Domingo , 24 de Outubro DE 2010

"DUAS VIDAS" - UM INDIVÍDUO

 

Narra-nos o eminente sábio Gabriel Delanne, considerado o Gigante do Espiritismo Científico, que um doente foi, em pleno consultório, acomedido de ataque epilético. Breve recobrou os sentidos, mas esquecido de haver pago de antemão a consulta médica. Outro epilético, caindo numa loja, levantou-se presto, e fugiu, deixando chapéu e carteira.

“Só voltei a mim – dizia -, depois de percorrer um quilômetro; procurava o chapéu em todas as lojas, mas na verdade, sem noção do que fazia. Esta, a bem dizer, só me veio uns dez minutos depois, quando chegava à estação do caminho de ferro”.

Um empregado de escritório foi, em plena atividade, e sem outro qualquer distúrbio, assaltado por idéias confusas. Lembrava-se, apenas, de haver jantado no restaurante, e depois disso nada lhe ocorria. Voltou ao restaurante e disseram-lhe que jantara, pagara e saíra bem disposto, como se nada sentisse. A obnubilação durara três quartos de hora, mais ou menos.

Examinemos este último caso, que explica os outros.

Durante quarenta e cinco minutos, a vertigem epiléptica subtraiu ao paciente a consciência de seus atos, mas lhe deixou o automatismo cerebral, e, aos olhos do público, era como se nada de extraordinário lhe houvera acontecido.

Que se passou, então? Acabamos de ver que, no estado normal, cada indivíduo tem, segundo a sua constituição fisiológica, uma tonicidade nervosa que lhe é peculiar, mediante a qual se lhe registram na consciência as sensações, com um mínimo de intensidade e outro mínimo de duração: ora, esse homem, atingido subitamente por um ataque epiléptico, tem, de inopino, modificadas as condições de funcionamento normal do sistema nervoso, de sorte a se modificarem, concomitantemente, a força vital e as vibrações perispirituais correspondentes: as sensações inscrevem-se-lhe no perispírito, e a alma as percebe, mas de outra maneira que não a normal.

De modo que, voltando a si, o paciente não tem noção do que sucedeu durante o ataque, enquanto, paralelamente, o automatismo cerebral, criado pelo hábito, levava-o a proceder como se o fizesse conscientemente. Acentuemos bem que não há duas individualidades nesse homem, que o eu é sempre o mesmo; mas durante o acesso, o ritmo no perispírito variou, as sensações inscreveram-se no organismo fluídico, modificado.

Quando o perispírito volta à tonicidade normal, isto é, cessada a crise, a alma não mais tem consciência do que ocorreu, pois as relações normais se restabeleceram, as sensações passam ao inconsciente, perdeu-se a memória.

É um fenômeno que pode se assimilado ao do sonho. Enquanto dormimos, nossa alma mantém-se em incessante atividade, mas as sensações internas são extremamente fracas, e, se parecem fortes, não é porque na realidade o sejam, mas porque nenhum estado forte existe para relegá-las a segundo plano.

Desde que recomece o estado de vigília, as imagens que não tiverem senão um mínimo de intensidade passam ao inconsciente: o sonho é esquecido. No exemplo do empregado de escritório, há dois gêneros de vida a se sucederem no mesmo indivíduo, ignorando-se uma à outra; mas, a existência extranormal não durou mais do que um quarto de hora e nós ignoramos se ela se reproduziu. BIBLIOGRAFIA: “A Evolução Anímica”- Gabriel Delanne.
 

O SEMEADOR – Outubro/1996

publicado por SÉRGIO RIBEIRO às 00:01
Sábado , 23 de Outubro DE 2010

A VERDADE DE CADA UM

É inadmissível, que nos dias atuais, às vésperas do 3º milênio, quer através da imprensa escrita, falada e televisiva, vejamos "fiéis" de determinadas religiões desenvolverem verdadeiras batalhas contra profitentes de outras crenças. Alguns, para alcançarem seus objetivos - aniquilar o inimigo - não titubeiam em lançar mão dos argumentos mais descabidos, até mesmo da mentira, se necessário for. Aqui comigo penso: se os religiosos, que pregam o entendimento, o perdão e paz, agem dessa maneira, imaginem os demais ...

Não há nenhum constrangimento em que sejam expostas as mazelas do próximo nos programas de TV, para depois então, mostrar a "religião salvadora". A dor e os problemas das pessoas são tratados como "produtos" na busca de conversões, num "marketing" proselitista sem pudor nem antecedentes, verdadeiro comércio da fé.

É lamentável que os homens "ainda sejam tão crianças no entendimento", como no dizer de São Paulo, perdendo tempo com discussões improdutivas, que não conduzem a lugar algum. Esquecem-se, que mais importante do que o rótulo é o conteúdo; mais importante que as aparências, são as atitudes. Depois, cada um tem o direito - inclusive assegurado pela Constituição do nosso país -,  no que diz respeito às crenças e cultos, de seguir o caminho que bem entender, de acreditar no que bem quiser.

Por uma questão de respeito à liberdade de pensamento, temos o dever de aceitar o posicionamento religioso dos outros; se não por isto, pelo menos por educação. Afinal, o preconceito e a discriminação já fizeram milhões e milhões de vítimas ao longo da história da humanidade.

A Idade Média ficou para trás, graças a Deus. Os tempos das "cruzadas" e da "santa inquisição", quando  tentavam impor "verdades" à custa de ferro e fogo, fazem parte apenas de um período obscuro e lamentável da nossa historicidade.

Os habitantes da Terra, lá para o final do 3º milênio, custarão a acreditar que um dia, homens foram escravos de outros homens; que existiu segregação racial nos Estados Unidos, motivo de vergonha para a maior "democracia" do mundo; que uns, por terem nascidos judeus, foram perseguidos e dizimados pelo Reich alemão; que outros, por serem arábes, foram vistos com desconfiança; que na Irlanda, católicos e protestantes, travaram uma guerra secular, sangrenta e desumana, pela disputa do poder em nome do Cristo. E, que ainda se achavam civilizados ...

Chega! É preciso que alguém grite, chamando todos a uma profunda reflexão, revendo conceitos e valores. De que valeram - é bom que se pergunte - os exemplos de Jesus, Buda, Krisna, Francisco de Assis e tanto outros iluminados que passaram pela Terra? De que valeram os sacrifícios de Ghandi, Martin Luther King e outros que ofereceram voluntariamente a própria vida em nome dos direitos humanos, de uma sociedade mais justa e da paz? De que têm valido os ensinamentos vivos que nos foram legados por Albert Schweitzer (evangélico), Madre Teresa de Calcutá e Irmã Dulce (religiosas católicas) e por Chico Xavier (espírita), todos desenvolvendo incansáveis tarefas humanitárias?

Numa entrevista concedida à Revista Planeta, um dos grandes pensadores dos nossos dias, Frei Leonardo Boff, cita uma frase creditada ao Dalai Lama, líder espiritual do Tibet que, acredito, pode ser uma luz a clarear o entendimento dos religiosos ortodoxos: "A melhor religião é a que te faz melhor."

Entretanto, cada um quer ser dono da verdade, se possível, com exclusividade reconhecida. E, isso, convenhamos, é uma tola presunção de quem quer impor seus pontos de vista. Quem tenta convencer ao outro é aquele que ainda não conseguiu convencer a si mesmo.

Geralmente, os que já percorreram o caminho e já atingiram o objetivo, são serenos, justos, e neles, a humildade é um estado natural. Não criticam nem julgam, porque têm a consciência de que aqueles que vem atrás, mesmo tropeçando e caindo, também chegarão ao objetivo desejado, independente do caminho que tenham escolhido. Sabem, que a Luz não se impõe - é conquista de cada um.

Nem mesmo Jesus, em toda a sua sabedoria, quando questionado por Pilatos, se arriscou a definir a Verdade, preferindo silenciar. Talvez, porque a Verdade não deva ser conceituada, mas sim, vivenciada em toda a sua plenitude, através de uma busca incessante, de um constante caminhar, como no dizer de Sérgio de Souza Carvalho, em o Mestres da Terra: "O caminho dever ser percorrido e não discutido. A compreensão vem do fazer e não do falar:"

"Conhecereis a verdade e a verdade vos libertará" - afirmou Jesus - mas, não a definindo, deixou claro que cada um terá que encontrar sua própria Verdade, escolher sua trajetória particular para poder atingi-la. Assim, a coragem libertará o medroso; a cura libertará o doente; a educação libertará o ignorante; a reparação da falta libertará o criminoso; a esperança libertará o pessimista; a hulmidade libertará o orgulhoso e, desse modo, cada um encontrará a "sua verdade", ao seu modo, tempo e lugar. Portanto, ninguém tem o direito de querer "impor" a sua verdade - ou o que julga ser verdade -, a quem quer que seja.

Se ainda não somos sábios o suficiente para fazermos nossas as palavras de Sócrates, "Só sei que nada sei", ao menos sejamos educados, respeitando as convicções de cada um. É o mínimo exigido pelo bom senso.

tags:
publicado por SÉRGIO RIBEIRO às 13:45
Quarta-feira , 13 de Outubro DE 2010

DA ÉTICA RELIGIOSA

 

Moral

Do latim popular: mor, moris (da terceira declinação) costume.

Ética – do grego: éthikos – é um termo rigorosamente sinônimo do latino e que também tem o significado de “costume”, modo de viver, regras sociais; tanto assim é que deu em francês, derivado do latim, moeurs, uso, costume.

A moral é um capítulo da Filosofia e atualmente é estudada em conjunto com a Sociologia na parte a que se refere ao conhecimento dos costumes dos povos.

Como tal, é muito relativa; basta partir do princípio de que cada povo com seu costume, para se supor que, o que seja moral para uns não o será para outros.

Em princípio, levando-se em conta este acervo de condutas, pode-se ter em conta que o capítulo da Moral não seja uma Ciência perfeita, apenas um estudo de observação e constatação variável. Portanto, o espírita só tem que se preocupar com seus princípios doutrinários e nada mais; isto, admitindo-se que tenha se integrado e aceitado os ensinamentos dos Espíritos como lema de conduta.

O princípio fundamental ético está na conduta de cada um e isso foi o centro dos ensinamentos de Jesus: a prática do bem e a observância rigorosa das leis ditas naturais para cumpri-las como obrigação e respeito à existência universal, ou seja, à Criação. Não se precisa de cópias nem de estereótipo porque o espírita conhece, pelos ensinamentos que lhe são transmitidos em toda parte, pela Espiritualidade, que a boa conduta é aquela que constrói em vez de ferir, que não faz distinções nem privilégios, que integra a criatura na sociedade para ser mais um elemento capaz de torná-la melhor e apta ao progresso; que caminha junto com seu semelhante na ascensão, que repudia o erro e que não titubeia em condenar os maus exemplos.

A perfeição não se limita à prática do bem; inclui o repúdio ao mal, condena o erro e pune os que o cometem. Essa perfeição compete ao homem, está em cada um e se rege pelas leis imutáveis da Criação.

Não podemos interferir nela nem dela fugir.

A cada um segundo suas práticas, eis a grande máxima da moral.

Todos os grandes missionários tiveram frases antológicas que se tornariam repetitivas se fôssemos transcrevê-las. A filosofia exatista de Galileu poderá contê-las, no enunciado do equilíbrio, que nunca é demais repetir: A toda ação corresponde uma reação igual e contrária. Isto resume a filosofia de Jesus, quando disse: assim como fizeres, assim acharás. Já é consagrada a máxima: cada um constrói seu destino. Sem nos esquecermos do não faças a teu semelhante o que não quiseres que te façam.

Levando-se em conta que a parte religiosa do Espiritismo é bem distinta da de toda e qualquer Religião ou Seita, que não se prende a nenhuma delas e nem aceita a imposição pela determinação de seus mentores sacerdotais, também é de se admitir que seus preceitos, inclusive os morais, sejam rigorosamente distintos de toda e qualquer outra posição doutrinária.

Não é bem assim. Baseia-se o Espiritismo – e nunca é demais lembrar – na unanimidade das lições transmitidas aos encarnados pelos Espíritos, em toda a parte do globo. Desse modo, a moral espírita é coerente com todos os princípios correlatos com tais ensinamentos.

Por peculiaridade, tem em comum com as doutrinas reencarnacionistas o princípio de que as vidas sucessivas são sequenciais, onde cada ato presente acarreta uma decorrência futura, da mesma forma que, das encarnações pretéritas trazemos o destino presente.

Por outro lado, não pode nem deve se deixar influenciar por outras correntes contrárias, embora, a elas devote respeito, acatando-as, sem assimilá-las. Esta é a moral espírita.

 

Dos princípios éticos

Dentre os pensadores mais antigos, oficialmente registrados, destacam-se os filósofos chineses Shin Tó, Lau Tséu e Kung-Fu Tséu (Confúcio) que viveram, segundo registros, entre os anos 650 e 450 a.C., cabendo ao último destes os Preceitos de Bem-viver, um tratado de costumes dos mais perfeitos. Toda sua filosofia se resume em diferenciar o bem do mal, este como motivo de sofrimento e aquele como a virtude que deva ser alcançada. Todos reencarnacionistas.

Uma outra corrente de pensamento que influenciou a antiga civilização grega advém do Egito, do legendário Osíris, (*) que, tal como Jesus para os cristãos, acabou deificado pelos seus seguidores. Dele vêm as primeiras ideias do verdadeiro monoteísmo que influenciou o ocidente, contrapondo-se à mitologia grega correlata com a romana. Vamos encontrar seus princípios d e moral nos Lemas de Conduta, onde o fundamento principal ainda é a prática do bem como forma de procedimento em busca da perfeição. Nesse trabalho inspirou-se Nefertíti para fazer o código de Aton, junto com seu irmão e marido Akenaton (seguidor de Aton), combatendo a escola de Amon-Rá.

Mais recentemente, sem dúvida, o marco das leis morais por nós seguidas vai-se encontrar na obra de Aristóteles, Ética a Nicomaque, onde, tudo o que poderia se estabelecer para definir a boa conduta é realçado de forma categórica. Esta obra encerra a falada moral aristotélica e foi dedicada pelo filósofo grego a seu pai Nicomaque de Estagira e que se destacou, principalmente, por ser médico de Felipe II da Macedônia.

O trabalho de Aristóteles encaixa-se com perfeição na doutrina espírita.

O grande destaque do conhecimento histórico que nos interessa deve-se a Plutarco, filósofo grego, nascido por volta do ano 50 da nossa era, natural da Beócia que, após suas excursões pela África e pela Ásia, escreveu um compêndio de várias obras encerrando um tratado profundo sobre os estudos morais.

É tido pelos enciclopedistas (Diderot e Cia) como sendo um autor inspirado por um platonismo eclético e provavelmente seja o primeiro autor que tenha escrito esse tipo de trabalho que ainda hoje muito serve para se conhecer a moral dos povos antigos.

Allan Kardec, provavelmente impelido pela grande influência da Igreja, fez inserir no capítulo I do seu livro O Evangelho Segundo o Espiritismo (ESE), a Tábua dos Dez Mandamentos de Moisés que, segundo Mário Cavalcanti de Mello (meu prefaciador), no seu livro “Da Bíblia aos nossos Dias”, não passa de uma cópia grosseira e desdobrada dos Sete Preceitos de Vida da filosofia hindu. E que na Vulgata latina são apenas nove.

Essa Tábua peca, de imediato, pelo primeiro mandamento que sugere que o próprio Deus – como se fora humano – tenha estado ditando a Moisés suas ordens, lembrando que Ele teria tirado o povo judeu do Egito, ordenando que não se tivessem outros deuses estranhos pela Ele. Prudentemente, Kardec cortou essa parte do mandamento porque seria muito gritante um Deus perfeito a ordenar, como se disso precisasse para que se cumpram suas leis.

O segundo mandamento, desdobrado do primeiro, para dar dez, também é descabido posto que ambos pecam pelo princípio de que Deus seria uma criatura humanificada. E o restante se reveste de um materialismo profundo, apesar das recomendações prudentes que possam encerrar, além de não levar em conta o processo reencarnatório. E para nós, espíritas, isso é fundamental.

Contudo, dignificando sua parte sadia, podê-la-emos resumir num dos princípios básicos da moral espírita: – Não cometa nenhum crime.

Afinal, o crime não compensa, de acordo com o anexim, destacando-se dentre os contidos ou não na Tábua de Moisés, o roubo ou o furto, o assassinato, a injúria e a calúnia, o perjúrio e qualquer outra forma de atentado à integridade do seu semelhante, como a vingança e a desforra, mesmo como vindita, a justiça pelas próprias mãos, à execução letal e demais agressões físicas, e morais. De roldão, vemos que, na lista, está incluída a relação dos sete pecados capitais.

Por outro lado, o terceiro desses mandamentos só é válido para os judeus e fere a organização mundial dos dispositivos correlatos com os dias semanais, portanto, não é a moral dominante, ou seja, ter o sábado pelo domingo e se fosse cumprir a determinação de Moisés, o mundo poderia não virar um caos, mas ia ter muito transtorno.

No que se refere ao adultério, este não tem a mínima lógica porque só era aplicado contra as mulheres, tidas como seres inferiores e submissas ao homem. Pela lei reencarnatória, um espírito tem que saber nascer com qualquer um dos sexos, portanto, não há diferença espiritual entre eles.

Kardec foi muito mais sensato que Moisés ao escrever: – Quando o mundo for perfeito só haverá casais ligados pelo amor, pela compreensão e pela comunhão da vida; todos os outros laços ruir-se-ão.

E ainda garante que os pares serão perfeitos e indissolúveis para aquela existência terrena.

E a natureza concorda com isso porque, sempre que a humanidade se envereda pelas orgias, ela própria, natureza, cuida criar um dispositivo que compila as criaturas ao comedimento; foi assim com as doenças venéreas que encontraram a cura quando os homens aprenderam a se precaver contra o prazer orgíaco e depois, com a SIDA (ou AIDS) síndrome altamente contagiosa que atinge os toxicômanos e os desregrados sexuais, ambos mais do que promíscuos em seu modo de viver.

No campo da moral, um outro autor de destaque foi Immanuel Kant, co m sua obra Princípios Metafísicos de Moral, menos conhecida que suas Críticas, mas que, unindo os dois capítulos filosóficos, encerra profundos pensamentos de conduta dos quais, o destaque para o que, resumidamente, diz: – A razão acima de tudo, porém, é preciso que se conheça a razão, eis o fundamento para a moral sadia.

Kant foi um dos severos críticos a certos preceitos de vida tidos como éticos para várias sociedades e, impiedosamente, condena-os.

Para Pierre Abélard, teólogo escolástico francês (1079 -1142), a moral humana reside na sua vontade; apaixonado por Héloise de Nantes casara-se secretamente com ela, o que acirrou a ira do sempre pio Cônego Fulbert, tio da moça que, como castigo, mandou castrá-lo. Só assim perdeu sua vontade.

Contudo, tem-se que convir que este filósofo está certo; cada povo cria sua moral segundo suas conveniências.

Um outro pensador de destaque – já citado no Panteísmo – a preocupar-se com os costumes foi Baruch Spinoza (1632-77) que, ao lado do seu famoso “Tratado Político”, escreveu outro livro intitulado “Ética” onde expõe uma série confusa de coisas, idealiza um Deus estranhamente composto de substâncias de pensamento na defesa de um panteísmo liberal e declara que a moral é um pensamento de Deus. Sua popularidade entre os filósofos é grande.

Diversos autores, alguns com conclusões absurdas – e, assim mesmo, com seguidores –, a maioria presa à vida material e a seus costumes sócio-financeiros, dedicaram-se ao estudo da ética em si, só que, para os preceitos espíritas, não apresentaram nenhum conteúdo digno de destaque.

Uma Entidade espiritual, através de comunicação mediúnica, declarou-nos que a conduta dos outros pensadores não influi na moral dos espíritas; para o bem não há regras.

 

Conclusão

Como consequência moral, temos: – a cada um segundo seus méritos.

Todo o estudo ético pode ser definido da seguinte maneira:

O princípio da moral humana reside nos preceitos da vida espiritual para a qual o encarnado se prepara, através de vidas sucessivas.

– Ter como conduta um procedimento reto e ilibado, respeitar seu semelhante e só praticar atos que não contrariem o equilíbrio universal dentro da área social.

Eis a sabedoria dos costumes da vida.

 

Carlos Imbassahy – obra E... Deus Existe?

__________

(*) N. da R. - As narrativas egípcias que envolvem esse legendário personagem estão contidas no livro Lendas de Osíris, do mesmo autor.

publicado por SÉRGIO RIBEIRO às 14:48
Terça-feira , 12 de Outubro DE 2010

IDÉIAS E RESTRIÇÕES

Um dos aspectos mais característicos da Doutrina Espírita é a sua índole, francamente, aberta ao exame de quantos queriam conhecer-lhe os principios e analisá-los à vontade. Isto quer dizer que o Espiritismo não é uma doutrina fechada ou petrificada. É natural, então, que haja discussões, em nosso meio, neste ou naquele ponto, uma vez que nem todos têm a mesma formação, a mesma origem religiosa, o mesmo lastro de experiência. Além de tudo, somos todos espíritos desiguais, reencarnados, por necessidade, na Terra, não é verdade?

A Doutrina, por si mesma, deixou o campo livre para enriquecimentos e novas reflexões. E, se assim não ocorresse, teria ela parado, no tempo, e, por isso mesmo, não poderia acompanhar as mudanças que se operam no mundo. Está bem claro que os princípios gerais, isto é, os pontos nucleares, como se diz, são pacíficos, pois, neles, todos se apóiam, sem discordância. Há, entretanto, opiniões diversas, em relação a outras questões doutrinárias, fora do contexto básico, que é a nossa fonte inconfundível e direta.

Embora a Doutrina nos faça ver que o essencial é o nosso entendimento, sejam quais forem as palavras, verdade é que, ainda, se discute, muito, no meio espírita, ora por causa de palavras, ora por causa de interpretação. Em duas questões do “ O Livro dos Espíritos”, por exemplo, e de um modo bem explícito, a Doutrina faz advertência, sempre oportuna, este sentido: “As palavras pouco importam. Cabe-vos formular vossa linguagem, de um modo que vos possais entender. Chamai as coisas como quiserdes, contando que vos entendais”. (Questões 28 e 153).

Em todos os tempos, sempre, houve muita demanda, por causa de palavras. Temos desses problemas, também na seara espírita, mas não podemos dizer que todas as discussões e, até, algumas polemicas, entre confrades, sejam motivadas, exclusivamente, por expressões consideradas sutilezas verbais. Há discussões de outra ordem, em virtude, justamente, de posições assumidas, seja, quanto aos modos de ver, pessoalmente, os problemas e o papel das instituições.

Tudo isto é humano e, até certo ponto, inevitável. O debate, em muitos casos, é uma necessidade. Mas, debate não é agressão; é troca de idéias, para chegar a um denominador comum, seja qual for o teor das discordâncias. O objetivo, de parte a parte, é procurar a verdade, até onde é possível.

Justamente por isso, não vemos motivo, para que haja animosidade pessoal entre confrades, por causa de controvérsias. Saber discutir, aceitar ou rebater criticas, sem perder equilíbrio emocional, é uma prova de compreensão. Podemos fazer restrições às idéias de um companheiro, em terreno franco, com toda a lealdade, mas o respeito humano e a amizade pessoal não devem sofrer a mínima alteração. Restrições às idéias, e não às pessoas. Quem não aceita críticas, naturalmente, se julga dono da verdade. È triste, lamentável, mesmo, que o ardor de um debate, que devia ficar, exclusivamente pessoais, levando um confrade a ficar “frio” com o outro, apenas, porque discordam, neste ou naquele ponto. Será que, ainda, não sabemos discutir?...

Afinal de contas, a amizade pessoal e o apreço aos valores humanos nada têm que ver com as posições contrarias, neste ou naquele ângulo do pensamento crítico. Temos companheiros dos quais nós discordamos, profundamente, em muita coisa, mas a velha amizade, nunca, se modificou, e não haveria razão para tanto. Por que? Por que não compreendemos, sinceramente, como se pode mudar o tratamento, com um amigo, de uma hora para outra, somente porque houve um choque de idéias. Felizmente, conhecemos muitos confrades nossos, cujo procedimento, sob este ponto de vista é, realmente, exemplar: discutiam, calorosamente assumiam posições, frontalmente, antagônicas, mas tudo isso ficava no plano das opiniões, acima das pessoas. Terminado o debate, que parecia uma batalha de idéias, nada de ressentimentos, nada de prevenções; abraçavam-se e continuavam, lado a lado, trabalhando pela causa espírita. Já vimos, de perto, diversas atitudes desse tipo, aliás, muito enobrecedoras.

A esta altura de nossa vivência, no dia a dia, não podemos compreender como, por exemplo, um confrade, em irmão de ideal, possa chegar ao extremo de cortar as relações com o outro, ou deixar de cumprimenta-lo, com a cordialidade habitual, ou, até, evita-lo nos encontros, apenas, pelo fato de terem tido um atrito de pontos de vista ou terem discutido sobre um tema doutrinário. E, daí? Que tem tudo isso, com a convivência pessoal ou com o intercâmbio de amizade? Por que fazer, restrições, também, às pessoas, se o problema é com as idéias? Afinal, são coisas da Terra, não há dúvidas. Mas, a Doutrina veio para ensinar, e porque veio para ensinar, naturalmente, há de melhorar o procedimento dos homens.

 

(“Revista André Luiz” – nº 34, de 1983 – São Paulo – SP)

publicado por SÉRGIO RIBEIRO às 00:01
Sexta-feira , 01 de Outubro DE 2010

RENOVAÇÃO

 

Faça parte da falange da mudança universal. Aprenda a usar seus sentidos.

Não deixa que a nuvem da não realização, da negação de si próprio escureça a sua oportunidade de olhar para si mesmo. “O autoconhecimento faculta o esforço por superar as dificuldades e lutar contra as imperfeições que tisnam a claridade diamantina que reflete o pensamento divino”.

Visite o seu coração, aproxime-se do outro.

Use o brilho dos seus olhos para iluminar os que compartilham da sua presença e vão à busca de seu auxilio fraterno.

Use suas palavras para ensinar, para dignificar a vida. Estenda suas mãos ao toque suave. Contemple a troca de energias entre você e o seu semelhante, entre você e a natureza.

Seus ouvidos são instrumentos potentes. Captam o som dos movimentos dos viventes, o som das notas musicais e a batida do seu coração.

O equilíbrio é uma necessidade de sobrevivência.

É preciso estar atento aos movimentos corporais, a cada necessidade singular, ao caminho, ao percurso e as escolhas “Discernimento sobre o que deve e pode fazer não se permitindo eleger o que agrada, mas não deve, ou aquilo que deve, porém não convém executar”.

É preciso prestar atenção ao peso e aos valores colocados em sua própria balança intima, tomando o devido cuidado para não pesar nem mais de um lado nem mais do outro, e procurando distinguir entre “o que ilusório e o que é verdadeiro, o que estrutura resistente ao tempo as às transformações culturais e aquilo que apenas engoda”.

Não chorar demais, não sorrir demais, não falar demais, não se calar totalmente. Eterno aprendizado!

Hoje é mais um dia, mas pode ser um dia diferente em sua vida, em sua história. O que acha?

 

 

publicado por SÉRGIO RIBEIRO às 00:01

mais sobre mim

pesquisar

 

Outubro 2010

D
S
T
Q
Q
S
S
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
14
15
16
17
18
19
20
21
22
25
26
27
28
29
30
31

posts recentes

últ. comentários

mais comentados

arquivos

tags

subscrever feeds

blogs SAPO


Universidade de Aveiro