna fantasia.

Ao meu olhar de triste e de descrente,
Olhar de pensador amargurado,
Só existia a dor, ela somente.

O gozo era a mentira dum momento,
Os prazeres, o engano imaginado
Para aumentar a mágoa e o sofrimento.

II

Misantropo da ciência enganadora,
Trazia em mim o anseio irresistível
De conhecer o Deus indefinível,
Que era na dor, visão consoladora.

Não O via e, no entanto, em toda hora,
Nesse anelo cruciante e intraduzível,
Podia ver, sentindo o Incognoscível
E a sua onisciência criadora.

Mas a insídia do orgulho e da descrença
Guiava-me a existência desolada,
Recamada de dor profunda e intensa;

Pela voz da vaidade, então, eu cria
Achar na morte a escuridão do Nada,
Nas vastidões da terra úmida e fria.

III

Depois de extravagâncias de teoria,
No seio dessa ciência tão volúvel,
Sobre o problema trágico, insolúvel,
De ver o Deus de Amor, de quem descria,

Morri, reconhecendo, todavia,
Que a morte era um enigma solúvel,
Ela era o laço eterno e indissolúvel,
Que liga o Céu à Terra tão sombria!

E por estas regiões onde eu julgava
Habitar a inconsciência e a mesma treva
Que tanta vez os olhos me cegava,

Vim, gemendo, encontrar as luzes puras
Da verdade brilhante, que se eleva,
Iluminando todas as alturas.


Antero de Quental
Do livro Parnaso de Além-Túmulo. Psicografia de Francisco Cândido Xavier.
publicado por SÉRGIO RIBEIRO às 00:55

DEPOIS DA MORTE

Apenas dor no mundo inteiro eu via,
E tanto a vi, amarga e inconsolável,
Que num véu de tristeza impenetrável
Multiplicava as dores que eu sofria.

Se vislumbrava o riso da alegria
Fora dessa amargura inalterável
Esse prazer só era decifrável
Sob a ilusão da eterna fantasia.

Ao meu olhar de triste e de descrente,
Olhar de pensador amargurado,
Só existia a dor, ela somente.

O gozo era a mentira dum momento,
Os prazeres, o engano imaginado
Para aumentar a mágoa e o sofrimento.

II

Misantropo da ciência enganadora,
Trazia em mim o anseio irresistível
De conhecer o Deus indefinível,
Que era na dor, visão consoladora.

Não O via e, no entanto, em toda hora,
Nesse anelo cruciante e intraduzível,
Podia ver, sentindo o Incognoscível
E a sua onisciência criadora.

Mas a insídia do orgulho e da descrença
Guiava-me a existência desolada,
Recamada de dor profunda e intensa;

Pela voz da vaidade, então, eu cria
Achar na morte a escuridão do Nada,
Nas vastidões da terra úmida e fria.

III

Depois de extravagâncias de teoria,
No seio dessa ciência tão volúvel,
Sobre o problema trágico, insolúvel,
De ver o Deus de Amor, de quem descria,

Morri, reconhecendo, todavia,
Que a morte era um enigma solúvel,
Ela era o laço eterno e indissolúvel,
Que liga o Céu à Terra tão sombria!

E por estas regiões onde eu julgava
Habitar a inconsciência e a mesma treva
Que tanta vez os olhos me cegava,

Vim, gemendo, encontrar as luzes puras
Da verdade brilhante, que se eleva,
Iluminando todas as alturas.


Antero de Quental
Do livro Parnaso de Além-Túmulo. Psicografia de Francisco Cândido Xavier.
publicado por SÉRGIO RIBEIRO às 00:55
Sábado , 18 de Abril DE 2009

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18 de Abril de 1857, 152 anos de “O Livro dos Espíritos”
Lei natural, perfeita e estável, impera soberana em todos os fenômenos detectados ou não pela percepção humana. A ignorância das leis que regem os mecanismos causais de certos fenômenos levou homens a crerem no sobrenatural e a persistirem em interpretações incompatíveis com o avanço científico e cultural de nossa época.
O cristianismo nascente não foi plenamente compreendido e sofreu, com o passar do tempo, a inclusão de adereços estranhos que vararam os séculos, sombreando o sentimento religioso, inato no ser humano. O filósofo espírita Leon Denis assevera que a adoração de imagens, os cânticos, a crença no inferno e em satanás, são heranças pagãs incorporadas à doutrina cristã. Os dogmas, as penas eternas, o culto
exterior, as pompas cerimoniais e outras enxertias foram contaminando a mensagem de Jesus, que viu-se afastada da simplicidade, clareza e profundidade que lhe são próprias.
Na plenitude do século das luzes, num período de paradoxos entre a fé e a razão emergiu a nova doutrina a partir de 18 de abril de 1857, com o lançamento d’O Livro dos Espíritos.
O sábio pedagogo francês Hippolyte Léon Denizard Rivail mergulhava na luz da espiritualidade maior para resplandecer no bom senso invulgar de Allan Kardec, pseudônimo com que se imortalizou na tarefa da codificação do Espiritismo.
Com a simplicidade característica das coisas verdadeiras, assentavam-se as bases da Ciência do Espírito derribando os preconceitos do academicismo materialista e abalando os alicerces do obscurantismo religioso: eliminam a visão reducionista acerca do Criador, viabilizam o entendimento do mundo espiritual e das relações dele com o mundo corporal; revelam que a evolução anímica é norma universal, que a reencarnação se insere no estágio temporal que experienciamos dentro do processo da evolução infinita. Descortinam as leis que regem os fenômenos mediúnicos; proclamam que a justiça misericordiosa do criador é incompatível com penas irremissíveis e condenações eternas; informam que o ser humano, dotado de livre-arbítrio a expandir-se à medida em que progride, constrói, com sua ação ou inação, o futuro individual e coletivo que o aguarda.
N’O Evangelho segundo Espiritismo, obra lançada em abril de 1864, o Espírito de Verdade afirma que “no Cristianismo se encontram todas as verdades, sendo de origem humana os erros que nele se enraizaram”.
A Doutrina Espírita é de origem divina. Foi escrita por ordem e mediante ditado de Espíritos superiores, para estabelecer os fundamentos de uma filosofia racional.
Os livros sagrados das antiqüíssimas religiões orientais contêm as regras que nortearem vidas através do tempo. O Antigo Testamento sintetiza o pensamento judaico sobre a religião monoteísta.
O Evangelho de Jesus encerra o mais valioso e belo código moral conhecido pelos homens, com base no Amor Soberano. “O Livro dos Espíritos” é uma nova síntese para os tempos atuais. Nele estão contidas verdades antiqüíssimas, sob nova roupagem, que fazem da Doutrina dos Espíritos a atualização de idéias e realidades que ao lado de revelações descortinam um Novo Mundo, o Mundo dos Espíritos.

SÍNTESE
Esse livro-síntese não é somente a rememoração de verdades antigas como a doutrina das vidas sucessivas, os mandamentos maiores da lei mosaica, relativos ao amor a Deus e ao próximo, e a todos os ensinos morais do Cristo resumidos nas leis de Amor, Justiça e Caridade. Descerra, também, realidades novas, que os homens não tinham condições de conhecer por si mesmo, e que os Espíritos mostraram como fazendo parte da ordem natural das coisas.
Allan Kardec, o sistematizador das revelações provindas do Mundo Espiritual Superior, ao organizar a obra básica da colocou em seu frontispício – “Filosofia Espiritualista – princípios da Doutrina Espírita sobre a imortalidade da alma, a natureza dos Espíritos e suas relações com os homens, as leis morais, a vida presente, a vida futura e o porvir da Humanidade – segundos os ensinos dados por Espíritos superiores com o concurso de diversos médiuns”.
Neste livro básico, a Religião e a Ciência, em sentido lato, interpenetram-se e conciliam-se, já que não pode haver incompatibilidade na criação divina da qual ambas se originam.
A linguagem utilizada abordando difíceis e transcendentes questões, é simples e direta, ao alcance do homem comum.
A primeira edição de “O Livro dos Espíritos” continha 501 perguntas e respostas e a segunda, definitiva, publicada a 16 de março de 1860, da qual derivam as demais obras da Codificação Espírita contém 1 019 questões.

DESDOBRAMENTOS
Dessas diversas partes derivam-se e desdobram-se as demais obras da Codificação Espírita, “O Livro dos Médiuns”, “O Evangelho segundo o Espiritismo”, “O Céu e o Inferno” e “A Gênese”.
Observa-se que os princípios fundamentais da Doutrina permanecem íntegros e exatos após os 152 anos de seu surgimento. O progresso das ciências, apesar de dominadas pelo materialismo, caminha no sentido dos princípios espíritas. Como por exemplo na Física, com a concepção da matéria como energia concentrada. Daí à percepção da existência de diversos estados da matéria, como demonstra a Doutrina Espírita.
O caráter filosófico evidencia-se pela sua própria natureza e pelas matérias que trata, embora vazado em linguagem simples, mas não vulgar.
O caráter científico é ressaltado não como ciência do mundo, dominada pelo materialismo, mas como ciência do Espírito, com seu objeto e métodos próprios.

DEUS
O caráter religioso sobressai nítido ao tratar de Deus e seus atributos como o Criador do Universo, a Inteligência Suprema, o Deus que não é antropomórfico como Deus bíblico, nem panteísta, como nas religiões orientais.
O Deus do Espiritismo é o Pai, é Amor, Justiça e Bondade.
A religião dos Espíritos mostra a vida do Espírito, livre, no Mundo Espiritual, ou ligado a um corpo material, na Terra, buscando sempre a evolução anímica através das vidas sucessivas.
Toda moral espírita fundamenta-se nos ensinos do Cristo. Demonstrando a inconsistência e incongruência do materialismo.
Além dos aspectos filosóficos, científico e religioso da Doutrina, é inegável os
princípios éticos, morais, educacionais e sociológicos, que a caracterizam como doutrina de educação.
Terminada e revisada a obra, Allan Kardec escreveu a monumental Introdução, que a precede e apresenta, apreciando-a sob múltiplos ângulos e resumindo a doutrina dela decorrente. É nessa introdução que o Codificador cria os neologismos espírita, espiritista e Espiritismo para definir as coisas novas surgidas com o livro.
publicado por SÉRGIO RIBEIRO às 01:27
Sexta-feira , 17 de Abril DE 2009

EM HOMENAGEM A SÓROR JUANA INÉS DE LA CRUZ PENÚLTIMA ENCARNAÇÃO DE JOANNA DE ÂNGELIS


SÓROR JUANA INÉS DE LA CRUZ
Joanna renasce em 1651 na pequenina San Miguel Nepantla, a uns oitenta quilômetros da cidade do México, com o nome de Juana de Asbaje Y Ramirez de Santillana, filha de pai basco e mãe indígena. Após 3 anos de idade, fascinada pelas letras, ao ver sua irmã aprender a ler e escrever, engana a professora e diz-lhe que sua mãe mandara pedir-lhe que a alfabetizasse. A mestra, acostumada com a precocidade da criança, que já respondia às perguntas que a irmã ignorava, passa a ensinar-lhe as primeiras letras.
Começou a fazer versos aos 5 anos. Aos 6 anos, Juana dominava perfeitamente o idioma pátrio, além de possuir habilidades para costura e outros afazeres comuns às mulheres da época. Soube que existia no México uma Universidade e empolgou-se com a idéia de no futuro, poder aprender mais e mais entre os doutores. Em conversa com o pai, confidenciou suas perspectivas para o futuro. Dom Manuel, como um bom espanhol, riu-se e disse gracejando: - "Só se você se vestir de homem, porque lá só os rapazes ricos podem estudar." Juana ficou surpresa com a novidade, e logo correu à sua mãe solicitando insistentemente que a vestisse de homem desde já, pois não queria, em hipótese alguma, ficar fora da Universidade.
Na Capital, aos 12 anos, Juana aprendeu latim em 20 aulas, e português, sozinha. Além disso, falava nahuatl, uma língua indígena. O Marquês de Mancera, querendo criar uma corte brilhante, na tradição européia, convidou a menina-prodígio de 13 anos para dama de companhia de sua mulher. Na Corte encantou a todos com sua beleza, inteligência e graciosidade, tornando-se conhecida e admirada pelas suas poesias, seus ensaios e peças bem-humoradas. Um dia, o Vice-rei resolveu testar os conhecimentos da vivaz menina e reuniu 40 especialistas da Universidade do México para interrogá-la sobre os mais diversos assuntos. A platéia assistiu, pasmada, àquela jovem de 15 anos responder, durante horas, ao bombardeio das perguntas dos professores. E tanto a platéia como os próprios especialistas aplaudiram-na, ao final, ficando satisfeito o Vice-rei. Mas, a sua sede de saber era mais forte que a ilusão de prosseguir brilhando na Corte.
A fim de se dedicar mais aos seus estudos e penetrar com profundidade no seu mundo interior, numa busca incessante de união com o divino, ansiosa por compreender Deus através de sua criação, resolveu ingressar no Convento das Carmelitas Descalças, aos 16 anos de idade. Desacostumada com a rigidez ascética, adoeceu e retornou à Corte. Seguindo orientação de seu confessor, foi para a ordem de São Jerônimo da Conceição, que possuia menos obrigações religiosas, podendo ali dedicar-se às letras e à ciência.
Nasceu ali a Sóror Juana Inés de La Cruz, nome religioso adotado pela jovem prodigiosa. Em sua confortável cela, cercada por inúmeros livros, globos terrestres, instrumentos musicais e científicos, Juana estudava, escrevia seus poemas, ensaios, dramas, peças religiosas, cantos de Natal e música sacra. Era freqüentemente visitada por intelectuais europeus e do Novo Mundo, intercambiando conhecimentos e experiências. A linda monja era conhecida e admirada por todos, sendo os seus escritos popularizados não só entre os religiosos, como também entre os estudantes e mestres das Universidades de vários lugares. Era conhecida como a "Monja da Biblioteca". Se imortalizou também por defender o direito da mulher de ser inteligente, capaz de lecionar e pregar livremente.
Em 1695 houve uma epidemia de peste na região. Juana socorreu durante o dia e a noite as suas irmãs religiosas que, juntamente com a maioria da população, estavam enfermas. Foram morrendo, aos poucos, uma a uma das suas assistidas e quando não restava mais religiosas, ela, abatida e doente, tombou vencida, em 17.04.1695, aos 44 anos de idade.
publicado por SÉRGIO RIBEIRO às 11:42

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