FALSOS PROFETAS
(Mateus, vv. 4 e 5; Marcos, vv. 5, 6; Lucas, v. 8.) Estas palavras: "Vede que ninguém vos engane; pois que muitos virão em meu nome, dizendo: Eu sou o Cristo, e a muitos enganarão", se referiam, no pensamento de Jesus, àquela época e ao futuro. Aplicam-se aos tempos atuais e aos que hão de vir.
Aplicam-se aos que delas fazem uma arma, aos que tomam a si o encargo de conduzir os povos ao Senhor e que os encaminham por falsas veredas.
Tranquilizem-se os homens: aquele que lhes foi enviado, que se lhes manifestou com um corpo humano aparente, não os abandonou. Ninguém dirá: "Eu sou aquele que, por vós, cumpre o sacrifício do Gólgota".
Haverá Cristos, já os tem havido. No sentido próprio dessa palavra, aqui alegoricamente empregada, por Cristos deveis entender — Espíritos enviados ao vosso planeta em missão relativamente superior. Já os houve, pois que Espíritos, relativamente superiores, em missão, eram todos os que, desde a mais remota antiguidade que possais alcançar, impeliram a Humanidade à realização de um progresso, todos os que se elevaram acima das massas e as dominaram pelas suas virtudes, pelo seu saber, pelo seu gênio, qualquer que tenha sido para com eles a ingratidão dos homens. A superioridade desses missionários, porém, era sempre relativa ao centro onde encarnavam.
Cristos haverá e os que como tais vierem terão grandes poderes, grande autoridade, mas nenhum se inculcará como sendo o Messias, Cristo de Deus, vosso protetor, governador e mestre. Reconhecê-los-eis, ó homens, vendo-os, a exemplo de Jesus, elevar-se acima das massas pela prática da humildade, da renúncia de si mesmos, do devotamento, da caridade e do amor e pregar pelo exemplo a solidariedade e a fraternidade entre todos, abrindo, alargando, para a Humanidade, a estrada do progresso físico, moral e intelectual.
Disse ele, em que muitos virão em meu nome, dizendo: Eu sou o Cristo; vede bem, guardai-vos de segui-los. Estas suas palavras aludiam aos tempos que se seguiriam e a todos os que, declarando-se munidos de plenos poderes outorgados pelo Senhor, desviavam, desviam e ainda desviarão os servos de Deus do caminho que a ele conduz. Desconfiai desses Cristos hipócritas, desses falsos profetas, que impõem aos homens leis mentirosas, que os afastam do culto espiritual, para mergulhá-los nos abusos da matéria, que se obstinam em manter o reinado da letra que mata contra o advento do espírito que vivifica.
Desses é que o homem precisa afastar-se, a esses é que não deve seguir, porquanto do contrário será por eles levado ao caminho da perdição, caminho que não tem termo e cujo percurso lhe será preciso recomeçar constantemente, até que encontre a estrada reta e segura conducente ao átrio do templo eterno, que não pode ser destruído.
São "falsos cristos", "falsos profetas" todos os que vos queiram escravizar as consciências, impondo-lhes um culto diverso do que Deus criou: o do amor universal. Quando eles vos disserem: o "Cristo está aqui, ou está ali", não os escuteis. Ainda por muito tempo procurarão desviar-vos do caminho reto e puro. Não os escuteis, não os sigais. Até ao dia em que Jesus aparecerá na sua glória, isto é: em que todos os homens tiverem sido levados a praticar a sua lei, ouvireis dizer: "o Cristo está aqui, o Cristo está ali". Não vos deixeis prender por palavras mentirosas.
Jesus, nessa passagem, aludia a tudo quanto se fez, faz e fará para apartar da luz os homens e encaminhá-los para as trevas, quaisquer que sejam os meios empregados.
Assim, pois, todos os que vos afastam da prática, do amor e da caridade, que desnaturam o código admirável que o Cristo vos legou, são falsos cristos, falsos profetas. Não os escuteis.