Domingo , 01 de Fevereiro DE 2009

NÃO JULGUEIS

“Não julgueis, a fim de não serdes julgados; — por­quanto sereis julgados conforme houverdes julgado os outros; empregar-se-á convosco a mesma medida de que vos tenhais servido para com os outros.” (Mateus, 7: 1 e 2.)
Há, nos versículos transcritos de Mateus, um forte apelo ao sentido de justiça na conduta de cada um.
O julgamento de nossos semelhantes deve ser entendido espiritualmente, com abstração total do quadro em que se emoldura a Justiça humana, com suas leis, tribunais, sentenças, absolvições e condenações.
O significado espiritual de Justiça corresponde a pensa­mentos retos, ajustados à Lei Divina, gerando ações em consonância com o que se passa no íntimo do ser.
Em outras palavras, praticar a Justiça é exteriorizar o que há de correto e digno diante da Lei Natural, em nossa consciência íntima, abrangendo todos os assuntos e circunstâncias que se nos deparam.
Como toda a Lei Divina pode ser resumida no Amor, a Justiça verdadeira não pode prescindir do Amor Soberano, nele compreendida a Caridade.
Exteriorizamos o que está em nosso íntimo. As iniqüidades do mundo em que vivemos são expressões dos pensa­mentos imperfeitos das criaturas que o habitam.
Nossas imperfeições decorrem ora do desconhecimento da Lei, ora de seu errado entendimento, ora de uma vivência em desacordo com ela.
Criaturas imperfeitas, todos necessitamos de indulgência mútua, assim como devemos perdoar sempre, como ensinou o Mestre Divino.
Não julgar o semelhante é aceitá-lo na condição em que se apresenta. Cumpre, entretanto, não confundir a aceitação da pessoa com a repressão necessária a todo mal, que constitui dever permanente. No episódio da mulher adúltera Jesus não a condenou, mas advertiu-a que não mais pe­casse.
A prática da Justiça traz preocupação constante com o bem. Aquele que reprova o mal praticado por outrem não pode deixar de comprovar retidão em sua conduta e ações, sob pena de perda de toda autoridade em seu reproche. Todos os interesses individuais, familiares, grupais, devem subordinar-se ao sentimento do que é justo.
Diz Kardec, em comentário à Questão 918 de “O Livro dos Espíritos”, que
“homem de bem é o que pra­tica a lei de justiça, amor e caridade, na sua maior pureza”.
“E bondoso, humanitário e benevolente para com to­dos, porque vê irmãos em todos os homens, sem distinção de raças, nem de crenças.”
Homem de bem é o homem justo. E o Espírito que se ele­vou na hierarquia espiritual pela compreensão e prática da Lei de Deus.
Pela lei do progresso, abrangendo a tudo, todos os filhos de Deus, os Espíritos cria­dos por Ele tendem a aproximar-se da fonte geradora. O Espírito eterno, com a cons­ciência do bem e do mal, jamais pode fugir do determinismo da eterna evolução, quais­quer que sejam os transvios, os usos e abusos do livre-arbítrio de que goza desde que se reconhece como alma livre, individualizada.
Devemos conscientizar-nos de que nosso Pai e Criador não é um juiz na acepção do que conhecemos na Terra, apto a condenar ou absolver, de conformidade com as leis humanas.
“O Pai a ninguém julga.”
(João, 5: 22.)
A Justiça Divina transcende completamente às noções que temos da Justiça humana, com sentenças decretadas após discussões de erros e faltas, com acusações e defesas e final absolvição ou condenação a penas, que podem atingir à liberdade individual, aos bens e à própria vida do indivíduo.
O julgamento de Deus é um processo permanente em função de suas leis, eternas e imutáveis. Toda e qualquer transgressão já traz em seu bojo o mecanismo da retificação. Pode-se dizer que cada um julga a si mesmo por seus pensamentos e atos.
A Lei de Deus, perfeita em sua concepção e mecanismo, atinge a todos. Ninguém pode fugir ao seu alcance, assim co­mo os corpos celestes não podem furtar-se às leis da gravitação e da atração universais.
O livre-arbítrio de cada um permite-lhe pensar e agir nesse ou naquele sentido, ponderados todos os fatores externos, as influências boas ou más. Cada qual inscreve em sua consciência as boas ou más conseqüências de seus pensamentos e ações.
Eis o mecanismo do julga­mento.
Compete a cada um corrigir e reparar os próprios transvia­mentos. Progredirão mais rapidamente e mais felizes serão os que mais se aplicarem no bem, porque não sofrerão retardamentos em sua marcha ascensional, enquanto que os transgressores da Lei arcarão com a necessidade inarredável das retificações voluntárias ou compulsórias, que quase sempre resultam em sofrimentos e dores.
Portanto, o avanço progressivo ou o retardamento da marcha é obra de cada um.
A Justiça de Deus respeita a liberdade individual, distribuindo-se eqüitativamente a cada qual, segundo as próprias obras.
Não há exceções, nem privilégios, nem escolha pela graça. Deus é justo e bom para com todos. Sua graça e misericórdia são distribuídas equanimemente.
Também as influências exteriores não incidem arbitraria­mente sobre os pensamentos íntimos e as ações de cada indivíduo. A aceitação das in­fluências boas ou más depende de nossa vontade, de nossa disposição e inclinações. O campo Intimo determinará a adesão ou a rejeição às sugestões exteriores.
Uma obsessão simples ou grave só se instala porque encontra o campo próprio da simpatia, da tendência semelhante, dos objetivos comuns, da invigilância, da indiferença. A atração pode acontecer in­conscientemente, quando existe simpatia de sentimentos e pendores.
De outro lado, a influência espiritual benéfica precisa encontrar receptividade, afinidade, boa vontade, desejo de praticar o bem, fraternidade.
Em suma, as influências negativas ou positivas dependem da recepção do Espírito, de forma consciente, voluntária, ou de forma inconsciente. A in­diferença, a invigilância e a displicência facilitam as in­fluências inferiores.
Em quaisquer circunstâncias, a responsabilidade final é do próprio ser.
Estagnando, por sua omissão, agindo contrariamente à norma divina, que visa sempre ao bem, o Espírito automaticamente se compromete, submetendo-se à sanção da Lei imutável que impõe a reparação, cedo ou tarde.
Mundos materiais atrasados como o nosso, em que milhões de criaturas permanecem indiferentes ao progresso espiritual, são o habitat apropriado aos que tendem à maldade, à intemperança, à avareza, à inveja, à luxúria e aos crimes de variada natureza. Os sofrimentos e as dores são a resposta natural da Lei.
Expiações e provas são as características essenciais do nosso Mundo, pela condição de seus habitantes.
O Consolador vem para re­verter o triste quadro geral da Terra, em que predominam o egoísmo e o orgulho, conclamando os de boa vontade, os arrependidos, os dispostos ao trabalho no bem, os que aceitam o Cristo como Condutor e Salvador, a conjugarem esforços para que haja progresso efetivo do Orbe, possibilitando-lhe a transformação em mundo regenerado.
O juízo de Deus, segundo expressão humana corrente, deve ser entendido não mais como julgamento semelhante ao dos tribunais dos homens, mas como forma da Justiça Divina, proporcionando o progresso de todos, bons e maus, aqueles votados ao bem e estes transitoriamente nos transvios do mal.
Jesus tornou claro esse pensamento ao ensinar:
“Vós julgais segundo a carne, eu porém, a ninguém julgo.” (João, 8:15.)
Como expressão da vontade do Pai e, nesse sentido, uno com o Pai, também o Cristo a ninguém condena, cabendo ao Espírito o próprio julgamento.
Deixou, em sua passagem pela Terra, exemplos magníficos a respeito do entendimento e da aplicação da Lei.
Para simples ilustração, lembremos uma vez mais o episódio da mulher adúltera, antes referido.
Havia na lei hebraica disposição expressa sobre a sanção imposta à transgressão do adultério.
Os acusadores cercaram a mulher, apanhada em flagrante delito, exigindo o cumprimento da lei humana — a lapidação.
Jesus, interpelado pelos acusadores, dirige-se à cons­ciência Íntima de cada circunstante. Apela não à “justiça” in­senda na Lei humana, mas a Justiça como sentimento interior, que não pode prescindir de uma consciência que pesa sobre as próprias condições daquele que se arroga o direito de julgar.
Como todos nós somos devedores perante a Lei maior, não nos sentimos aptos a condenar, nem mesmo a julgar nosso semelhante.
Foi o que ocorreu naquele instante de claridade espiritual inspirada pelo Mestre a todos os que exigiam a lapidação da pecadora.
No entanto, chamados à razão justa, ninguém se aventurou a atirar a primeira pedra. Cada um se retirou silenciosa-mente, como narram os Evangelhos.
Também Jesus não condenou a mulher, que por si mesma já se havia julgado, limitando-se a exortá-la a que não mais pecasse.
Na Terra, o Cristo é o aplicador da Lei Divina. Esta estabelece, como torna claro o Consolador, que o Espírito culpa­do, vale dizer transgressor, é quem se julga a si mesmo. Nesse auto julgamento não há enganos como nos tribunais humanos, uma vez que a Lei Divina e seus mecanismos são perfeitos.
Em lugar do julgamento seguido de condenação dos culpados, dos rebeldes, dos que praticam o mal por sua escolha, os Espíritos transgressores, encarnados ou desencarnados, são conduzidos às retificações através das expiações. A lei da reencarnação funciona como instrumento da Justiça Divina, proporcionando aos que se desviaram os meios de ressarcimento dos prejuízos causados, ao mesmo tempo que torna possível o progresso individual do deve­dor.
Os que conseguem caminhar pelas sendas da Lei, sem se desviarem, obedecendo—a voluntariamente, realizam seu progresso em demanda da per­feição, submetendo-se a provações, que são as formas de aferição do aproveitamento do Espírito. Para esses não há expiações, reservadas aos que contraem débitos.
Há clara distinção entre provas e expiações. A população da Terra submete-se ora a provas, ora a expiações, ora a ambas.
Jesus não veio para julgar os homens, mas para os sal­var, ensinando-lhes como de­vem viver e morrer, tendo em vista a vida eterna da alma.
Para a regeneração de cada um e da Humanidade, fase que sucederá à de provas e expiações, em futuro imprevisível, deixou ensinos e exemplificações de todas as virtudes, que são os meios, os caminhos pa­ra todos de se entenderem fraternalmente, de compreenderem o verdadeiro sentido da vi­da, na prática de toda a Lei, que se resume em Amor, Justiça, Caridade.
Não Julgueis
Juvanir Borges De Souza
“Não julgueis, a fim de não serdes julgados; — por­quanto sereis julgados conforme houverdes julgado os outros; empregar-se-á convosco a mesma medida de que vos tenhais servido para com os outros.” (Mateus, 7: 1 e 2.)
Há, nos versículos transcritos de Mateus, um forte apelo ao sentido de justiça na conduta de cada um.
O julgamento de nossos semelhantes deve ser entendido espiritualmente, com abstração total do quadro em que se emoldura a Justiça humana, com suas leis, tribunais, sentenças, absolvições e condenações.
O significado espiritual de Justiça corresponde a pensa­mentos retos, ajustados à Lei Divina, gerando ações em consonância com o que se passa no íntimo do ser.
Em outras palavras, praticar a Justiça é exteriorizar o que há de correto e digno diante da Lei Natural, em nossa consciência íntima, abrangendo todos os assuntos e circunstâncias que se nos deparam.
Como toda a Lei Divina pode ser resumida no Amor, a Justiça verdadeira não pode prescindir do Amor Soberano, nele compreendida a Caridade.
Exteriorizamos o que está em nosso íntimo. As iniqüidades do mundo em que vivemos são expressões dos pensa­mentos imperfeitos das criaturas que o habitam.
Nossas imperfeições decorrem ora do desconhecimento da Lei, ora de seu errado entendimento, ora de uma vivência em desacordo com ela.
Criaturas imperfeitas, todos necessitamos de indulgência mútua, assim como devemos perdoar sempre, como ensinou o Mestre Divino.
Não julgar o semelhante é aceitá-lo na condição em que se apresenta. Cumpre, entretanto, não confundir a aceitação da pessoa com a repressão necessária a todo mal, que constitui dever permanente. No episódio da mulher adúltera Jesus não a condenou, mas advertiu-a que não mais pe­casse.
A prática da Justiça traz preocupação constante com o bem. Aquele que reprova o mal praticado por outrem não pode deixar de comprovar retidão em sua conduta e ações, sob pena de perda de toda autoridade em seu reproche. Todos os interesses individuais, familiares, grupais, devem subordinar-se ao sentimento do que é justo.
Diz Kardec, em comentário à Questão 918 de “O Livro dos Espíritos”, que
“homem de bem é o que pra­tica a lei de justiça, amor e caridade, na sua maior pureza”.
“E bondoso, humanitário e benevolente para com to­dos, porque vê irmãos em todos os homens, sem distinção de raças, nem de crenças.”
Homem de bem é o homem justo. E o Espírito que se ele­vou na hierarquia espiritual pela compreensão e prática da Lei de Deus.
Pela lei do progresso, abrangendo a tudo, todos os filhos de Deus, os Espíritos cria­dos por Ele tendem a aproximar-se da fonte geradora. O Espírito eterno, com a cons­ciência do bem e do mal, jamais pode fugir do determinismo da eterna evolução, quais­quer que sejam os transvios, os usos e abusos do livre-arbítrio de que goza desde que se reconhece como alma livre, individualizada.
Devemos conscientizar-nos de que nosso Pai e Criador não é um juiz na acepção do que conhecemos na Terra, apto a condenar ou absolver, de conformidade com as leis humanas.
“O Pai a ninguém julga.”
(João, 5: 22.)
A Justiça Divina transcende completamente às noções que temos da Justiça humana, com sentenças decretadas após discussões de erros e faltas, com acusações e defesas e final absolvição ou condenação a penas, que podem atingir à liberdade individual, aos bens e à própria vida do indivíduo.
O julgamento de Deus é um processo permanente em função de suas leis, eternas e imutáveis. Toda e qualquer transgressão já traz em seu bojo o mecanismo da retificação. Pode-se dizer que cada um julga a si mesmo por seus pensamentos e atos.
A Lei de Deus, perfeita em sua concepção e mecanismo, atinge a todos. Ninguém pode fugir ao seu alcance, assim co­mo os corpos celestes não podem furtar-se às leis da gravitação e da atração universais.
O livre-arbítrio de cada um permite-lhe pensar e agir nesse ou naquele sentido, ponderados todos os fatores externos, as influências boas ou más. Cada qual inscreve em sua consciência as boas ou más conseqüências de seus pensamentos e ações.
Eis o mecanismo do julga­mento.
Compete a cada um corrigir e reparar os próprios transvia­mentos. Progredirão mais rapidamente e mais felizes serão os que mais se aplicarem no bem, porque não sofrerão retardamentos em sua marcha ascensional, enquanto que os transgressores da Lei arcarão com a necessidade inarredável das retificações voluntárias ou compulsórias, que quase sempre resultam em sofrimentos e dores.
Portanto, o avanço progressivo ou o retardamento da marcha é obra de cada um.
A Justiça de Deus respeita a liberdade individual, distribuindo-se eqüitativamente a cada qual, segundo as próprias obras.
Não há exceções, nem privilégios, nem escolha pela graça. Deus é justo e bom para com todos. Sua graça e misericórdia são distribuídas equanimemente.
Também as influências exteriores não incidem arbitraria­mente sobre os pensamentos íntimos e as ações de cada indivíduo. A aceitação das in­fluências boas ou más depende de nossa vontade, de nossa disposição e inclinações. O campo Intimo determinará a adesão ou a rejeição às sugestões exteriores.
Uma obsessão simples ou grave só se instala porque encontra o campo próprio da simpatia, da tendência semelhante, dos objetivos comuns, da invigilância, da indiferença. A atração pode acontecer in­conscientemente, quando existe simpatia de sentimentos e pendores.
De outro lado, a influência espiritual benéfica precisa encontrar receptividade, afinidade, boa vontade, desejo de praticar o bem, fraternidade.
Em suma, as influências negativas ou positivas dependem da recepção do Espírito, de forma consciente, voluntária, ou de forma inconsciente. A in­diferença, a invigilância e a displicência facilitam as in­fluências inferiores.
Em quaisquer circunstâncias, a responsabilidade final é do próprio ser.
Estagnando, por sua omissão, agindo contrariamente à norma divina, que visa sempre ao bem, o Espírito automaticamente se compromete, submetendo-se à sanção da Lei imutável que impõe a reparação, cedo ou tarde.
Mundos materiais atrasados como o nosso, em que milhões de criaturas permanecem indiferentes ao progresso espiritual, são o habitat apropriado aos que tendem à maldade, à intemperança, à avareza, à inveja, à luxúria e aos crimes de variada natureza. Os sofrimentos e as dores são a resposta natural da Lei.
Expiações e provas são as características essenciais do nosso Mundo, pela condição de seus habitantes.
O Consolador vem para re­verter o triste quadro geral da Terra, em que predominam o egoísmo e o orgulho, conclamando os de boa vontade, os arrependidos, os dispostos ao trabalho no bem, os que aceitam o Cristo como Condutor e Salvador, a conjugarem esforços para que haja progresso efetivo do Orbe, possibilitando-lhe a transformação em mundo regenerado.
O juízo de Deus, segundo expressão humana corrente, deve ser entendido não mais como julgamento semelhante ao dos tribunais dos homens, mas como forma da Justiça Divina, proporcionando o progresso de todos, bons e maus, aqueles votados ao bem e estes transitoriamente nos transvios do mal.
Jesus tornou claro esse pensamento ao ensinar:
“Vós julgais segundo a carne, eu porém, a ninguém julgo.” (João, 8:15.)
Como expressão da vontade do Pai e, nesse sentido, uno com o Pai, também o Cristo a ninguém condena, cabendo ao Espírito o próprio julgamento.
Deixou, em sua passagem pela Terra, exemplos magníficos a respeito do entendimento e da aplicação da Lei.
Para simples ilustração, lembremos uma vez mais o episódio da mulher adúltera, antes referido.
Havia na lei hebraica disposição expressa sobre a sanção imposta à transgressão do adultério.
Os acusadores cercaram a mulher, apanhada em flagrante delito, exigindo o cumprimento da lei humana — a lapidação.
Jesus, interpelado pelos acusadores, dirige-se à cons­ciência Íntima de cada circunstante. Apela não à “justiça” in­senda na Lei humana, mas a Justiça como sentimento interior, que não pode prescindir de uma consciência que pesa sobre as próprias condições daquele que se arroga o direito de julgar.
Como todos nós somos devedores perante a Lei maior, não nos sentimos aptos a condenar, nem mesmo a julgar nosso semelhante.
Foi o que ocorreu naquele instante de claridade espiritual inspirada pelo Mestre a todos os que exigiam a lapidação da pecadora.
No entanto, chamados à razão justa, ninguém se aventurou a atirar a primeira pedra. Cada um se retirou silenciosa-mente, como narram os Evangelhos.
Também Jesus não condenou a mulher, que por si mesma já se havia julgado, limitando-se a exortá-la a que não mais pecasse.
Na Terra, o Cristo é o aplicador da Lei Divina. Esta estabelece, como torna claro o Consolador, que o Espírito culpa­do, vale dizer transgressor, é quem se julga a si mesmo. Nesse auto julgamento não há enganos como nos tribunais humanos, uma vez que a Lei Divina e seus mecanismos são perfeitos.
Em lugar do julgamento seguido de condenação dos culpados, dos rebeldes, dos que praticam o mal por sua escolha, os Espíritos transgressores, encarnados ou desencarnados, são conduzidos às retificações através das expiações. A lei da reencarnação funciona como instrumento da Justiça Divina, proporcionando aos que se desviaram os meios de ressarcimento dos prejuízos causados, ao mesmo tempo que torna possível o progresso individual do deve­dor.
Os que conseguem caminhar pelas sendas da Lei, sem se desviarem, obedecendo—a voluntariamente, realizam seu progresso em demanda da per­feição, submetendo-se a provações, que são as formas de aferição do aproveitamento do Espírito. Para esses não há expiações, reservadas aos que contraem débitos.
Há clara distinção entre provas e expiações. A população da Terra submete-se ora a provas, ora a expiações, ora a ambas.
Jesus não veio para julgar os homens, mas para os sal­var, ensinando-lhes como de­vem viver e morrer, tendo em vista a vida eterna da alma.
Para a regeneração de cada um e da Humanidade, fase que sucederá à de provas e expiações, em futuro imprevisível, deixou ensinos e exemplificações de todas as virtudes, que são os meios, os caminhos pa­ra todos de se entenderem fraternalmente, de compreenderem o verdadeiro sentido da vi­da, na prática de toda a Lei, que se resume em Amor, Justiça, Caridade.
Juvanir Borges De Souza
Fonte: Reformador – agosto, 1989
publicado por SÉRGIO RIBEIRO às 15:23
Sexta-feira , 30 de Janeiro DE 2009

VISÃO CORRETA DO ESPIRITISMO

É inegável que o Espiritismo, essencialmente, como fato natural, como lei da vida, é de todos os tempos, encontra-se ainda que de modo difuso ou velado no alicerce de todas as crenças imortalistas, razão por que deve ser concebido não como uma seita particular e sim como elemento capaz de fortalecer as diversas religiões e abrir caminho para que elas se encontrem com as várias ciências, levando o homem a cumprir de maneira integral seu destino neste mundo, através do desenvolvimento tanto das potencialidades sentimentais quanto intelectivas. Assim sendo, nada impede que um católico, um teosofista, um amante da umbanda ou do esoterismo seja também espírita, em face do caráter universalista, cósmico, do Espiritismo, e quem quiser defender esta posição certamente descobrirá algumas frases de Allan Kardec para se apoiar. Contudo, somente será espírita em parte, e não de modo completo, pois é igualmente indiscutível que a verdadeira Doutrina Espírita está no ensino que os Espíritos deram (“O Livro dos Espíritos”, introdução, item XVII), e tal ensino é suficientemente claro quando estabelece os fundamentos de uma filosofia racional (idem, Prolegômenos) que incompatibiliza a teoria e prática do Espiritismo com tudo aquilo que tem sabor místico e é destituído de conteúdo lógico. Daí porque ninguém pode ser fiel à causa espírita se deixar de agir com bom senso.
Não basta tirarmos carteirinha no Clube da Pureza Doutrinária para servirmos com proficiência ao Espiritismo. Importa termos a sua visão correta e o bom senso indica que, para isso, o primeiro cuidado é não sermos radicais. Na história de todos os movimentos que hão surgido para alargar os horizontes mentais do ser humano sempre foram as concepções extremistas que estragaram tudo... São elas as fontes geradoras da ortodoxia e toda ortodoxia é fechadura dogmática trancando as janelas da livre análise, sem a qual torna-se impossível o progresso. Acontece que tanto há uma ortodoxia excessivamente conservadora, vocacionada para sustentar o tradicionalismo, quanto há uma ortodoxia exageradamente renovadora, que nada respeita, nem mesmo os valores fundamentais e imprescindíveis à identidade de um pensamento filosófico. A primeira produz por imobilismo a fé cega e a segunda vai tão longe que destrói qualquer fé, ainda que nascida do conhecimento bem construído. Ê lamentável, mas ainda não aprendemos uma grande lição da Antiguidade clássica: virtude está no meio...
Com o devido apreço aos que lutam por fixar o Espiritismo unicamente no plano científico ou exclusivamente na esfera religiosa, e ainda com a justa consideração àqueles que de sejam conservá-lo em sua feição primitiva ou modernizá-lo por completo, ousamos afirmar que a providência básica para termos uma ótica senão perfeita, pelo menos razoável, do Espiritismo, consiste em abandonarmos a presunção de sabedoria infusa e estudarmos com inteligente humildade obra de Kardec, onde são limpidamente expostos os princípios inquestionáveis de nossa Doutrina e os pontos sobre o quais ela própria recomenda reflexão, pesquisa e debate para amadurecimento das idéias.
O mal é que, ao invés de examinarmos sem premeditação os livros do mestre lionês, recorremos a eles com o deliberado ânimo de catar argumentos esparsos alimentadores de nossas tendências ideológicas, sem admitir que, como as demais pessoas, estamos sujeitos a limitações perceptivas. Ora, como todos nos situamos em graus de evolução diferenciados, cada um vê o Espiritismo de uma forma distinta, resultando daí as insanáveis divergências opiniáticas Se sabemos administrá-las, cultivando-as com equilíbrio e moderação, ainda dá para convivermos em regime de trabalho solidariedade e tolerância, consoante a divisa, ou lema, da Codificação. Se caímos no radicalismo, terminamos sendo nocivos e não úteis ao ideal comum. É o que parece, salvo melhor juízo...
Nazareno Tourinho
Fonte: Reformador nº2000 – Novembro/1995
publicado por SÉRGIO RIBEIRO às 20:02
Quinta-feira , 29 de Janeiro DE 2009

JUSTIÇA HUMANA E JUSTIÇA DIVINA

Disse Jesus: “Não penseis que vim destruir a Lei ou os Profetas; não vim destruí-los, mas cumpri-los; porque em verdade vos digo que o Céu e a Terra não passarão sem que tudo na Lei seja cumprido perfeitamente até o último jota e o último ponto.” (Mateus, Capítulo V, Vv. 17, 18.)
Assim, não viera Jesus para desfazer as leis, mas sim dar-lhes cumprimento. Referia-se ele nessa passagem às Leis de Deus e explica que sua vinda destinava-se a desenvolver a legislação divina, dar-lhe seu verdadeiro sentido e adequá-la ao grau de adiantamento dos homens.
Contudo, as leis de Moisés foram profundamente modificadas por Jesus, quer na forma como no fundo. Combateu, principal­mente, o abuso das práticas exteriores e as falsas interpretações, reformulando as leis moisaicas radicalmente.
Leis são normas ou conjunto de regras de conduta. Os homens precisam organizar sua legislação para possibilitar a vi­da em sociedade. Nas leis humanas procura-se estabelecer os direitos e os deveres do cidadão, registrando as respectivas punições para seus transgressores.
A Lei de Deus está formulada nos Dez Mandamentos. É a Lei de todos os tempos e de todos os seres, e é uma Lei que não sofre modificações. Jesus, fundamentando sua doutrina nos deveres para com Deus, resumiu essa Lei em um só manda­mento: “Amar a Deus sobre to­das as coisas e ao próximo como a si mesmo.”
As leis humanas estão sujei­tas a modificações no tempo e no espaço, conforme o conceito de Justiça de cada época e de cada lugar, conforme o grau de conhecimento do povo e seu conceito de Moral. Sendo imperfeitos e limitados, não podem fazer leis perfeitas e sumamente justas.
Assim, as leis dos homens são variáveis e, como não pode­ria deixar de ser, a justiça humana está sujeita às falhas e imperfeições próprias da natureza do Homem. As leis terrenas podem, também, sofrer influências externas que fazem pender o prato da balança segundo as conveniências e o peso do poder econômico, do prestígio político e da posição social dos réus.
Tanto é falha a justiça dos homens que pune simplesmente a crueldade manifesta, os atos que afetem o interesse público, quando há destruição da vida ou assalto ao patrimônio coletivo ou particular.
Os erros judiciários são comuns, em que inocentes são condenados injustamente, enquanto os verdadeiros culpados ficam isentos da correspondente punição. Também os braços da justiça humana não são suficientemente longos para alcançar ricos e poderosos.
A Justiça Divina atinge a to­dos os culpados indistintamente, punindo pelo mecanismo de ação e reação até mesmo os crimes que já foram julgados e condenados pela legislação ter­rena.
A Justiça de Deus é infalível, perfeita, imutável, imparcial e nada lhe escapa: nas Leis Divinas sempre cada qual recebe de acordo com suas próprias obras, atos, sentimentos ou atitudes. Pela Lei de Causa e Efeito, toda ação praticada recebe o retorno correspondente no devido tempo.
É por isso que se pode afirmar ser todo e qualquer indivíduo, no exercício de seu livre-arbítrio, o autêntico construtor de seu próprio destino. De nada adianta, portanto, jogar sobre ombros alheios a responsabilidade de tudo o que nos acontece!
Existe uma ação solidária entre as leis naturais: umas são decorrentes das outras. E esse encadeamento, essa interdecor­rência dos princípios que regem a obra da Criação, sob o imperativo do progresso e da evolução contínua, a tudo tange para o supremo objetivo que é a Perfeição.
Do rudimentar para o complexo, do primário para o sumamente elaborado, do limitado para o mais amplo dimensionamento, da ignorância e da simplicidade para a Sabedoria e para a Moralidade, do falho e do imperfeito ao íntegro, tudo evolui no Uni­verso por determinação do Criador.
E entre o ponto de partida e a estação terminal, intermediando as extremidades da escala evolutiva, há uma longa e árdua travessia a ser cumprida por to­dos os seres. No exercício de sua individualidade, sob sua responsabilidade e risco, devendo conquistar o galardão máxi­mo que lhe está destinado, evolve sempre a criatura por seus próprios recursos e méritos. Não há privilégios na Justiça Divina.
Assim, causas e efeitos, ação e reação, conhecimento e responsabilidade, reprodução, conservação e destruição, tudo se encadeia entre si, todos os princípios estão inter-relacionados e decorrem uns dos outros. As sábias, perfeitas e imutáveis leis da Natureza foram criadas por Deus para instrumentalizar o Plano da Criação que tem o progresso como fator onipresente e a Perfeição como meta final, sendo que o livre-arbítrio atua como agente de opção e de auto-responsabilidade.
Deus nunca se engana. O Homem, que traz a Lei de Deus impressa em sua consciência, só é infeliz quando a transgride ou dela se afasta.
As leis divinas da Criação precisam estar entrelaçadas umas às outras para que o supremo desiderato seja cumprido. Assim, tanto o Criador estabeleceu a Lei de Conservação, que é o apego instintivo à vida, por­que todos devem colaborar nos desígnios da Providência, como criou a Lei de Destruição que visa a estabelecer o índice populacional, manter a Lei de Re­produção nos limites do indispensável equilíbrio. E como conseqüência do uso do livre-arbítrio, há a Lei de Causa e Efeito ou Lei de Ação e Reação.
A Natureza, manifestando a vontade divina, coloca lado a ­lado os meios de conservação e os agentes de destruição. E o remédio junto ao mal, o pronto-socorro que impede a destruição antecipada e indiscriminada.
É da lei natural que tudo seja destruído para renascer e se regenerar. No entanto, como os homens não têm condição de bem interpretar os desígnios divinos, rotulam de destruição o que tem por finalidade apenas a renovação e a melhoria.
O acaso não existe, tudo o que acontece é interdecorrente e tem sua razão de ser. Não há efeito sem a causa que lhe deu origem. Todavia, não existe um determinismo absoluto, mas reações em cadeia em resposta às ações desencadeantes.
Pela Lei de Causa e Efeito, colhe-se simplesmente o que é plantado. A semeadura é livre, porém a colheita é imperativa.
Quem semeia ventos, colhe tempestades. Os homens agridem a Natureza com poluição, desmatamentos indiscriminados, queimadas criminosas, explosões atômicas, desastres radiativos, desequilibrando e desafiando as leis naturais.
Contudo, em obediência à Lei de Ação e Reação, recebe em troca portentosas enchentes e secas arrasadoras, catástrofes, abalos sísmicos, tempestades e ciclones, convulsões da Natureza traduzidas por incontroláveis fenômenos que reduzem ou elevam a temperatura do meio ambiente a níveis aniquilantes.
Castigos de Deus? Não, simplesmente a aplicação das leis naturais, pois que para toda ação praticada corresponde a devida reação.
João Duarte de Castro
Fonte: Reformador – agosto, 1989
publicado por SÉRGIO RIBEIRO às 10:55

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