Domingo , 09 de Janeiro DE 2011

O HOMEM E O PROGRESSO

 

SE O HOMEM TIVESSE UMA única exis­tência corporal, como crêem os - que re­jeitam o princípio da reencarnação, poder-se-ia imputar ao Criador um gravíssimo defeito, qual seja a falta de equidade, senão mesmo a mais clamorosa injustiça, pela circunstância de suscitar as criaturas umas antes que as outras, privando assim as primeiras dos bene­fícios reservados às que chegam por último. Como deixamos exposto em nosso escri­to anterior, a civilização avança, vagarosa mas ininterruptamente, de modo que, de um século a outro, há sempre, para o homem, me­lhores condições de vida, o que equivale a dizer, mais felicidade.

Destarte, todos quantos hajam vivido nos tempos primitivos, em que tiveram que en­frentar a rudeza do meio e todo gênero de dificuldades, fartas e boas razões teriam para lastimar-se pela má sorte de terem nascido muito cedo...

Assim também, todos quantos houvessem ajudado a promover o progresso do mundo, através dos - séculos, teriam motivo de queixa por não lhes ter sido dado viver mais longa­mente, de modo a colherem os frutos de seus esforços e de seus sacrifícios.

Deus, porém, não poderia consagrar se­melhante iniquidade, e, pela lei das vidas su­cessivas, permite aos que viveram ao longo do passado voltem a viver na Terra em épo­cas vindouras, assegurando-lhes, por esse pro­cesso de rigorosa justiça, o ensejo de des­frutarem o que construíram e, através de no­vos labôres e experiências, participarem da marcha ascensional da Humanidade.

A teoria, da vida única, que estamos ana­lisando, dá margem, ainda, à seguinte obje­ção: É princípio seu que a alma de cada ser humano é criada no momento de sua união com o corpo, isto é, no instante do nascimento. Assim, pois, se o individuo «A» é mais adianta do do que «B», é porque Deus criou para ele uma alma mais adiantada. Por que esse favor? Que merecimento teria ele para ser dotado de uma alma superior, mais burilada?

Essa, entretanto, não é a maior dificul­dade, e sim estoutra:

«Se os homens vivessem um milênio, argumenta  Allan Kardec em O  Livro dos Es­píritos — conceber-se-ia que, nesse periodo milenar, tivessem tempo de progredir. Mas, -diariamente, morrem criaturas em todas as idades; incessantemente se renovam na face do planeta, de tal sorte que todos os dias aparece uma multidão delas e outra desapa­rece. Ao cabo de mil anos, já não há naque­la nação vestígio de seus antigos habitantes. Contudo, de bárbara, que era, ela se tornou policiada. Que foi o que progrediu? Foram os indivíduos outrora bárbaros? Mas esses morreram há muito tempo. Teriam sido os recém-chegados? Mas, se suas almas foram criadas no momento em que eles nasceram, essas almas não existiam na época da bar­bárie e forçoso será então admitir-se que os esforços que se despendem para civilizar um povo têm o poder, não de melhorar almas imperfeitas, porém de fazer que Deus crie al­mas mais perfeitas.  

«Comparemos esta teoria do progresso com a que os Espíritos apresentaram. As al­mas vindas no tempo da civilização tiveram sua infância, como todas as outras, mas já tinham vivido antes e vêm adiantadas por efei­to do progresso realizado anteriormente. Vêm atraídas por um meio  que lhes é simpático e que se acha em relação com o estado cm que atualmente se encontram. Desta forma, os cuidados dispensados à civilização de um povo não têm como consequência fazer que, de futuro, se criem almas mais perfeitas; têm, sim, a de atrair as que já progrediram, quer tenham vivido no seio do povo que se figura, ao tempo da sua barbárie, quer venham de outra parte. Aqui se nos depara igualmente a chave do progresso da Humanidade inteira. Quando todos os povos estiverem no mesmo nível, no tocante ao sentimento do bem, a Terra será ponto de reunião exclusivamente de bons Espíritos, que viverão fraternalmente unidos. Os maus, sentido-se aí repelidos e deslocados, irão procurar, em mundos inferio­res, o meio que lhes convém, até que sejam dignos de volver ao nosso, então transfor­mado.»

Os que vivemos neste século XX da era cristã, sejamos gratos ao Criador por aquilo que permitiu já fôsse realizado em favor do progresso e da tranquilidade das nações; com­preendamos, entretanto, o nosso papel no mundo, saibamos que somos os artífices do nosso porvir e se quisermos viver, amanhã, numa sociedade ainda melhor, auxiliemos a preparar o seu evento, cultivando o amor aos semelhantes, a bondade e a justiça, como ensina o Evangelho de N. S. Jesus Cristo.

 

Revista: Reformador,  número 1,  Janeiro 1972

 

publicado por SÉRGIO RIBEIRO às 00:01
Sábado , 08 de Janeiro DE 2011

AVERSÃO

          “O Livro dos Espíritos” – questões nºs 386 a 391 – fala dos simpatias e antipatias existentes entre os encarnados, tudo com raízes profundas na universal lei de sintonia.

Com relação à aversão, tem ela duas causas principais: o relacionamento desarmônico entre as criaturas ou o desnível evolutivo. Em ambos os casos, estamos sendo advertidos seriamente no sentido de não darmos guarida a esse sentimento em nossos corações. Assim como somos chamados a perdoar igualmente compreender o irmão menos vivido, porque é da Lei que o mais esclarecido oriente os passos do menos esclarecido. Se o erro ou a prática de iniquidades fossem imperdoáveis, Jesus não teria vindo até nós...

A aversão pode ser ativa ou passiva, conforme seja ela alimentada por nós ou contra nós. No primeiro caso, ainda que a tarefa não seja fácil, o esforço por libertarmo-nos desse impulso inferior depende exclusivamente da nossa vontade, guiada para esse intento e recorrendo aos recursos sempre eficazes da vigilância dos pensamentos e da meditação.

Na maioria das vezes, a aversão nasce de pequenas faltas ou de simples desatenções involuntárias. Se tivéssemos a capacidade de “aguardar” o tempo, quantas surpresas não teríamos? Quantas pessoas cometem pequenas desconsiderações para conosco e mais tarde nos dão cabal demonstração de apreço e amizade? Entretanto, os vícios da egolatria – o ciúme, a inveja, o orgulho, a vaidade – impedem o pronto esquecimento da falta, exagerando-lhe a extensão. Com o tempo, a simples mágoa inicial transforma-se em aversão duradoura.

Há certas antipatias cujas causas são aparentemente inamovíveis, tal como nos casos de diferenças de sensibilidade entre duas criaturas. Não obstante, devemos considerar que ninguém é completamente baldo de qualidades positivas  e, se estivermos realmente empenhados em transformar o sentimento de antagonismo, um meio eficaz seria procurar descobrir virtudes em nosso opositor, fazendo nascer me nós impulsos de boa-vontade. Esta é a técnica do bem-viver, a ser sistematicamente aplicada, muito especialmente com relação àquelas pessoas obrigadas a um convívio mais permanente conosco, como o colega de trabalho ou parente próximo.

As leis da vida concedem aos adversários de ontem muitas oportunidades e tempo mais prolongado, visando a reconciliação definitiva. Esse o objetivo a ser alcançado a todo custo, porquanto o ódio e a desavença destroem sempre, enquanto o amor é a base indispensável a qualquer realização nobre e permanente. Só assim compreendemos por que os abnegados obreiros de plano espiritual, verdadeiros instrumentos do Senhor, despendem tanto trabalho, tanta renúncia para alcançar esses objetivos. Quanto atividade concentrada, para restaurar a harmonia da vida, alternada pela nossa ignorância ou invigilância!...

Na segunda hipótese antes mencionada, isto é, a da aversão “contra nós”, o remédio e bem difícil de ser aplicado, porque o resultado não depende somente de nosso esforço, mas de modificarmos o quadro mental de nosso desafeto. Como podemos conseguir isso?

Jesus nos recomenda “amar aos nossos inimigos”. Tal ensinamento tem sido até motivo de chacota por aqueles que jamais procuram extrair o espírito da letra. Com o tempo, porém, o aprendiz do Evangelho vê nele a ciência de bem-viver. Em primeiro lugar, procura escoimar do ensinamento os exageros de interpretação, para aplicá-lo na vida prática, com probabilidade de êxito. É evidente que a recomendação evangélica não impõe convidemos o inimigo para jantar conosco. A afinidade de sentimentos é lei natural que prevalece em todas as situações. Isso não obsta, entretanto, que possamos modificar a maneira de sentir de nosso desafeto, praticando a máxima de Jesus no seu significado simples de “retribuir o mal com o bem” sempre que se apresente a oportunidade.

Da mesma forma, “orar pelos que nos perseguem e caluniam” é um recurso que beneficia, antes de mais nada, a quem dele se vale, pois o maior efeito da oração pelo nosso adversário é o de não deixar se instale, dentro de nós, o sentimento mesquinho da aversão. A prece, nesses casos, nos provê de humildade, possibilitando ver no ofensor um irmão carente de valores espirituais, tanto quanto nós mesmos o somos...

Em suma, não devemos, em hipótese alguma, cultivar aversão contra quem quer que seja. Um sentimento dessa ordem entrava o progresso espiritual, impede muitas realizações positivas, com agravo de nossas responsabilidades perante a vida.

André Luiz, a esse respeito, nos diz:

  “Toda antipatia conservada é perda de tempo, em muitas ocasiões acrescida de lamentáveis compromissos. O espinheiro da aversão exige longos trabalhos de reajuste. Em várias circunstâncias, para curar as chagas de um desafeto, gastamos muitos anos, perdendo o contacto com admiráveis companheiros de nossa jornada espiritual para a Grande Luz.” (“Entre a Terra e o Céu”, pág. 170).

  Guardemos bem essas palavras do estimado amigo da Espiritualidade Maior.

 

Revista Reformador – Fevereiro 1978

 

publicado por SÉRGIO RIBEIRO às 19:32
Quarta-feira , 05 de Janeiro DE 2011

O SENTIMENTO RELIGIOSO

 

Joanna de Ângelis

 

O sentimento religioso é inerente a todas as criaturas humanas.

Atavicamente, o homem teme, havendo nascido deste estado emocional o respeito pelo desconhecido e a adoração automática, os sacrifícios e cultos mediante os quais pretendia aplacar as forças vivas e temerárias da Natureza.

Na medida, porém em que ao instinto sucedeu a razão, modificaram-se, lentamente, os quadros da fé, passando da aceitação fetichista e receosa ao amor e ao conhecimento das Leis que regem a Vida.

Jesus desempenhou papel preponderante nessa mudança de comportamento.

Moisés havia estabelecido, anteriormente, os códigos de justiça, de que Hamurabi se fizera excelente pioneiro, na condição de legislador. No entanto, permaneceu predominando a imposição do Deus guerreiro, mais temido do que amado.

Em outras culturas, missionários diversos estabeleceram programas de culto à Beleza, ao Dever, à Sabedoria, enquanto diversos povos se detiveram no primitivismo e na selvageria dos costumes ancestrais.

 

Confúcio estabeleceu a filosofia da moral social e familiar.

Krishna ensinou a “lei dos renascimentos”.

Lao-Tse contribuiu em favor da paz e do equilíbrio.

Hermes revelou a conquista da sabedoria.

Zoroastro ensinou o culto ao dever.

Sócrates preconizou o autoconhecimento e a moral integral como bases para a felicidade.

Jesus, no entanto, fez-se o Caminho da Vida, na direção da Verdade.

 

A “Lei de adoração”, como capítulo basilar das “leis naturais” ou “de amor”, vige nos sentimentos de todos os seres pensantes, em forma de auto-reconhecimento a respeito da fragilidade que os caracteriza.

O homem tem-no, portanto, inato, como decorrência da sua origem divina, a que se submete e busca mediante o esforço, posteriormente, racional e atuante que se impõe. Essa adoração é realizada no intimo, exteriorizando-se em forma de respeito pela Vida, agindo corretamente nas diretrizes do bem com total superação das inclinações para o mal.

A princípio, entrega-se aos cultos externos, superando-os, à medida que mais se eleva e engrandece.

 

Transforma, assim, os teus sentimentos e entroniza Deus em tua alma, em teu coração. Aplica a razão ao teu sentimento religioso e ela te auxiliará a integrar-te cada vez mais no espírito do amor universal que exalta o Pai criador. A fé, que raciocina e discerne, proporciona segurança íntima, dinamiza os valores morais, auxiliando o ser no seu processo de crescimento, qual alavanca a propulsioná-lo para frente e para o alto.

 

A fé, portanto, que ilumina interiormente e acalma, que consola e se irradia em forma de caridade e amor, proporciona a perfeita religiosidade, que une a criatura a Deus, assim fazendo-a haurir forças e coragem, sabedoria e resistência para lograr com êxito o tentame da reencarnação.

Desenvolve-se através da meditação e do trabalho do bem, considerando que o sentimento religioso posto em prática dignifica e enobrece o homem.

Gandhi alcançou as culminâncias dos objetivos, mantendo-o vivo e pujante nele próprio.

Scheweitzer concluiu a tarefa de amor a que se propôs, mantendo-o vibrante em todos os seus atos.

E Jesus, símbolo e realidade insuperável, tornou-se o mais perfeito exemplo de entrega a Deus, adorando-O sem cessar, para que lhe pudéssemos seguir os passos sem receio nem falsos escrúpulos.

 

(Página psicografada pelo médium Divaldo P. Franco, em 17-1-1987, no Rio de Janeiro - RJ.)

 

Revista “Reformador” de Dezembro de 1987

 

publicado por SÉRGIO RIBEIRO às 13:31

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