DO CULTO A DEUS
Ritualismo religioso
Da Encyclopædia: ritualismo – nome dado à doutrina de Edward Bouverie Pusey (puseísmo) que surgiu por volta de 1850 em Oxford, movimento que se acentuou tendendo a restabelecer na prática da Igreja anglicana a observação dos principais ritos em uso na Igreja romana. Rito é sinônimo de culto, seita, ligado às religiões; é também normas de ritual.
Ritual (do latim: ritualis) é o livro que contém as cerimônias que se devam observar na administração dos sacramentos e durante a celebração do serviço divino. O termo se generalizou, por extensão, para definir o cerimonial a ser realizado em uma reunião social, distinguindo-as, de acordo com seus fins.
Cícero ainda nos fala do culto e das cerimônias consagradas aos deuses como religião.
Análise teonômica
Neste capítulo, sem dúvida, reside a diferença crucial entre as demais seitas e religiões que adotem um princípio teológico e a parte religiosa espírita, motivo pelo qual, muitos teóricos insistem em não aceitar a parte religiosa da codificação. Os principais tópicos serão analisados a seguir.
O Espiritismo:
– Não tem cultos religiosos.
– Não adora imagens nem consagra personalidades.
– Não admite qualquer tipo de infalibilidade, inclusive a mediúnica.
– Não pratica qualquer tipo de rituais.
– Não possui dogmas de fé nem admite mistérios.
– Não cultiva casta sacerdotal que exerçam a pregação doutrinária remunerada como meio de vida, nem possui missionários ou orientadores doutrinários específicos em sua pregação.
– Não adota o proselitismo nem a catequese.
– Respeita qualquer posição religiosa e não interfere em seus cultos.
– Não admite que as Entidades espirituais manifestas mediunicamente sejam aquinhoadas com qualquer forma de bens e ou utilidades materiais, muito menos bebidas, alimentos e imolações consagradas a elas.
– Não compactua com a fraude fenomênica.
– Não admite interesses pecuniários no exercício de qualquer atividade doutrinária, recomendando que seus adeptos, todos, tenham seus próprios meios de vida exercendo uma atividade profissional.
– Não possui templos religiosos.
– Coloca o estudo e a razão como condições doutrinárias precípuas.
– Não idolatra Deus nem venera Espíritos ou Entidades mentoras, ama-as, respeita-as e as admira sem cultuá-las como infalíveis ou santificadas. Nem admite infalibilidades.
Só os que não conhecem as obras de Allan Kardec é que são capazes de afirmar o contrário, pois o codificador da doutrina espírita não aceita qualquer envolvimento ritualístico, apesar de saber que o rito é íntimo nas criaturas, mas considera que seja um entrave ao seu progresso.
Muitos hão de se chocar com algumas ou até todas as negações; são os que ainda não se libertaram dos vínculos eclesiásticos e não se livraram do ranço de sua doutrinação. Não são capazes de resistir às verdades espíritas perante a coação religiosa imposta à nossa sociedade predominantemente católica durante tantos séculos.
Considerações
Façamos uma análise de cada caso.
– O culto a Deus está dentro de cada um e depende da forma pela qual Ele seja compreendido, já que, em verdade, os conhecimentos humanos estão infinitamente aquém da possibilidade de se imaginar como seja o Criador.
Nunca nos esqueçamos de que culto, aqui, refere-se à liturgia ou ofício divino, o ato e não o sentimento. O Espiritismo não possui missas de nenhuma natureza, logo, não possui culto. E ainda é bom se ter em mente que os próprios alfarrábios garantem que o culto a Deus é a ordem de cerimônias e preces determinadas pelas autoridades eclesiásticas competentes. Este será o caso do culto no lar (ou fora dele): cumprir determinações eclesiásticas. Convenhamos, um igrejismo inconfesso. Ressalve-se, pois, que muitos (no meio espírita) chamam erroneamente de culto no lar o que deveria ser “reunião no lar”.
E ainda cabe lembrar que Deus, por não ser humano, jamais está preocupado como que o homem possa pensar Dele; o importante é que suas sábias leis sejam cumpridas.
Como observação final, não se deve confundir o ato de cultuar memórias, lembranças amigas e recordações, etc., no sentido figurado do termo, com o aludido culto religioso.
– A liturgia – o termo advém do grego ( leitos – público; ergon – obra) e define como todos os dicionários indicam o serviço público de Deus, sua adoração e os ritos em seu louvor. Vai mais além quando afirma que os ritos públicos e serviços das Igrejas cristãs, principalmente os encontrados em missas ou cerimônias, englobam a eucaristia.
As liturgias diferem nas formas externas ou na invocação a Deus. No seu estudo, diferenciam-se os estilos distinguindo-se as que são praticadas pelos povos do oriente, quase todas muito parecidas com as que as Igrejas que adotaram a formação grega usam m. De permeio, encontra-se, ainda, a ritualística do Oriente Médio, que não sofre influências de nenhuma das duas clássicas liturgias.
Considerando que a Doutrina dos Espíritos não adota clérigos, que respeita o formalismo de cada um, que admite que a forma de compreender e sentir Deus é individualista, por certo não acolherá posições correlatas com o que se possa ter como cultos adotados de qualquer natureza e, portanto, liturgias.
Adoração de imagens – quanto à ideia de figuras tidas como sagradas, como totens e personalidades religiosas sacerdotais de qualquer natureza, não são admitidos numa doutrina em que o individualismo seja resguardado.
Não se justificam tais adorações pelo próprio posicionamento encarnacionista já que se sabe que nenhuma e qualquer imagem substitui a personalidade de quem represente, nem ali estarão suas radiações, já que se trata, apenas, de mero objeto figurativo.
Além disso, a adoração é injustificável.
Relativamente a sacerdotes, como o conceito é de que os mesmos sejam os representantes de Deus na Terra e como não possuam a respectiva credencial, sequer a capacidade de conhecer o Criador, não se justifica que se tenha neles a figura representativa de quem pudesse possuir tais privilégios, regalias ou poderes.
Entenda-se, porém, que isto não significa que tenhamos retratos de pessoas queridas em nossos salões, já que, apenas, o mesmo representa simples e singela lembrança do fotografado.
A infalibilidade – é outro ponto importante: só os fanáticos a admitem e esse tipo de paixão é cega e obsessiva, não tem acolhimento entre os que estudam e conhecem os ensinos espiríticos. O pior, é que se estende a qualquer coisa ou pessoa, incluindo médiuns e mensagens, patuás e superstições. Tudo, porém, deveria passar pelo crivo da análise; o simples fato de se ter recebido determinada comunicação de um desencarnado, no caso mediúnico mais afeito a nós, não significa que a mesma represente a verdade plena, primeiro, porque os Espíritos fora de um corpo continuam sendo os mesmos, com as mesmas características e idêntico saber ou conhecimento. Depois, porque não se pode garantir que o fenômeno tenha sido puro, sem influências mistificatórias indistintas. O que prevalece ainda é a razão.
Independentemente de fraudes, essas mensagens mediúnicas estão, ainda, sujeitas a inúmeras interferências e nem sempre acabam representado rigorosamente o que a Entidade manifestante pretendia transmitir. Tudo isso mostra que não existem infalibilidades. Só a Criação é perfeita.
Os rituais são mero formalismo; foram criados para impressionar o leigo e dar aos assistentes à ideia do transcendental. Provêm dos velhos cultos e do ritual primitivo.
As cerimônias religiosas como o batismo, casamento sacro, unção, missa, todos revestidos de ritualística, são perfeitamente dispensáveis e substituíveis por solenidades simples que visem à realização comemorativa dos eventos em causa sem a característica aparatosa, contemplativa e idólatra do culto sacerdotal.
Além disso, ninguém está credenciado para celebrar tais solenidades em nome de Deus, como seu representante. O que o Espiritismo combate é a crendice religiosa, o que nada tem que ver com as festividades simples, comemorativas desses eventos.
Dogma – outro ponto inaceitável, que é o estabelecimento pela fé e pela crença de princípios improváveis, o que será a negativa da razão. O dogma é sempre imposto e indiscutível, mostrando que não espelha a verdade porque esta, onde estiver, resistirá incólume a qualquer análise, sem temor de que possa ser desmascarada.
O mistério, principalmente divino, se mistério, ou seja, de causa desconhecida, tornando-se um enigma, pela própria definição, não pode ter aceitação porquanto ninguém será capaz de explicá-lo.
Nesse ponto, o Espiritismo segue a linha da Ciência: os pontos desconhecidos não são passíveis senão de estudos para averiguação e só podem se constituir em fato aceito quando forem devidamente esclarecidos ou provados.
A casta sacerdotal – é uma hierarquia terrena, estabelecida segundo os critérios de poder e escolha que nem sempre coincidem com o grau de adiantamento espiritual de seus componentes e só a evolução é que poderia definir as categorias, as patentes ou qualquer outra classificação de dependência, comando e subordinação no campo moral.
O simples fato de não se admitir o sacerdote, ou seja, o que se diga representante de Deus na Terra (ou detentor de seus poderes), por si, já eliminaria o critério de casta.
No lugar do sacerdote o Espiritismo adota o expositor, aquele que, com seus estudos e conhecimentos, esteja apto a transmitir para os demais companheiros de doutrina os ensinamentos que tenha adquirido.
Proselitismo – quanto a isto, cada qual deve seguir a linha de conduta que melhor lhe aprouver, levando em conta suas tendências, o que é válido para tudo, inclusive na linha doutrinária. Não adianta tornar-se adepto do Espiritismo, como uma grande parte faz, e continuar seguindo as linhas de sua antiga posição religiosa, ainda, querendo que os demais corroborem com isto. Não é o Espiritismo que deve se adaptar a seu seguidor.
Por esse motivo é que, no Espiritismo, há uma enorme diversidade de posicionamentos anômalos, alguns, até, condenados por Kardec. A tendência de cada um não pode ser contrariada. Esse é o mesmo motivo pelo qual não se recomenda a catequese, pois, cada qual só deve se tornar espírita depois de se inteirar dos seus critérios, aceitá-los pelo raciocínio e adotá-los conscientemente. Ainda aqui a razão.
O respeito – o Espiritismo não visa à competição nem pretende ser a única verdade a ser admitida, muito menos o único dos caminhos que levem a Deus e sua compreensão. Assim, é que respeita qualquer culto e os julga essenciais para atender aos afins. Cada qual é livre para praticá-los. O que não se aceita é tê-los como espíritas.
As oferendas – por outro lado, há inúmeras seitas que praticam o mediunismo e que, nessa prática, adotam ritualismo, oferendas e que mais. Elas não podem ser confundidas com a linha pregada por Kardec, mesmo que se arvorem em denominar-se como tal. Mediunismo não é Espiritismo, é apenas o lado fenomênico por ele estudado.
As Entidades espirituais que exigem oferendas, inclusive alimentos e bebidas, só o fazem para adquirir lastro a fim de que possam gravitar dentro da esfera terrena; são atrasados espiritualmente e necessitam desse recurso para que possam materializar seus instintos, só que essa prática lhes é prejudicial, motivo pelo qual não se deve atendê-las; quem o fizer, estará acarretando para si os mesmos problemas que irá causar a esses Espíritos.
Os desencarnados não necessitam disso nem deveriam usar as energias materiais para nada. Usam-na, todavia, para a prática de atos contrários à ética espírita.
Fraudes – muitos são os que, não só pelo resguardo doutrinário, como numa falsa ideia de caridade, acobertam os fraudadores. Kardec, em O Livro dos Médiuns (LM), foi categórico na condenação a tais pessoas que se dizem médiuns, mas que, por vaidade ou por vantagens pessoais, usam o processo da fraude para mistificar, enganando seus seguidores.
A falta de caridade está em permitir que tais falsos médiuns continuem praticando quais atitudes, dentro do erro que lhes irá trazer um lastro assaz pesado para encarnações vindouras. Basta lembrar que todos os enganados pelo mistificador terão que ser espiritualmente ressarcidos e isto representa sofrimento para aquele que fraudou, ou seja, o preço do resgate.
Sem dizer que a doutrina perde muito mais no acobertamento de tais fatos que, quando desmascara o enganador. E todo aquele que, sabendo da fraude, se deixar envolver por ela, por comodismo, por compactuação ou meramente por descaso, também responderá por cumplicidade perante o tribunal da sua consciência e será condenado por seu turno. É a lei.
Interesses pecuniários – o espírita não pode fazer da doutrina um meio de vida, afinal, ela representa o ensinamento dos Espíritos (que nada cobram por isso) e que não legaram a ninguém seu sacerdócio nem deram aos encarnados o direito de usarem seus recursos como forma de sustento. Cada qual, como encarnado, terá que possuir sua profissão, sujeitar-se ao trabalho terreno como os demais, lutar pela sobrevivência e não fazer, sob quaisquer aspectos, de seus conhecimentos e seus predicados, principalmente se mediúnicos, uma forma de facilitar sua vida pecuniária.
O esforço e a luta pela manutenção são parte do processo encarnatório. Contudo, não significa dizer que o espírita seja obrigado a gastar seus recursos, quando forem parcos, em detrimento do seu sustento, na pregação doutrinária. Auferir lucros é uma coisa; aceitar ajuda, sem que esta se trans forme em vantagem pessoal, para que possa levar sua mensagem a quem a solicite, é outra. Nem sempre um expositor tem condições financeiras de se deslocar para onde seja solicitado, o que permitirá que aceite o meio de transporte oferecido pelos companheiros.
Cobrar é que representa uma grave falha de caráter.
Templos – Os templos religiosos, embora, em sua imponência, sejam um veículo ideal para a pregação doutrinária, não fazem parte do Espiritismo. Qualquer lugar é local para uma reunião doutrinária, salvaguardados os casos de trabalhos mediúnicos.
No lugar de Igrejas e recintos arquitetônicos específicos, adota-se a Casa Espírita ou o Centro de reuniões, à semelhança de sociedades culturais que, evidentemente, têm que ser mantidas por seus participantes, sob forma agremiativa, comportando sócios mantenedores e uma diretoria por eles escolhida para administrá-las. Condena-se a perpetuidade do cargo, o que evita que novas ideias possam ser trazidas para a Sociedade, além de representar um vício social.
O vitalício é um vaidoso. A administração seguirá a ordem natural e legal de uma sociedade estabelecida, de modo que não desrespeite as leis do país.
É importante a existência do Centro espírita porque ele representa a reunião em comunidade e a Sociologia registra que o homem é, por excelência, um componente social. Entretanto, os estudos doutrinários – e não cultos religiosos – podem ser feitos em qualquer lugar, até mesmo em domicílio, no seio da família ou em reunião com amigos e companheiros.
A manutenção de costumes religiosos estranhos é um ranço que não pode existir no meio espírita sem profaná-lo; a liberdade de cada um e o respeito a ela é um direito de todos, porém, isso não permite que se chame de culto espírita àquilo que seja reminiscência de outras correntes filosóficas, até mesmo de práticas religiosas. Kardec condena esse culto de exteriorizações, por isso, não temos templos para ofícios religiosos.
A posição de Kardec – O estudo espírita, bem como o conhecimento da doutrina, são de vital importância aos seus praticantes. Sem isso, sem a razão e sem a independência para seguir a doutrina não se pode ser espírita. É um direito seu o de não se subjugar a outras correntes, mesmo predominantes e prepotentes.
Esta é a grande causa da confusão que existe no meio espírita, uns achando que a doutrina codificada por Kardec é uma religião, outros, tendo-a como um estudo filosófico científico de conclusões morais, enfim, uma diversificação total de opiniões. O pior de tudo é o uso de textos isolados que alguns empregam para justificar sua tese, principalmente os inimigos da trilogia, onde a terceira parte doutrinária seja a religiosa e que, chegam a ponto de cometerem a barbaridade de substituí-la pela moral que é um capítulo da sua parte filosófica.
Baseiam-se estes na definição que Kardec dera no seu livro “Qu’est-ce que le Spiritisme”, ao fim do preâmbulo, assim se expressando: – Le spiritisme est une science qui traite de la nature, de l’origine ET de la destinée des Esprits, et de leurs rapports avec le mond e corporel. (O Espiritismo é uma ciência que trata da natureza, da origem e do destino dos Espíritos e de seu intercâmbio com o mundo corpóreo) só que, se esquece de que, nesse mesmo livro (pág. 89 da 4ª ed.), o mesmo Kardec, respondendo a um padre, afirma:
– Si le spiritisme niait l’existence de Dieu, de l’âme, de son individualité et de son immortalité, dês peines et des récompenses futures du livre arbitre de l’homme. S’il enseignait que chacun n’est ici –bas que pour soi et ne doit penser qu’à soi, il s erait non seulement contraire à la religion catholique, mais à toutes les religions du monde; ... Loin de là; les Esprits proclament um Dieu unique souverainemente juste et bom; ils disent que l”homme est libre et responsable de ses ates, rémunéré ET puni selon le bien ou le mal qu’il a fait; ils placent au -dessus de toutes les vertus la charité évangélique, et cette règle sublime enseignée para le Christ: Agir envers les autres comme nous voudrions qu’on agît envers nous. Ne sont -ce pas lá les fondements de la religion?
Traduzindo: – Se o Espiritismo negasse a existência de Deus, da alma, de sua individualidade e de sua imortalidade, dos resgates e das recompensas futuras, do livre arbítrio do homem. Se ensinasse que cada um cuide si sem pensar nos demais, ele seria não apenas contrário ao catolicismo, mas a todas as religiões do mundo;... Ao contrário disso, os Espíritos proclamam um Deus único soberanamente justo e bom; dizem ainda que o homem é livre e responsável por seus atos, recompensado ou punido conforme o bem ou o mal que pratique; colocam acima de todas as virtudes a caridade evangélica e a regra sublime ensinada por Cristo: fazermos com os outros como queiramos que façam conosco. Não seriam esses os fundamentos da religião?
Mais explícito do isso, só se mandasse gravar um título em destaque garantindo que o Espiritismo contém uma parte religiosa. Só que os que desejam abolir esta faceta doutrinária, simplesmente ignoram tais declarações que emanam do próprio codificador. E depois de se ler esse texto, quem continuar negando a parte religiosa do Espiritismo está querendo ser mais realista do que o próprio rei.
A idolatria – é outro ponto polêmico que o Espiritismo combate; ela não representa nem o respeito, nem a admiração, muito menos a aceitação da existência de Deus como o grande Criador do Universo, nem dos idolatrados como dignos do respeito, senão do medo, até temor que têm dos mesmos. Coloca Deus na condição de simples humano, como predicados – que, para um Criador Supremo tornam-se defeitos – de poderes tais, competitivos com os nossos, que seja capaz de fazer o que bem entenda até mesmo o de contrariar suas próprias leis, identificando-se com a imperfeição.
Venerar vem do latim – venerari –, verbo que, segundo Plauto, significa adorar com submissão, reverenciar e, até mesmo, pedir com submissão. Cícero também empregou esse verbo com este sentido, lembrando que se trata de dedicação do homem aos deuses, no caso, romanos.
O espírita não pode, pelo simples fato de estar diante de uma Entidade, endeusá-la, venerando-a; pior, se for à própria Entidade a incentivadora, demonstrando com isso, que não se trata de nenhum luminar, senão um de enganador que se faça passar por orientador espiritual, geralmente, divertindo-se com isso.
Desses, devemos fugir, quando muito, evitar.
Nosso respeito, nossa admiração e até mesmo gratidão pela assistência que nossos mentores desencarnados nos dão, tudo isso deverá ter rigorosamente o mesmo tratamento como se estivéssemos ante um semelhante encarnado que nos preste ajuda e mereça o mais profundo afeto. Sempre lembrando, porém, que os sentimentos que dedicamos a terceiros, independente de situação, é uma questão de afinidade, afinidade essa que existe, até, numa substância química.
Apreciação final
O capítulo todo é muito delicado porque irá ferir susceptibilidades e contrariar aqueles que querem continuar praticando seus antigos cultos e fazer com que o Espiritismo os aceite.
Do mesmo modo que cada indivíduo deve ser respeitado em suas práticas e no seu direito de fazê-las, também ele deve respeito ao Espiritismo e suas normas evitando mesclar o purismo doutrinário com seus pontos de vista individuais.
Ninguém precisa mudar, contudo, ninguém deve alterar a doutrina para se auto realizar.
Carlos Imbassahy – obra E... Deus Existe?