BRASIL CORAÇÃO DO MUNDO, PÁTRIA DO EVANGELHO

 

 

I-Importância da Nação Brasileira no Cenário Mundial.

 

Desembarcava em Manhattan, na América vindo da França, no dia 11 de maio de 1831, o jovem Aléxis de Tocqueville que, em 1835, escrevia seu livro “De la Democratie en América”, no qual expunha suas idéias sobre a Nação que realizaria tarefas sem precedentes na História – os Estados Unidos.

Pelo método comparativo preconizava a bipolaridade, que somente bem mais tarde se implantaria. Vejamos o que escreveu, então:

“Existem hoje sobre a Terra dois povos, que tendo partido de pontos diferentes, parecem adiantar-se para o mesmo fim – são os russos e os anglo-americanos. Ambos cresceram na obscuridade; e enquanto os olhares dos homens estavam ocupados noutras partes, colocaram-se de Improviso na primeira fila entre as nações, e o mundo se deu conta, quase que ao mesmo tempo, de seu nascimento e de sua grandeza. Todos os outros povos parecem ter chegado mais ou menos aos limites traçados pela natureza, nada mais lhes restando se não manter-se onde se acham, enquanto aqueles dois se acham em crescimento; todos os outros vão se deter ou avançar a poder de mil esforços; apenas esses dois marcham a passo fácil e rápido numa carreira cujos limites o olhar humano não poderá ainda perceber. O americano luta contra os obstáculos que a natureza lhe opõe; o russo está em luta com os homens. Um combate o deserto e a barbárie; o outro, a civilização; por isso as conquistas do americano se firmam com o arado do lavrador e as do russo, com a espada do soldado. Para atingir sua meta, o primeiro apóia-se no interesse pessoal e deixa agir, sem dirigí-las, a força e razão dos indivíduos. O segundo concentra num homem, de certa forma, todo o poder da sociedade. Um tem por principal meio de ação a liberdade, o outro, a servidão. O ponto de partida é diferente, os seus caminhos são diversos; não obstante cada um deles será convocado, por um desígnio secreto da Providência, a deter nas mãos, um dia, os destinos da metade do mundo.”

Isso era previsto, veja-se bem, em 1835. E dentro do processo histórico, o ciclo evolutivo das nações marcaria o desaparecimento da supremacia da Espanha e Portugal, nações que, pela bipolaridade, dominavam os destinos do mundo com o advento das grandes navegações. Também desapareceria a hegemonia da França e da Inglaterra e o mundo continuaria dominado, no âmbito da bipolaridade, por nações com grande extensão territorial e amplas fachadas marítimas. Além dos Estados Unidos e da Rússia, outras cinco nações já se haviam estabelecido no Mundo, satisfazendo aquelas condições: o Canadá, a Austrália, a Índia, a China e o nosso Brasil, que ensaiava seu ciclo evolutivo entre as grandes Pátrias da Terra.

Coube ao sueco Rudolf Kjellen, na obra intitulada “O Estado como forma de vida”, de 1916, provar que as nações, como todos os seres vivos, nascem, crescem, projetam-se ou não e morrem, cedendo seu lugar a outras no cenário das grandes potências.

Fato importante, os estudiosos, hoje, vêm mostrando que a Rússia e os Estados Unidos aproximam-se do cone de sombra, que os levará, um dia, ao eclipse de sua supremacia nas áreas em que atuam no Planeta, em face do desmoronamento das estruturas sobre as quais se apóiam. Quanto aos Estados Unidos, a derrocada está prevista no fato de o racismo anglo-saxão ter dificuldade de manter-se majoritário, pois as minorias dos negros, chicanos, porto-riquenhos se reproduzem com mais desenvoltura, formando quistos – podendo desestabilizar-se a estrutura estatal. Quanto à Rússia, tratar-se-ia, como no caso do Império Romano, de regime centralizado, em falência... A Rússia de hoje, envolvendo toda a parte oriental da Europa, atingindo a Ásia sem alcançar o Mediterrâneo, começa a ser solapada pelas Repúblicas Socialistas e “satélites” da periferia.

Esse caso das potências mencionadas já preocupa os especialistas que promovem o processo seletivo, em busca das condições que devam preencher os países destinados à hegemonia dentro do mundo bipolar, em substituição daqueles em declínio (veja-se “Avaliação do Poder Mundial”, de Ray Cline).

Países com vasta extensão territorial e amplas fachadas marítimas, afora os Estados Unidos e a Rússia, são a China, o Brasil, o Canadá, a Índia e a Austrália. Candidatos à hegemonia mundial são mais forte a China e o Brasil, som “sua situação especialíssima e seu patrimônio imenso de riquezas...”.

Afirma, em sua obra “Retrato do Brasil” (Atlas - Texto de Geopolítica), a Professora Therezinha de Castro, do Colégio Pedro II e Conferencista de Geopolítica na Escola de Comando e Estado-Maior do Exército, na Escola de Guerra Naval e na Escola de Comando e Estado Maior da Aeronáutica, além de autora de numerosas obras de História Geral e do Brasil:

 

 

"Dentro da tese de Alexis de Tocqueville de que o mundo, a partir do século XX, em face da bipolaridade, passaria a ser dirigido por grandes nações com ampla extensão territorial e vasta fachada marítima, se opõem as condições básicas. Indispensáveis que um país deve possuir, simultaneamente, para se enquadrar na categoria de nação emergente no âmbito das relações internacionais:

 

· Superfície territorial maior do que 5.000.000 Km2;

· continuidade territorial;

· acesso direto e amplo ao alto-mar;

· recursos naturais estratégicos e essenciais;

· população maior do que 100 milhões de habitantes:

· densidade demográfica maior do que 10 habitantes por Km2 e menor do que 200 habitantes por km2;

· homogeneidade racial.

Essas sete condições básicas, na atualidade só são preenchidas por dois países – a China e o Brasil.

Assim, no âmbito das relações internacionais, apesar dos grandes espaços vazios por preencher e integrar, figuramos entre as nações mais populosas do Globo. Nação das mais populosas, onde a homogeneidade racial se vem impondo desde os primórdios coloniais, com três condições fundamentais para ser Grande Potência, pois temos: espaço, posição e matérias-primas; somos, portanto, dentro do conceito geopolítico global, uma Nação Satisfeita”. (destaques nossos.)

 

Afirma o Professor Pinto Ferreira, sociólogo e jurista, em sua obra “Curso de Educação Moral e Cívica”, 2ª edição, 1974:

 

“É preciso compreender o Brasil para poder amá-lo e engrandecê-lo. O Brasil constitui uma singularidade histórica. É a primeira grande civilização próspera no mundo tropical. O Brasil tem condições para ser uma superpotência mundial no século XXI (págs. 14 e 15). É uma grande potência mundial emergente, que será incontestavelmente uma das seis grandes superpotências do fim do século XX (pág.120). A ascensão do Brasil, como o foi a da Rússia, é uma inegável possibilidade geopolítica”. (pág. 163).

Vimos, assim, que do ponto de vista sócio-histórico-geográfico o destino do Brasil é tornar-se Grande Potência.

 

II - DESTINAÇÃO ESPIRITUAL DO BRASIL.

 

1.      Influência espiritual na História.

 

Segundo o realismo histórico cristão, a História se desenrola conforme a vontade de Deus, sempre soberana, sem prejuízo, porém, do papel do homem, que executa o planejamento divino, de acordo com seu preparo para a missão e seu livre-arbítrio, que o leva, muitas vezes, a desvios históricos, conhecidos.

Assim se expressa, a respeito, o filósofo Basave del Valle, em sua obra “Filosofia do Homem”, cap. XI, itens 13 e 14:

“Deus não pode falhar na realização dos seus fins providenciais... o fim da História será em qualquer caso o que Deus quis... há uma harmonia geral preestabelecida, impossível de anular devido aos desvios do homem”. (destaque nosso). A História, em conclusão, é obra de Deus e obra dos homens. Sob a condução suprema da providência, a livre atividade humana é forjadora da História”.

 

Esse mecanismo da História é assim apreciado pelo conhecido escritor espírita Hermínio C. Miranda, em artigo intitulado “Arquivos Espirituais da Independência do Brasil”, publicado em “Reformador” de setembro de 1972 e do qual extraímos os tópicos seguintes:

 

“(...) sou daqueles que vêem na História a presença inequívoca de Deus e, por isso, também, a importância das lições que elas encerram para melhor entendimento do presente e mais lúcida projeção do futuro.” “(...)É assim que os poderes espirituais fazem a História, escrevendo-a primeiro na memória e no coração dos seres que devem, por assim dizer, materializá-la no plano humano. Há falhas , às vezes, porque os Espíritos não são constrangidos; são convidados. Fica-lhes o livre-arbítrio e, por isso, estão sujeitos a deslizes que podem retardar o programa, mas nunca invalidar o objetivo superior traçado no mundo espiritual”. (Destaques nossos).

 

2. Preparo da raça (segundo elementos colhidos na obra “História da Civilização Brasileira”, da Professora Therezinha de Castro, págs.494/498):

O Brasil é um país mestiço, de raça não pura, de população cruzada. O povo brasileiro formou-se da mestiçagem do

· português, elemento invasor, desbravador, aventureiro, romântico a seu modo;

· negro, elemento importado, sofredor, que veio, como escravo, saudoso de sua terra, mas desprendido e humilde ( a escrava amamentava o filho da Sinhá, enquanto o seu chorava de fome);

· índio, elemento nativo, corajoso, amante da liberdade.

Observe-se que no Norte e no Sul predominou o cruzamento do português com o índio; no Centro-Oeste e Litoral deu-se o cruzamento do português com o negro. Quarto elemento vem complementar a população, por miscigenação – os imigrantes.

“O Brasil, país livre do racismo, com liberdade religiosa, é, na realidade, um país mestiço”.

As influências recebidas foram assimiladas, absorvidas. Surgiu um povo de grande simpatia, marcado pela solidariedade humana, com uma consciência coletiva e fraterna.

 

“(...) o Brasil resulta de três grupos étnicos diferentes, além dos imigrantes, mas nele há unidade de língua, que é a portuguesa. Desenvolveu uma sólida democracia étnica e racial, de que não há notícia no mundo, num sentimento de cálida fraternidade humana”. (“Curso de Educação Moral e Cívica”, do Professor Pinto Ferreira, 2ª ed. 1974, págs. 15 e 102).

 

 

III – O CORAÇÃO DO MUNDO.

 

Coube ao livro “Brasil, Coração do Mundo, Pátria do Evangelho”, de Humberto de Campos (Espírito), cuja 1ªedição, FEB, data de 1938, colocar para os espíritas a problemática da evolução espiritual do Brasil e delinear a tarefa que lhe cabe na construção evangélica do mundo futuro.

No prefácio da obra escreveu Emmanuel:

”O Brasil não está somente destinado a suprir as necessidades materiais dos povos mais pobres do Planeta, mas, também, a facultar ao mundo inteiro uma expressão consoladora da crença e de fé raciocinada e a ser o maior celeiro de claridades espirituais do Orbe inteiro”.

O autor da obra esclarece, na introdução:

“Jesus transplantou da Palestina para a região do Cruzeiro a árvore magnânima do seu Evangelho, a fim de que os seus rebentos delicados florescessem de novo, frutificando em obras de amor para todas as criaturas. (...) Nessa abençoada tarefa de espiritualização, o Brasil caminha na vanguarda. O material a empregar nesse serviço não vem das fontes de produção originariamente terrena e sim do plano invisível, onde se elaboram todos os ascendentes construtores da Pátria do Evangelho”.

Impõe-se transcrito o Capítulo I – O Coração do Mundo, da obra premonitória de Humberto de Campos (Espírito):

“(...) Foi após essa época, no último quartel do século XIV, que o Senhor desejou realizar uma de suas visitas periódicas à Terra, a fim de observar os progressos de sua doutrina e de seus exemplos no coração dos homens.

Anjos e Tronos lhe formavam a corte maravilhosa. Dos céus à Terra, foi colocado outro símbolo da escada infinita de Jacob, formado de flores e de estrelas cariciosas, por onde o Cordeiro de Deus transpôs as imensas distâncias, clarificando os caminhos cheios de treva. Mas, se Jesus vinha do coração luminoso das esferas superiores, trazendo nos olhos misericordiosos a visão de seus impérios resplandecentes e na alma profunda o ritmo harmonioso dos astros, o planeta terreno lhe apresentava ainda aquelas mesmas veredas escuras, cheias da lama da impenitência e do orgulho das criaturas humanas, e repletas dos espinhos da ingratidão e do egoísmo. Embalde seus olhos compassivos procuraram o ninho doce de seu Evangelho; em vão procurou o Senhor os remanescentes da obra de um dos seus últimos enviados à face do orbe terrestre. No coração da Úmbria haviam cessado os cânticos de amor e de fraternidade cristã. De Francisco de Assis só havia ficado as tradições de carinho e de bondade; os pecados do mundo, como novos lobos de Gúbio, haviam descido outra vez das selvas misteriosas das iniqüidades humanas, roubando às criaturas a paz e aniquilando-lhes a vida.

- Helil – disse a voz suave e meiga do Mestre a um dos seus mensageiros, encarregado dos problemas sociológicos da Terra -, meu coração se enche de profunda amargura, vendo a incompreensão dos homens, no que se refere às lições do meu Evangelho. Por toda a parte é a luta fratricida, como polvo de infinitos tentáculos, a destruir todas as esperanças; recomendei-lhes que se amassem como irmãos e vejo-os em movimentos impetuosos, aniquilando-se uns aos outros como Cains desvairados.

- Todavia – replicou o emissário solícito, como se desejasse desfazer a impressão dolorosa e amarga do Mestre – esses movimentos, Senhor, intensificaram as relações dos povos da Terra, aproximando o Oriente e o Ocidente, para aprenderem a lição da solidariedade nessas experiências penosas; novas utilidades da vida foram descobertas; o comércio progrediu além de todas as fronteiras, reunindo as pátrias do orbe. Sobretudo, devemos considerar que os príncipes cristãos, empreendendo as iniciativas daquela natureza guardavam a nobre intenção de velar pela paisagem deliciosa dos Lugares Santos.

Mas – retornou tristemente a voz compassiva do Cordeiro – qual o lugar da Terra que não é santo? Em todas as partes do mundo, por mais recônditas que sejam, paira a benção de Deus, convertida na luz e no pão de todas as criaturas. Era preferível que Saladino guardasse, para sempre, todos os poderes temporais na Palestina, a que caísse um só dos fios de cabelo de um soldado, numa guerra incompreensível por minha causa, que, em todos os tempos, deve ser a do amor e da fraternidade universal ”.

O diálogo continua, vindo, em dado momento, Jesus a perguntar:

“ – Helil(...) onde fica, nestas terras novas, o recanto planetário do qual se enxerga, no infinito, o símbolo da redenção humana?

-Esse lugar de doces encantos, Mestre, onde se vêem, no mundo, as homenagens dos céus, aos vossos martírios na Terra, fica mais para o Sul.

E quando no seio da paisagem repleta de aromas e melodias, contemplavam as almas santificadas dos orbes felizes, na presença do Cordeiro, as maravilhas daquela terra nova, que seria mais tarde o Brasil, desenhou-se no firmamento, formado de estrelas rutilantes, no jardim das constelações de Deus, o mais imponente de todos os símbolos.

Mãos erguidas para o Alto, como se invocasse a bênção de seu Pai para todos os elementos daquele solo extraordinário e opulento, exclama então Jesus:

- Para esta terra maravilhosa e bendita será transplantada a árvore do meu Evangelho de piedade e de amor. No seu solo dadivoso e fertilíssimo, todos os povos da Terra aprenderão a lei da fraternidade universal. Sob estes céus serão entoados os hosanas mais ternos à misericórdia do Pai Celestial. (...) Aproveitamos o elemento simples de bondade, o coração fraternal dos habitantes destas terras novas, e, mais tarde, ordenarei a reencarnação de muitos Espíritos já purificados no sentimento da humildade e da mansidão, entre as raças sofredoras das regiões africanas, para formarmos o pedestal de solidariedade do povo fraterno que aqui florescerá, no futuro, a fim de exaltar o meu Evangelho, nos séculos gloriosos do porvir. Aqui, Helil, sob a luz misericordiosa das estrelas da cruz, ficará localizado o CORAÇÂO DO MUNDO!” (Destaques nossos.)

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Foi por isso que o Brasil, onde confraternizam hoje todos os povos da Terra e onde será modelada a obra imortal do Evangelho do Cristo, muito antes do Tratado de Tordesilhas, que fincou as balizas das possessões espanholas, trazia já, em seus contornos, a forma geográfica do CORAÇÃO DO MUNDO.”(Destaque nosso.)”.

 

IV – A PÁTRIA DO EVANGELHO.

 

Fala-nos Humberto de Campos (Espírito), em sua obra profética, da descoberta do Brasil (V. Capítulo II) e de como repercutiu no mundo espiritual:

“A bandeira das quinas desfralda-se então gloriosamente nas plagas da terra abençoada, para onde transplantara Jesus a árvore de seu amor e de sua piedade, e, no céu, celebra-se o acontecimento com grande júbilo. Assembléias espirituais, sob as vistas amorosas do Senhor, abençoam as praias extensas e claras e as florestas cerradas e bravias. Há um contentamento intraduzível em todos os corações, como se um pombo simbólico, trouxesse as novidades de um mundo mais firme, após novo dilúvio.

Henrique de Sagres (o HELIL), o antigo mensageiro do Divino Mestre, rejubila-se com as bênçãos recebidas do céu. Mas, de alma alarmada pelas emoções mais carinhosas e mais doces, confia ao Senhor as suas vacilações e os seus receios:

- Mestre – diz ele -, graças ao vosso coração misericordioso, a terra do Evangelho florescerá agora para o mundo inteiro. Dai-nos a Vossa benção para possamos velar pela sua tranqüilidade, no seio da pirataria de todos os séculos. Temo, Senhor, que as nações ambiciosas matem as nossas esperanças, invalidando as suas possibilidades e destruindo os seus tesouros....

Jesus, porém, confiante, por sua vez, na proteção de seu Pai, não hesita em dizer com a certeza e a alegria que traz em si:

- Helil, afasta essas preocupações e receios inúteis. A região do Cruzeiro, onde se realizará a epopéia do meu Evangelho, estará, antes de tudo, ligada eternamente ao meu coração. As injunções políticas terão nela atividades secundárias, porque, acima de todas as coisas, em seu solo santificado e exuberante estará o sinal da fraternidade universal, unindo todos os espíritos. Sobre a sua volumosa extensão pairará constantemente o signo da minha assistência compassiva e a mão prestigiosa e potentíssima de Deus pousará sobre a terra de minha cruz, com infinita misericórdia.”

No último capítulo da obra, o Autor espiritual justifica-a assim:

 

“Nosso objetivo, trazendo alguns apontamentos à história espiritual do Brasil, foi-se tão-somente encarecer a excelência da sua missão no planeta, demonstrando, simultaneamente, que cada nação, como cada indivíduo, tem sua tarefa a desempenhar no concerto dos povos. Todas elas têm seus ascendentes no mundo invisível, de onde recebem a seiva espiritual necessária à sua formação e conservação. E um dos fins principais do nosso escorço foi examinar, os olhos de todos, a necessidade da educação pessoal e coletiva, no desdobramento de todos os trabalhos do país. (...) Só o legítimo ideal cristão, reconhecendo que o reino de Deus ainda não é deste mundo, poderá, com a sua esperança e o seu exemplo, espiritualizar o ser humano, espalhando com os seus labores e sacrifícios as sementes produtivas na construção da sociedade do futuro.” (São nossos todos os destaques deste capítulo.)

 

V - CONSIDERAÇÕES FINAIS.

 

O Espiritismo nos ensina que, planejadas na Espiritualidade as nossas tarefas, com vistas a garantir nosso progresso intelectual e espiritual, cabe-nos a responsabilidade de executá-las, o que fazemos de acordo com a nossa vontade livre, bem ou mal, apressando ou retardando a própria evolução. Retardando, dissemos, não a frustrando, porém.

No artigo “Uma avaliação do Espiritismo no Brasil”, publicado em “Reformador” de março de 1978, Hermínio C. Miranda assim se manifesta a respeito da missão atribuída aos espíritas brasileiros, pela obra “Brasil, Coração do Mundo, Pátria do Evangelho”:

“É certo, pois, que o nosso país está investido de uma grande responsabilidade na implementação desse esquema de trabalho e tudo se fará conforme planejado, mesmo porque, segundo Humberto, “todos os obstáculos serão, um dia, removidos para sempre do caminho ascensional no progresso”. Está, porém, nas mãos dos homens a faculdade de influir no ritmo da caminhada.

(...) “os discípulos encarnados bem poderiam atenuar o vigor das dissensões esterilizadoras, para se unirem na tarefa impessoal e comum, apressando a marcha redentora” – informa ainda Humberto à pág. 228.”

Eis aí, pois, o programa de trabalho, as responsabilidades de cada grupo- encarnados e desencarnados- e as dificuldades a vencer que, como facilmente se depreende, estão em nós mesmos e não naquilo que temos de fazer.

O êxito do empreendimento é indubitável, mas a sua concretização no tempo e no espaço depende, em grande parte, do nosso posicionamento nesse vastíssimo contexto histórico, do grau de maturidade que demonstrarmos na execução das pequeninas tarefas que nos cabem na tarefa maior. Se optarmos pelas dissensões de que fala Humberto, ou pelo “personalismo e vaidade... que as forças das sombras alimentam” , como ele ainda insiste à pág.223, então estaremos entre aqueles que, transformados em obstáculos, terão de ser removidos”.

Fala-nos, então, o articulista num modelo espírita brasileiro e alerta:

“Não sei se estamos todos bastante conscientes e alertados, no Brasil, para a importância do que poderíamos identificar como modelo”.

E termina o artigo com esta reflexão:

“O modelo está pronto e não falhará; os Espíritos orientadores também estão a postos e não falharão, porque seguem o comando de Alguém que jamais nos despontou. E nós?” (Destaque do original.)

    O assunto foi objeto de outro artigo, este de lavra de Passos Lírio e publicado em “Reformador” de janeiro de 1979, no qual o articulista arrola os fatos que, a seu ver, justificam a previsão, constante da obra citada, da tarefa a ser executada pelo Espiritismo no Brasil, para realização dos desígnios do Alto, a respeito.

    Desses fatos salientamos apenas alguns, remetendo o paciente leitor ao artigo, que merece lido na íntegra:

    . Circulação ininterrupta de “Reformador”, cujo primeiro centenário de fundação ocorreu em 21 de janeiro de 1983, sempre lido por grande número de adeptos do Espiritismo;

    ·  os vários Congressos espiritualistas e espíritas, realizados fora do País, com a presença do Brasil, em 1898 (Londres), 1900 (Paris), 1908 (México), 1910 (Bruxelas), 1925 (Paris);

    · tradução em língua portuguesa das obras de Allan Kardec e de renomados escritores espíritas;

    · a extraordinária difusão do Espiritismo graças ao Departamento Editorial da FEB, que vem publicando e distribuindo milhões de exemplares de obras específicas, muitas das quais em língua estrangeira;

    · a memorável façanha mediúnica de Francisco Cândido Xavier, psicografando livros que abrangem os mais diversos assuntos, como poesia, romance, conto, crônica, histórias, ciência, filosofia, religião (aqui se salientando as mensagens de Emmanuel, André Luiz e outros);

    · o aumento acentuado do número de editoras de obras espíritas;

    · a imprensa doutrinária com muitos importantes órgãos;

    · as obras sociais mantidas pelas entidades espíritas;

    · a divulgação da Doutrina Espírita no Exterior feita, principalmente, por Divaldo Pereira Franco, médium psicógrafo que responde por muitos títulos editoriados;

    · a ação elucidativa e renovadora de doutrinadores, expositores, jornalistas e escritores espíritas;

    · o Sistema Federativo nacional.

    Cumpre não esquecer o editorial de “Reformador”, que antecede o artigo de Passos Lírio, em algumas de suas considerações e advertências sobre a missão que a obra “Brasil, Coração do Mundo, Pátria do Evangelho” veicula:

    “De cunho nitidamente espirítico, com sabor de genuína brasilidade. Mas, também, de transcendental significação histórica e civilizadora, dando os contornos de vastas e nobilíssimas tarefas – e aqui aludimos apenas à esfera das coisas do Espírito – que envolvem as origens e as razões da missão de uma Pátria e de um Povo, no desdobramento, no espaço e no tempo, do programa crístico do Evangelho, em espírito e verdade.

 

..................................

 

       É inteiramente falsa e despropositada a acusação dos que vêem nessa obra do médium Francisco Cândido Xavier presunção de brasileiros quanto à posição de povo eleito, privilegiado, com pretensão de superioridade e ânsia de hegemonia sobre os demais. (Destaque do original).

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    A Pátria do Evangelho, destinação do Brasil – como Coração do Mundo, em lenta formação – está sendo construída há algum tempo. O resultado pertence a Deus. (...) Isso quer dizer que a missão pode resultar em vitória ou fracasso, como precedentemente aconteceu com o desastroso comportamento daqueles que se consideravam orgulhosamente o “povo eleito”. (Destaque do original).

.................................

 

    A Árvore do Evangelho, entre nós, não é ainda do porte que terá no Grande Futuro: está em desenvolvimento, crescendo, erguendo e espalhando galhos e folhagem, florescendo e frutificando, estendendo alimento e sombra acolhedora, protegendo mananciais e aprofundando raízes. Um dia abrigará a todos. (...)

    (...) Assim, o Brasil deve ser considerado, desde já, como a Grande Pátria Mundial dos homens, expressão confortadora de universalidade e de unidade com pertinência à Unificação geral com que nos acena o próximo milênio, o qual será de lutas árduas, durante séculos de esforço na reconstrução da fé e de civilização.”

 

VI – CONCLUSÃO.

    Diz o citado editorial de “Reformador”:

    “A árvore do Evangelho, entre nós, não é ainda do porte que terá no Grande Futuro (...) Um dia abrigará a todos.”

    Castro Alves reafirma a idéia, no belo poema que ditou à psicografia de Francisco Cândido Xavier, em Brasília, na abertura do VI Congresso Brasileiro de Jornalistas e Escritores Espíritas, na noite de 15 de abril de 1976, lembrando que

 

    “Nos domínios do Universo,

     Ninguém evolui a sós,

     A Humanidade na Terra

     É a soma de todos nós.”

 

    Eurípedes Barsanulfo, em mensagem psicográfica recente, adverte:

 

    “E não nos esqueçamos de que o Brasil é o “Coração do Mundo”, mas somente será a “Pátria do Evangelho” se este Evangelho estiver sendo sentido e vivido por cada um de nós.” (Ver “Alavanca”, de julho de 1987, pág.5.)

 

    A inspiração é apanágio dos poetas, cuja sensibilidade capta as grandes idéias do planejamento divino, por antecipação no tempo. Assim se deu com o Professor Daltro Santos, do Colégio Militar, que, muito antes do lançamento do livro de Humberto de Campos (Espírito), vinha brindar-nos com esta jóia incrustada em seis versos de ouro:

 

    “Pátria! Inda há de ser teu povo, um dia,

    Dentre os povos da Terra a primazia,

    Pelo esplendor que teu futuro encerra;

    Pela cultura e pelo amor profundo,

    Inda hás de ser o cérebro da Terra,

    Inda hás de ser o coração do Mundo!”

 

Revista “Reformador” - setembro 1987-Editorial

 

 

publicado por SÉRGIO RIBEIRO às 04:56