Quarta-feira , 05 de Janeiro DE 2011

O SENTIMENTO RELIGIOSO

 

Joanna de Ângelis

 

O sentimento religioso é inerente a todas as criaturas humanas.

Atavicamente, o homem teme, havendo nascido deste estado emocional o respeito pelo desconhecido e a adoração automática, os sacrifícios e cultos mediante os quais pretendia aplacar as forças vivas e temerárias da Natureza.

Na medida, porém em que ao instinto sucedeu a razão, modificaram-se, lentamente, os quadros da fé, passando da aceitação fetichista e receosa ao amor e ao conhecimento das Leis que regem a Vida.

Jesus desempenhou papel preponderante nessa mudança de comportamento.

Moisés havia estabelecido, anteriormente, os códigos de justiça, de que Hamurabi se fizera excelente pioneiro, na condição de legislador. No entanto, permaneceu predominando a imposição do Deus guerreiro, mais temido do que amado.

Em outras culturas, missionários diversos estabeleceram programas de culto à Beleza, ao Dever, à Sabedoria, enquanto diversos povos se detiveram no primitivismo e na selvageria dos costumes ancestrais.

 

Confúcio estabeleceu a filosofia da moral social e familiar.

Krishna ensinou a “lei dos renascimentos”.

Lao-Tse contribuiu em favor da paz e do equilíbrio.

Hermes revelou a conquista da sabedoria.

Zoroastro ensinou o culto ao dever.

Sócrates preconizou o autoconhecimento e a moral integral como bases para a felicidade.

Jesus, no entanto, fez-se o Caminho da Vida, na direção da Verdade.

 

A “Lei de adoração”, como capítulo basilar das “leis naturais” ou “de amor”, vige nos sentimentos de todos os seres pensantes, em forma de auto-reconhecimento a respeito da fragilidade que os caracteriza.

O homem tem-no, portanto, inato, como decorrência da sua origem divina, a que se submete e busca mediante o esforço, posteriormente, racional e atuante que se impõe. Essa adoração é realizada no intimo, exteriorizando-se em forma de respeito pela Vida, agindo corretamente nas diretrizes do bem com total superação das inclinações para o mal.

A princípio, entrega-se aos cultos externos, superando-os, à medida que mais se eleva e engrandece.

 

Transforma, assim, os teus sentimentos e entroniza Deus em tua alma, em teu coração. Aplica a razão ao teu sentimento religioso e ela te auxiliará a integrar-te cada vez mais no espírito do amor universal que exalta o Pai criador. A fé, que raciocina e discerne, proporciona segurança íntima, dinamiza os valores morais, auxiliando o ser no seu processo de crescimento, qual alavanca a propulsioná-lo para frente e para o alto.

 

A fé, portanto, que ilumina interiormente e acalma, que consola e se irradia em forma de caridade e amor, proporciona a perfeita religiosidade, que une a criatura a Deus, assim fazendo-a haurir forças e coragem, sabedoria e resistência para lograr com êxito o tentame da reencarnação.

Desenvolve-se através da meditação e do trabalho do bem, considerando que o sentimento religioso posto em prática dignifica e enobrece o homem.

Gandhi alcançou as culminâncias dos objetivos, mantendo-o vivo e pujante nele próprio.

Scheweitzer concluiu a tarefa de amor a que se propôs, mantendo-o vibrante em todos os seus atos.

E Jesus, símbolo e realidade insuperável, tornou-se o mais perfeito exemplo de entrega a Deus, adorando-O sem cessar, para que lhe pudéssemos seguir os passos sem receio nem falsos escrúpulos.

 

(Página psicografada pelo médium Divaldo P. Franco, em 17-1-1987, no Rio de Janeiro - RJ.)

 

Revista “Reformador” de Dezembro de 1987

 

publicado por SÉRGIO RIBEIRO às 13:31
Quarta-feira , 22 de Dezembro DE 2010

PELOS ESQUECIDOS DA TERRA

 

JESUS! Lembrando o Teu convite endereçado a todos nós, há mais de dois mil anos: “Vinde a mim todos vós que estais aflitos e sobrecarregados que eu vos aliviarei”, aproveitamos a oportunidade para fazer-te um pedido em nome dos “esquecidos”, por ocasião de Tua descida ao nosso mundo, entre os dias 24 e 25 de Dezembro, quando comemoramos o Teu aniversário natalício.

Como sabes Senhor, eles se encontram em toda parte, a começar pelas crianças que acordam famintas, esquecidas pela sociedade indiferente à sua sorte, e que por isso acabam encontrando a desencarnação na cruel desnutrição. Rogamos pelas mães abandonadas por parceiros desalmados; vencidas pela miséria, elas esquecem de si mesmas para poderem sustentar os filhos e acabam vitimas da traiçoeira tuberculose.

Pedimos também pelos pais esquecidos, Senhor, que tudo fazem pelos filhos, sacrificando-se inúmeras vezes para o bem-estar deles, e depois são relegados a um segundo plano na velhice, razão pela qual acabam desencarnando apunhalados moralmente pela ingratidão daqueles de quem tanto esperavam no inverno de suas vidas.

Jesus! É certo que não temos a pena de morte em nosso país. Mas há coisa pior do que as vítimas do esquecimento do Poder Público, que apodrecem nas prisões sem as mínimas condições de se reabilitarem perante a vida social? É por isso que intercedemos em favor desses relegados dos poderes constituídos, abandonados nos cárceres, para que sejam restabelecidos a dignidade e o respeito que devemos a esses irmãos em humanidade.

Médico de nossas almas! Rogamos pelos enfermos, esquecidos nas filas dos hospitais, para serem atendidos não se sabe quando, e pelos que são deixados nos corredores à míngua de socorro e atendimento, em flagrante desrespeito às suas dores e, sobretudo, à sua inconteste condição humana.

Governador do Planeta Terra! Embora tenhas sido relegado ao esquecimento pelos Doutores da Lei, pelos poderosos de Tua época e pelos falsos líderes religiosos, jamais esqueceste dos humildes, dos pecadores, dos sofredores de toda a sorte, pois sempre acolheste a todos eles através do Teu Verbo tocado de infinito amor e profunda compreensão.

Além de endereçarmos esta rogativa pelos esquecidos deste mundo, rogamos também em favor, das crianças que estão ainda por nascer, pois existem parlamentares querendo assassiná-las, por meio de aprovação de uma lei que permitirá, infelizmente, a prática do aborto indiscriminado. Ou seja: “esquece-las” pelo resto da vida.

Neste NATAL, vem Senhor, amparar todos os esquecidos que se encontram aflitos e sobrecarregados neste planeta, a fim de aliviares suas dores causadas pela ambição dos insaciáveis, pela indiferença dos egoístas e pela falta de compaixão dos insensíveis.

Vem, portanto, Senhor, confortar o coração dos que foram vencidos pela miséria, pela fome, pela enfermidade, pelas injustiças, porque eles não possuem voz para aclamar por piedade aos “vencedores” da Terra!   

 

publicado por SÉRGIO RIBEIRO às 03:02
Domingo , 14 de Novembro DE 2010

O ESPIRITISMO NO FUTURO

 

 

     Cada dia o Espiritismo estende o círculo de seu ensino moralizador. Sua grande voz repercutiu de um extremo ao outro da Terra. A sociedade se comoveu com ela e de seu seio partiram adeptos e adversários.

 

     Adeptos fervorosos, adversários hábeis, mas cuja mesma habilidade e renome serviram à causa que queriam combater, chamando para a doutrina nova a atenção das massas e lhes dando o desejo de conhecer os ensinos regeneradores, que seu adeptos preconizam e que os faziam escarnecer e pôr em ridículo.

 

     Contemplai o trabalho realizado e alegrai-vos com o resultado! Mas que efervescência indizível se produzirá entre os povos, quando de seus mais amados escritores vierem juntar-se aos nomes mais obscuros e menos conhecidos dos que se comprimem em redor da bandeira da verdade!

 

     Vede o que produziram os trabalhos de alguns grupos isolados, na maioria entravados pela intriga e pela má vontade e julgai da revolução que se operará, quando todos os membros da grande família espírita se derem as mãos e declararem, fronte alta e o coração firma, a sinceridade de sua fé e de sua crença na realidade do ensinamento dos Espíritos.

 

     As massas gostam do progresso, buscam-no, mas o temem. O desconhecido inspira um secreto terror aos filhos ignorantes de uma sociedade embalada pelos conceitos, que ensaia os primeiros passos na via da realidade e do progresso moral. As grandes palavras liberdade, progresso, amor, caridade ferem o povo sem o comover; muitas vezes ele prefere seu estado presente e medíocre a um futuro melhor, mas desconhecido.

 

     A razão desse temor do futuro está na ignorância do sentimento moral num grande número, e do sentimento inteligente em outros. Mas não é certo, como disseram vários filósofos célebres, que uma concepção falsa da origem das coisas tenha feito errar, como eu mesmo o disse, - porque coraria de o dizer? não pude enganar-me? - não é certo, digo eu, que a humanidade seja má por essência. Não; aperfeiçoando a sua inteligência, ela não dará um impulso maior às suas más qualidades. Afastai de vós esses pensamentos desesperadores, que repousam num falso conhecimento do espírito humano.

 

     A humanidade não é má por natureza; mas é ignorante e, por isso mesmo, mais apta a se deixar governar por suas paixões. É progressiva e deve progredir para atingir os seus destinos; esclarecei-a; mostrai-lhe seus inimigos ocultos na sombra; desenvolvei sua essência moral, nela inata, e apenas entorpecida sob a influência dos maus instintos e reanimareis a centelha da eterna verdade, da eterna presciência do infinito, do belo e do bom, que reside para sempre no coração do homem, mesmo o mais perverso.

 

     Filhos de uma doutrina nova, reuni as vossas forças; que o sopro divino e o socorro dos bons Espíritos vos sustentem, e fareis grandes coisas. Tereis a glória de haver posto as bases dos princípios imperecíveis, cujos frutos vossos descendentes recolherão.

 

(Espírito de Montaigne - Revista Espírita de 1868).  

 

OBSERVAÇÃO DO COMPILADOR: Michel Eyquem de Montaigne, escritor francês - 1533/1592. Freqüentou a Corte. Sua obra principal denominou-se Ensaios. Para Montaigne a Arte de Viver "funda-se numa sabedoria prudente, inspirada no bom senso e no espírito de tolerância"

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publicado por SÉRGIO RIBEIRO às 20:45
Domingo , 24 de Outubro DE 2010

"DUAS VIDAS" - UM INDIVÍDUO

 

Narra-nos o eminente sábio Gabriel Delanne, considerado o Gigante do Espiritismo Científico, que um doente foi, em pleno consultório, acomedido de ataque epilético. Breve recobrou os sentidos, mas esquecido de haver pago de antemão a consulta médica. Outro epilético, caindo numa loja, levantou-se presto, e fugiu, deixando chapéu e carteira.

“Só voltei a mim – dizia -, depois de percorrer um quilômetro; procurava o chapéu em todas as lojas, mas na verdade, sem noção do que fazia. Esta, a bem dizer, só me veio uns dez minutos depois, quando chegava à estação do caminho de ferro”.

Um empregado de escritório foi, em plena atividade, e sem outro qualquer distúrbio, assaltado por idéias confusas. Lembrava-se, apenas, de haver jantado no restaurante, e depois disso nada lhe ocorria. Voltou ao restaurante e disseram-lhe que jantara, pagara e saíra bem disposto, como se nada sentisse. A obnubilação durara três quartos de hora, mais ou menos.

Examinemos este último caso, que explica os outros.

Durante quarenta e cinco minutos, a vertigem epiléptica subtraiu ao paciente a consciência de seus atos, mas lhe deixou o automatismo cerebral, e, aos olhos do público, era como se nada de extraordinário lhe houvera acontecido.

Que se passou, então? Acabamos de ver que, no estado normal, cada indivíduo tem, segundo a sua constituição fisiológica, uma tonicidade nervosa que lhe é peculiar, mediante a qual se lhe registram na consciência as sensações, com um mínimo de intensidade e outro mínimo de duração: ora, esse homem, atingido subitamente por um ataque epiléptico, tem, de inopino, modificadas as condições de funcionamento normal do sistema nervoso, de sorte a se modificarem, concomitantemente, a força vital e as vibrações perispirituais correspondentes: as sensações inscrevem-se-lhe no perispírito, e a alma as percebe, mas de outra maneira que não a normal.

De modo que, voltando a si, o paciente não tem noção do que sucedeu durante o ataque, enquanto, paralelamente, o automatismo cerebral, criado pelo hábito, levava-o a proceder como se o fizesse conscientemente. Acentuemos bem que não há duas individualidades nesse homem, que o eu é sempre o mesmo; mas durante o acesso, o ritmo no perispírito variou, as sensações inscreveram-se no organismo fluídico, modificado.

Quando o perispírito volta à tonicidade normal, isto é, cessada a crise, a alma não mais tem consciência do que ocorreu, pois as relações normais se restabeleceram, as sensações passam ao inconsciente, perdeu-se a memória.

É um fenômeno que pode se assimilado ao do sonho. Enquanto dormimos, nossa alma mantém-se em incessante atividade, mas as sensações internas são extremamente fracas, e, se parecem fortes, não é porque na realidade o sejam, mas porque nenhum estado forte existe para relegá-las a segundo plano.

Desde que recomece o estado de vigília, as imagens que não tiverem senão um mínimo de intensidade passam ao inconsciente: o sonho é esquecido. No exemplo do empregado de escritório, há dois gêneros de vida a se sucederem no mesmo indivíduo, ignorando-se uma à outra; mas, a existência extranormal não durou mais do que um quarto de hora e nós ignoramos se ela se reproduziu. BIBLIOGRAFIA: “A Evolução Anímica”- Gabriel Delanne.
 

O SEMEADOR – Outubro/1996

publicado por SÉRGIO RIBEIRO às 00:01
Sábado , 23 de Outubro DE 2010

A VERDADE DE CADA UM

É inadmissível, que nos dias atuais, às vésperas do 3º milênio, quer através da imprensa escrita, falada e televisiva, vejamos "fiéis" de determinadas religiões desenvolverem verdadeiras batalhas contra profitentes de outras crenças. Alguns, para alcançarem seus objetivos - aniquilar o inimigo - não titubeiam em lançar mão dos argumentos mais descabidos, até mesmo da mentira, se necessário for. Aqui comigo penso: se os religiosos, que pregam o entendimento, o perdão e paz, agem dessa maneira, imaginem os demais ...

Não há nenhum constrangimento em que sejam expostas as mazelas do próximo nos programas de TV, para depois então, mostrar a "religião salvadora". A dor e os problemas das pessoas são tratados como "produtos" na busca de conversões, num "marketing" proselitista sem pudor nem antecedentes, verdadeiro comércio da fé.

É lamentável que os homens "ainda sejam tão crianças no entendimento", como no dizer de São Paulo, perdendo tempo com discussões improdutivas, que não conduzem a lugar algum. Esquecem-se, que mais importante do que o rótulo é o conteúdo; mais importante que as aparências, são as atitudes. Depois, cada um tem o direito - inclusive assegurado pela Constituição do nosso país -,  no que diz respeito às crenças e cultos, de seguir o caminho que bem entender, de acreditar no que bem quiser.

Por uma questão de respeito à liberdade de pensamento, temos o dever de aceitar o posicionamento religioso dos outros; se não por isto, pelo menos por educação. Afinal, o preconceito e a discriminação já fizeram milhões e milhões de vítimas ao longo da história da humanidade.

A Idade Média ficou para trás, graças a Deus. Os tempos das "cruzadas" e da "santa inquisição", quando  tentavam impor "verdades" à custa de ferro e fogo, fazem parte apenas de um período obscuro e lamentável da nossa historicidade.

Os habitantes da Terra, lá para o final do 3º milênio, custarão a acreditar que um dia, homens foram escravos de outros homens; que existiu segregação racial nos Estados Unidos, motivo de vergonha para a maior "democracia" do mundo; que uns, por terem nascidos judeus, foram perseguidos e dizimados pelo Reich alemão; que outros, por serem arábes, foram vistos com desconfiança; que na Irlanda, católicos e protestantes, travaram uma guerra secular, sangrenta e desumana, pela disputa do poder em nome do Cristo. E, que ainda se achavam civilizados ...

Chega! É preciso que alguém grite, chamando todos a uma profunda reflexão, revendo conceitos e valores. De que valeram - é bom que se pergunte - os exemplos de Jesus, Buda, Krisna, Francisco de Assis e tanto outros iluminados que passaram pela Terra? De que valeram os sacrifícios de Ghandi, Martin Luther King e outros que ofereceram voluntariamente a própria vida em nome dos direitos humanos, de uma sociedade mais justa e da paz? De que têm valido os ensinamentos vivos que nos foram legados por Albert Schweitzer (evangélico), Madre Teresa de Calcutá e Irmã Dulce (religiosas católicas) e por Chico Xavier (espírita), todos desenvolvendo incansáveis tarefas humanitárias?

Numa entrevista concedida à Revista Planeta, um dos grandes pensadores dos nossos dias, Frei Leonardo Boff, cita uma frase creditada ao Dalai Lama, líder espiritual do Tibet que, acredito, pode ser uma luz a clarear o entendimento dos religiosos ortodoxos: "A melhor religião é a que te faz melhor."

Entretanto, cada um quer ser dono da verdade, se possível, com exclusividade reconhecida. E, isso, convenhamos, é uma tola presunção de quem quer impor seus pontos de vista. Quem tenta convencer ao outro é aquele que ainda não conseguiu convencer a si mesmo.

Geralmente, os que já percorreram o caminho e já atingiram o objetivo, são serenos, justos, e neles, a humildade é um estado natural. Não criticam nem julgam, porque têm a consciência de que aqueles que vem atrás, mesmo tropeçando e caindo, também chegarão ao objetivo desejado, independente do caminho que tenham escolhido. Sabem, que a Luz não se impõe - é conquista de cada um.

Nem mesmo Jesus, em toda a sua sabedoria, quando questionado por Pilatos, se arriscou a definir a Verdade, preferindo silenciar. Talvez, porque a Verdade não deva ser conceituada, mas sim, vivenciada em toda a sua plenitude, através de uma busca incessante, de um constante caminhar, como no dizer de Sérgio de Souza Carvalho, em o Mestres da Terra: "O caminho dever ser percorrido e não discutido. A compreensão vem do fazer e não do falar:"

"Conhecereis a verdade e a verdade vos libertará" - afirmou Jesus - mas, não a definindo, deixou claro que cada um terá que encontrar sua própria Verdade, escolher sua trajetória particular para poder atingi-la. Assim, a coragem libertará o medroso; a cura libertará o doente; a educação libertará o ignorante; a reparação da falta libertará o criminoso; a esperança libertará o pessimista; a hulmidade libertará o orgulhoso e, desse modo, cada um encontrará a "sua verdade", ao seu modo, tempo e lugar. Portanto, ninguém tem o direito de querer "impor" a sua verdade - ou o que julga ser verdade -, a quem quer que seja.

Se ainda não somos sábios o suficiente para fazermos nossas as palavras de Sócrates, "Só sei que nada sei", ao menos sejamos educados, respeitando as convicções de cada um. É o mínimo exigido pelo bom senso.

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publicado por SÉRGIO RIBEIRO às 13:45
Quarta-feira , 13 de Outubro DE 2010

DA ÉTICA RELIGIOSA

 

Moral

Do latim popular: mor, moris (da terceira declinação) costume.

Ética – do grego: éthikos – é um termo rigorosamente sinônimo do latino e que também tem o significado de “costume”, modo de viver, regras sociais; tanto assim é que deu em francês, derivado do latim, moeurs, uso, costume.

A moral é um capítulo da Filosofia e atualmente é estudada em conjunto com a Sociologia na parte a que se refere ao conhecimento dos costumes dos povos.

Como tal, é muito relativa; basta partir do princípio de que cada povo com seu costume, para se supor que, o que seja moral para uns não o será para outros.

Em princípio, levando-se em conta este acervo de condutas, pode-se ter em conta que o capítulo da Moral não seja uma Ciência perfeita, apenas um estudo de observação e constatação variável. Portanto, o espírita só tem que se preocupar com seus princípios doutrinários e nada mais; isto, admitindo-se que tenha se integrado e aceitado os ensinamentos dos Espíritos como lema de conduta.

O princípio fundamental ético está na conduta de cada um e isso foi o centro dos ensinamentos de Jesus: a prática do bem e a observância rigorosa das leis ditas naturais para cumpri-las como obrigação e respeito à existência universal, ou seja, à Criação. Não se precisa de cópias nem de estereótipo porque o espírita conhece, pelos ensinamentos que lhe são transmitidos em toda parte, pela Espiritualidade, que a boa conduta é aquela que constrói em vez de ferir, que não faz distinções nem privilégios, que integra a criatura na sociedade para ser mais um elemento capaz de torná-la melhor e apta ao progresso; que caminha junto com seu semelhante na ascensão, que repudia o erro e que não titubeia em condenar os maus exemplos.

A perfeição não se limita à prática do bem; inclui o repúdio ao mal, condena o erro e pune os que o cometem. Essa perfeição compete ao homem, está em cada um e se rege pelas leis imutáveis da Criação.

Não podemos interferir nela nem dela fugir.

A cada um segundo suas práticas, eis a grande máxima da moral.

Todos os grandes missionários tiveram frases antológicas que se tornariam repetitivas se fôssemos transcrevê-las. A filosofia exatista de Galileu poderá contê-las, no enunciado do equilíbrio, que nunca é demais repetir: A toda ação corresponde uma reação igual e contrária. Isto resume a filosofia de Jesus, quando disse: assim como fizeres, assim acharás. Já é consagrada a máxima: cada um constrói seu destino. Sem nos esquecermos do não faças a teu semelhante o que não quiseres que te façam.

Levando-se em conta que a parte religiosa do Espiritismo é bem distinta da de toda e qualquer Religião ou Seita, que não se prende a nenhuma delas e nem aceita a imposição pela determinação de seus mentores sacerdotais, também é de se admitir que seus preceitos, inclusive os morais, sejam rigorosamente distintos de toda e qualquer outra posição doutrinária.

Não é bem assim. Baseia-se o Espiritismo – e nunca é demais lembrar – na unanimidade das lições transmitidas aos encarnados pelos Espíritos, em toda a parte do globo. Desse modo, a moral espírita é coerente com todos os princípios correlatos com tais ensinamentos.

Por peculiaridade, tem em comum com as doutrinas reencarnacionistas o princípio de que as vidas sucessivas são sequenciais, onde cada ato presente acarreta uma decorrência futura, da mesma forma que, das encarnações pretéritas trazemos o destino presente.

Por outro lado, não pode nem deve se deixar influenciar por outras correntes contrárias, embora, a elas devote respeito, acatando-as, sem assimilá-las. Esta é a moral espírita.

 

Dos princípios éticos

Dentre os pensadores mais antigos, oficialmente registrados, destacam-se os filósofos chineses Shin Tó, Lau Tséu e Kung-Fu Tséu (Confúcio) que viveram, segundo registros, entre os anos 650 e 450 a.C., cabendo ao último destes os Preceitos de Bem-viver, um tratado de costumes dos mais perfeitos. Toda sua filosofia se resume em diferenciar o bem do mal, este como motivo de sofrimento e aquele como a virtude que deva ser alcançada. Todos reencarnacionistas.

Uma outra corrente de pensamento que influenciou a antiga civilização grega advém do Egito, do legendário Osíris, (*) que, tal como Jesus para os cristãos, acabou deificado pelos seus seguidores. Dele vêm as primeiras ideias do verdadeiro monoteísmo que influenciou o ocidente, contrapondo-se à mitologia grega correlata com a romana. Vamos encontrar seus princípios d e moral nos Lemas de Conduta, onde o fundamento principal ainda é a prática do bem como forma de procedimento em busca da perfeição. Nesse trabalho inspirou-se Nefertíti para fazer o código de Aton, junto com seu irmão e marido Akenaton (seguidor de Aton), combatendo a escola de Amon-Rá.

Mais recentemente, sem dúvida, o marco das leis morais por nós seguidas vai-se encontrar na obra de Aristóteles, Ética a Nicomaque, onde, tudo o que poderia se estabelecer para definir a boa conduta é realçado de forma categórica. Esta obra encerra a falada moral aristotélica e foi dedicada pelo filósofo grego a seu pai Nicomaque de Estagira e que se destacou, principalmente, por ser médico de Felipe II da Macedônia.

O trabalho de Aristóteles encaixa-se com perfeição na doutrina espírita.

O grande destaque do conhecimento histórico que nos interessa deve-se a Plutarco, filósofo grego, nascido por volta do ano 50 da nossa era, natural da Beócia que, após suas excursões pela África e pela Ásia, escreveu um compêndio de várias obras encerrando um tratado profundo sobre os estudos morais.

É tido pelos enciclopedistas (Diderot e Cia) como sendo um autor inspirado por um platonismo eclético e provavelmente seja o primeiro autor que tenha escrito esse tipo de trabalho que ainda hoje muito serve para se conhecer a moral dos povos antigos.

Allan Kardec, provavelmente impelido pela grande influência da Igreja, fez inserir no capítulo I do seu livro O Evangelho Segundo o Espiritismo (ESE), a Tábua dos Dez Mandamentos de Moisés que, segundo Mário Cavalcanti de Mello (meu prefaciador), no seu livro “Da Bíblia aos nossos Dias”, não passa de uma cópia grosseira e desdobrada dos Sete Preceitos de Vida da filosofia hindu. E que na Vulgata latina são apenas nove.

Essa Tábua peca, de imediato, pelo primeiro mandamento que sugere que o próprio Deus – como se fora humano – tenha estado ditando a Moisés suas ordens, lembrando que Ele teria tirado o povo judeu do Egito, ordenando que não se tivessem outros deuses estranhos pela Ele. Prudentemente, Kardec cortou essa parte do mandamento porque seria muito gritante um Deus perfeito a ordenar, como se disso precisasse para que se cumpram suas leis.

O segundo mandamento, desdobrado do primeiro, para dar dez, também é descabido posto que ambos pecam pelo princípio de que Deus seria uma criatura humanificada. E o restante se reveste de um materialismo profundo, apesar das recomendações prudentes que possam encerrar, além de não levar em conta o processo reencarnatório. E para nós, espíritas, isso é fundamental.

Contudo, dignificando sua parte sadia, podê-la-emos resumir num dos princípios básicos da moral espírita: – Não cometa nenhum crime.

Afinal, o crime não compensa, de acordo com o anexim, destacando-se dentre os contidos ou não na Tábua de Moisés, o roubo ou o furto, o assassinato, a injúria e a calúnia, o perjúrio e qualquer outra forma de atentado à integridade do seu semelhante, como a vingança e a desforra, mesmo como vindita, a justiça pelas próprias mãos, à execução letal e demais agressões físicas, e morais. De roldão, vemos que, na lista, está incluída a relação dos sete pecados capitais.

Por outro lado, o terceiro desses mandamentos só é válido para os judeus e fere a organização mundial dos dispositivos correlatos com os dias semanais, portanto, não é a moral dominante, ou seja, ter o sábado pelo domingo e se fosse cumprir a determinação de Moisés, o mundo poderia não virar um caos, mas ia ter muito transtorno.

No que se refere ao adultério, este não tem a mínima lógica porque só era aplicado contra as mulheres, tidas como seres inferiores e submissas ao homem. Pela lei reencarnatória, um espírito tem que saber nascer com qualquer um dos sexos, portanto, não há diferença espiritual entre eles.

Kardec foi muito mais sensato que Moisés ao escrever: – Quando o mundo for perfeito só haverá casais ligados pelo amor, pela compreensão e pela comunhão da vida; todos os outros laços ruir-se-ão.

E ainda garante que os pares serão perfeitos e indissolúveis para aquela existência terrena.

E a natureza concorda com isso porque, sempre que a humanidade se envereda pelas orgias, ela própria, natureza, cuida criar um dispositivo que compila as criaturas ao comedimento; foi assim com as doenças venéreas que encontraram a cura quando os homens aprenderam a se precaver contra o prazer orgíaco e depois, com a SIDA (ou AIDS) síndrome altamente contagiosa que atinge os toxicômanos e os desregrados sexuais, ambos mais do que promíscuos em seu modo de viver.

No campo da moral, um outro autor de destaque foi Immanuel Kant, co m sua obra Princípios Metafísicos de Moral, menos conhecida que suas Críticas, mas que, unindo os dois capítulos filosóficos, encerra profundos pensamentos de conduta dos quais, o destaque para o que, resumidamente, diz: – A razão acima de tudo, porém, é preciso que se conheça a razão, eis o fundamento para a moral sadia.

Kant foi um dos severos críticos a certos preceitos de vida tidos como éticos para várias sociedades e, impiedosamente, condena-os.

Para Pierre Abélard, teólogo escolástico francês (1079 -1142), a moral humana reside na sua vontade; apaixonado por Héloise de Nantes casara-se secretamente com ela, o que acirrou a ira do sempre pio Cônego Fulbert, tio da moça que, como castigo, mandou castrá-lo. Só assim perdeu sua vontade.

Contudo, tem-se que convir que este filósofo está certo; cada povo cria sua moral segundo suas conveniências.

Um outro pensador de destaque – já citado no Panteísmo – a preocupar-se com os costumes foi Baruch Spinoza (1632-77) que, ao lado do seu famoso “Tratado Político”, escreveu outro livro intitulado “Ética” onde expõe uma série confusa de coisas, idealiza um Deus estranhamente composto de substâncias de pensamento na defesa de um panteísmo liberal e declara que a moral é um pensamento de Deus. Sua popularidade entre os filósofos é grande.

Diversos autores, alguns com conclusões absurdas – e, assim mesmo, com seguidores –, a maioria presa à vida material e a seus costumes sócio-financeiros, dedicaram-se ao estudo da ética em si, só que, para os preceitos espíritas, não apresentaram nenhum conteúdo digno de destaque.

Uma Entidade espiritual, através de comunicação mediúnica, declarou-nos que a conduta dos outros pensadores não influi na moral dos espíritas; para o bem não há regras.

 

Conclusão

Como consequência moral, temos: – a cada um segundo seus méritos.

Todo o estudo ético pode ser definido da seguinte maneira:

O princípio da moral humana reside nos preceitos da vida espiritual para a qual o encarnado se prepara, através de vidas sucessivas.

– Ter como conduta um procedimento reto e ilibado, respeitar seu semelhante e só praticar atos que não contrariem o equilíbrio universal dentro da área social.

Eis a sabedoria dos costumes da vida.

 

Carlos Imbassahy – obra E... Deus Existe?

__________

(*) N. da R. - As narrativas egípcias que envolvem esse legendário personagem estão contidas no livro Lendas de Osíris, do mesmo autor.

publicado por SÉRGIO RIBEIRO às 14:48
Terça-feira , 12 de Outubro DE 2010

IDÉIAS E RESTRIÇÕES

Um dos aspectos mais característicos da Doutrina Espírita é a sua índole, francamente, aberta ao exame de quantos queriam conhecer-lhe os principios e analisá-los à vontade. Isto quer dizer que o Espiritismo não é uma doutrina fechada ou petrificada. É natural, então, que haja discussões, em nosso meio, neste ou naquele ponto, uma vez que nem todos têm a mesma formação, a mesma origem religiosa, o mesmo lastro de experiência. Além de tudo, somos todos espíritos desiguais, reencarnados, por necessidade, na Terra, não é verdade?

A Doutrina, por si mesma, deixou o campo livre para enriquecimentos e novas reflexões. E, se assim não ocorresse, teria ela parado, no tempo, e, por isso mesmo, não poderia acompanhar as mudanças que se operam no mundo. Está bem claro que os princípios gerais, isto é, os pontos nucleares, como se diz, são pacíficos, pois, neles, todos se apóiam, sem discordância. Há, entretanto, opiniões diversas, em relação a outras questões doutrinárias, fora do contexto básico, que é a nossa fonte inconfundível e direta.

Embora a Doutrina nos faça ver que o essencial é o nosso entendimento, sejam quais forem as palavras, verdade é que, ainda, se discute, muito, no meio espírita, ora por causa de palavras, ora por causa de interpretação. Em duas questões do “ O Livro dos Espíritos”, por exemplo, e de um modo bem explícito, a Doutrina faz advertência, sempre oportuna, este sentido: “As palavras pouco importam. Cabe-vos formular vossa linguagem, de um modo que vos possais entender. Chamai as coisas como quiserdes, contando que vos entendais”. (Questões 28 e 153).

Em todos os tempos, sempre, houve muita demanda, por causa de palavras. Temos desses problemas, também na seara espírita, mas não podemos dizer que todas as discussões e, até, algumas polemicas, entre confrades, sejam motivadas, exclusivamente, por expressões consideradas sutilezas verbais. Há discussões de outra ordem, em virtude, justamente, de posições assumidas, seja, quanto aos modos de ver, pessoalmente, os problemas e o papel das instituições.

Tudo isto é humano e, até certo ponto, inevitável. O debate, em muitos casos, é uma necessidade. Mas, debate não é agressão; é troca de idéias, para chegar a um denominador comum, seja qual for o teor das discordâncias. O objetivo, de parte a parte, é procurar a verdade, até onde é possível.

Justamente por isso, não vemos motivo, para que haja animosidade pessoal entre confrades, por causa de controvérsias. Saber discutir, aceitar ou rebater criticas, sem perder equilíbrio emocional, é uma prova de compreensão. Podemos fazer restrições às idéias de um companheiro, em terreno franco, com toda a lealdade, mas o respeito humano e a amizade pessoal não devem sofrer a mínima alteração. Restrições às idéias, e não às pessoas. Quem não aceita críticas, naturalmente, se julga dono da verdade. È triste, lamentável, mesmo, que o ardor de um debate, que devia ficar, exclusivamente pessoais, levando um confrade a ficar “frio” com o outro, apenas, porque discordam, neste ou naquele ponto. Será que, ainda, não sabemos discutir?...

Afinal de contas, a amizade pessoal e o apreço aos valores humanos nada têm que ver com as posições contrarias, neste ou naquele ângulo do pensamento crítico. Temos companheiros dos quais nós discordamos, profundamente, em muita coisa, mas a velha amizade, nunca, se modificou, e não haveria razão para tanto. Por que? Por que não compreendemos, sinceramente, como se pode mudar o tratamento, com um amigo, de uma hora para outra, somente porque houve um choque de idéias. Felizmente, conhecemos muitos confrades nossos, cujo procedimento, sob este ponto de vista é, realmente, exemplar: discutiam, calorosamente assumiam posições, frontalmente, antagônicas, mas tudo isso ficava no plano das opiniões, acima das pessoas. Terminado o debate, que parecia uma batalha de idéias, nada de ressentimentos, nada de prevenções; abraçavam-se e continuavam, lado a lado, trabalhando pela causa espírita. Já vimos, de perto, diversas atitudes desse tipo, aliás, muito enobrecedoras.

A esta altura de nossa vivência, no dia a dia, não podemos compreender como, por exemplo, um confrade, em irmão de ideal, possa chegar ao extremo de cortar as relações com o outro, ou deixar de cumprimenta-lo, com a cordialidade habitual, ou, até, evita-lo nos encontros, apenas, pelo fato de terem tido um atrito de pontos de vista ou terem discutido sobre um tema doutrinário. E, daí? Que tem tudo isso, com a convivência pessoal ou com o intercâmbio de amizade? Por que fazer, restrições, também, às pessoas, se o problema é com as idéias? Afinal, são coisas da Terra, não há dúvidas. Mas, a Doutrina veio para ensinar, e porque veio para ensinar, naturalmente, há de melhorar o procedimento dos homens.

 

(“Revista André Luiz” – nº 34, de 1983 – São Paulo – SP)

publicado por SÉRGIO RIBEIRO às 00:01
Sexta-feira , 01 de Outubro DE 2010

RENOVAÇÃO

 

Faça parte da falange da mudança universal. Aprenda a usar seus sentidos.

Não deixa que a nuvem da não realização, da negação de si próprio escureça a sua oportunidade de olhar para si mesmo. “O autoconhecimento faculta o esforço por superar as dificuldades e lutar contra as imperfeições que tisnam a claridade diamantina que reflete o pensamento divino”.

Visite o seu coração, aproxime-se do outro.

Use o brilho dos seus olhos para iluminar os que compartilham da sua presença e vão à busca de seu auxilio fraterno.

Use suas palavras para ensinar, para dignificar a vida. Estenda suas mãos ao toque suave. Contemple a troca de energias entre você e o seu semelhante, entre você e a natureza.

Seus ouvidos são instrumentos potentes. Captam o som dos movimentos dos viventes, o som das notas musicais e a batida do seu coração.

O equilíbrio é uma necessidade de sobrevivência.

É preciso estar atento aos movimentos corporais, a cada necessidade singular, ao caminho, ao percurso e as escolhas “Discernimento sobre o que deve e pode fazer não se permitindo eleger o que agrada, mas não deve, ou aquilo que deve, porém não convém executar”.

É preciso prestar atenção ao peso e aos valores colocados em sua própria balança intima, tomando o devido cuidado para não pesar nem mais de um lado nem mais do outro, e procurando distinguir entre “o que ilusório e o que é verdadeiro, o que estrutura resistente ao tempo as às transformações culturais e aquilo que apenas engoda”.

Não chorar demais, não sorrir demais, não falar demais, não se calar totalmente. Eterno aprendizado!

Hoje é mais um dia, mas pode ser um dia diferente em sua vida, em sua história. O que acha?

 

 

publicado por SÉRGIO RIBEIRO às 00:01
Quinta-feira , 30 de Setembro DE 2010

DO CULTO A DEUS

Ritualismo religioso

Da Encyclopædia: ritualismo – nome dado à doutrina de Edward Bouverie Pusey (puseísmo) que surgiu por volta de 1850 em Oxford, movimento que se acentuou tendendo a restabelecer na prática da Igreja anglicana a observação dos principais ritos em uso na Igreja romana. Rito é sinônimo de culto, seita, ligado às religiões; é também normas de ritual.

Ritual (do latim: ritualis) é o livro que contém as cerimônias que se devam observar na administração dos sacramentos e durante a celebração do serviço divino. O termo se generalizou, por extensão, para definir o cerimonial a ser realizado em uma reunião social, distinguindo-as, de acordo com seus fins.

Cícero ainda nos fala do culto e das cerimônias consagradas aos deuses como religião.

 

Análise teonômica

Neste capítulo, sem dúvida, reside a diferença crucial entre as demais seitas e religiões que adotem um princípio teológico e a parte religiosa espírita, motivo pelo qual, muitos teóricos insistem em não aceitar a parte religiosa da codificação. Os principais tópicos serão analisados a seguir.

O Espiritismo:

– Não tem cultos religiosos.

– Não adora imagens nem consagra personalidades.

– Não admite qualquer tipo de infalibilidade, inclusive a mediúnica.

– Não pratica qualquer tipo de rituais.

– Não possui dogmas de fé nem admite mistérios.

– Não cultiva casta sacerdotal que exerçam a pregação doutrinária remunerada como meio de vida, nem possui missionários ou orientadores doutrinários específicos em sua pregação.

– Não adota o proselitismo nem a catequese.

– Respeita qualquer posição religiosa e não interfere em seus cultos.

– Não admite que as Entidades espirituais manifestas mediunicamente sejam aquinhoadas com qualquer forma de bens e ou utilidades materiais, muito menos bebidas, alimentos e imolações consagradas a elas.

– Não compactua com a fraude fenomênica.

– Não admite interesses pecuniários no exercício de qualquer atividade doutrinária, recomendando que seus adeptos, todos, tenham seus próprios meios de vida exercendo uma atividade profissional.

– Não possui templos religiosos.

– Coloca o estudo e a razão como condições doutrinárias precípuas.

– Não idolatra Deus nem venera Espíritos ou Entidades mentoras, ama-as, respeita-as e as admira sem cultuá-las como infalíveis ou santificadas. Nem admite infalibilidades.

Só os que não conhecem as obras de Allan Kardec é que são capazes de afirmar o contrário, pois o codificador da doutrina espírita não aceita qualquer envolvimento ritualístico, apesar de saber que o rito é íntimo nas criaturas, mas considera que seja um entrave ao seu progresso.

Muitos hão de se chocar com algumas ou até todas as negações; são os que ainda não se libertaram dos vínculos eclesiásticos e não se livraram do ranço de sua doutrinação. Não são capazes de resistir às verdades espíritas perante a coação religiosa imposta à nossa sociedade predominantemente católica durante tantos séculos.

 

Considerações

Façamos uma análise de cada caso.

O culto a Deus está dentro de cada um e depende da forma pela qual Ele seja compreendido, já que, em verdade, os conhecimentos humanos estão infinitamente aquém da possibilidade de se imaginar como seja o Criador.

Nunca nos esqueçamos de que culto, aqui, refere-se à liturgia ou ofício divino, o ato e não o sentimento. O Espiritismo não possui missas de nenhuma natureza, logo, não possui culto. E ainda é bom se ter em mente que os próprios alfarrábios garantem que o culto a Deus é a ordem de cerimônias e preces determinadas pelas autoridades eclesiásticas competentes. Este será o caso do culto no lar (ou fora dele): cumprir determinações eclesiásticas. Convenhamos, um igrejismo inconfesso. Ressalve-se, pois, que muitos (no meio espírita) chamam erroneamente de culto no lar o que deveria ser “reunião no lar”.

E ainda cabe lembrar que Deus, por não ser humano, jamais está preocupado como que o homem possa pensar Dele; o importante é que suas sábias leis sejam cumpridas.

Como observação final, não se deve confundir o ato de cultuar memórias, lembranças amigas e recordações, etc., no sentido figurado do termo, com o aludido culto religioso.

 

A liturgia – o termo advém do grego ( leitos – público; ergon – obra) e define como todos os dicionários indicam o serviço público de Deus, sua adoração e os ritos em seu louvor. Vai mais além quando afirma que os ritos públicos e serviços das Igrejas cristãs, principalmente os encontrados em missas ou cerimônias, englobam a eucaristia.

As liturgias diferem nas formas externas ou na invocação a Deus. No seu estudo, diferenciam-se os estilos distinguindo-se as que são praticadas pelos povos do oriente, quase todas muito parecidas com as que as Igrejas que adotaram a formação grega usam m. De permeio, encontra-se, ainda, a ritualística do Oriente Médio, que não sofre influências de nenhuma das duas clássicas liturgias.

Considerando que a Doutrina dos Espíritos não adota clérigos, que respeita o formalismo de cada um, que admite que a forma de compreender e sentir Deus é individualista, por certo não acolherá posições correlatas com o que se possa ter como cultos adotados de qualquer natureza e, portanto, liturgias.

Adoração de imagens – quanto à ideia de figuras tidas como sagradas, como totens e personalidades religiosas sacerdotais de qualquer natureza, não são admitidos numa doutrina em que o individualismo seja resguardado.

Não se justificam tais adorações pelo próprio posicionamento encarnacionista já que se sabe que nenhuma e qualquer imagem substitui a personalidade de quem represente, nem ali estarão suas radiações, já que se trata, apenas, de mero objeto figurativo.

Além disso, a adoração é injustificável.

Relativamente a sacerdotes, como o conceito é de que os mesmos sejam os representantes de Deus na Terra e como não possuam a respectiva credencial, sequer a capacidade de conhecer o Criador, não se justifica que se tenha neles a figura representativa de quem pudesse possuir tais privilégios, regalias ou poderes.

Entenda-se, porém, que isto não significa que tenhamos retratos de pessoas queridas em nossos salões, já que, apenas, o mesmo representa simples e singela lembrança do fotografado.

 

A infalibilidade – é outro ponto importante: só os fanáticos a admitem e esse tipo de paixão é cega e obsessiva, não tem acolhimento entre os que estudam e conhecem os ensinos espiríticos. O pior, é que se estende a qualquer coisa ou pessoa, incluindo médiuns e mensagens, patuás e superstições. Tudo, porém, deveria passar pelo crivo da análise; o simples fato de se ter recebido determinada comunicação de um desencarnado, no caso mediúnico mais afeito a nós, não significa que a mesma represente a verdade plena, primeiro, porque os Espíritos fora de um corpo continuam sendo os mesmos, com as mesmas características e idêntico saber ou conhecimento. Depois, porque não se pode garantir que o fenômeno tenha sido puro, sem influências mistificatórias indistintas. O que prevalece ainda é a razão.

Independentemente de fraudes, essas mensagens mediúnicas estão, ainda, sujeitas a inúmeras interferências e nem sempre acabam representado rigorosamente o que a Entidade manifestante pretendia transmitir. Tudo isso mostra que não existem infalibilidades. Só a Criação é perfeita.

 

Os rituais são mero formalismo; foram criados para impressionar o leigo e dar aos assistentes à ideia do transcendental. Provêm dos velhos cultos e do ritual primitivo.

As cerimônias religiosas como o batismo, casamento sacro, unção, missa, todos revestidos de ritualística, são perfeitamente dispensáveis e substituíveis por solenidades simples que visem à realização comemorativa dos eventos em causa sem a característica aparatosa, contemplativa e idólatra do culto sacerdotal.

Além disso, ninguém está credenciado para celebrar tais solenidades em nome de Deus, como seu representante. O que o Espiritismo combate é a crendice religiosa, o que nada tem que ver com as festividades simples, comemorativas desses eventos.

 

Dogma – outro ponto inaceitável, que é o estabelecimento pela fé e pela crença de princípios improváveis, o que será a negativa da razão. O dogma é sempre imposto e indiscutível, mostrando que não espelha a verdade porque esta, onde estiver, resistirá incólume a qualquer análise, sem temor de que possa ser desmascarada.

O mistério, principalmente divino, se mistério, ou seja, de causa desconhecida, tornando-se um enigma, pela própria definição, não pode ter aceitação porquanto ninguém será capaz de explicá-lo.

Nesse ponto, o Espiritismo segue a linha da Ciência: os pontos desconhecidos não são passíveis senão de estudos para averiguação e só podem se constituir em fato aceito quando forem devidamente esclarecidos ou provados.

 

A casta sacerdotal – é uma hierarquia terrena, estabelecida segundo os critérios de poder e escolha que nem sempre coincidem com o grau de adiantamento espiritual de seus componentes e só a evolução é que poderia definir as categorias, as patentes ou qualquer outra classificação de dependência, comando e subordinação no campo moral.

O simples fato de não se admitir o sacerdote, ou seja, o que se diga representante de Deus na Terra (ou detentor de seus poderes), por si, já eliminaria o critério de casta.

No lugar do sacerdote o Espiritismo adota o expositor, aquele que, com seus estudos e conhecimentos, esteja apto a transmitir para os demais companheiros de doutrina os ensinamentos que tenha adquirido.

 

Proselitismo – quanto a isto, cada qual deve seguir a linha de conduta que melhor lhe aprouver, levando em conta suas tendências, o que é válido para tudo, inclusive na linha doutrinária. Não adianta tornar-se adepto do Espiritismo, como uma grande parte faz, e continuar seguindo as linhas de sua antiga posição religiosa, ainda, querendo que os demais corroborem com isto. Não é o Espiritismo que deve se adaptar a seu seguidor.

Por esse motivo é que, no Espiritismo, há uma enorme diversidade de posicionamentos anômalos, alguns, até, condenados por Kardec. A tendência de cada um não pode ser contrariada. Esse é o mesmo motivo pelo qual não se recomenda a catequese, pois, cada qual só deve se tornar espírita depois de se inteirar dos seus critérios, aceitá-los pelo raciocínio e adotá-los conscientemente. Ainda aqui a razão.

 

O respeito – o Espiritismo não visa à competição nem pretende ser a única verdade a ser admitida, muito menos o único dos caminhos que levem a Deus e sua compreensão. Assim, é que respeita qualquer culto e os julga essenciais para atender aos afins. Cada qual é livre para praticá-los. O que não se aceita é tê-los como espíritas.

 

As oferendas – por outro lado, há inúmeras seitas que praticam o mediunismo e que, nessa prática, adotam ritualismo, oferendas e que mais. Elas não podem ser confundidas com a linha pregada por Kardec, mesmo que se arvorem em denominar-se como tal. Mediunismo não é Espiritismo, é apenas o lado fenomênico por ele estudado.

As Entidades espirituais que exigem oferendas, inclusive alimentos e bebidas, só o fazem para adquirir lastro a fim de que possam gravitar dentro da esfera terrena; são atrasados espiritualmente e necessitam desse recurso para que possam materializar seus instintos, só que essa prática lhes é prejudicial, motivo pelo qual não se deve atendê-las; quem o fizer, estará acarretando para si os mesmos problemas que irá causar a esses Espíritos.

Os desencarnados não necessitam disso nem deveriam usar as energias materiais para nada. Usam-na, todavia, para a prática de atos contrários à ética espírita.

 

Fraudes – muitos são os que, não só pelo resguardo doutrinário, como numa falsa ideia de caridade, acobertam os fraudadores. Kardec, em O Livro dos Médiuns (LM), foi categórico na condenação a tais pessoas que se dizem médiuns, mas que, por vaidade ou por vantagens pessoais, usam o processo da fraude para mistificar, enganando seus seguidores.

A falta de caridade está em permitir que tais falsos médiuns continuem praticando quais atitudes, dentro do erro que lhes irá trazer um lastro assaz pesado para encarnações vindouras. Basta lembrar que todos os enganados pelo mistificador terão que ser espiritualmente ressarcidos e isto representa sofrimento para aquele que fraudou, ou seja, o preço do resgate.

Sem dizer que a doutrina perde muito mais no acobertamento de tais fatos que, quando desmascara o enganador. E todo aquele que, sabendo da fraude, se deixar envolver por ela, por comodismo, por compactuação ou meramente por descaso, também responderá por cumplicidade perante o tribunal da sua consciência e será condenado por seu turno. É a lei.

 

Interesses pecuniários – o espírita não pode fazer da doutrina um meio de vida, afinal, ela representa o ensinamento dos Espíritos (que nada cobram por isso) e que não legaram a ninguém seu sacerdócio nem deram aos encarnados o direito de usarem seus recursos como forma de sustento. Cada qual, como encarnado, terá que possuir sua profissão, sujeitar-se ao trabalho terreno como os demais, lutar pela sobrevivência e não fazer, sob quaisquer aspectos, de seus conhecimentos e seus predicados, principalmente se mediúnicos, uma forma de facilitar sua vida pecuniária.

O esforço e a luta pela manutenção são parte do processo encarnatório. Contudo, não significa dizer que o espírita seja obrigado a gastar seus recursos, quando forem parcos, em detrimento do seu sustento, na pregação doutrinária. Auferir lucros é uma coisa; aceitar ajuda, sem que esta se trans forme em vantagem pessoal, para que possa levar sua mensagem a quem a solicite, é outra. Nem sempre um expositor tem condições financeiras de se deslocar para onde seja solicitado, o que permitirá que aceite o meio de transporte oferecido pelos companheiros.

Cobrar é que representa uma grave falha de caráter.

 

Templos – Os templos religiosos, embora, em sua imponência, sejam um veículo ideal para a pregação doutrinária, não fazem parte do Espiritismo. Qualquer lugar é local para uma reunião doutrinária, salvaguardados os casos de trabalhos mediúnicos.

No lugar de Igrejas e recintos arquitetônicos específicos, adota-se a Casa Espírita ou o Centro de reuniões, à semelhança de sociedades culturais que, evidentemente, têm que ser mantidas por seus participantes, sob forma agremiativa, comportando sócios mantenedores e uma diretoria por eles escolhida para administrá-las. Condena-se a perpetuidade do cargo, o que evita que novas ideias possam ser trazidas para a Sociedade, além de representar um vício social.

O vitalício é um vaidoso. A administração seguirá a ordem natural e legal de uma sociedade estabelecida, de modo que não desrespeite as leis do país.

É importante a existência do Centro espírita porque ele representa a reunião em comunidade e a Sociologia registra que o homem é, por excelência, um componente social. Entretanto, os estudos doutrinários – e não cultos religiosos – podem ser feitos em qualquer lugar, até mesmo em domicílio, no seio da família ou em reunião com amigos e companheiros.

A manutenção de costumes religiosos estranhos é um ranço que não pode existir no meio espírita sem profaná-lo; a liberdade de cada um e o respeito a ela é um direito de todos, porém, isso não permite que se chame de culto espírita àquilo que seja reminiscência de outras correntes filosóficas, até mesmo de práticas religiosas. Kardec condena esse culto de exteriorizações, por isso, não temos templos para ofícios religiosos.

 

A posição de Kardec – O estudo espírita, bem como o conhecimento da doutrina, são de vital importância aos seus praticantes. Sem isso, sem a razão e sem a independência para seguir a doutrina não se pode ser espírita. É um direito seu o de não se subjugar a outras correntes, mesmo predominantes e prepotentes.

Esta é a grande causa da confusão que existe no meio espírita, uns achando que a doutrina codificada por Kardec é uma religião, outros, tendo-a como um estudo filosófico científico de conclusões morais, enfim, uma diversificação total de opiniões. O pior de tudo é o uso de textos isolados que alguns empregam para justificar sua tese, principalmente os inimigos da trilogia, onde a terceira parte doutrinária seja a religiosa e que, chegam a ponto de cometerem a barbaridade de substituí-la pela moral que é um capítulo da sua parte filosófica.

Baseiam-se estes na definição que Kardec dera no seu livro “Qu’est-ce que le Spiritisme”, ao fim do preâmbulo, assim se expressando: – Le spiritisme est une science qui traite de la nature, de l’origine ET de la destinée des Esprits, et de leurs rapports avec le mond e corporel. (O Espiritismo é uma ciência que trata da natureza, da origem e do destino dos Espíritos e de seu intercâmbio com o mundo corpóreo) só que, se esquece de que, nesse mesmo livro (pág. 89 da 4ª ed.), o mesmo Kardec, respondendo a um padre, afirma:

– Si le spiritisme niait l’existence de Dieu, de l’âme, de son individualité et de son immortalité, dês peines et des récompenses futures du livre arbitre de l’homme. S’il enseignait que chacun n’est ici –bas que pour soi et ne doit penser qu’à soi, il s erait non seulement contraire à la religion catholique, mais à toutes les religions du monde; ... Loin de là; les Esprits proclament um Dieu unique souverainemente juste et bom; ils disent que l”homme est libre et responsable de ses ates, rémunéré ET puni selon le bien ou le mal qu’il a fait; ils placent au -dessus de toutes les vertus la charité évangélique, et cette règle sublime enseignée para le Christ: Agir envers les autres comme nous voudrions qu’on agît envers nous. Ne sont -ce pas lá les fondements de la religion?

Traduzindo: – Se o Espiritismo negasse a existência de Deus, da alma, de sua individualidade e de sua imortalidade, dos resgates e das recompensas futuras, do livre arbítrio do homem. Se ensinasse que cada um cuide si sem pensar nos demais, ele seria não apenas contrário ao catolicismo, mas a todas as religiões do mundo;... Ao contrário disso, os Espíritos proclamam um Deus único soberanamente justo e bom; dizem ainda que o homem é livre e responsável por seus atos, recompensado ou punido conforme o bem ou o mal que pratique; colocam acima de todas as virtudes a caridade evangélica e a regra sublime ensinada por Cristo: fazermos com os outros como queiramos que façam conosco. Não seriam esses os fundamentos da religião?

Mais explícito do isso, só se mandasse gravar um título em destaque garantindo que o Espiritismo contém uma parte religiosa. Só que os que desejam abolir esta faceta doutrinária, simplesmente ignoram tais declarações que emanam do próprio codificador. E depois de se ler esse texto, quem continuar negando a parte religiosa do Espiritismo está querendo ser mais realista do que o próprio rei.

 

A idolatria – é outro ponto polêmico que o Espiritismo combate; ela não representa nem o respeito, nem a admiração, muito menos a aceitação da existência de Deus como o grande Criador do Universo, nem dos idolatrados como dignos do respeito, senão do medo, até temor que têm dos mesmos. Coloca Deus na condição de simples humano, como predicados – que, para um Criador Supremo tornam-se defeitos – de poderes tais, competitivos com os nossos, que seja capaz de fazer o que bem entenda até mesmo o de contrariar suas próprias leis, identificando-se com a imperfeição.

Venerar vem do latim – venerari –, verbo que, segundo Plauto, significa adorar com submissão, reverenciar e, até mesmo, pedir com submissão. Cícero também empregou esse verbo com este sentido, lembrando que se trata de dedicação do homem aos deuses, no caso, romanos.

O espírita não pode, pelo simples fato de estar diante de uma Entidade, endeusá-la, venerando-a; pior, se for à própria Entidade a incentivadora, demonstrando com isso, que não se trata de nenhum luminar, senão um de enganador que se faça passar por orientador espiritual, geralmente, divertindo-se com isso.

Desses, devemos fugir, quando muito, evitar.

Nosso respeito, nossa admiração e até mesmo gratidão pela assistência que nossos mentores desencarnados nos dão, tudo isso deverá ter rigorosamente o mesmo tratamento como se estivéssemos ante um semelhante encarnado que nos preste ajuda e mereça o mais profundo afeto. Sempre lembrando, porém, que os sentimentos que dedicamos a terceiros, independente de situação, é uma questão de afinidade, afinidade essa que existe, até, numa substância química.

 

Apreciação final

O capítulo todo é muito delicado porque irá ferir susceptibilidades e contrariar aqueles que querem continuar praticando seus antigos cultos e fazer com que o Espiritismo os aceite.

Do mesmo modo que cada indivíduo deve ser respeitado em suas práticas e no seu direito de fazê-las, também ele deve respeito ao Espiritismo e suas normas evitando mesclar o purismo doutrinário com seus pontos de vista individuais.

Ninguém precisa mudar, contudo, ninguém deve alterar a doutrina para se auto realizar.

Carlos Imbassahy – obra E... Deus Existe?

publicado por SÉRGIO RIBEIRO às 00:01
Terça-feira , 28 de Setembro DE 2010

AMIGOS ESPIRITUAIS

 

Providência Divina manifesta-se, incessantemente, em todas as situações e lugares, proporcionando vasta gama de recursos, com vistas à proteção, ao futuro e ao progresso das criaturas.

Esse amparo acontece de infinitos modos. Um deles dá-se por intermédio de tutores espirituais, conhecidos, no meio espírita, pelo nome de guias ou amigos espirituais.

É grandiosa e sublime a doutrina dos guias espirituais, pois revela a providência, a bondade e a justiça do Criador para com seus filhos, provendo-os de meios para o aperfeiçoamento.

Para efeitos didáticos, Kardec classificou os guias espirituais em três categorias: Espíritos protetores, Espíritos familiares e Espíritos simpáticos. (1)

O Espírito protetor, ou anjo guardião, é sempre um bom Espírito, mais evoluído. Trata-se de um orientador principal e superior.

Sua missão assemelha-se à de um pai com relação aos filhos: a de orientar o seu protegido pela senda do bem, auxiliá-lo com seus conselhos, consolá-lo em suas aflições, levantar-lhe o ânimo nas provas da vida. Os Espíritos protetores não constituem seres privilegiados, criados puros e perfeitos, mas sim “[...] Espíritos que chegaram à meta, depois de terem percorrido a estrada do progresso [...]”. (2)

São as almas que já trilharam as experiências de diferentes reencarnações – as mesmas pelas quais estamos passando –, e conquistaram, pelo próprio esforço, uma ordem elevada. (3)

A missão dos Espíritos protetores tem duração mais prolongada, pois estes acompanham o protegido desde o renascimento até a desencarnação, e muitas vezes durante várias existências corpóreas. Entretanto, a atuação do protetor espiritual não é de intervenção absoluta, pois, apesar de influir em nossa vontade, evita tomar decisões por nós e contra o nosso livre-arbítrio.

Sente-se feliz quando acertamos e sofre quando erramos, embora esse sofrimento não seja revestido das mesmas paixões humanas, porque ele sabe que, mais cedo ou mais tarde, o seu tutelado voltará ao bom caminho.

Os Espíritos protetores dedicam-se mais à orientação de uma pessoa, em particular, não deixando, entretanto, de velar por outros indivíduos, embora o façam com menos exclusividade. Exercem supervisão geral sobre nossas existências, tanto no aspecto intelectual, incluindo as questões de ordem material, (4) quanto moral, emprestando ênfase a esta última, por ser a que tem preponderância em nosso futuro de seres imortais.

Os Espíritos protetores, em realidade, jamais abandonam os seus protegidos, apenas se afastam ou “dão um tempo” quando estes não ouvem os seus conselhos.

Desde, porém, que chamados, voltam para os seus pupilos, a fim de auxiliá-los no recomeço.

Por isso, atentemos aos conselhos de Joanna de Ângelis:

Tem cuidado para que te não afastes psiquicamente do teu anjo guardião.

Ele jamais se aparta do seu protegido, mas este, por presunção ou ignorância, rompe os laços de ligação emocional e mental, debandando da rota libertadora.

Quando erres e experimentes a solidão, refaze o passo e busca-o pelo pensamento em oração, partindo de imediato para a ação edificante. (5)

Momento chega, porém, em que o aprendiz deixa de ser tutelado.

Isso acontece quando o Espírito atinge o ponto de guiar-se a si mesmo, estágio que, por enquanto, não se dá na Terra, planeta de expiação e provas. (6)

Os Espíritos familiares(7) são orientadores secundários. Embora menos evoluídos, igualmente querem o nosso bem. Podem ser os Espíritos de nossos parentes, familiares ou amigos. Seu poder é limitado e sua missão é mais ou menos temporária junto ao protegido.

Ocupam-se com as particularidades da vida íntima do protegido e só atuam por ordem ou com permissão dos Espíritos protetores, como, por exemplo, quando o socorrido está recalcitrante e não ouve os conselhos superiores ou apresenta comportamento enigmático. Nessa hipótese, o Espírito familiar, por ter mais intimidade e vínculos sentimentais com o protegido, é aceito como colaborador, de modo a auxiliar na solução de problemas específicos.

Podem, por exemplo, influenciar na decisão de um casamento, (8) nas atividades profissionais(9) ou mesmo na tomada de decisões importantes que envolvam o cumprimento da lei de causa e efeito, (10) conforme a necessidade do atendido.

Já os Espíritos simpáticos podem ser bons ou maus, conforme a natureza das nossas disposições íntimas. Ligam-se a nós por uma certa semelhança de gostos, de acordo com nossas inclinações pessoais. A duração de suas relações, que também são temporárias, se acha subordinada a determinadas circunstâncias, vinculadas à persistência dos desejos e do comportamento de cada um. Se simpatizam com nossos ideais, com nossos projetos, procuram nos ajudar e,muitas vezes, tomam nossas dores contra nossos adversários, situação em que não contam com o beneplácito dos Espíritos protetores.

Portanto, ninguém, absolutamente ninguém, está desamparado.

Entretanto, Deus não nos atende pessoalmente, conforme nossos caprichos, mas por intermédio das suas leis imutáveis e de seus mensageiros, isto é, Deus auxilia as criaturas por intermédio das criaturas. Apesar disso, os orientadores espirituais não fazem por nós o trabalho que nos compete para o nosso crescimento moral e intelectual. Não existe parcialidade nem privilégio nas leis divinas, ou seja, cada um recebe de acordo com o seu merecimento, de conformidade com seus esforços.

O amigo espiritual comparece quando é invocado, por meio de uma simples prece.

Para ele, não há distância, lugar, tempo ou barreiras que o impeçam de atender a um apelo sincero, seja onde for: no lar, nos hospitais, nas ruas, no trabalho, nos cárceres e mesmo nas furnas da devassidão.

A ação dos orientadores espirituais é oculta, porque, se nos fosse permitido contar sempre com eles, seríamos tolhidos em nossa livre iniciativa e não progrediríamos.

Nisso também está a sabedoria divina, porque assim desenvolvemos melhor nossa inteligência e ganhamos mais experiência. Do contrário, permaneceríamos estacionados, como no caso de certos pais que sempre fazem tudo para os filhos, poupando-os de aborrecimentos e dificuldades, e, com isso, tirando deles a oportunidade do aprendizado e da experiência, com graves prejuízos para a sua formação moral.

Os Espíritos infelizes, ainda presos nas malhas da ignorância, que se empenham em nos desviar do bom caminho, por meio dos maus pensamentos e de outras estratégias que encontram motivação em nossas próprias fraquezas, não têm missão de fazer o mal.

Praticam esses atos por sua própria conta e responsabilidade e um dia terão que resgatar seus erros.

São Espíritos ainda atrasados moralmente, quais fomos um dia – de cujas mazelas também não nos libertamos integralmente –, e que, por sua vez, igualmente despertarão para o bem. Sua presença, entre nós, é útil, porque permite o adestramento de nossas faculdades, constituindo mesmo um campo de provas ou expiações, cujos obstáculos nos compete superar, na busca de caminhos alternativos para a libertação de nossas imperfeições que, na realidade, são o chamariz desses supostos adversários.

Como visto o Pai não nos cria a esmo, sem proteção, planejamento e finalidade. Dá-nos, em plenitude, todos os suprimentos necessários ao nosso desenvolvimento, tendo nos Espíritos protetores “[...] os mensageiros de Deus, encarregados de velar pela execução de seus desígnios em todo o Universo, que se sentem ditosos com o desempenho dessas missões gloriosas [...]”, (11) protetores esses que se utilizam do auxílio ou assessoramento dos guias espirituais das classes menos elevadas.

Os anjos ou protetores espirituais de hoje são os homens de ontem, que evoluíram, deixando para trás a animalidade. Essa ligação e interdependência entre os Espíritos das diversas faixas evolutivas, em permanente contato com o plano físico, formam o caleidoscópio da grande família universal, evidenciando as leis da unidade da Criação e da solidariedade entre os seres.

Deus, nosso Pai, não nos quer como autômatos, mas sim como parceiros, cocriadores, coparticipes, que temos a ventura de alcançar a perfeição pelas próprias forças, desfrutando o mérito da vitória sobre nós mesmos.

Lembremo-nos, finalmente, de que cada um de nós, encarnados, também pode e deve amparar o próximo, de acordo com a nossa capacidade e independente de nosso estágio evolutivo.

Assim procedendo, estaremos, por nossa vez, atuando como auxiliares dos guias espirituais, para o cumprimento dos desígnios divinos, na infinita escala que dá acesso aos cumes evolutivos.

 

(1) KARDEC, Allan. O livro dos espíritos.

Trad. Evandro Noleto Bezerra. Ed. Comemorativa do Sesquicentenário. Rio de Janeiro: FEB, 2007. Q. 489-521.

(2) Idem. A gênese. 52. ed. 1. reimp. Rio de Janeiro: FEB, 2008. Cap. 1, item 30.

(3)Idem. O céu e o inferno. 60. ed. 1. reimp. Rio de Janeiro: FEB, 2008. P. 1, cap. 8.

(4)Idem. Obras póstumas. 40. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2207. P. 2, A minha primeira iniciação no Espiritismo, item Meu Guia espiritual, p. 304.

(5)FRANCO, Divaldo Pereira. Momentos enriquecedores. Pelo Espírito Joanna de Ângelis. Salvador, BA: LEAL, 1994.

(6)KARDEC, Allan. O livro dos espíritos.

Trad. Evandro Noleto Bezerra. Ed. Comemorativa do Sesquicentenário. Rio de Janeiro: FEB, 2007. Q. 500.

(7)Entenda-se “familiares” num sentido mais amplo e não apenas no sentido da parentela corporal.

(8)XAVIER, Francisco C. E a vida continua... Pelo Espírito André Luiz. Ed. Especial. 1. Reimp. Rio de Janeiro: FEB, 2008.Cap. 25.

(9)Idem. Nos domínios da mediunidade. Pelo Espírito André Luiz. 34. ed. 1. reimp. Rio de Janeiro: FEB, 2008. Cap. 15.

(10)Idem. Missionários da luz. 43. ed. Pelo Espírito André Luiz. Rio de Janeiro: FEB, 2007. Cap. 12.

(11)KARDEC, Allan. O livro dos médiuns. 80. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2007. P. 1, cap. 1, item 2, p. 22.

 

CHRISTIANO TORCHI

Reformador Jun/09

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publicado por SÉRGIO RIBEIRO às 00:56

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