Domingo , 28 de Fevereiro DE 2010

VOCÊ E A REENCARNAÇÃO

 

 

Os alquimistas medievais, precursores dos químicos, manipulavam as substâncias variadas, buscando a fórmula ideal, a decantada Pedra Filosofal, que permitiria transmutar metais menos nobres em ouro.

De quebra, conferiria ao seu portador a imortalidade. Gente importante andou envolvida com o assunto, destacando-se Paracelso (1493-1541), Francis Bacon (1561-1626), Robert Boyle (1627-1691), Isaac Newton (1643-1727).

Bem, caro internauta, no aspecto científico o propósito dos alquimistas foi concretizado pela fisica moderna. É possível transmutar os elementos, a partir de aceleradores atômicos.

O problema é a inviabilidade econômica. Os gastos para produzir uma pepita de ouro, do tamanho de uma cabeça de alfinete. A partir do chumbo, equivalem ao preço de muitos quilos do precioso metal.

Já no aspecto existencial, envolvendo a imortalidade, a Pedra Filosofal está à nossa disposição, desde sempre, prontinho, sem outro custo que do bom-senso para nos beneficiarmos.

Refiro-me à reencarnação.

Admitindo que já vivemos antes, estaremos assumindo nosso imortalidade, já que, obviamente, para que o Espírito reencarne, é preciso que sobreviva à morte física.

Podemos demonstrar essa realidade a partir das pesquisas que hoje se desdobram em vários países, particularmente nos Estados Unidos, na Europa e na Índia.

Dentre os cientistas dedicados ao assunto, destaca-se, no Brasil, nosso querido amigo Hernani Guimarães Andrade, à frente do lBPP - Institulo Brasileiro de Pesquisas Psicobiofísicas - que possui em seu acervo dezenas de casos, envolvendo as reminiscências espontâneas de vidas anteriores, atento aos rigores das investigações cientificas, que permite superar fantasias e superstições, evidencia que mergulhamos na carne vezes sem conta, atendendo à dinâmica da evolução espiritual.

É algo perfeitamente lógico para quem "tem olhos de ver", como ensinava Jesus. Se Deus, na Oficina da Natureza, gastou milhões de anos para elaborar a vestimenta que usamos no trânsito pela carne, como demonstra Charles Darwin (1809-1882), por que o Espírito, infinitamente mais complexo, haveria de surgir num átimo, num passe de divina magia?

A idéia da reencarnação é irresistível, permitindo-nos entender os mecanismos da Vida, envolvendo as diferenças sociais, culturais, fisicas, intelectuais, morais e econômicas, que fazem a perplexidade daqueles que admitem a justiça e a bondade de Deus.

Neste trabalho temos reflexões valiosas, vazadas no bom senso, sob os aspectos filosófico, científico e religioso da reencarnação, que fatalmente repercutem em nossa vida, na medida em que nos compenetremos de que somos viajores da eternidade em estágios repetidos de aprendizado no educandário terrestre, até que aprendamos as lições da Vida, habilitando-nos o viver em planos mois altos do Infinito.

É, portanto, a Pedra Filosofal da imortalidade que o nosso Hernani está lhe oferecendo neste trabalho, amigo internauta.

Sinto a maravilhosa certeza de que você viverá para sempre e que, sejam quais forem os percalços que enfrenta no presente, o futuro será sempre promissor. É como o viajante que, confiante, atravessa áridos desertos, sustentado pela certeza de que mais adiante a paisagem se modificará, descortinando promissores oásis, em gloriosa destinação !

Richard Simonetti

publicado por SÉRGIO RIBEIRO às 01:06
Sábado , 27 de Fevereiro DE 2010

DEUS, ESPÍRITO E MATÉRIA

 

 

Para melhor entender-se a expressão Deus, em espírito e matéria, - e melhor entender-se também o problema da experiência de Deus no tempo - julgo necessário tratar dos princípios da cosmogonia espírita, na qual se integra a teoria da gênese e formação do espírito. O contra-senso da afirmação bíblica de que Deus criou o mundo do nada, que tanto trabalho deu aos teólogos, é explicado na revelação espírita pela teoria da Trindade Universal. Deus, o Ser Absoluto, é a fonte de toda a Criação. Existindo essa fonte solitária, é logicamente necessário admitir-se um meio em que ela existia. Esse meio, que seria o espaço vazio, foi considerado o nada. Para tratar do Absoluto num plano relativo, como o nosso, é preciso usar expressões relativas.

A concepção espírita do mundo não admite a existência do nada. O Universo é pleno - é uma plenitude - não havendo nele nenhuma possibilidade de vácuo. Essa teoria espírita da plenitude está hoje sendo confirmada pela pesquisa científica do Cosmos. As regiões siderais que poderíamos julgar vazias mostram-se como campos de forças, carregadas de energias que escapam aos nossos sentidos. Esse pré-universo energético seria o que Buda definiu como o mundo sempre existente, que nunca foi criado.

Pitágoras, em sua filosofia matemática, considerou Deus como o número 1 que desencadeou a década. O UM, número primeiro, existia imóvel e solitário no Inefável (naquilo que para nós seria o nada) e nesse caso o nada seria a imobilidade absoluta. Houve em certo momento cósmico, não se pode saber como nem porquê, um estremecimento do número 1, que assim produziu o 2 e a seguir os demais números até o 10. Completando-se a década, tivemos o Todo, a Criação se fizera por si mesma, o Universo surgira e com ele o tempo. É claro que não dispomos de recursos para investigar as origens primeiras, e essas teorias não passam de tentativas de explicações lógicas, destinadas a nos proporcionar uma base alegórica ou hipotética para uma possível concepção do mistério da Criação.

O Espiritismo sustenta a possibilidade de conhecermos a verdade a respeito, quando houvermos desenvolvido as potencialidades espirituais que nos elevarão acima da condição humana. Enquanto não chegarmos lá, essas hipóteses devem servir para mostrarnos que dispomos de capacidade para ir além dos limites do pensamento dialético, além do conhecimento indutivo baseado no jogo dos contrastes.

Assim sendo, não podemos aceitar a alegoria bíblica da Criação ao pé da letra, como verdade revelada, nem contestá-la orgulhosamente com a arrogância do materialismo. Na posição do crente temos a ingenuidade e na posição do materialista temos a arrogância do homem, esse pedacinho de fermento pensante, como dizia o Lobo do Mar de Jack London. O espiritualismo simplório e o materialismo atrevido são os dois pólos da estupidez humana. O bom-senso, que é a regra de ouro do Espiritismo, nos livra da estupidez e nos oferece a possibilidade de chegarmos à sabedoria sem muito barulho e disputas inúteis. .

Partindo do pressuposto de que o mundo deve ter uma origem e aceitando a idéia de que foi criado por Deus - pois assim o afirmam todos os Espíritos Superiores que se referem ao assunto e que revelam uma sabedoria superior à nossa - o Espiritismo admite que a fonte inicial é uma inteligência cósmica. Mas porque uma inteligência e não apenas um centro de forças casualmente aglutinadas no caos primitivo? Porque o Universo se mostra organizado inteligentemente em todas as suas dimensões, até onde podemos observá-lo. Seria ilógico, absurdo, supormos que essa inteligência da estrutura universal, que se manifesta em minúcias ainda inacessíveis à pesquisa científica, desde as partículas atômicas até aos genes biológicos e seus códigos admiráveis, seja o resultado de um simples acaso. Nenhuma cabeça bem-pensante poderia admitir isso. A teoria espírita - teoria e não hipótese, pois esta já provou a sua validade através de todas as pesquisas possíveis - pode ser resumida neste axioma doutrinário: Não há efeito inteligente sem causa inteligente, e a grandeza do efeito corresponde à grandeza da causa.

Colocando assim o problema, sua equação se torna clara. O Espiritismo a elabora em termos dialéticos: a fonte inicial, Deus, existindo num meio ao inefável, constituído de matéria dispersa no espaço, emite o seu pensamento criador que aglutina e estrutura a matéria. Temos assim a Trindade Universal que as religiões apresentam de maneira antropomórfica. Essa trindade não é formada de pessoas, mas de substâncias regidas por uma possível Inteligência, constituindo-se assim: Deus, Espírito e Matéria.

O espírito que a constitui não é uma entidade definida, mas o pensamento de Deus que se expande no Cosmos em forma de substância. Essa substância espiritual penetra o oceano de matéria rarefeita, dispersa, e aglutina suas partículas, estruturando-as para a formação das coisas e dos seres. Da tese espiritual e da antítese material resulta a síntese do real, do mundo criado por um poder inteligente.

Qual a razão de ser, o objetivo, a finalidade e o sentido dessa Criação? O Espiritismo admite que não podemos conhecer tudo isso em nosso estágio de desenvolvimento, mas podemos, através da nossa inteligência humana, indagar, perquirir, pesquisar e chegar a resultados logicamente possíveis. Os dados científicos da Geologia, por exemplo, nos mostram a Terra como o resultado de um longo processo de formação, no qual é evidente a intenção de atingir um tipo de perfeição em todas as coisas e todos os seres. As formas imprecisas e grotescas das primeiras idades do planeta vão se aprimorando ao longo do tempo, numa sucessão nítida de fases de elaboração caprichosa. Os dados da Antropologia nos revelam o aprimoramento do homem nas civilizações sucessivas, a partir das selvas. Os dados da Psicologia nos desvendam os anseios da alma humana, na busca incessante de transcendência, de superação do seu condicionamento orgânico-material. Os dados da Estética revelam-nos o anseio de beleza, perfeição e equilíbrio que rege o desenvolvimento individual e coletivo, o indivíduo e a espécie.

Gustave Geley, em seu livro "Do Inconsciente ao Consciente", propõe-nos uma visão dialética do mundo em que as coisas se transformam em seres e estes avançam em direção à consciência. É a mesma visão da teoria dialética de Hegel. Oliver Lodge considera o homem atual como um processo em desenvolvimento. O Existencialismo, em suas várias escolas, encara o homem como um projecto, um vetor que se lança na existência em busca da transcendência. Para Sartre, o homem se frustra nessa busca e se nadifica na morte, se reduz a nada. Para Heidegger, o homem se realiza no trajeto existencial e se completa na morte. Para Jaspers, o homem consegue transcender-se em dois sentidos: o horizontal, na relação social, e o vertical, na busca de Deus. Para Léon Denis, todo o processo de transformação se explica por esta frase genial: A alma dorme na pedra, sonha no vegetal, agita-se no animal e acorda no homem. Para Kardec, a transcendência humana nos leva ao plano da angelitude, pois os anjos nada mais são do que espíritos que superaram as condições inferiores da humanidade.

Temos assim o Universo, com a multiplicidade de seus mundos rolantes no espaço sideral, de seus sóis e suas galáxias, como um fluxo permanente de forças em transformação incessante, objetivando a formação dos seres e a elevação destes a condições divinas. Só a hipótese de Sartre admite a inutilidade como finalidade universal.

Os Espíritos Superiores, em suas comunicações, desmentem e rejeitam essa hipótese negativa, sustentando a natureza teleológica do Universo. Consideram a Criação como um gigantesco processo que só pode ser definido como o fiat em sua fase inicial, quando a Mente Suprema emite o seu pensamento para unir essa emanação do seu espírito à matéria dispersa. Depois desse instante criador desencadeia-se o tempo e é nele que o processo criador vai desenvolver-se lentamente através dos milênios. E a superioridade desses Espíritos não é avaliada por medidas ou métodos místicos, mas por verificações racionais. Os Espíritos Superiores não ensinam apenas através de idéias, mas também de fatos.

Provam, através da produção de fenômenos paranormais, que possuem uma ciência muito superior à nossa, um conhecimento do espírito e da matéria que estamos longe de atingir e uma compreensão de Deus que supera de muito as nossas interpretações antropomórficas da Inteligência Criadora. Além disso, as suas previsões se confirmam de maneira rigorosa, demonstrando que possuem recursos de futurologia muito mais avançados e seguros que os nossos. Suas proposições são ainda relacionadas com os nossos conhecimentos, completando-se na medida em que o nosso adiantamento permite que nos falem a respeito sem provocar dúvidas ou confusões em nossa mente.

A relação de Deus com o Universo não é apresentada em termos de mistério, mas de realidade verificável. Na Terra, o homem representa o ponto culminante do processo evolutivo. A criação do homem à imagem e semelhança de Deus explica-se em termos espirituais. Porque o homem é o único ser terreno que possui mente criadora, pensamento produtivo e contínuo, psiquismo refinado e complexo, capacidade de percepção e de intuição que lhe permitem penetrar na essência das coisas, ultrapassando a aparência ilusória. Feito assim, como um reflexo da divindade, o homem se liga a Deus não apenas pelos laços do ato criador, mas também por afinidade psíquica e espiritual. É um herdeiro de Deus e co-herdeiro de Cristo, como escreveu Paulo, que se prepara para entrar na herança do futuro.

A relação de Deus com o homem começa, portanto, muito antes que ele se defina como criatura humana. Desde o momento em que o pensamento de Deus se me à matéria para modelá-la, e nas fases subseqüentes, em que espírito e matéria se fundem nas formas substanciais de que tratou Aristóteles, a relação de Deus com o homem se desenvolve em progressão constante. Quando se estrutura a consciência humana no ser em evolução, a marca de Deus ali está presente, na lei de adoração que é o sentimento inato de sua filiação divina e se manifestará no sentimento religioso, base de todas as experiências religiosas da Humanidade. Temos de dividir o conceito da experiência de Deus, em que tanto se apóiam as religiões formalistas, em dois tipos bem definidos de experiência: a de Deus, que começa no fiat, como elemento ontogenético (elemento constitutivo da própria gênese do homem) e a religiosa, que corresponde às tentativas de uma tomada de consciência de Deus através de formulações religiosas por meio de rituais, instituição de igrejas, sistemática litúrgica e sacramental, organização clerical, ordenações e elaboração dogmática. Confundir a experiência genética de Deus com a experiência formal da vivência religiosa é característica do pensamento superficial, que facilmente se acomoda no jogo aparencial das instituições humanas.

Deus, espírito e matéria formam o triângulo fundamental de toda a realidade. A onipresença de Deus não implica o mistério de uma pessoa sobrenatural que se dispersa nas coisas, mas a participação do pensamento criador de Deus em tudo, desde a formação do átomo até a formação da consciência. Compreendendo que espírito e matéria são os dois elementos estruturais da realidade, compreendemos que Deus esteja presente em todas as partículas do Universo, como o poder criador, onisciente, controlador e mantenedor de todo o equilíbrio universal. Deus penetra o mundo e está nele, como a seiva no vegetal, mas não se reduz a ele, pois permanece inalterável como a fonte de que tudo emanou.

A Ciência atual está chegando rapidamente a essa constatação. Dizia o físico nuclear Arthur Compton, em seu ensaio sobre o lugar do homem no Universo, que descobrimos a energia por trás da matéria, mas já começamos a perceber que por trás da energia existe algo mais, que parece ser pensamento. A unidade, a coerência, a perfeição dessa concepção espírita do mundo e do homem passam despercebidos no tumultuar das teorias absurdas que, como escreveu Charles Richet, atravancam o caminho da nossa Ciência. Mas parece já próximo o momento em que o caminho se tornará livre.

Não há lugar, nessa concepção admirável, para o equívoco da contradição Espiritualismo-Materialismo em que até agora nos debatemos. Espírito e matéria aparecem sempre unidos, interligados e interatuantes, na dialética da Criação. E a negação de Deus, como observou Descartes, é tão absurda como pretendermos tirar o Sol do Sistema Solar.

J. Herculano Pires - Agonia das religiões

publicado por SÉRGIO RIBEIRO às 19:12
Sexta-feira , 26 de Fevereiro DE 2010

NÃO FAÇAIS VOSSAS BOAS OBRAS DIANTE DOS HOMENS

"Guardai-vos, não façais vossas boas obras diante dos homens, com o fim de serdes vistos por eles; de outra sorte, não tereis a recompensa da mão de vosso Pai que está nos céus.

Quando, pois, deres a esmola, não faças tocar a trombeta diante de ti, como praticam os hipócritas nas sinagogas e nas ruas, para serem honrados dos homens; em verdade vos digo que eles já receberam a sua recompensa.

Mas, quando deres a esmola, não saiba a tua mão esquerda o que faz a tua direita, para que tua esmola fique escondida, e teu Pai, que vê o que tu fazes em secreto, te pagará." (Mateus, 6:1-4.)

Como ressalta do texto evangélico que encima estas linhas, há duas maneiras bem distintas de fazer boas obras: uma, ditada pelo orgulho; outra, inspirada pela caridade. Aquela, fortemente impregnada do espírito farisaico, que consiste em aparentar virtudes inexistentes, em exaltar a própria personalidade; esta, calcada na sinceridade e na compaixão pelos sofredores, sem outro objetivo senão fazer o bem pelo amor ao bem.

Aquela, visando a compensações, como à consideração e aos louvores da sociedade; esta, buscando apenas a alegria íntima do cumprimento de um dever.

Os fariseus do passado, quando se dirigiam ao templo ou saíam à rua para distribuir esmolas, faziam-se preceder por arautos, que lhes anunciavam a presença com estridentes toques de trombeta. Utilizavam-se desse meio para se fazerem notados pelo povo e adquirirem fama de santos, quando, na realidade, o que abundava neles era a hipocrisia e não a piedade.

Lamentavelmente, criaturas assaz imperfeitas que ainda somos, também nós gostamos de aparecer em campanhas de larga repercussão, mormente quando haja divulgação de nomes dos "benfeitores", mas, não raro, negamos um minuto de atenção a esses infelizes farrapos humanos que nos batem à porta, furtamo-nos ao mais insignificante favor a quem não no-lo possa retribuir, assim como arranjamos sempre uma desculpa para esquivar-nos a qualquer esforço próprio, quando se nos ofereça ensejo de colaborar, anonimamente, nesta ou naquela tarefa de assistência aos desvalidos.

Ensinando-nos a fazer o bem sem ostentação, silenciosamente, dando com a direita, sem que a esquerda o saiba, Jesus quer desenvolvamos em nós os sentimentos de humildade e de legítima fraternidade cristã, sendo modestos e recatados no benefício que fazemos, a fim de não agravarmos a amargura de nossos irmãos necessitados, porquanto, apesar de sua má condição social, eles também possuem dignidade pessoal, que devemos respeitar.

Assim, pois, socorrê-los publicamente, expondo-os a humilhações, é profanar a caridade, tornando-a apenas uma agência de publicidade a serviço de nosso personalismo egoísta e mercenário.

Enquanto fizermos boas obras apenas para ser­mos vistos pelos homens, sorvendo, qual delicioso néctar, as palavras de elogio que eles nos dirijam, teremos, na própria satisfação efêmera de nossa vaidade, a recompensa de nossos feitos, sem que nada mais nos seja creditado na contabilidade celeste.

Quando, porém, soubermos agir sob os impulsos generosos do coração, por verdadeiro altruísmo; quando formos capazes de servir e passar, sem esperar, sequer, uma palavrinha de gratidão, então, sim, estaremos desenvolvendo nosso Cristo interno e, sintonizados com o Pai Celestial, onde quer que estejamos, viveremos permanentemente na mais perfeita tranquilidade de alma, gozando a gloriosa e inenarrável felicidade de. . . ser bom!

Rodolfo Calligaris

publicado por SÉRGIO RIBEIRO às 02:24
Quarta-feira , 24 de Fevereiro DE 2010

QUE FIZESTE DA VIDA

              
Olhai os pássaros de nosso país durante os meses de inverno, quando o céu está sombrio, quando a terra está coberta com um branco manto de neve, agarrados uns aos outros, na borda de um telhado, eles se aquecem mutuamente, em silêncio. A necessidade os une. Contudo, nos belos dias, com o sol resplandecendo e a provisão abundante, eles piam quanto podem, perseguem-se, batem-se e se machucam. Assim é o homem. Dócil, afetuoso para com seus semelhantes nos dias de tristeza, a posse dos bens materiais muitas vezes o torna esquecido e insensível.
Uma condição modesta faz mais bem ao espírito desejoso de progredir, de adquirir as virtudes necessárias para seu progresso moral. Longe do turbilhão dos prazeres fugazes, ele julgará melhor a vida, dará à matéria o que é necessário para a  conservação de seus órgãos, porém evitará cair em hábitos perniciosos, tornar-se presa das inúmeras necessidades factícias que são o flagelo da humanidade. Ele será sóbrio e laborioso, contentando-se com pouco, apegando-se aos prazeres da inteligência e às alegrias do coração.
Fortificado assim contra os assaltos da matéria, o sábio, sob a pura luz da Razão, verá resplandecer seu destino. Esclarecido quanto ao objetivo da vida e ao porquê das coisas, ficará firme e resignado diante da dor, que ele aproveitará para sua depuração e seu progresso.
Enfrentará a provação com coragem, sabendo que ela é salutar, que ela é o choque que rasga nossas almas e que só por este rasgão se derrama tudo quanto de fel e de amargura há em nós.
E se os homens se riem dele, se ele é vítima da intriga e da injustiça, ele aprenderá a suportar pacientemente seus males, lançando seus olhares para vós; oh! nossos irmãos mais velhos, para Sócrates bebendo a cicuta, para Jesus crucificado e para Joana na fogueira. Haverá consolação no pensamento que os maiores, os mais virtuosos e os mais dignos sofreram e morreram pela humanidade.   
Após uma existência bem preenchida, chegará a hora solene e é com calma, sem desgostos que virá a morte, a morte que os homens cercam com um sinistro aparato, a morte, espantalho dos poderosos e dos sensuais e que, para o pensador austero, é a libertação, a hora da transformação, a porta que se abre para o império luminoso dos espíritos.
Esse pórtico das regiões extraterrestres será penetrado com serenidade se a consciência, separada da sombra da matéria, erguer-se como um juiz, representante de Deus, perguntando: “Que fizeste da vida?” e ele responder: “Lutei, sofri, amei! Ensinei o Bem, a Verdade e a Justiça; dei a meus irmãos o exemplo do correto e da doçura; aliviei as dores dos que sofrem e consolei os que choram. Agora, que o Eterno me julgue, pois estou em suas mãos!”
Homem, meu irmão, tem fé em teu destino, porque ele é grande. Confia nas amplas perspectivas porque ele põe em teu pensamento a energia necessária para enfrentar os ventos e as tempestades do mundo. Caminha, valente lutador, sobe a encosta que conduz a esses cimos que se chamam Virtude, Dever e Sacrifício. Não pares no caminho para colher as florezinhas do campo, para brincar com os calhaus dourados. Para frente, sempre adiante.
Olha nos esplêndidos céus esses astros brilhantes, esses sóis incontáveis que carregam em suas evoluções prodigiosas, brilhantes cortejos de planetas. Quantos séculos acumulados foram precisos para formá-los e quantos séculos serão precisos para dissolvê-los.
Pois bem, chegará um dia em que todos esses sóis serão extintos, ou esses mundos gigantescos desaparecerão para dar lugar a novos globos e a outras famílias de astros emergindo das profundezas. Nada o que vês hoje existirá. O vento dos espaços terá varrido para sempre a poeira desses mundos, porém tu viverás sempre, prosseguindo tua marcha eterna no seio de uma criação renovada incessantemente. Que serão então, para tua alma depurada e engrandecida, as sombras e os cuidados do presente? Acidentes fugazes de nossa caminhada que só deixarão, no fundo de nossa memória, lembranças tristes e doces.   
Diante dos horizontes infinitos da imortalidade, os males do passado e as provas sofridas serão qual uma nuvem fugidia no meio de um céu sereno.
Considera, portanto, no seu justo valor, as coisas da Terra. Não as desdenhes porque, sem dúvida, elas são necessárias ao teu progresso, e tua obra é contribuir para o seu aperfeiçoamento, melhorando a ti mesmo, mas que tua alma não se agarre exclusivamente a eles e que busque, antes de tudo, os ensinamentos nelas contidos.
Graças a eles compreenderás que o objetivo da vida não é o gozo, nem a felicidade, porém o desenvolvimento por meio do trabalho, do estudo e do cumprimento do dever, dessa alma, dessa personalidade que encontrarás além do túmulo, tal como a tenhas feito, tu mesmo, no curso dessa existência terrestre.
(Léon Denis - Obra: O Progresso).
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publicado por SÉRGIO RIBEIRO às 23:13

SÃO CHEGADOS OS TEMPOS?

 

 
São chegados os tempos? Para os que em nada crêem, essas palavras não têm qualquer legitimidade e não lhes toca a consciência. Para a maioria dos crentes, elas apresentam qualquer coisa de místico e de sobrenatural, prenunciadoras da subversão das leis da Natureza. Para Kardec, as duas posições são errôneas: " a primeira, porque envolve uma negação da Providência; a segunda, porque tais palavras não anunciam a perturbação das leis da Natureza, mas o cumprimento dessas leis."(1)
Inteligentemente consignado no Jornal O Imortal por Astolfo Olegário " O futuro a Deus pertence e nem mesmo Jesus se atreveu a precisá-lo. (...) "O advento do mundo de regeneração não se dá nem se completa em pouco tempo. Que a transição de planeta de provas e expiações para regeneração já começou, não padece dúvida. Na Revista Espírita há inúmeras informações que o atestam. O equívoco é datar, é precisar, é fixar uma época em que tal processo estará concluído." (2)

A rigor, todas as leis da Natureza são obras eternas do Criador, não de uma vontade acidental e caprichosa, mas de uma vontade imutável. "Quando a Humanidade está madura para subir um degrau, pode dizer-se que são chegados os tempos marcados por Deus."(3) A Terceira Revelação não inventa a renovação social; "a madureza da Humanidade é que fará dessa renovação uma necessidade. Pelo seu poder moralizador, por suas tendências progressistas, pela amplitude de suas vistas, pela generalidade das questões que abrange, o Espiritismo é mais apto do que qualquer outra doutrina, a secundar o movimento de regeneração; por isso, é ele contemporâneo desse movimento."(4)
A evolução dos mundos habitados ocorre no mesmo ritmo da dos seres que habitam em cada um deles. Os mundos habitados, segundo o Espiritismo, podem ser classificados como: Mundos primitivos, destinados às primeiras encarnações do Espírito; Mundos de expiação e provas, onde domina o mal entre os Espíritos; Mundos de regeneração, nos quais os Espíritos ainda têm o que expiar; Mundos ditosos, onde o bem sobrepuja o mal e os Mundos celestes ou divinos, onde exclusivamente reina o bem.
Na condição de expiação e provas, a Terra viveu "Época de lutas amargas, desde os primeiros anos deste século,(*) a guerra se aninhou com caráter permanente em quase todas as regiões do planeta. A Liga das Nações, o Tratado de Versalhes, bem como todos os pactos de segurança da paz, não têm sido senão fenômenos da própria guerra, que somente terminarão com o apogeu dessas lutas fratricidas, no processo de seleção final das expressões espirituais da vida terrestre."(5) . O Século XX, recentemente findo, foi, sem dúvida, o século mais sangrento de todos. Após a Segunda Guerra Mundial, já tivemos 160 conflitos bélicos e 40 milhões de mortos. Se contabilizarmos desde 1914, estes números sobem para 401 guerras e 187 milhões de mortos, aproximadamente.

Apesar de terroristas agirem em toda parte, tropas se confrontarem em muitas regiões, a economia se descontrolar, sistemas e valores entrarem em colapso, instituições tradicionais como a Igreja e a Família serem violentamente abaladas, teóricos pregarem o fim da História, não faltam as vozes otimistas que apregoam um porvir renovado sob a luz de uma nova era.
Não há como se desconhecer a violência que assola a Humanidade terrestre. Ela está presente no trânsito, destruindo vidas e mutilando corpos; na prostituição infanto-juvenil, sob o assédio dos malfeitores; na polícia, subvertendo suas obrigações patrióticas de proteger e auxiliar o povo, por interesses pessoais e mesquinhos; nas drogas, levando os jovens à dependência dessas substâncias alucinógenas; nas religiões, onde fanáticos insanos lutam e se aniquilam, disputando qual o "deus" mais forte e mais poderoso; no lar, pela intolerância dos pais para com os filhos e vice-versa, dispensando o diálogo fraterno, que, se houvesse, faria de suas vidas uma tranqüila experiência de coabitar com amor.
Percebemos que há um grande número de pessoas aderindo às sugestões do mal, por simples ignorância. Estas, serão renovadas no desdobramento de suas experiências, particularmente com a magna dor, em reencarnações regeneradoras. O problema maior está com aqueles em que o mal predomina nas entranhas de seus corações, o que constitui uma minoria. Estes, pela lei da seleção natural dos valores morais, serão expurgados do nosso convívio, assim que houver chegado a hora.
Temos a impressão de que os atos violentos, praticados por mentes insanas, banalizam-se no curso do tempo, mas, apesar de essa violência sufocar, confundir, assustar e cercear o homem na sua liberdade de ir e vir, nunca se assistiu, em todos os tempos, tantas pessoas boas e pacíficas, mobilizarem-se em prol de programas assistenciais aos irmãos menos afortunados, trabalhando voluntariamente por um mundo melhor e mais justo e com total desprendimento e espírito cristão.
É claro que não podemos desconsiderar os perigos reais que nos cercam: desastres nucleares; o buraco na camada de ozônio; o desmatamento desordenado de nossas florestas; a poluição das nossas límpidas águas, etc., mas se olharmos o momento em que vivemos sob a ótica da revelação espírita, teremos motivos suficientes para crer que o desespero e desesperança, conseqüentes do pessimismo que prevalece atualmente entre os homens, precisam ser substituídos pela ação eficaz.
A Terra está entrando em uma fase de transição para Mundo de regeneração, obedecendo às leis naturais de evolução. Mensagens da espiritualidade que nos vêm sendo transmitidas no movimento espírita, desde o final do Século XX, têm confirmado tal fato, e o homem não há como vetar os Decretos de Deus.
Percebe-se que, atualmente, tudo está se transformando muito rapidamente, trazendo mais conforto e melhor qualidade de vida ao habitante da Terra. A dor física está, relativamente, sob controle; a longevidade ampliada; a automação da vida material está cada vez maior, em face da tecnologia fascinante, especialmente na área da comunicação e informática. Quando poderíamos imaginar, por exemplo, há 50 anos, o potencial da Internet?
Já no Século XIX, Kardec asseverava que: "A Humanidade tem realizado, até o presente, incontestáveis progressos. Os homens, com a sua inteligência, chegaram a resultados que jamais haviam alcançado, sob o ponto de vista das ciências, das artes e do bem-estar material."(6)
Neste Século XXI, o Planeta passa por um processo acelerado de transformação. É com muito otimismo que percebemos, no tecido social contemporâneo, a gestação de vários investimentos, envolvendo cientistas, filósofos, religiosos e educadores que se inclinam para a formulação de um mundo renovado. Busca-se um novo conceito do homem e um novo ideal de sociedade, alicerçados em paradigmas revolucionários da Nova Física.
Se atentarmos apenas para a Informática e para a Medicina, enquanto fatores de progresso humanos a benefício de toda a Humanidade, perceberemos que Deus autorizou aos Espíritos Protetores fazerem aportar, na Terra, os admiráveis avanços científicos que alcançamos.
"O Espiritismo, na sua missão de Consolador, é o amparo do mundo neste século de declives da sua História; só ele pode, na sua feição de Cristianismo redivivo, salvar as religiões que se apagam entre os choques da força e da ambição, do egoísmo e do domínio, apontando ao homem os seus verdadeiros caminhos. No seu manancial de esclarecimentos, poder-se-á beber a linfa cristalina das verdades consoladoras do Céu, preparando-se as almas para a nova era."(7)
A transição de uma categoria de mundo, para outra, não se processa sem abalos, pois toda mudança gera conflitos. Há um momento em que o antigo e o novo se confrontam, estabelecendo a desordem e uma aparência de caos. " (...) a vulgarização universal do Espiritismo dará em resultado, necessariamente, uma elevação sensível do nível moral da atualidade."(8)
Fugindo-se da paranóia de datação do advento do Mundo de Regeneração, se quisermos atuar verdadeiramente, auxiliando o advento de um mundo melhor, tratemos de trabalhar incansavelmente pela divulgação das idéias espíritas, corrigindo as distorções (facilmente observadas) no rumo do movimento que abraçamos, a fim de que os condicionamentos adquiridos em outros arraiais religiosos não venham a contaminar nossa ação, pela também intromissão de atitudes dogmáticas e intolerantes.
"Não é possível esperar a chegada do mundo de regeneração de braços cruzados. Até porque, sem os devidos méritos evolutivos, boa parte de nós deverá retornar a esse mundo pelas portas da reencarnação. Se ainda quisermos encontrar aqui estoques razoáveis de água doce, ar puro, terra fértil, menos lixo e um clima estável - se os flagelos previstos pela queima crescente de petróleo, gás e carvão que agravam o efeito estufa - deveremos agir agora, sem perda de tempo."(9)
Para habitarmos um mundo regenerado, mister se faz que o mereçamos. Para tanto, urge que pratiquemos a caridade, não restrita apenas à esmola, mas que abranja todas as relações com os nossos semelhantes. Assim, perceberemos que a caridade é um ato de relação (doação total) para com os nossos semelhantes. Desta forma, estaremos atendendo ao chamamento do Cristo, quando disse: " Amarás o senhor teu Deus de todo o coração, de toda a tua alma e de todo o teu espírito; este é o maior e o primeiro mandamento. E aqui tendes o segundo, semelhante a esse: Amarás ao teu próximo como a ti mesmo. - Toda a lei e os profetas se acham contidos nesses dois mandamentos."(10)

(*) Emmanuel faz referência ao Século XX

FONTES
(1) Kardec, Allan. A Gênese, RJ: Ed FEB, 2004, Sinais dos Tempos - 4ª pte.(itens 21 a 26) (Estudo 131 e 132)
(2) Cf. Jornal o Imortal publicado em outubro de 2006
(3) ______ Allan. A Gênese, RJ: Ed FEB, 2004, Sinais dos Tempos - 4ª pte.(itens 21 a 26) (Estudo 131 e 132)
(4) Idem
(5) Xavier, Francisco Cândido. A Caminho da Luz, RJ: Ed FEB 1987
(6) Kardec, Allan. A Gênese, RJ: Ed FEB, 2004, cap XVII, item 5
(7) Xavier, Francisco Cândido. A Caminho da Luz, RJ: Ed FEB 1987
(8) Kardec, Allan. Obras Póstumas, 26ª Ed RJ, FEB 1978. As Aristocracias
(9) Matéria publicada no Boletim SEI - Serviço Espírita de Informações 30/04/05
(10) Cf. Mateus, 22, 34-40
publicado por SÉRGIO RIBEIRO às 15:41
Terça-feira , 23 de Fevereiro DE 2010

DIANTE DA MORTE

Numa pequena e pacata cidade do interior, vivia Maria Antônia com seu marido José Eduardo, recém casados, na maior felicidade do mundo. Até parecia que só existia o casal.

Moravam em uma casa modesta, mas confortável, adquirida com as economias que o previdente casal amoedara antes do casamento. Tinha uma vista panorâmica da cidade. Era toda arejada, pois lá ventava muito. Não tinha ninguém que não gostasse da casa e da sua localização.

Passados alguns anos começaram a pensar na possibilidade de terem seu primeiro bebê. E diante da estabilidade financeira que tinham, resolveram então tomar “as providências necessárias” para que o primeiro herdeiro do casal chegasse.

A gravidez de Maria Antônia correu sem maiores problemas. Como ia sempre ao médico ficava tranqüila quanto à saúde do bebê. Lembrava-se ainda do primeiro ultra-som realizado, e sentiu-se imensamente feliz por estar participando da formação de uma nova vida. Aquele minúsculo pontinho ali viria a ser um dia um homem, pois sua intuição já lhe falava que a criança seria do sexo masculino.

No dia marcado para o parto, foi acompanhada de José Eduardo, para o único Hospital da cidade, onde seu médico se encontrava de plantão. Nasceu a criança forte e muito bonita. Não havia quem não se encantasse com ela.

Voltaram para casa, onde já estava tudo preparado para receber o novo hóspede; berço, fraldas, cobertores, comprados com muito carinho. Enfim tudo necessário para a criança havia.

No primeiro aniversário foi realizada uma festinha para José Maria, seu nome de batismo, onde foram convidadas quase todas as crianças da pequena cidade.

A mãe acompanhava na mais completa felicidade o crescimento e o desenvolvimento do garoto. Sua ida para o jardim da infância, ainda guardava na memória. A felicidade estampada no rostinho de José Maria, quando ao entrar na escolinha deparou com muitas crianças de sua idade.

Mas certo dia José Maria passou muito mal e foi levado às pressas para o Hospital. O médico ainda não tinha nem diagnosticado a causa da doença repentina do garoto, quando ele partiu para o outro lado da vida.

Foi como se o mundo desabasse sobre a cabeça de Maria Antônia. Completamente desesperada e em prantos gritava a pleno pulmões: Por que meu Deus? Não é justo, levar assim meu filho ainda na flor da idade. Revoltada, a amorosa mãe, não conseguia entender o porquê da morte precoce de seu amado filho. Nunca mais foi a mesma pessoa. Desiludida, não mais freqüentou a Igreja que fazia parte.

Situação como essa é muito comum vermos em nosso dia-a-dia, pois infelizmente as religiões tradicionais não nos preparam para a morte, umas até dizem que ela é um castigo de Deus. Se aceitarmos que somos, em verdade, espírito eterno, a morte deveria ser para nós um fenômeno natural. Até mesmo porque faz parte das leis da natureza, pois tudo à nossa volta nasce, cresce e morre. Nem o nosso planeta escapará desta lei.

Na atitude de Maria Antônia merece destaque o fato dela não achar justo Deus ter levado o seu filho. Com o que normalmente a maioria de nós concorda. Mas perguntaríamos: o que ela achava quando Deus levava os filhos das outras mães? Diremos que aceitava como justo, pois é desta forma que muitos de nós pensamos. Entretanto este fato demonstra ser apenas um forte egoísmo de nossa parte, pois só quando isso acontece com os outros é que nós achamos normal.

Devemos, pois, repensar a nossa maneira de encarar a morte. Ela não é o fim de tudo, mas apenas o começo (ou recomeço) de uma nova vida. Assim como uma lagarta que deixa seu pesado corpo para voar às alturas, agora como uma borboleta, nós também deixaremos o nosso corpo físico para recebermos de Deus o nosso corpo espiritual, retornando à nossa condição de espírito eterno. Certamente um dia todos nós encontraremos os nossos familiares que partiram na nossa frente para a pátria espiritual. Se uma semente não morrer nunca se transformará numa frondosa árvore. Assim a morte nada mais é que uma transformação. Pense nisso.

 

publicado por SÉRGIO RIBEIRO às 03:08
Segunda-feira , 22 de Fevereiro DE 2010

DOUTRINA CONSOLADORA

 

É com muito acerto que ao Espiritismo chamamos "O Consolador". Há, mesmo sob esse título, um livro ditado por Emmanuel ao médium Francisco Cândido Xavier.

Efetivamente, e a concepção filosófica e religiosa mais consoladora de quantas se apresentam com foros de legítima revelação. Consoladora, lógica, inteligível. Tudo explica sem circunlóquios e sem hermetismo, à compreensão dos mais humildes e dos menos cultos. Sem interpretação forçada de textos sagrados. Sem dogmas impostos como ultimato, mas sim com base em fatos irrefutáveis e sob os influxos de sadia dialética e do veredicto da Ciência.

O Espírito não é mais uma abstração. As comunicações com o outro mundo, de tão constantes e evidenciadas, já ninguém se atreve a negá-las ou atribuí-las a prestidigitações ou artes diabólicas. Os mensageiros do Alto dissipam dúvidas seculares, nos apontam o roteiro seguro. Sobretudo fazem-nos cônscios de nossos deveres e de nossa destinação.

Insuflam-nos alento e esperança. Conduzem-nos a fé raciocinada, não mera crendice, mas convicção plena, a um passo da certeza absoluta.

Segundo a Doutrina Espírita, o Criador, suprema perfeição, age por suas leis, por si mesmas justas e misericordiosas, sem exercer vinganças, sem distribuir privilégios, sem condenar seus filhos a suplícios eternos. O seu a seu dono. O devedor a resgatar sua dívida. Ao bom e diligente obreiro, o justo salário. Nunca ninguém a arcar com alheias responsabilidades - o que é inconcebível até pela nossa precaríssima justiça humana.

A lei da Reencarnação é a autêntica lei de Ação e Reação. Como é notório, a toda causa sobrevém, facilmente, um efeito. Acaso é palavra vã.

Por que tanta dessemelhança de dotes intelectuais, de situações sociais e financeiras, de modalidades de provações? Porque cada caso é um caso. Efeitos diferentes de causas diferentes.

Embora filhos dos mesmos pais, podem coexistir num mesmo lar dois irmãos completamente desiguais: um, sadio, forte, inteligente, para quem a vida sorri, o futuro é todo promessas; o outro, coitado! franzino, enfermiço, débil mental, fisicamente deformado um monstrengo, fadado a curtir, indefeso, o fel duma "sina" madrasta. Negação da tão decantada lei da hereditariedade. Pois não provieram do mesmo tronco, da mesma natureza de cromossomos, de iguais condições genéticas?

E por que Deus, que é Amor, Bondade e Justiça, permitiu tamanha disparidade na vida desses dois seres humanos? É que - ensina o Espiritismo - um deles reencarnou para prosseguimento de sua evolução e colhe os frutos duma existência anterior relativamente virtuosa e de labor construtivo. O outro, pelo contrário, em vida pregressa, desbaratou os talentos divinos, praticando toda sorte de indignidade. Purga, hoje, os desmandos de ontem.

Se o Espírito fosse criado no instante do nascimento do corpo e se a existência humana se limitasse a uma única e meteórica passagem pela Terra, onde a Misericórdia Divina que condenaria, assim, um ser recém-criado e, por conseguinte, isento de culpa, aos mais ingentes sofrimentos?

Infortúnio sem motivação? Predestinação para o gozo ou para a martirização?

Então, Deus seria parcial, agiria por capricho, não seria a suma perfeição. Mas ao sofredor resta o sublime consolo: o sofrimento é transitório. A vida e eterna, a evolução, fatal e infinita. Poderá ser lenta a depuração, mas carece ser feita integralmente. O culpado reencarnará tantas vezes quantas necessárias ao ressarcimento de suas culpas. Saldo o débito, irá galgando, progressivamente, mundos superiores, nos quais fruirá paz e felicidade crescentes. Sempre por mérito próprio, independentemente de "graças" ou protecionismo.

Consoladora doutrina, o Espiritismo. O Consolador prometido por Jesus.

publicado por SÉRGIO RIBEIRO às 01:24
Domingo , 21 de Fevereiro DE 2010

REENCARNAÇÃO PROVA DA JUSTIÇA DE DEUS

O ser humano tem a curiosidade como uma de suas características básicas. Através dela é que se faz o progresso, já que o interesse pelo desconhecido leva o homem a pesquisar.

Dentro dessa linha de raciocínio, vários são os porquês que ainda nos incomodam no dia-a-dia, principalmente os relativos à vida. Muitos dos que crêem em Deus não conseguem entender o motivo de tantas desarmonias na sociedade. Por que haveria pessoas que sofrem, que parecem ser perseguidas pelo azar, enquanto para outras a vida se mostra mais fácil? Por que existem crianças que nascem doentes, enquanto outras vêm ao mundo sadias? Por que muitas vezes o indivíduo mal-intencionado tem mais oportunidades na vida do que aquele que parece ser honesto?

Algumas respostas surgem aqui e acolá: "Tudo é obra do destino de cada um"; "Saúde e doença são explicadas pela genética"; "É a vontade de Deus, por isso fulano sofre". São opiniões válidas, porém, para aquele que crê na justiça e bondade de Deus, elas são incompletas.

Se acreditarmos na existência de um Deus, justo e superior a tudo e a todos, temos que entender porque acontecem essas diferenças, sem que Ele esteja cometendo injustiças. Somente afirmar que Deus é Pai e sabe o que faz, não satisfaz o raciocínio do século XX. Deus não cria mistérios para seus filhos. Pelo contrário, deu a eles a inteligência para discernir o certo do errado, tirando as próprias conclusões.

Se acreditarmos no "destino", este não poderia ser obra do acaso. Alguém estaria pré-estabelecendo a vida. Fazendo uns bons e outros maus, Deus estaria sendo autoritário, coisa inconcebível ao Criador do Universo.

Quanto ao fator genético, sabemos cientificamente que ele influi na organização funcional e anatômica do homem. Mas, não deixa de ser uma Lei da Natureza e, como tal, também criada por Deus. O homem não cria nada. Só descobre as maravilhas do mundo que o cerca.

Analisando essas colocações, concluímos que Deus está por detrás de tudo o que acontece na vida. Ele rege a atuação da justiça através de uma Lei superior, chamada Lei de Causa e Efeito ou Ação e Reação. Ela é colocada em prática através das reencarnações. Na visão espírita, a reencarnação é a oportunidade que Deus concede aos seus filhos para que possam reparar seus erros, próprios da imperfeição humana. Há religiões sérias que acreditam que depois da morte a pessoa boa irá para o Céu, e a má para o Inferno, sofrendo penas ou gozos eternos. Há outras, também respeitáveis, que crêem que após a morte, a alma permanecerá no túmulo, esperando o chamado Juízo Final, quando então será julgada pelos bons ou maus atos praticados.

Mas, num mundo como a Terra, onde o bem e o mal se confundem, devido à miserabilidade cultural, como afirmar que uma pessoa é totalmente má? Ou então, quem de nós ousaria, defronte ao espelho, dizer: não tenho pecados, nunca os cometi? Jesus Cristo, nos Evangelhos, questionou-nos sobre isso na passagem da mulher adúltera; e, segundo a história, ninguém teve a coragem de se dizer sem erros. Portanto, é impossível que com uma média de 70 anos de vida, consigamos atingir um estado tal de nos dizermos dignos do Céu.

Com relação aos condenados ao Inferno, façamos uma comparação: se você é pai e seu filho cometer um erro, você lhe chamará a atenção. Se ele persistir no erro, poderá puni-lo. Não com o intuito de que ele sofra por sofrer, mas para que, através da punição, aprenda o modo correto de viver. Como pai, você nunca o condenaria para sempre, por ele ter cometido uma falha própria de sua inexperiência. Por que, então, Deus daria só uma chance de iluminação aos seus filhos?

Lembremos Jesus: Se vós, pois, sendo maus, sabei dar boas coisas aos vossos filhos, quanto mais vosso Pai, que está nos céus, dará bens aos que lhos pedirem? (Mateus cap.7: vers.11).

Através da reencarnação o Espírito vive muitas vidas, passando por provas e pagamentos de erros cometidos no passado. Na Sua justiça, Deus não nos condena a sofrermos eternamente por causa dos erros. Dá-nos a oportunidade de repará-los por nós mesmos. Assim, entenderemos, com conhecimento de causa, que a prática do bem nos traz felicidade; enquanto a do mal, com certeza nos levará, cedo ou tarde, ao sofrimento. Deus nos dá a liberdade de agir como quisermos.

O destino estará sendo traçado por tudo o que se fizer. Viveremos bem ou mal, sadios ou doentes, felizes ou tristes, de acordo com nossas atitudes. A plantação é livre; porém, a colheita obrigatória. Tudo em perfeita harmonia com a Justiça Divina.

Por que não nos lembramos de outras vidas? Dizem os Espíritos que a lembrança do passado, durante nossa existência atual, poderia exaltar nosso orgulho, trazer-nos humilhações ou mesmo cercear nossas atitudes. Deus apenas nos dá ligeiras recordações das vidas anteriores, como: inclinações para tal atividade, gostos apropriados, aptidões inatas e mesmo alguns lampejos de memória do pretérito. Às vezes, ao encontrarmos alguém pela primeira vez, temos a impressão de conhecê-lo há muito tempo, gerando uma simpatia ou antipatia instantânea.

A Doutrina Espírita afirma que o Espírito nunca regride moral e intelectualmente. Ou estaciona ou evolui. Portanto, basta vermos nossas atitudes atuais para termos idéia do que fomos e tomarmos consciência do que precisamos ser. Ao desencarnarmos (a morte do corpo material) e chegarmos no mundo espiritual - chamado por Jesus de verdadeira vida -, nosso Espírito irá rever algumas de suas vidas passadas e compreenderá o porquê das dificuldades da última existência. Absorverá toda a experiência para chegar ao progresso almejado. Reencarnação, portanto, é sinônimo de justiça e bondade de Deus.

Façamos nossa parte, procurando sermos melhores hoje do que fomos no dia de ontem. Com certeza, a vida nos sorrirá com mais freqüência, abrindo-nos novos horizontes, sem as dores e frustrações atuais.

publicado por SÉRGIO RIBEIRO às 00:22
Sábado , 20 de Fevereiro DE 2010

QUEM ENTRARÁ NO REINO DOS CÉU???

A teologia dogmática, baseando-se em interpretações equivocadas ou, algumas vezes, na opinião dos próprios autores bíblicos, sustenta que Jesus morreu na cruz para nos salvar. Entretanto, a verdade é bem diferente, pois foram os chefes dos sacerdotes e os doutores da Lei, que o levaram a essa morte ignominiosa. Talvez eles mesmos, para se safarem de serem incriminados, espalharam que Jesus teria morrido para nos salvar.

Esses líderes religiosos fizeram de tudo para indispô-lo contra as autoridades constituídas. Estavam sempre à procura de alguma situação para que pudessem realizar esse desejo. Jesus mesmo lhes conhecendo as intenções, não os apontava como os que o levariam à morte, quando nos colóquios íntimos com seus discípulos.

A oportunidade enfim chegou, quando Judas, talvez, segundo dizem algumas pessoas, pensando que Jesus fosse o Messias que libertaria os hebreus do jugo dos romanos, combina com essas aves de rapina a entrega do seu Mestre, achando que, com isso, se desencadearia uma revolução, liderada por Jesus com o apoio do povo o que resultaria no fim dessa situação de submissão.

Além de subornarem Judas, ainda procuram encontrar um falso testemunho contra Jesus para o condenarem à morte. E na opção entre Barrabás e Jesus, incentivaram o povo a pedir pela liberdade do criminoso e pela crucificação do inocente, conforme nos contam os evangelistas.

Não bastasse tudo isso, ainda juntaram-se ao povo que zombava do Mestre, quando se encontrava em plena agonia pregado à cruz.

E por fim, subornam os guardas que se encontravam junto ao túmulo, para dizerem que os discípulos haviam roubado o corpo de Jesus, já que não admitiam que ele houvesse ressuscitado.

Mas o que mais choca é que, de certa forma, vemos isso nos dias de hoje, quando a liderança religiosa de nossos dias (seria ela a de outrora reencarnada?), usa de todos os expedientes para combater o Espiritismo. Não poderemos deixar de salientar que essa liderança, numa interpretação de conveniência, deturpou os ensinamentos de Jesus, para manter sob seu domínio os fiéis temerosos, que ficam sob constantes ameaças de caírem nas garras de satanás, que os levariam para o inferno, onde no “lago de fogo” ficariam pelo resto da eternidade.

Ensinamentos que não se coadunam com um Pai misericordioso, o que nos apresentou Jesus, Aquele que “quer que todos sejam salvos” (1Tm 2,4). E mais convictos ficamos de que todos nós seremos salvos, pela seguinte passagem: “... Os chefes dos sacerdotes e os anciãos do povo... Jesus lhes disse: ‘Pois eu garanto a vocês: os cobradores de impostos e as prostitutas vão entrar antes de vocês no Reino do Céu’”. (Mt 21,31).

Observar bem essa frase de Jesus. Ele sabia, desde o princípio, que os sacertodes-chefes e os anciãos do povo o levariam à morte, que para isso lançariam mão de subterfúgios, e mesmo assim Jesus afirma que essa “raça de víboras” entraria no Reino do Céu. Entretanto, antes deles chegariam os cobradores de impostos e as prostitutas, considerados como gente de má vida, que, por sua vez, também lá chegariam. Isso acontece porque todos somos filhos de Deus: “o Pai que está no céu não quer que nenhum desses pequeninos se perca”. (Mt 18,14). E, para reforçar, completamos com: “o bom pastor dá a vida por suas ovelhas” (Jo 10,11), que “deixa as noventa e nove ovelhas para procurar aquela que se perdeu” (Mt 18,12), que afirmou “tenho outras ovelhas que não são desse aprisco” (Jo 10,16) e, que ao final arremata “haverá um só rebanho e um só pastor” (Jo 10,16).

Assim, de onde essa liderança religiosa tira ensinamentos que entram em conflito com esses.

As interpretações são algumas vezes equivocadas devido a ignorância, outras, por mais se apegarem à letra e por fim, pelo mau-caráter de alguns, já que, para esses, se for preciso “subornam” a verdade para conseguirem seus objetivos.

A evidência de que todos chegarão ao reino do céu, é cristalina, apesar de que dizem ser somente os fiéis que os seguem: “São cegos guiando cegos. Ora, se um cego guia outro cego, os dois cairão num buraco”. (Mt 15,14).

publicado por SÉRGIO RIBEIRO às 00:11
Quinta-feira , 18 de Fevereiro DE 2010

A VERDADEIRA PUREZA

 

Mateus, 15:1-11
Marcos, 7:1-23
Qual a finalidade da existência?
De onde viemos?
Que fazemos na Terra?
Para onde vamos?
Estas dúvidas inspiram, desde sempre, especulações teológicas e filosóficas.
O mérito da Doutrina Espírita, neste particular, é o contato com a espiritualidade, oferecendo-nos uma visão objetiva dos destinos humanos, sem fantasias.
Aprendemos que a principal finalidade da jornada terrestre é nossa evolução, com a conquista de valores de cultura e virtude, a caminho de uma comunhão autêntica com Deus, a meta suprema de nossas almas. Dores, atribulações, dificuldades, problemas que aqui enfrentamos, fazem parte do aprendizado.
Quando desbastarmos as imperfeições mais grosseiras poderemos dispensar essas “lixas grossas”.
Iremos habitar planos mais altos do Infinito.
...
A religião representa um atalho nessa jornada, na medida em que nos conscientiza da presença de Deus, estimulando-nos à virtude e ao Bem.
Há um problema:
Tendemos a corromper a atividade religiosa com o formalismo, as práticas exteriores, os ritos e as rezas...
Mais fácil aparentar virtude; menos convidativo exercitá-la.
Isso era comum ao tempo de Jesus, principalmente entre os fariseus.
Julgavam que comparecer à sinagoga, efetuar sacrifícios de animais e aves, oferecer o dízimo, cumprir as disciplinas do culto, respeitar o sábado, jejuar
e observar outras práticas formais, era suficiente para ter a consciência tranquila e merecer as graças de Jeová.
Se problemas surgiam no seio da comunidade, em virtude de comportamento pecaminoso ou inobservância dos textos sagrados, realizava-se um culto especial, onde, por força de sortilégios, os pecados dos fiéis eram transferidos para um bode que seria imolado.
Morria a besta, sacrificada pela bestialidade humana.
Daí a expressão bode expiatório, quando se pretende arranjar um inocente para pagar por alheias culpas.
...
Havia o ritual de lavar as mãos antes das refeições.
Dirá o leitor que se trata de algo salutar. As mãos são repositórios de bactérias...
Mas não era essa a intenção, mesmo porque não havia mínima noção sobre a existência dos microorganismos.
Tratava-se de mera prática ritualística.
Por isso mesmo, nas regiões onde havia escassez de água, fazia-se a ablução areenta. Usava-se areia para substituir o precioso líquido. No aspecto higiene, seria preferível não fazer nada.
Ritual enjoado. Devia-se banhar as mãos duas vezes, até os pulsos. Na primeira eram retiradas as impurezas. Na segunda, as gotículas residuais contaminadas.
Depois, ficavam erguidas, até secarem.
Mera tradição dos antigos, tornara-se prática formal que se devia observar com rigor.
A maior divergência de Jesus com o judaísmo dominante era essa intransigência.
O Mestre reiterava que os aspectos exteriores da religião são secundários.
Importa o empenho de renovação, o esforço por cumprir a vontade de Deus, amando e servindo o semelhante.
...
Escribas e fariseus, sempre preocupados com os aspectos formais do judaísmo, constataram “falta gravíssima” no comportamento dos discípulos de Jesus:
Não se submetiam ao ritual de purificação das mãos.
Talvez até as lavassem, mas superficialmente, sem cumprir os preceitos.
Tantos assuntos importantes, tantas lições a aprender com o mensageiro divino, e eis um bando de fanáticos preocupados com formalidades, envolvidos em ridículas querelas!
E questionaram:
– Por que transgridem teus discípulos a tradição dos mais velhos? Pois não lavam as mãos quando comem.
Respondeu Jesus:
– E por que vós transgredis o mandamento de Deus, por causa da vossa tradição? Moisés ensinou:
“Honra a teu pai e a tua mãe e quem amaldiçoar o pai ou a mãe seja punido com a morte.”
Vós, porém, proclamais:
“Quem disser ao pai ou à sua mãe: – é oferta ao Senhor o que poderias aproveitar de mim –, esse não precisa honrar nem a seu pai nem a sua mãe.”
Assim, invalidastes, pela vossa tradição, o mandamento de Deus.
Hipócritas! Bem profetizou de vós Isaías, quando disse:
“Este povo honra-me com os lábios, enquanto o seu coração está bem longe de mim. Em vão me prestam culto, ensinando doutrinas que são preceitos humanos.”
Honrar pai e mãe implicava não apenas respeitá-los, mas, também, dar-lhes amparo e assistência na velhice.
No entanto, para livrarem-se desses encargos, certamente vários daqueles questionadores situavam seus bens como corbã, isto é, constituíam ofertas ao templo. Poderiam ser utilizados para o que desejassem, menos para dá-los aos genitores.
Assim, sentiam-se desobrigados de ampará-los na velhice, não obstante o preceito divino.
Mais interessante e econômico cumprir o corbã.
Com invejável conhecimento das escrituras, Jesus expunha as mazelas dos escribas e fariseus.
Como sempre, buscaram lã e saíram tosquiados.
...
Voltando-se para a multidão, Jesus enunciou um de seus ensinamentos mais importantes:
– Ouvi-me todos e entendei: Não é o que entra pela boca que contamina o homem, mas o que sai da boca, é isso que o contamina.
Mais tarde, conversando com os discípulos, explicou:
– Tudo o que entra no homem não pode contaminá-lo, porque não entra no coração, mas no ventre, e é lançado em lugar escuso. O que sai do homem, isso é o que o contamina, pois do interior, do coração dos homens, é que procedem os maus pensamentos, as prostituições, os furtos, os homicídios, os adultérios, a cobiça, a malícia, a mentira, a intemperança, a inveja, a calúnia, o orgulho e a loucura; todas essas más coisas procedem de dentro e contaminam o homem.
...
A pior contaminação não está no que comemos, que atende às necessidades do organismo, com eliminação dos resíduos.
Vem do coração!
Extravasa o que está dentro de nós.
Opera-se em três estágios:
l Sentir – a reação aos estímulos exteriores.
l Pensar – a consciência do que sentimos.
l Falar – a verbalização do que pensamos.
Exemplo típico: nosso comportamento diante das injúrias, a partir de sentimentos negativos que moram em nós.
l Primeiro estágio:
Grande raiva.
l Segundo estágio:
Pensamentos inamistosos.
l Terceiro estágio:
Descontrole emocional, palavrões, ofensas, agressividade.
Veio tudo do coração!
Uma reação dessa natureza não está subordinada ao mal que nos façam.
Nasce dos sentimentos que mobilizamos, da maneira como reagimos.
Há pessoas que exacerbam tanto a mágoa, na loucura instantânea de quem não tem o mínimo controle sobre as emoções, que podem sofrer colapso fulminante.
Outras experimentam contaminação cumulativa.
As pequenas irritações, as ofensas não esquecidas, os pensamentos negativos, o palavreado chulo, envenenam lentamente nossa alma, com reflexos na economia física e psíquica, dando origem a males variados.
...
A partir da observação de Jesus, podemos definir como andamos espiritualmente, analisando nossos pensamentos. Eles informam com precisão quais são os inquilinos de nosso coração.
Em O Evangelho segundo o Espiritismo, Allan Kardec faz interessante colocação no capítulo VIII, enunciando três atitudes reveladoras:
l Não pensamos no mal.
Grande progresso. Estágio superior.
Encontramos uma pasta cheia de dinheiro, pequena fortuna.
Imediatamente decidimos:
– Preciso encontrar o dono.
l Pensamos no mal, mas o repelimos.
Relativo progresso. Estamos a caminho.
Diante da pasta, divagamos:
– Que beleza! É suficiente para a viagem de meus sonhos...
Sentimo-nos tentados a ficar com ela.
Mas a consciência vence:
– Procurarei o dono.
l Pensamos no mal e nos comprazemos.
Senso moral insipiente.
Apropriamo-nos imediatamente da bolsa, justificando:
– Dinheiro perdido é de quem o encontra!
Raros situam-se na primeira categoria.
Se somente cogitássemos do Bem, se puro fosse nosso coração, não estaríamos na Terra.
Resta saber se o mal que asilamos nos incomoda; se estamos preocupados em identificá-lo; se empregamos nosso melhor esforço por eliminá-lo.
Ou não pensamos nisso?
Se alimentamos idéias invejosas, maliciosas, viciosas, agressivas e tudo o mais que nos torna impuros, temos longa jornada pela frente.
Testes assim ensejam uma avaliação importante, que devemos efetuar com freqüência:
Estamos assimilando os valores da religião, buscando a verdadeira pureza ou a encaramos como mera formalidade, no propósito de atender nossas conveniências?
 
publicado por SÉRGIO RIBEIRO às 17:11

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