PLURARIDADE DAS EXISTÊNCIAS

 

Compreendam e não esqueçam nunca que, pela pluraridade das existências e corformemente ao grau de culpabilidade, as provações e as expiações, tendo por fim a purificação e o progresso são apropriadas às faltas cometidas nas encarnações precedentes. Assim, por exemplo, o senhor de ontem, duro e arrogante, que faliu nas suas provas como senhor, fossem quais fossem, dentro da ordem social, sua posição ou seu poder na terra, é o escravo, o servo, ou criado de amanhã. O sábio que ontem, materialista e orgulhoso, abusou de sua inteligência, da sua ciência, para desencaminhar os homens, para perverter as massas populares, é o cego, o idiota ou o louco de amanhã. O orador de ontem, que abusou gravemente da palavra para arrastar os homens ou os povos a erros profundos, é o surdo mudo do dia seguinte. O que ontem dispôs da saúde, da força, ou da beleza física e gravemente abusou de tudo isso, é o sofredor, o doente, o raquítico, o desertado da natureza, o enfermo de amanhã. Se é certo que os corpos procedem dos corpos, não menos certo é que são apropriados às provações e às expiações por que o Espírito haja de passar e que a encarnação se dá no meio e nas condições  adequados ao cumprimento de tais provações e expiações. É o que explica como e porque, na mesma família, dois filhos, dois homens nascidos do mesmo pai e da mesma mãe, se encontram em condições físicas tão adversas, tão opostas. De igual modo a diferença nas provações, a disparidade do avanço realizado nas existências precedentes explicam porque e como, do ponto de vista moral ou intelectual, esses dois irmãos se acham em condições tão adversas, tão opostas.

Compreenda o homem e não se esqueça nunca que o mais próximo e mais querido parente de ontem, que o mais amigo da véspera podem vir a ser e são muitas das vezes o estranho, o desconhecido do dia seguinte, que ele a todo instante poderá encontrar, acolher ou repelir.

Que, pois, os homens, cientes e compenetrados de que a vida humana e as condições sociais são provações e ao mesmo tempo meio e modo de amparo e de concurso recíproco nas vias da reparação e do progresso, pratiquem a lei de amor, partilhando mutuamente o que possam de natureza material ou intelectual, dando aquele que tem ao que não tem, dando de coração o auxílio do coração, dos braços, da bolsa, da inteligência, da palavra e, sobretudo do exemplo. Então, quando tal se verificar, estarão cumpridas em toda verdade, sob os auspícios e a pratica da fraternidade recíproca e solidária, estas palavras de Jesus: “Basta ao discípulo ser como o mestre e ao servo como o senhor”.

Trecho retirado do livro “OS QUATRO EVANGELHOS” de J.B.Roustaing.

Recebido mediunicamente pelos apóstolos Mateus, Marcos e Lucas.

Páginas 192 e 193. 

 

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publicado por SÉRGIO RIBEIRO às 09:22