Domingo , 24 de Janeiro DE 2010

SALVAÇÃO

 
Salvação nos leva a lembrar bem-aventurança, estado reservado aos espíritos altamente iluminados, que já estão livres do carma, que já estão limpos de todos os sentimentos inferiores que os prendem nos planos grosseiros da carne.

Há muitos religiosos que condicionaram essa palavra ? Salvação ? como se fosse um passe de mágica, como força preponderante para a felicidade pessoal. Esquecem-se de que, para se salvarem, dependem de variadas atitudes e um esticado aprimoramento espiritual, conferido pelo tempo, além de ingentes esforços em todos os rumos da iluminação.
É de se notar que todo trabalho que fizermos para a nossa melhoria moral é muito útil. No entanto, essa realização não se faz de um dia para outro; demanda prolongados exercícios na área interna, e quase sempre não acreditamos na sua eficácia. Iludimo-nos mais com o campo exterior, cheio de ilusões e de nuances convidativas para a vaidade e o orgulho.
Ninguém se salva por ser tocado pelo arrependimento, pois ele é apenas uma das portas que se abrem na limpeza gradativa das nossas sujeiras morais. Enganar a nós mesmos é disfarçar exteriormente. Porém, por dentro, continuamos o mesmo espírito dotado das mesmas intenções que antes alimentávamos. A iniciação por dentro é a mais difícil operação da criatura; a externa sacode e torna visível todas as nossas inferioridades, qual o cair das moedas dos ricos no gazofilácio.
Queremos mostrar, a todo o custo, a todas as pessoas, quando iniciamos, por fora. E quando começamos a cirurgia moral em nós mesmos, fazemo-lo em silêncio, acumulando forças para o grande trabalho de fecundação. A salvação, no termo em que devemos compreendê-la, é a conquista da alma, e não doação de onde quer que venha. É bênção de Deus nas linhas do tempo, é maturidade do espírito.
Também nós, que te falamos através do contributo mediúnico de um sensitivo, temos inúmeras arestas a serem aparadas. Sentindo isso em nosso coração, queremos ser um cirurgião de nós mesmos e realizar muitas operações morais em nossa própria conduta.
Precisamos uns dos outros, encarnados e desencarnados, porque somos todos irmãos e filhos de Deus. É bom que não penses que o desencarne é sinônimo de salvação.
A alma é na erraticidade o que foi na Terra, e vice-versa. Os santos e sábios, quando se apresentam como tais, trabalharam milhares de anos a fio no aprimoramento próprio.
A nossa intenção é, com toda a sinceridade d'alma, convidar os homens para uma grande fusão de valores em torno de Nosso Senhor Jesus Cristo e d'Ele beber a água pura do Amor e passar a compreender como é bom aprender a amar, porque fora do Amor não há salvação para a Humanidade.
E esse Amor tem um preço: o preço da auto-educação, que devemos iniciar.
Vamos começar hoje? Agora?
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publicado por SÉRGIO RIBEIRO às 17:08

2010 - 100 ANOS DE CHICO XAVIER

 

publicado por SÉRGIO RIBEIRO às 00:44

O CAMINHO DO REINO

Na tosca residência de Arão, o curtidor, dizia Jesus a Zacarias, dono de extensos vinhedos em Jericó:

- O Reino de Deus será, por fim, a vitória do bem, no domínio dos homens!... O Sol cobrirá o mundo por manto de alegria luminosa, guardando a paz triunfante. Os filhos de todos os povos andarão vinculados uns aos outros, através do apoio mútuo. As guerras terão desaparecido, arredadas da memória, quais pesadelos que o dia relega aos princípios da noite!... Ninguém se lembrará de exigir o supérfluo e nem se esquecerá de prover os semelhantes do necessário, quando o necessário se lhes faça preciso. A seara de um lavrador produzirá o bastante para o lavrador que não conseguiu as oportunidades da sementeira e o teto de um irmão erguer-se-á igualmente como refúgio do peregrino sequioso de afeto, sem que a idéia do mal lhes visite a cabeça... A viuvez e a orfandade nunca mais derramarão sequer ligeira lágrima de sofrimento, porquanto a morte nada mais será que antecâmara da união no amor perpétuo que clareia o sem-fim. Os enfermos, por mais aparentemente desvalidos, acharão leito repousante, e as moléstias do corpo deixarão de ser monstros que espreitam a moradia terrestre, para significarem simplesmente notícias breves das leis naturais no arcabouço das formas. O trabalho não será motivo de cativeiro e sim privilégio sagrado da inteligência. A felicidade e o poder não marcarão o lugar dos que retenham ouro e púrpura, mas o coração daqueles que mais se empenham no doce contentamento de entender e servir. O lar não se erigirá em cadinho de provação, porque brilhará incessantemente por ninho de bênçãos, em cujo aconchego palpitarão as almas felizes que se encontram para bendizer a confiança e a ternura sem mácula. O homem sentir-se-á responsável pela tranqüilidade comum, nos moldes da reta consciência, transfigurando a ação edificante em norma de cada dia; a mulher será respeitada, na condição de mãe e companheira, a que devemos, originariamente, todas as esperanças e regozijos que desabrocham na Terra, e as crianças serão consideradas por depósitos de Deus!... A dor de alguém será repartida, qual transitória sombra entre todos, tanto quanto o júbilo de alguém se espalhará, na senda de todos, recordando a beleza do clarão estelar... A inveja e o egoísmo não mais subsistirão, visto que ninguém desejará para os outros aquilo que não aguarda em favor de si mesmo! Fontes deslizarão entre jardins, e frutos substanciosos penderão nas estradas, oferecendo-se à fome do viajor, sem pedir-lhe nada mais que uma prece de gratidão à bondade do Pai, de vez que todas as criaturas alentarão consigo o anseio de construir o Céu na Terra que o todo misericordioso lhes entregou!...

Deteve-se Jesus contemplando a turba que o aplaudia, frenética, minutos depois da sua entrada em Jerusalém para as celebrações da Páscoa, e, notando que os israelitas se diferençavam entre si, a revelarem particularidades das regiões diversas de que procediam acentuou:

- Quando atingirmos, coletivamente, o Reino dos Céus, ninguém mais nascerá sob qualquer sinal de separação ou discórdia, porque a Humanidade se regerá pelos ideais e interesses de um mundo só!...

Enlevado, Zacarias fitou-o com ansiosa expectação e ponderou com respeito:

- Senhor, vim de Jericó para o culto às tradições de nossos antepassados; todavia, acima de tudo, aspirava a encontrar-te e ouvir-te... Envelheci, arando a gleba e sonhando com a paz!... Tenho vivido nos princípios de Moisés; no entanto, do fundo de minha alma, quero chegar ao Reino de Deus do qual te fazes mensageiro nos tempos novos!... Mestre! Mestre!... Para buscar-te percorri a trilha de minha estância até aqui, passo a passo... De vila em vila, de casa em casa, um caminho existe, claro, determinado... Qual é, porém, Senhor, o Caminho para o Reino de Deus?

- A estrada para o Reino de Deus é uma longa subida... – começou Jesus, explicando.

Eis, contudo, que filas de manifestantes penetraram o recinto, interrompendo-lhe a frase e arrebatando-o à praça fronteiriça, recoberta de flores.

Zacarias, em êxtase, demandou o sítio de parentes, no vale de Hinom, demorando-se por dois dias em comentários entusiastas, ao redor das promessas e ensinos do Cristo, mas, de retorno à cidade, não surpreende outro quadro que não seja a multidão desvairada e agressiva...

Não mais a glorificação, não mais a festa. Diante do ajuntamento, o Mestre, em pessoa, não mais querido. Aqueles mesmos que o haviam honorificado em cânticos de louvor apupavam-no agora com requintes de injúria.

O velho de Jericó, transido de espanto, viu que o Amado Amigo, cambaleante e suarento, arrastava a cruz dos malfeitores... Ansiou abraçá-lo e esgueirou-se, dificilmente, suportando empuxões e zombarias do populacho... Rente ao madeiro, notou que um grupo de mulheres chorosas abrigava o Mestre a parada imprevista e, antecedendo-se-lhes à palavra, ajoelhou-se diante dele e clamou:

- Senhor!... Senhor!...

Jesus retirou do lenho a destra ferida, afagou-lhe, por instantes, os cabelos que o tempo alvejara, lembrando o linho quando a estriga descansa junto da roca, e falou, humilde:

- Sim, Zacarias, os que quiserem alcançar o Reino de Deus subirão ladeira escabrosa...

Em seguida, denotou a atenção de quem escutava os insultos que lhe eram endereçados... Finda a pausa ligeira, apontou para o amigo, com um gesto, a poeira e o pedregulho que se avantajavam à frente e, como a recordar-lhe a pergunta que deixara sem resposta, afirmou com voz firme:

- Para a conquista do Reino de Deus, este é o caminho...
 

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publicado por SÉRGIO RIBEIRO às 00:31

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